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Orlando: Uma biografia (Capa Dura) Capa dura – 1 setembro 2015
Opções de compra e produtos complementares
- Número de páginas288 páginas
- IdiomaPortuguês
- EditoraAutêntica
- Data da publicação1 setembro 2015
- Dimensões23.4 x 15.6 x 3 cm
- ISBN-108582176287
- ISBN-13978-8582176283
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Preço | R$ 68,10R$68,10 | R$ 47,90R$47,90 | R$ 55,18R$55,18 | R$ 49,97R$49,97 | R$ 69,75R$69,75 | R$ 52,70R$52,70 |
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Detalhes do produto
- Editora : Autêntica; 1ª edição (1 setembro 2015)
- Idioma : Português
- Capa dura : 288 páginas
- ISBN-10 : 8582176287
- ISBN-13 : 978-8582176283
- Dimensões : 23.4 x 15.6 x 3 cm
- Ranking dos mais vendidos: Nº 21,046 em Livros (Conheça o Top 100 na categoria Livros)
- Nº 54 em Britânica Literatura e Ficção
- Avaliações dos clientes:
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É o segundo contato que tenho com a obra de Virginia Woolf e é o primeiro contato com Orlando: uma biografia. A história como sabido e como sugere o título é a biografia de Orlando. Ele é um nobre inglês que vive durante 300 anos, em grande parte desse período com a idade de 30 anos e nesse meio tempo seu corpo passa a ser um corpo de mulher. É mais ou menos um romance-ficcional-histórico/amoroso-crítico/social, etc, etc, etc. Prefiro não falar muito da história em si... pois, pode estragar algumas surpresas... acho melhor contar um pouco daquilo que transcende o livro em si, das impressões que tive... Sabe? Viajar um pouco.
Bom, antes de tudo... tive uma ótima oportunidade ao ler o livro: ler a obra em um país oriundo de colonização Inglesa (Austrália). Orlando é um nobre inglês, a história em grande parte se passa em Londres e seus arredores, muitos dos aspectos, a historicidade e os meandros do enredo se encaixam com a arquitetura e cultura inglesa daqui da Austrália. Apesar, de nada dizer sobre colônias inglesas e não ser o mesmo que ler o livro no próprio território inglês acho que foi uma experiência única; não somente pela territorialidade e questões ligadas aos ingleses, mas pela cultura plural que esse país conserva. A identidade de Orlando é fulgaz, plural, imprecisa (o que não é um defeito) e esse país, em particular, se manifesta e se apropria de tudo conforme seu ânimo único - não esta enrijecido por moldes, apesar de sempre estar sobre a égide de uma narrativa imposta pela metrópole inglesa. O mesmo ocorre com Orlando e seu narrador/biografo. Muito do que senti aqui lendo a obra pude presenciar na obra: o espirito do país (sabemos que nem tudo são rosas) transcende o espirito de seu tempo.
Não vamos nos perder. O ensaio não é sobre onde estou - recorri as atuais terras para mostrar que Orlando, embora submetido várias vezes ao espírito da época, sempre se manifesta de acordo com suas milhares de identidades que vão se multiplicando no decorrer de sua biografia. Vários Orlandos se criam, se dividem, se excluem, se unem e se contradizem no decorrer do livro. Não existe um Orlando que se amolde a um espirito coeso e único, é por isso que digo que a leitura, apesar da localidade ser muito próxima pela história de onde estou, é muito condizente com a cultura local do país que me encontro.
Além de questões de gênero e historicidade o que também mais me encantou na obra foram as técnicas adotadas pela escritora. Revelam um pouco do modernismo inerente às publicações contemporâneas meados dos anos 20 e 30 (40 e 50 também talvez?). Os descritivos, a paródia bibliográfica, o narrador muitas vezes reticente aos comportamentos da/do protagonista, a habilidade com palavras, são um presente a parte. Virginia foi uma escritora incrível e muito caprichosa com suas obras o que é evidenciado ao ler e lidar com sua escrita que é acima de tudo muito poética. Acho que na tradução muita coisa se perde, mas esse será um próximo passo - ler o original.
