Enterro de Susana Naspolini será nesta sexta-feira em Criciúma, cidade natal da jornalista em Santa Catarina

Enterro de Susana Naspolini será nesta sexta-feira em Criciúma, cidade natal da jornalista em Santa Catarina

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Enterro de Susana Naspolini será nesta sexta-feira em Criciúma, cidade natal da jornalista em Santa Catarina

Julia, filha de Susana, fez convite a seguidores da mãe que moram em Criciúma: 'Quem puder ir...'
Julia, filha de Susana, fez convite a seguidores da mãe que moram em Criciúma: 'Quem puder ir...' Foto: FABIANO ROCHA e Reprodução de Instagram / Fabiano Rocha
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Após velório no Rio, o sepultamento da repórter Susana Naspolini, que morreu na terça-feira, será às 18h horas desta sexta-feira, no Cemitério Municipal de Criciúma, em Santa Catarina. A cerimônia começa às 15h. Julia Naspolini, filha da jornalista, publicou o convite nno Instagram da mãe.

Ao fim do velório de Susana Naspolini, nesta quinta-feira, 27, Julia, filha única da jornalista, falou aos jornalistas que estavam presentes no cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio. Durante uma rápida entrevista com os repórteres presentes, a jovem comentou sobre as homenagens que têm sido feitas à repórter da TV Globo. Na capital fluminense, por exemplo, um parque em Realengo, na Zona Oeste, receberá o nome dela.

— Eu vi que ela está sendo homenageada, fiquei muito emocionada com isso, de ver que o que minha mãe fez de bom para a cidade, na cobrança, que era o que ela amava fazer, com o "RJ móvel"... — começou Julia, parando rapidamente de falar para pedir desculpas por não ter pensado muito no que falaria.

Depois, ela continuou:

— Minha mãe amava o que ela fazia aqui na cidade. Ela amava o "RJ móvel", amava trabalhar. Ela estava inclusive com saudade de trabalhar. Ela falava quase que diariamente comigo: "Ai, que saudade de estar lá, de estar junto com os moradores, de estar andando pelo Rio cobrando as coisas...". Ela amava muito o trabalho dela. Eu falei com algumas pessoas que ela conheceu no trabalho, e que vieram aqui (no velório), que ela ia feliz para o trabalho, mas voltava ainda mais feliz. Ela realmente amava o que fazia. O bem que ela fez para as pessoas, as pessoas que ela conseguiu ajudar, isso a torna eterna, torna eterno o que ela fez. É bom saber que ela vai ser eterna de alguma forma para todo mundo. Saber que todo mundo não vai esquecer a alegria dela.

Julia, filha de Susana Naspolini
Julia, filha de Susana Naspolini Foto: Rebecca Maria / Agência O Globo

Carro com caixão da Susana Naspolini vai embora do cemitério São João Batista: pessoas presentes aplaudem jornalista
Carro com caixão da Susana Naspolini vai embora do cemitério São João Batista: pessoas presentes aplaudem jornalista Foto: Rebecca Maria / Agência O Globo

Após o velório no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira, o corpo de Susana Naspolini seguirá para Criciúma, em Santa Catarina, cidade natal da jornalista, onde será enterrado. A cerimônia será nesta sexta-feira, 28, a partir das 15h.

Susana Naspolini, de 49 anos, morreu na última terça-feira, 25 de outubro. Ela lutava há dois anos contra um câncer na bacia, que já havia feito metástase e se espalhado por vários órgãos. Por conta do tratamento, se afastou do trabalho no "RJTV", jornal local da Globo no Rio de Janeiro.

Ela estava internada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, há mais de uma semana. A notícia foi dada na noite de terça por Julia. Ao fim do velório, nesta quinta, a jovem falou ainda sobre como gostaria que a mãe fosse lembrada:

— Muitas vezes era muito difícil para ela. Mas mesmo com toda essa dificuldade que a vida trouxe para gente, ela estava sempre com um sorriso no rosto, sempre querendo ajudar os outros. Minha mãe é a pessoa mais generosa que eu já conheci na minha vida. Nunca vi alguém tão generoso como ela, desde as pequenas coisas até as maiores. Ela sempre amou o que ela fazia: ajudar os outros. E queria que ela fosse lembrada dessa forma: uma pessoa alegre que mesmo com as dificuldades sempre manteve o sorriso no rosto e nunca perdeu a alegria de viver. Nunca! Jamais. Sempre lutou para viver, lutou para estar comigo. Que ela seja lembrada como essa pessoa alegre, que o sorriso dela seja lembrado sempre.

Sobre o carinho que tem recebido do público, Julia falou:

— Sabia que minha mãe era uma pessoa querida, mas não tinha essa dimensão. Todas as homenagens que eu tenho recebido, estou vendo tudo aos poucos. Ainda não tive tempo de ver tudo, porque tem sido uma correria desde que as notícias vieram, esses dias estão sendo muito difíceis. Mas o pouco que eu já vi... Pessoas que eu já conhecia, meus amigos, amigos meus, da minha mãe, do meu pai, mas muitas pessoas também que eu nunca tinha visto na vida. Me deram uma flor, um abraço, leram o terço, deram uma palavra amiga... Todas essas homenagens com certeza confortam, deixam meu coração um pouquinho melhor.

