Música eletrônica – História dos sintetizadores - VIDEO
MiniMoog: coisas boas vêm em pacotes pequenos
© John Smisson
Tecnologia

Uma breve história dos sintetizadores

Dos grandes equipamentos analógicos da década de 1960 aos modernos softwares de hoje: como os sintetizadores transformaram a música
Escrito por Sammy Lee
5 min de leituraPublicado em
O processo de fazer música eletrônica começou há mais de um século, com instrumentos imprevisíveis e impraticáveis como o telarmónio, o teremim, o Ondioline e outras engenhocas exóticas. Nenhuma delas se mostrou muito prática, mas foi um começo.
Na década de 1940, após a Segunda Guerra Mundial, a corrida para o futuro começou, e a ideia de sintetizar e gerar novos sons eletrônicos começou a ganhar força. Na época, a música era feita usando gravadores de rolo a bobina e grandes equipamentos analógicos, presentes em estúdios de música eletrônica espalhados pelo mundo. Enquanto isso, inventores e compositores experimentais, como Raymond Scott, construíam protótipos que definiriam um modelo para fabricantes de sintetizadores.
Esses pioneiros ajudaram a popularizar o som da música eletrônica ao gravar jingles e trilhas sonoras, aumentando a ânsia por uma maneira mais fácil e acessível de fazer esse tipo de som. Isso tudo deu origem aos modernos sintetizadores analógicos com os quais estamos familiarizados hoje, construídos por Robert Moog, Donald Buchla e outros.
Nasciam assim as ferramentas necessárias para uma revolução na música, colocada em prática por Delia Derbyshire e pela Oficina de Radiofonia da BBC, Kraftwerk, Giorgio Moroder, Suzanne Ciani, Derrick May e muitos outros. Abaixo, alguns desses importantes pioneiros do sintetizador explicam suas idéias.
Ilustração de um enorme sintetizador analógico antigo com muitos cabos

Uma casa não é um lar sem um sintetizador

© John Smisson

Robert Moog

Robert Moog começou a fabricar e vender teremins com seu pai na década de 1950, mas foi no início dos anos 60, dirante seu tempo livre, que ele construiu seu primeiro sintetizador modular. O equipamento era composto de dois osciladores e dois amplificadores controlados por campainhas. Ele exibiu seus protótipos de sintetizadores na convenção da Audio Engineering Society em 1964 e, no final dos anos 60, o som do Moog já começava a aparecer em trilhas sonoras populares, como a do filme "Perdidos na Noite".
No álbum de enorme sucesso "Switched-On Bach" (1968), de Wendy Carlos, o artista reinterpretou músicas clássicas em um Moog – o que apresentou as possibilidades dos sintetizadores a uma nova geração. O lançamento do revolucionário (e mais acessível) MiniMoog em 1970 popularizou o equipamento, que passou a ser utilizado por todos, de KraftwerkMichael Jackson.
ilustração do pioneiro da música sintetizada Robert Moog com um sintetizador

Robert Moog

© John Smisson

Donald Buchla

Donald Buchla foi tão importante quanto Robert Moog no desenvolvimento inicial de sintetizadores - ou, como ele gostada de chamá-los, instrumentos eletrônicos.
Um dos primcipais nomes da contracultura da Costa Oeste dos EUA nos anos 60, ao lado do Grateful Dead, Buchla inventou seu próprio sintetizador modular na mesma época que Robert Moog, depois de ter sido contratado pelo compositor de vanguarda Morton Subotnick. Os sintetizadores da Buchla - particularmente o Buchla Box e o Buchla Music Easel - foram elogiados por sua musicalidade e tocabilidade, e são adorados por figuras importantes como Laurie Spiegel, Suzanne Ciani e Kaitlyn Aurelia Smith.

Peter Zinovieff

O inventor britânico Peter Zinovieff começou a explorar as possibilidades da música eletrônica de Daphne Oram – que se tornaria membro importante da Oficina de Radiofonia da BBC – na década de 1960.
O geólogo e o matemático decidiu tentar encontrar uma maneira mais fácil de sintetizar sons que não fosse usando bobinas e começou a construir um estúdio eletrônico em seu jardim. O local tornou-se conhecido e recebeu alguns dos maiores músicos dos anos 60, que sempre apareciam para conhecer o espaço que se tornou lenda. Em 1969, Zinovieff lançou o sintetizador analógico portátil EMS VCS3, que rapidamente se estabeleceu como um marco nos estúdios de música de todo o mundo.

Tom Oberheim

Fazendo rock progressivo com sintetizadores

Fazendo rock progressivo com sintetizadores

© John Smisson

O engenheiro de computação norteamericano Tom Oberheim foi responsável por alguns dos primeiros sintetizadores polifônicos comerciais – sistemas capazes de tocar mais de uma nota por vez.
Oberheim começou a produzir equipamentos de som para a banda norteamericana psicodélica The United States Of America, incluindo um modulador em anel que chamou a atenção de diretores de filmes e músicos de jazz como Herbie Hancock. Depois de aprender sobre design de sintetizadores com o criador do ARP, Alan R. Pearlman, Oberheim desenvolveu os adorados sintetizadores Oberheim – de 2 vozes, 4 vozes e 8 vozes – e os sequenciadores e baterias eletrônicas que aparecem em estilos como jazz e hip-hop, passando techno.

Dave Smith

O sintetizador Prophet-5 de Dave Smith e John Bowen, construído em 1977, foi um dos primeiros sintetizadores polifônicos a ser capaz de armazenar configurações de som. Antes disso, os músicos tinham que lembrar ou anotar vários locais de posicionamento de botões e cabos. Esse não foi o único apelo do Prophet-5. Ele também era bonito e suas maravilhosas e misteriosas texturas de ficção científica unidos a acordes assustadores atraíram diretores de filmes de terror e criadores de trilhas sonoras, como John Carpenter. Seu som inconfundível também pode ser ouvido nos registros de rap produzidos na Costa Oeste dos EUA durante os anos 90.

Hiroaki Nishijima e Tatsuya Takahashi

Com sede em Tóquio, a Korg (ou Keio Electronic Laboratories como era originalmente conhecida) foi fundada pelo proprietário do clube noturno Tsutomu Katoh para ajudar seu acordeonista favorito (e engenheiro) Tadashi Osanai a criar uma máquina de ritmo para acompanhar suas performances.
Depois de criar um teclado, batizado de Korg, uma combinação de Keio e órgão, eles ficaram sabendo do interesse por sintetizadores que estava rolando nos Estados Unidos e desenvolveram Mini-Korg - um sintetizador monofônico. Depois disso, Korg introduziu no mercado os queridinhos da dance music PS-3300, MS10 e MS20, bem como o Polysix e o Trident, primeiros sintetizadores polifônicos verdadeiramente acessíveis.
Roland TB 303

Roland TB 303: o som da acid house

© John Smisson

Sebastian Niessen

Sebastian Niessen não é tão conhecido quanto os Moogs e Buchlas do mundo dos sintetizadores, mas desempenhou papel importante ao ajudar os alemães da Kraftwerk a aperfeiçoar seu som. Trabalhando como engenheiro de sintetizadores da banda, Niessen personalizou equipamentos para o grupo e muitos outros artistas. Seus instrumentos eletrônicos personalizados e sintetizadores modificados foram usados por nomes como Aphex Twin, Richie Hawtin e Basic Channel.