Rogério Ceni explica escolha por time misto e projeta estreia do Bahia na Série A: "Sabia do risco" | bahia | ge

Por Redação do ge — Salvador


Ao vencer o Náutico por 3 a 0 e garantir a classificação para a semifinal da Copa do Nordeste, o Bahia estancou o sangramento do vice-campeonato estadual. De volta aos trilhos, Rogério Ceni avaliou a partida desta quarta-feira na Arena Fonte Nova, que teve todos os gols marcados no segundo tempo, depois de uma etapa inicial pouco animada.

Rogério Ceni durante coletiva após Bahia 3 x 0 Náutico — Foto: Tiago Caldas / EC Bahia

- Tivemos a posse de bola, jogo vistoso, bonito, mas não conseguimos atacar espaço como no segundo tempo. Trabalhamos bola, e no segundo tempo atacamos espaço. Jean Lucas faz bem isso, Biel faz bem isso, Thaciano, mas tivemos posse por ter, tocamos, tocamos, mas depois de alguns toques tem que atingir o espaço, e no primeiro tempo não conseguimos. No segundo tempo conseguimos, com Ademir, Thaciano, Oscar. Tivemos a bola atacando espaço. A entrada do Caio ajuda para achar esses passes também. Normal porque o time adversário vem retrancado, e os espaços aconteçam mais nos 20, 30 minutos finais do jogo, e aí o número maior de oportunidades, mas no primeiro tempo faltou trocar passes e criar oportunidades, concordo com você - analisou Rogério Ceni.

O treinador também projetou a estreia do Tricolor na Série A do Campeonato Brasileiro. Vale pontuar que Rogério preservou alguns titulares e montou um time misto para enfrentar o Náutico.

Everton Ribeiro e Caio Alexandre, por exemplo, entraram apenas no segundo tempo. Na entrevista coletiva ele explicou a decisão de poupar no mata-mata.

Fizemos escolhas, sabendo de alguns riscos que correríamos, mas eram necessários para ter um time numa condição boa contra o Internacional
— Rogério Ceni, treinador do Bahia.

- Sim. Pensar no sábado, nem tanto na terça porque é consequência do que acontecer. Jogamos domingo com um jogador a menos, alguns apresentaram cansaço maior, e tínhamos que correr algum risco para preservar alguns jogadores, que até entraram no segundo tempo, para ter um time melhor fisicamente para enfrentar a maratona de jogos, jogo de sábado com viagem, são 66 horas daqui até o próximo jogo - completou Ceni.

Classificado para a semifinal da Copa do do Nordeste, Bahia agora tem como próximo adversário o CRB, em mais um jogo único e na Arena Fonte Nova, já que o Tricolor tem melhor campanha. Mas, antes, a equipe tem compromissos pelo Campeonato Brasileiro. Neste sábado, o Esquadrão vai ao Beira-Rio encarar o Internacional na estreia, às 18h30 (horário de Brasília).

Confira outros trechos da entrevista coletiva de Rogério Ceni:

Menos finalizações
- Não vi hoje o número, acho que nos 90 minutos até finalizou bastante, mas concordo que no primeiro tempo a gente não conseguiu. Início do ano pegamos adversários mais frágeis, a gente vinha de pré-temporada, com bastante volume de jogo. Hoje a gente tem esse volume, mas realmente tem encontrado mais dificuldade, diminuiu um pouco. Numa média de tempo, no primeiro tempo, a gente tem sofrido um pouco mais.

Cicinho na lateral esquerda
- Poderia ter escolhido o Juba para começar naquela função. É uma função que incomoda, temos o jogador que vai chegar em julho. Qualquer coisa que eu faça é praticamente uma adaptação. O Cicinho ficou um tempo parado, longo, já faz uma semana que está treinando com o grupo, e eu, visando os próximos jogos, achei que era importante ter um jogador de marcação na posição e construir sem tanta obrigatoriedade de ir ao fundo, deixando Biel naquela região, Jean Lucas caindo por ali. Cicinho fez bom primeiro tempo, talvez um dos pontos positivos. Tem muito boa vontade de fazer, participar, é um cara muito querido por todos, trabalha muito firme, melhorou muito o condicionamento físico esse ano, estava mal fisicamente. O trabalho de readaptação agora também foi bem legal. Então, foi um ponto positivo. Dentro das dificuldades que a gente sempre tem de deslocar ou Rezende, Juba, ou Cicinho para a posição. Uma pena um cartão amarelo, a gente fica meio apreensivo com a expulsão do último jogo. E acho que aí sim, precisava do Juba para ir ao fundo, a gente teve mais peso na área com o Oscar. Depois que fez o gol o Gilberto, cansado, colocamos o Ademir pela direita. Ele ia entrar no lugar do Gilberto, mas fizemos o gol e segurei a troca um pouco mais.

