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Como funciona a viagem de trem entre Belo Horizonte e Vitória

As passagens, a duração do trajeto, a rota e as classes do Trem de Passageiros da Vale

Por Rebeca de Ávila
Atualizado em 10 set 2024, 15h21 - Publicado em 29 Maio 2024, 10h00
Trem Vitória-Minas
Trem operado pela Vale tem vagões da Romênia fabricados em 2013 (Gabriel Lordêllo/Mosaico Imagem/Divulgação)
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As belas paisagens são o forte da viagem de trem entre Belo Horizonte, em Minas Gerais, e Cariacica, na região metropolitana de Vitória, no Espírito Santo. A estrada margeia o Rio Doce e enche a janela com paisagens da mata mineira, montanhas e cidades pequenas. 

O comboio operado pela Vale percorre a ferrovia Vitória-Minas em 13 horas como o único trem diário de passageiros em atividade no Brasil. Ao longo do trajeto de 664 quilômetros, são feitas 30 paradas para embarque e desembarque: 9 em estações capixabas e 21 em estações mineiras. 

Rota Trem Vitória-Minas
A rota do trem passa por 42 cidades (Vale/Reprodução)

Em torno de 700 mil pessoas são transportadas por ano na ferrovia que está em atividade desde 1904, quando foi construída para transportar café. Hoje, além dos passageiros, trens com minério de ferro, soja, fertilizantes e outros produtos cruzam a estrada de ferro.

Apesar de não ser um trem de turismo, e sim voltado para quem precisa se deslocar entre as cidades, o comboio também é buscado por pessoas que embarcam simplesmente pelo prazer de viajar de trem e apreciar a paisagem. 

Veja onde comprar as passagens, quais são as diferenças entre as classes de passageiros e como embarcar no trem:

Como comprar a passagem

Os bilhetes podem ser adquiridos no site da Vale, pelo aplicativo Trem de Passageiros (iOS e Android) ou em pontos de venda ao longo da ferrovia. A compra pode ser feita com até 30 dias de antecedência da viagem e não é possível comprar uma passagem no próprio dia de embarque. O pagamento deve ser realizado com dinheiro ou cartão de crédito e débito e pode ser parcelado em até seis vezes.

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Na classe econômica, são reservadas duas passagens gratuitas para idosos e outras duas para jovens de baixa renda. Crianças de até cinco anos também não pagam para viajar em qualquer uma das classes. Mesmo se a passagem for gratuita, é preciso retirá-la no site, no aplicativo ou na bilheteria.

Os bilhetes são nominais, mas é possível alterar a titularidade com até 24h de antecedência da hora de embarque. Se a compra tiver sido feita de forma virtual e as passagens já tiverem sido emitidas, o titular e o novo passageiro deverão ir até a bilheteria trocar os dados.

Os cancelamentos podem ser feitos até seis horas antes da partida do trem com multa de 5% do valor da passagem. A multa de 20% por remarcação da viagem é cobrada a partir de mudanças realizadas três horas antes do embarque. Já as trocas podem ocorrer até um ano depois da compra desde que você não tenha embarcado.

Os trens 

Os trens têm serviço de bordo e ar condicionado sempre a 23ºC (não se esqueça de levar casaco). Independente da classe, os vagões de passageiros contam com monitores de vídeo, sistema de entretenimento, detectores de fumaça e bebedouro refrigerado.

Os vagões foram fabricados em 2013 na Romênia e começaram a rodar em 2014. Cada comboio é formado por 16 carros em média, sendo que um deles faz as vezes de lanchonete e outro, de restaurante com oito mesas e 32 lugares. 

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As refeições vão desde lanches, como pão de queijo e coxinha, até pratos completos, como parmegiana, frango com quiabo e feijão tropeiro. No aplicativo Trem de Passageiros, você consegue acessar o cardápio.

Carro de restaurante Trem Vitória-Minas
As refeições podem ser feitas nas poltronas ou no carro-restaurante (Marcelo Coelho/Divulgação)

Carrinhos de bebidas, salgadinhos e biscoitos passam pelas poltronas e também vendem comidinhas e, a partir das 10h30, marmitex. O pagamento pode ser feito com dinheiro, PicPay, Pix e cartões de débito e crédito.

Há ainda um vagão adaptado para transporte de cadeirantes com poltronas para acompanhantes e elevador de acesso.