Aproveito para indicar a edição que eu li - da Editora Autentica, que tem a tradução de Tomaz Tadeu, com uma grande aparato técnico sobre a obra, com notas e referências de todos os nomes trazidos no decorrer da história; além disso esse exemplar tem as fotos escolhidas e dispostas na primeira edição do livro pela própria Virginia; ainda conta com um posfácio de Silvano Santiago e, com se não bastasse, o exemplar tem uma encadernação e diagramação ótima e uma capa é incrível - aquarela de Charles Rennie.
Por fim, não tem como não recorrer aos dizeres de Vita, musa inspiradora de Virginia ao criar Orlando, que antes de terminar de ler seu exemplar especialmente encadernado e entregue um dia antes da publicação do livro, escreveu em resposta: "Por enquanto não consigo dizer nada a não ser que estou completamente deslumbrada, extasiada, encantada, enfeitiçada. Parece-me o livro mais adorável, mais inteligente, mais rico que já li na minha vida"...
Pois é... certamente, Orlando é um dos livros que mais gostei de ler em toda minha vida, é um livro que me re-situou como leitor, como pessoa e como estudioso. Estou deslumbrado, extasiado, encantado, enfeitiçado por Virginia e por Orlando. Ainda tenho muito o que digerir, vou ler muitas vezes esse livro que é adorável, técnico, encantador e crítico de nossa sociedade atual, pautada em uma ocidentalização e polarização maçantes.
Indico Orlando: uma biografia para o leitor que quer evoluir como leitor e pretende ler algo diferente e desafiador.
O trabalho de Notas Explicativas ao fim do livro é essencial para quem quer extrair o máximo de conhecimento destilado por Virginia Woolf ao longo das 214 páginas do livro. Para quem desconhece a relação da autora com Vita Sackville-West, a intimidade e história de ambas, as Notas tornam-se ainda mais relevantes para elucidar pontos que podem parecer obscuros ao longo da leitura.
Orlando é uma Biografia que apresenta a história de personagem homônimo ao longo de mais de 300 anos de sua história, que inicia-se em meados do século XVI até o início do século XX (11 de outubro de 1928). Orlando perpassa todos estes anos sendo inicialmente um aristocrata em uma propriedade rural, tornando-se embaixador na Turquia, onde o personagem sofre uma inesperada mudança de sexo, até retornar a Inglaterra onde desenvolve sua habilidade de escritor e conhece as sensações distintas ao se habituar em ser do sexo oposto.
As críticas a sociedade ao qual Virgínia Woolf está inserida, muitas das quais ainda são atuais na contemporaneidade, são descritas de maneira pungente, clara, mas não sem um pouco de sátira.
"... o edifício todo do governo feminino assenta-se sobre essa pedra fundamental; a castidade é sua jóia..."
"Lembrava-se de como, quando era um jovem homem, tinha insistido que as mulheres deviam ser obedientes, castas, perfumadas e lindamente apresentáveis. "Agora, sinto na própria pele o quanto custam esses desejos", refletiu; "Pois as mulheres não são (a julgar pela minha própria e breve experiência neste sexo) obedientes, castas, perfumadas e lindamente apresentáveis por natureza. Elas só adquirem essas graças, sem as quais não podem gozar de nenhum dos prazeres desta vida, à custa da mais tediosa disciplina."
Sem dúvida é um belo "presente" ao ser dedicado a Vita, sua paixão que a época trocou Virginia Woolf por outras amantes. Mostra não apenas um meticuloso conhecimento da Aristocracia Britânica, mas um acurado conhecimento da sociedade inglesa.
"Nenhuma paixão é mais forte, no coração do homem, do que o desejo de obrigar os outros a acreditarem no que ele acredita."