As primeiras horas das férias foram gastas com um trato no visual. Talvez para combinar com a beleza de um currículo perfeito.

"Ter disputado dois Brasileiros e ganhado dois Brasileiros para mim é uma coisa surreal”, comemorou Endrick, atacante do Palmeiras.

Endrick sabe que essa temporada foi diferente. Ele saiu do posto de promessa para o lugar de protagonista em uma grande reviravolta. Do alto dos seus 17 anos, o atacante abraçou responsabilidade de gente grande. Marcou 11 gols, seis deles na arrancada que tirou a equipe de um quinto lugar e a levou ao topo da tabela.

“Eu sempre deixava esse pingo de esperança em mim, e isso aconteceu”, contou Endrick.

Na quarta-feira (6), contra o Cruzeiro, em Belo Horizonte, Endrick deixou o dele. Nikão marcou para a equipe da casa. O empate era mais do que suficiente para chegar ao título. Por isso, teve celebração no gramado, nas arquibancadas do Mineirão e também a 600 km dali, com os torcedores reunidos, em São Paulo, nas cercanias do próprio estádio. Doze títulos do Brasileirão. Ninguém venceu tanto como o Palmeiras.

“Muito feliz por ver nossa torcida feliz. Esse é o nosso lema enquanto time: jogar por eles, para eles”, festejou Abel Ferreira, técnico do Palmeiras.

Enquanto os jogadores aguardavam a premiação, outras torcidas do Brasil também tinham o que comemorar. Em Salvador, o Bahia venceu o Atlético Mineiro e se livrou do rebaixamento. Alegria e alívio também no Rio de Janeiro, o Vasco se afastou da Série B ao derrotar o Bragantino.

Além do campeão, Grêmio, Atlético Mineiro e Flamengo conseguiram vagas diretas na fase de grupos da Libertadores. Já Botafogo e Bragantino vão disputar a pré-Libertadores.

Todos esses times da parte de cima da tabela tiveram, em algum momento, chances de erguer a taça. Mas o ritual foi cumprido pelo grupo que aprendeu a se manter focado, mesmo quando o cenário não parecia animador.

“A gente foi buscar o melhor lugar possível e o melhor lugar foi ser campeão”, diz Endrick.

Já com o sol de quinta-feira (7) raiando, a equipe chegou a São Paulo e foi direto para cima do trio elétrico festejar com o torcedor.

O lugar da nova taça já está reservado na sala de troféus. Esse elenco, aliás, ajudou bastante na ocupação desse espaço: desde a chegada de Abel Ferreira, em 2020, foram nove títulos, consagrando uma geração que faz jus aos melhores momentos da história do clube.

Lá nos anos 1960, o Palmeiras montou uma equipe que empilhou seis troféus e encantou o país. E daí veio a denominação que atravessou o tempo: era a Academia. Nos anos 1970, o grupo se reformulou e conquistou oito taças: a segunda Academia.

Quase cinco décadas depois, o clube voltou a enfileirar conquistas, mesmo quando esse desfecho parecia tão improvável. A terceira Academia palmeirense ensinou ao Brasil a arte de não desistir.