Morre a rainha Elizabeth 2ª, anuncia Palácio de Buckingham

Rainha Elizabeth 2ª

A rainha Elizabeth 2ª, monarca mais longeva do Reino Unido, morreu em Balmoral aos 96 anos, depois de reinar por 70 anos.

Ela morreu pacificamente na tarde de quinta-feira (8/9) em sua propriedade na Escócia, onde ela passou boa parte do verão.

A rainha ascendeu ao trono em 1952 e testemunhou uma enorme mudança social.

Seu filho, o rei Charles 3º, disse que a morte de sua amada mãe foi "um momento de grande tristeza" para ele e para sua família e que sua perda seria "sentida profundamente" pelo mundo.

Ele disse: "Nós lamentamos profundamente o falecimento de uma estimada Soberana e uma Mãe muito amada".

"Eu sei que sua perda será profundamente sentida por todo o país, pelos reinos da Commonwealth e por incontáveis pessoas ao redor do mundo."

Durante esse período, disse que ele e sua família seriam "confortados e apoiados pelo conhecimento que temos do respeito e da profunda afeição com os quais A Rainha era tão amplamente estimada".

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O rei e sua esposa, Camilla, retornarão a Londres na sexta (9/9), disse o Palácio de Buckingham.

Membros da realeza se reuniram em Balmoral após os médicos da rainha expressarem preocupação sobre sua saúde.

Todos os filhos da rainha viajaram para Balmoral, perto da cidade de Aberdeen, depois que os médicos colocaram Elizabeth 2ª sob supervisão.

Seu neto e agora herdeiro do trono, o príncipe William, e seu irmão, o príncipe Harry, também foram para o local.

A premiê britânica Liz Truss, que foi empossada pela rainha na terça-feira (6/9), afirmou que a monarca era a rocha na qual a moderna Grã-Bretanha foi construída e que ela "nos proveu com a estabilidade e a força que nós precisávamos".

Falando sobre o novo rei, ela disse: "Nós oferecemos a ele nossa lealdade e devoção, assim como sua mãe nos devotou tanto, a tantos, por tanto tempo".

"E com o fim do segundo período elizabetano, nós inauguramos uma nova era na magnífica história do nosso grande país, exatamente como Sua Majestade desejaria, dizendo as palavras "Deus salve o rei".

O arcebispo de Canterbury, Justin Welby, expressou sua "profunda tristeza". Ele é o líder espiritual da Igreja da Inglaterra, da qual o monarca é governador supremo.

Ele disse que suas "orações estão com o rei e a família real".

O período da rainha Elizabeth 2ª como chefe de Estado passou pela austeridade do pós-guerra, pela transição de império para Commonwealth, pelo fim da Guerra Fria e pela entrada - e posterior saída - do Reino Unido da União Europeia.

Durante seu reinado passaram 15 premiês, começando com Winston Churchill, nascido em 1874, e incluiu Liz Truss, nascida 101 anos depois, em 1975.

Ela mantinha audiências semanais com seus primeiros-ministros durante o seu reinado.

No Palácio de Buckingham, em Londres, multidões que aguardavam atualizações sobre o estado de saúde da Rainha começaram a chorar assim que ouviram sobre sua morte. A bandeira britânica no topo do palácio foi colocada a meio-mastro às 18h30 no horário local (14h30 no horário de Brasília) e um comunicado oficial anunciando a morte foi exibido em um cavalete na parte de fora.

Com a morte da rainha, o príncipe William e sua esposa, Catherine, tornaram-se o duque e a duquesa de Cambridge e Cornwall.

Vida da rainha

A rainha nasceu Elizabeth Alexandra Mary Windsor, em Mayfair, Londres, em 21 de abril de 1926.

Poucos poderiam ter previsto que ela se tornaria a monarca, mas, em dezembro de 1936, seu tio, Edward 3º, abdicou do trono para se casar com a americana duas vezes divorciada Wallis Simpson.

O pai de Elizabeth se tornou o rei George 6º e, aos 10 anos, Lilibet, como era conhecida na família, se tornou herdeira do trono.

Três anos depois, a Grã-Bretanha estava em guerra com a Alemanha nazista. Elizabeth e sua irmã mais nova, a princesa Margaret, passou muito do período da guerra no Castelo de Windsor após seus pais recusarem sugestões de que fossem levados para o Canadá.

Depois de fazer 18 anos, Elizabeth passou cinco meses no Serviço Territorial Auxiliar e aprendeu conhecimentos básicos de mecânica de carros e de direção. "Eu comecei a entender o espírito de equipe que floresce em meio à adversidade", ela relembrou mais tarde.

Durante a guerra, ela trocou cartas com seu primo de terceiro grau, Philip, o príncipe da Grécia, que servia na Marinha Real. O romance desabrochou e o par se casou na Abadia de Westminster em 20 de novembro de 1947, com o príncipe recebendo o título de Duque de Edimburgo.

