Reino Unido vai deportar para Ruanda imigrantes ilegais de qualquer nacionalidade
POLÊMICA

Reino Unido vai deportar para Ruanda imigrantes ilegais de qualquer nacionalidade

Primeiro grupo será enviado em julho deste ano; críticos argumentam que a medida viola o princípio fundamental do direito internacional que proíbe a devolução de pessoas que solicitam asilo ou refúgio

Parlamento do Reino Unido aprovou uma lei que prevê o envio de grupos de pessoas que entraram ilegalmente no país para abrigos em Ruanda
Parlamento do Reino Unido aprovou uma lei que prevê o envio de grupos de pessoas que entraram ilegalmente no país para abrigos em Ruanda – Créditos: Reprodução/Globonews

O Parlamento do Reino Unido aprovou uma lei, contornando o veto judicial, que prevê o envio de grupos de pessoas que entraram ilegalmente no país para abrigos em Kigali, capital de Ruanda. O primeiro-ministro, Rishi Sunak, é um dos grandes defensores do projeto.

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Este modelo, considerado ilegal pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Suprema Corte do Reino Unido, é focado nos imigrantes que chegam em barcos, principalmente pelo Canal da Mancha. Em 2024, até 21 de abril, 6.265 barcos chegaram ao país, sendo a maioria vietnamitas e afegãos.

O Canal da Mancha tornou-se a principal rota para imigrantes irregulares alcançarem o Reino Unido, representando a última etapa de uma jornada que geralmente começa na África Central, passando pelo norte do continente até o sul da Europa, através das perigosas travessias pelo Mediterrâneo. Recentemente, cinco pessoas morreram em uma dessas travessias devido à superlotação de um barco inflável.

Em junho de 2022, um avião que partiria de Londres com destino a Kigali foi impedido de decolar devido a uma liminar do Tribunal Europeu de Direitos Humanos (ECHR), em favor de sete passageiros a bordo. Esses passageiros eram parte do primeiro grupo de imigrantes ilegais que o governo britânico planejava enviar à força para Ruanda, conforme um acordo entre os dois países.

O primeiro grupo de imigrantes será enviado para Ruanda em julho deste ano, apesar dos críticos prometerem uma nova batalha judicial para tentar impedir o plano. Eles argumentam que a medida viola o “non-refoulement“, princípio fundamental do direito internacional que proíbe a devolução de pessoas que solicitam asilo ou refúgio.

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O governo britânico afirma que Kigali é seguro, mas críticos apontam casos de abuso e más condições nos abrigos ruandeses. O novo projeto de lei exige que a Justiça prove que os abrigos não são seguros.

Por que o Reino Unido tem insistido no projeto?

O governo britânico persiste com o projeto apesar das proibições, infrações e críticas devido à sua política anti-imigração, impulsionada pelo Partido Conservador que está no poder desde 2010.

A promessa de reduzir o número de migrantes foi uma das principais bandeiras do Brexit, defendido pelo ex-primeiro-ministro Boris Johnson e efetivado em 2020. No entanto, o divórcio com a União Europeia não diminuiu o fluxo de imigrantes; pelo contrário, desde então, o país tem visto um aumento contínuo.

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Em 2023, o governo britânico tentou outra abordagem, construindo prédios flutuantes em portos no sul da Inglaterra para reter solicitantes de asilo, mas o projeto foi abandonado devido a más condições e uma contaminação por bactérias.

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