Em documentário, Grace Jones diz que o tempo a tornou mais sábia | Blog Longevidade: modo de usar | G1

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Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro


Apresentado no Festival de Toronto em setembro de 2017, o documentário “Grace Jones: bloodlight and bami” estreia nesta sexta-feira nos EUA. Prestes a completar 70 anos, em maio, a artista se tornou uma diva da música disco e new age com seu visual andrógino e exótico. Também foi musa de Andy Warhol e personagem do lendário Studio 54, no auge das discotecas, e exercitou um tanto de canastrice em filmes como “Conan, o bárbaro” e “007 – Na mira dos assassinos”, quando interpretou a guarda-costas do vilão Max Zorin (Christopher Walken), que tentava destruir o agente vivido por Roger Moore.

Grace Jones: prestes a completar 70 anos, a artista diz que a passagem do tempo a tornou mais sábia — Foto: By Bruce from Sydney, Australia - Grace Jones, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=67000074

A diretora Sophie Fiennes, irmã dos atores Ralph e Joseph, a acompanhou por quase cinco anos. Além de shows, as filmagens incluem uma visita à família na Jamaica, sua terra terral, e até um momento de ternura como avó, quando conhece a neta recém-nascida. Sobre a carreira, Grace diz: “o artista se arrisca, esse é um lugar solitário. Fascinante, mas solitário”. Sophie quis fugir do que considera um estereótipo em documentários sobre estrelas da música como Amy Winehouse, Whitney Houston e Janis Joplin, focados na decadência dessas celebridades: “eles se alimentam de carcaças trágicas”, declarou ao jornal “The Guardian”.

O título do documentário remete tanto à trajetória da cantora quanto às suas raízes. Em gíria jamaicana, bloodlight é a luz vermelha que se acende quando um artista está gravando. Bami é um pão típico do país, feito à base de mandioca. Grace Beverly Jones mudou-se para Syracuse, Nova York, quando tinha 13 anos. Ela e seus irmãos foram se juntar aos pais, que já viviam nos EUA, deixando para trás a criação religiosa e autoritária do avô postiço. Dali, foi um pulo para Manhattan, outro para Paris – como modelo – até estourar nas paradas.

Conhecida pelo gênio forte, sempre fez questão de ter controle da sua carreira. Conta que, durante 15 anos, inclusive fez isso sozinha, para não ser explorada por empresários inescrupulosos. Depois de cantar na música “Art Groupie” que nunca escreveria suas memórias, acabou usando exatamente esse título (“Eu nunca vou escrever minhas memórias”) em sua autobiografia, em 2015. Numa entrevista ao “The New York Times” antes do lançamento do documentário, diante da pergunta sobre se não se sentia velha, a resposta veio de bate-pronto. “Nunca. Eu me sinto mais sábia”, resumiu.

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