Estupiñán titular
- Não, não, não leitura não me falta. Everton estava cansado e não tinha condição de jogar os 90 minutos. Yago tentou fazer essa função, que normalmente faz bem. Com relação ao, se você tiver um lateral-esquerdo que apoia bastante, talvez possa fazer realmente com Oscar e Thaciano na frente. Quando tem um lateral mais defensivo, Rezende, Cicinho, precisa de mais amplitude pelo lado, ou não tem quem vá ao fundo. Se joga numa linha de quatro balançando, ora um, ora outro lateral. Gilberto a principal característica é o ataque pela direita. Se não tiver um aberto não dá a amplitude necessária. Claro que jogar com o Oscar e o Thaciano dá mais peso na área, desde que tenha lateral ofensivo pela esquerda que pode chegar ao fundo. E não tenho certeza os minutos que o Oscar entrou. É diferente entrar no começo de um jogo, onde todo mundo inteiro, mas acho que o Oscar entrou bem, ajudou, quando precisa recompor mais sofre um pouco. O Cauly faz bem essa função, mas é uma opção sempre para jogar, sem dúvida nenhuma.

Meio de campo e Série A
- Eu acho que não é uma coisa que a gente tenha como fixo. Por exemplo, até por isso que você faz a pergunta, hoje teve o Rezende de primeiro volante, Caio mais à frente, a gente pode utilizar uma formação porque no Brasileiro a tendência é que você precise de um jogador com mais potencial de marcação. Então, a gente pode usar os quatro, mas também usando Rezende no meio. E a gente sente falta até do Nico, que faz muito bem essa função. Hoje o único volante de marcação que a gente tem é o Rezende. Mas em muitos jogos será necessário usar o Rezende com o Caio, com o Caio, o Jean, o Everton, talvez adiantar mais o Cauly ou ter um jogador de mais transição. É bem possível que a gente faça alterações nesse sentido para ter mais força no meio de campo.

Saída de Biel
- Colocamos o Juba no lugar do Cicinho, que ele tem muito mais características de ponta, e só faria sentido ele entrar para fazer aquele lado com um jogador a mais na área, Thaciano e Oscar. Já tem o Jean Lucas que chega na área, tem o Juba que passa, dá um equilíbrio maior. Precisávamos fazer o gol, não saiu pelo chão, com jogadas trabalhadas, precisávamos ter uma referência a mais na área. Ficou mais equilibrado com o Juba e com o Oscar mais como referência na área.

Vaias e clima após Ba-Vi
- Eu sei que é sempre muito difícil quando você chega no final da competição, clássico e você não consegue levar o título. É um título que nós esperávamos, acho que a expulsão contribuiu muito para que a gente não tivesse a oportunidade, opções. Jogamos 70 minutos com um jogador a menos. É uma semana difícil, mas o principal é o resgaste da confiança do torcedor, hoje foram 23 mil pessoas pós-perda de título. Não é todo mundo que consegue. Legal ver o torcedor comemorando no final, cantando as músicas e mostrando sua força. Difícil assimilar o golpe, para mim também é difícil. Hoje era um jogo chato pelo lado psicológico, anímico, abala um pouco. Estamos numa outra semifinal, uma outra oportunidade. Esquecer, claro, não esquece, machuca, a derrota incomoda. Mas não adianta que aquele resultado não vai voltar, temos que pensar no futuro. Começa Brasileiro, recuperar do melhor jeito, torcer para que ninguém lesione. Depois estamos de volta para jogar com um time de muita qualidade, 70 horas depois, o Fluminense, e no fim de semana novo clássico. Muito jogo, tentar focar para estar bem, com energia positiva. Torcedor vaiou, era esperado, 0 a 0 o jogo, muita posse, poucas finalizações. Agora, muito legal de ver a conexão no final, torcedor reconhecendo o esforço. Não tira a dor da perda do título, mas temos que seguir. Infelizmente não conseguimos entregar o título que a gente queria, mas temos outra oportunidade na Copa do Nordeste, e começar um Brasileiro de forma que não chegue ao final do ano como foi, dependendo de uma última rodada, que a gente consiga posições melhores.

Lições da temporada
- Acho que o Baiano, assim como os estaduais, tem equipes mais frágeis, mas como todo estadual, Fortaleza x Ceará na final, Santos dificultou para o Palmeiras. O Inter foi eliminado pelo Juventude. Aqui são dois times de Série A, acho que o Vitória tem um bom time e vai ser competitivo contra grandes equipes do futebol brasileiro. E acho que se jogássemos 11 x 11 até o final do jogo a possibilidade de vencer era muito grande pelo que jogamos até a expulsão do Rezende. Tira de lição que se tem que ganhar sempre, todos os dias, mas que às vezes tem que correr riscos. Hoje deixamos alguns fora, mas se eu colocasse hoje, não teria condições de ter esses jogadores no sábado. Terça já tem jogo. Correr riscos e vencer sempre. Assimilar quando vem as pancadas, o torcedor é paixão, e tem que entender isso. Vaiar pela raiva, no estádio, é normal, compreensível. Lamento não ter conseguido esse título. Agora é tentar vencer os próximos jogos, chegar à final da Copa do Nordeste, contra o CRB. No meio de jogos contra Vitória e Grêmio, jogo de três em três dias.

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