Classe Econômica

A passagem na classe econômica custa R$ 73 por trecho, mas há benefícios para alguns grupos sociais. Além da cota de duas passagens gratuitas para idosos e jovens de baixa renda, existe um desconto de 50% na passagem depois que os bilhetes de graça esgotarem. A viagem é gratuita para PCDs e crianças de até 5 anos que viajam no colo.

Os trens costumam viajar com oito vagões de classe econômica, que transportam 75 passageiros cada um. São duas fileiras com duas poltronas não reclináveis de cada lado e tomadas. 

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Classe econômica Trem Vitória-Minas
As poltronas tem bandejas para fazer as refeições (Márcia Foletto/Divulgação)

Classe Executiva

Cada trecho na classe executiva custa R$ 105. Nessa categoria, não há tarifas mais baratas e a gratuidade se mantém apenas para crianças de até 5 anos que viajam no colo.

A composição média dos comboios tem três vagões executivos. Cada um transporta 57 pessoas em duas fileiras com duas poltronas de um lado e uma de outro, também com tomadas.

Os assentos são mais largos que na classe econômica e contam com som e iluminação individuais. 

Classe executiva Trem Vitória-Minas
As televisões tem uma programação de filmes com saída de áudio nos fones de ouvido das poltronas (Márcia Foletto/Divulgação)

Como embarcar

O trem parte todos os dias às 7h da estação Cariacica e chega às 20h30 na estação Belo Horizonte. Os horários são os mesmos no sentido inverso. O embarque nas estações inicial e final do trajeto completo encerram 15 minutos antes do trem partir. No site da Vale, você consegue ver o horário de chegada em cada estação. 

Para embarcar, é preciso apresentar um documento oficial com foto e ter o bilhete em mãos durante a viagem. Cada passageiro pode levar apenas uma mala e uma bolsa de uso pessoal que somem até 35 kg. Produtos perecíveis não podem ser transportados.

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Estação de Aimorés, Trem Vitória-Minas
Passageiros na Estação Aimorés, em Minas Gerais (Marcus Vinicius Figueiredo Orlandi de Simoni/Marcus Desimoni/NITRO/Divulgação)

VT Confere

Em 2017, a VT percorreu rotas de trem no Brasil e fez o trajeto entre Belo Horizonte e Cariacica. Leia o relato abaixo: 

“Entre cotoveladas de crianças eufóricas e pedidos para tirar fotos de famílias inteiras com malas de rodinhas nas mãos, desisto de ter pressa. Às 6h30, uma hora antes do embarque em Belo Horizonte, o bafafá nas catracas já é grande. “Por que está tão cheio?”, pergunto a um funcionário. “É que chegaram os novos vagões, todos com ar-condicionado. Agora todo mundo quer andar de trem.”

A tendência, com o tal ar condicionado e outras modernidades, é o bafafá crescer ainda mais. Cada vagão abriga quatro câmeras de segurança que tranquiliza quem quer andar pra-lá-e-pra-cá sem ficar neurótico com as malas.

O primeiro pit stop é em Barão de Cocais, município próximo da Serra do Caraça, de onde saem trilhas para cachoeiras. A partir daí, o entra e sai de passageiros se repete 28 vezes.

O movimento é tão intenso que complica o embalo do sono, assim como os atrativos da janela: ameace fechar os olhos que logo aparece uma coleção de bromélias, além de muitos vagões de minério no sentido contrário. 

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Por volta do meio-dia, o ferromoço (o comissário de bordo do trem) passa gritando “Marmitex!”, e arrematei um estrogonofe, dentro de um isopor, bem no padrão “comida de avião”. Dica: no vagão-restaurante, a mesma refeição vem num prato. Vale a pena levantar.

Duas horas depois o Rio Doce aparecia, indicando a proximidade de Governador Valadares, metade do percurso. A fim de conferir a antropologia local, gastei sete minutos cruzando os vagões, do A ao M, transpondo portas que se abriam magicamente ao toque de um botão. Vi um pastor, munido de Bíblia, pregando em alto e bom som para uma infinidade de gente entretida com os celulares.

Depois de muitos pães de queijo crocantes, paisagens verdes ad infinitum e de estações que mais parecem estar no meio do nada, rochas enormes brotam de um lago cristalino, antes da divisa com o Espírito Santo.

Foram dez minutos de pura contemplação, até a noite cair. Eram 20h32 quando desci na estação Pedro Nolasco, em Cariacica, a dez minutos de Vitória. Por mais confortável que seja o trem, a viagem é… longa. Treze horas. Mas, se não houver pressa, não existe transporte melhor – nem mais barato – para ir de BH a Vitória.”

Leia o relato de outros passeios de trem pelo Brasil

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