A jovem é filha de Susana com o narrador e apresentador esportivo Maurício Torres, que morreu em maio de 2014, aos 43 anos, de falência múltipla de órgãos decorrente de um quadro infeccioso. Julia tem 16 anos, está no ensino médio, e pensa em seguir a carreira dos pais no jornalismo.

Na última terça-feira, 25, foi Julia quem deu a notícia da morte da mãe, na conta do Instagram da jornalista. "Oi, amigos, Julia aqui. É com o coração doendo que venho contar pra vocês que a mamãe não está mais com a gente. Ela lutou muito, nossa guerreira! Agradeço muito pelas orações, muito mesmo, muito obrigada, mas infelizmente não deu", informou a jovem.

Na sexta-feira anterior, 21 de outubro, Julia fez um apelo no perfil da mãe no Instagram pedindo orações, contando que o estado de saúde de Susana era gravíssimo.

"Acabei de conversar com o médico dela. Ele disse que o estado dela é muito, muito grave, gravíssimo. Ela estava com metástase no osso da bacia, tinha se espalhado pela medula óssea desde julho, então ela vem com uma quimioterapia mais forte, que foi o que a fez perder o cabelo. O câncer se espalhou por vários outros órgãos, o fígado está muito comprometido, eles dizem que não sabem mais o que fazer, se tem algo a mais para fazer. O estado dela é muito grave e eu não sei o que fazer. A única coisa que eu consigo pensar em fazer é pedir orações para você", falou a jovem.

Julia, filha de Susana Naspolini
Julia, filha de Susana Naspolini Foto: Rebecca Maria / Agência O Globo

Maria, mãe de Susana Naspolini, durante o velório da jornalista no Rio
Maria, mãe de Susana Naspolini, durante o velório da jornalista no Rio Foto: Rebecca Maria / Agência O Globo

Primeiro câncer aos 18 anos

Susana enfrentou diversos problemas de saúde ao longo da vida. Aos 18 anos, Susana teve o primeiro diagnóstico de câncer, um linfoma de Hodgkin. Aos 37, descobriu um tumor maligno na mama e, logo em seguida, um câncer na tireóide. Em 2016, a catarinense enfrentou outro câncer de mama. Há dois anos, soube que estava com câncer na bacia e começou um novo tratamento. Este primeiro, via oral.

— Nos meus diagnósticos de câncer (linfoma, tireoide, duas vezes na mama e mais recentemente na bacia), meu primeiro impulso foi chorar e me desesperar. Mas refleti que estou tratando o câncer desde os 18 anos. Hoje tenho 48. Se lá aos 18 eu tivesse me desesperado, como teria sido? — disse Susana ao EXTRA, em setembro de 2021.

Em março de 2022, Susana contou no Instagram que precisaria fazer quimioterapia venosa, porque a doença persistia. Na época, ela falou:

"Não era a notícia que eu queria estar dando. Queria dizer: 'Olha, acabou o tratamento, não tem mais nada', mas ainda não foi dessa vez. Mas esse dia vai chegar. Tenho muita certeza disso".

Ela ainda desabafou: "Eu estou meio triste ainda porque não contava com essa rasteira. Queria seguir meu trabalho, mas não é como a gente quer. Estou dando essa parada obrigatória".

No fim de agosto, por conta da queda intensa do cabelo em decorrência do tratamento, a jornalista decidiu raspar a cabeça e compartilhou o momento em suas redes sociais. Por causa do tratamento agressivo, Susana passou por algumas internações nos últimos tempos e se afastou do trabalho no "RJTV", jornal local da Globo no Rio de Janeiro.

'Deus nos chama porque chegou a nossa hora'

Numa das várias entrevistas que deu ao EXTRA, Susana, que sempre deixou clara sua alegria de viver, refletiu sobre a morte.

— Deus não nos chama porque estamos com 90 anos, mas porque chegou a nossa hora. E Ele é tão sábio que a gente nasce sem saber qual é o nosso dia. Por isso, a gente tem que viver todo dia como se fosse o último. A maioria empurra o assunto morte para baixo do tapete. Mas ter consciência da morte não deve gerar medo, e sim gratidão por cada dia vivido. Além de uma vontade de sermos melhores como pessoas, para partirmos bem quando chegar a nossa vez. Vou encontrar meu pai, meu marido (o jornalista Maurício Torres, que morreu em 2014, aos 43 anos) — falou ela em setembro de 2021, em sua última entrevista ao EXTRA. Na época, ela lançava o livro "Terapia com Deus" e quatro meses antes havia perdido seu pai, Fúlvio. Segundo ela, a partida dele foi a maior dor que já sentiu, e justamente durante o processo de escrever o livro.

A jornalista foi autora de dois livros. Antes de "Terapia com Deus", de 2021, lançou "Eu escolho ser feliz", de 2019, uma autobiografia que enfatizava sua luta contra o câncer e o otimismo que ela dizia ser seu motor de superação para seguir em frente.