Mais tarde, ela o descreveria como "minha força e minha guarida" através de 74 anos de casamento, antes de sua morte em 2021, aos 99 anos.

Seu primeiro filho, Charles, nasceu em 1948, seguido pela princesa Anne, em 1950, pelo príncipe Andrew, em 1960, e o príncipe Edward, em 1964. Nesse meio-tempo, eles deram aos seus pais oito netos e 12 bisnetos.

A princesa Elizabeth estava no Quênia em 1952, representando o rei enfermo, quando Philip deu a notícia de que seu pai tinha morrido. Ela imediatamente voltou a Londres como a nova rainha.

"Foi tudo um repentino modo de assumir e fazer o melhor papel que você pode", ela relembrou mais tarde.

Elizabeth foi coroada na Abadia de Westminster em 2 de junho de 1953, aos 27 anos, em frente a uma audiência na época recorde de TV estimada em mais de 20 milhões de pessoas.

Décadas subsequentes veriam grandes mudanças, com o fim do Império britânico ultramar e os agitados anos 1960 varrendo normas sociais no país.

Elizabeth reformou a monarquia para uma era menos formal, entrando em contato com o público em passeios, visitas reais e com presença em eventos públicos. Seu compromisso com a Commonwealth foi uma constante - ela visitou cada país da Comunidade Britânica pelo menos uma vez.

Mas houve períodos de dor privada e pública. Em 1992, o "annus horribilis" da rainha, um incêndio devastou o Castelo de Windsor - uma residência privada assim como o palácio de uso - e três dos casamentos de seus filhos terminaram.

Após a morte de Diana, a princesa de Gales, em um acidente de carro em Paris em 1997, a rainha atraiu críticas por parecer relutante a dar uma resposta pública.

Havia questionamentos sobre a relevância da monarquia na sociedade moderna.

"Nenhuma instituição… deve esperar ficar livre do escrutínio daqueles que dão sua lealdade e apoio, sem mencionar aquele que não dão", ela reconheceu.

Como uma princesa de 21 anos, Elizabeth prometeu devotar sua vida à sua função.

Ao refletir sobre aquelas palavras décadas depois, durante o seu Jubileu de Prata em 1977, ela declarou: "Apesar de o meu juramento ter sido feito nos meus dias de juventude, quando meu julgamento não estava maduro, eu não me arrependo nem retiro nenhuma palavra".

O mesmo compromisso à sua função foi feito 45 anos depois em uma carta de agradecimento à nação no fim de semana do Jubileu de Platina em junho.

O marco foi celebrado com uma mistura de cerimônias oficiais com um exuberante festival de tudo que é britânico, além de animadas festas de rua.

Apesar de a saúde ter impedido a rainha de participar de alguns eventos, ela disse: "Meu coração tem estado com todos vocês".

Em um momento recebido com aplausos de grandes multidões na avenida The Mall, ela se juntou a três gerações de sua família na varanda do Palácio de Buckingham para o final de um espetáculo.

Rei Charles, de 73 anos, torna-se chefe de estado em 14 reinos da Commonwealth.

Ele e sua esposa, Camilla, estão em Balmoral ao lado de seus irmãos, a princesa Anne, e os príncipes Andrew e Edward.

Eles estão acompanhados pela esposa de Edward, Sophie, assim como pelos príncipes William e Harry.

A esposa de William, Catherine, permaneceu em Windsor com seus filhos - George, Charlotte e Louis - já que foi o primeiro dia completo deles em uma nova escola.

A família real entrou agora em um período de luto.

Compromissos oficiais serão cancelados e as bandeiras do Reino Unido serão hasteadas a meio mastro em residências reais, prédios do governo, nas Forças Armadas e postos do Reino Unido no exterior.

Os parlamentares prestarão homenagem à rainha e prestarão juramento ao rei Charles.

Haverá badalar de sinos de igreja e salvas de tiros, enquanto organizações e instituições de caridade locais e nacionais organizam maneiras de prestar suas homenagens, com eventos comemorativos e livros de condolências.

Um funeral de Estado para a rainha está previsto nas próximas duas semanas.

Líderes estrangeiros prestaram homenagem à rainha, com o presidente dos EUA, Joe Biden, que lembrou como ela se solidarizou com os EUA em seus "dias mais sombrios" após os ataques terroristas de 11 de setembro.

Para o presidente da França, Emmanuel Macron, ela era uma "rainha de bom coração" e "amiga da França".

Para Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, a rainha era uma constante na vida dos canadenses e uma de suas "pessoas favoritas no mundo".

O presidente chinês, Xi Jinping, disse: "A morte dela é uma grande perda para o povo britânico".

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, lembrou suas "reuniões memoráveis" com a monarca durante duas visitas ao Reino Unido. "Eu nunca vou esquecer de sua cordialidade e bondade", escreveu no Twitter.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, tuitou que foi com "profunda tristeza" que soube dessa "perda irreparável".

E o líder russo Vladimir Putin enviou suas "mais profundas condolências" ao rei Charles 3º.