Manchetes dos jornais de domingo 28-05-2023

Manchetes dos jornais de domingo 28-05-2023

 

Resumo de domingo, 28/05/2023 

 

Edição de Chico Bruno

Manchetes dos jornais de domingo 28-05-2023

Valor Econômico – Não circula hoje

 

FOLHA DE S.PAULO – Junho de 2013 leva a década de choques à esquerda e à direita

 

O ESTADO DE S.PAULO – Inadimplência entre os idosos cresce em ritmo mais acelerado 

 

O GLOBO – Brasil tem 60 padres da Igreja condenados por pedofilia

 

CORREIO BRAZILIENSE – Ofensiva no Senado para garantir Fundo

 

Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia

 

Séries Folha - A ida de milhares de brasileiros às ruas em junho de 2013 inaugurou uma década de reviravoltas sociais e políticas, que incluiu um impeachment, a ascensão da direita radical após um ciclo de governos de esquerda, a primeira prisão de um ex-presidente da República depois de condenação criminal e sua nova eleição ao comando do país. Dez anos mais tarde, as manifestações "contra tudo" que abalaram o Brasil, emparedando a classe política e soterrando em dúvidas uma Copa do Mundo, são um assunto inconcluso para a vida nacional e um enigma a ser inteiramente desvendado por historiadores e acadêmicos. Sob essa ótica, há um fio condutor que passa pela derrubada de Dilma Rousseff (PT), o apoio à Operação Lava Jato, a prisão de Lula (PT) —hoje presidente de novo—, a eleição de Jair Bolsonaro (PL) e os ataques golpistas de bolsonaristas contra as sedes dos três Poderes em 8 de janeiro deste ano. Essa interpretação coexiste com a constatação de que o campo da direita foi catapultado para outro patamar no debate público nacional. O impacto é visível no quadro de eleitos para o Executivo e o Legislativo, não só por discussões eclodidas naquele ano, mas sobretudo pelos capítulos seguintes. Uma parcela dos envolvidos nos eventos de 2013 considera que a contestação ao governo petista à época contaminou toda a esquerda, e atores da direita se apropriaram do discurso de combate à corrupção.

 

Inadimplência entre os idosos - A população de inadimplentes idosos cresceu nos últimos quatro anos em ritmo superior ao das faixas etárias mais jovens e à média de todos os brasileiros. O contingente de pessoas acima dos 60 anos que deixou de pagar as contas básicas foi turbinado pela inflação acima da meta, pelos juros nas alturas e pela atividade econômica fraca — que leva os mais velhos a buscar crédito para socorrer familiares nas despesas do dia a dia. Entre abril de 2019 e abril deste ano, o número de idosos inadimplentes aumentou 34,7%, enquanto a média da população avançou 12,9%, apontam dados da Serasa Experian, empresa especializada em informações financeiras. No mesmo período, o volume de pessoas negativadas entre 41 a 60 anos cresceu 15,9%; entre 26 e 40 anos, a alta foi de 4,6%, e até 25 anos, de 2,3%. Em números absolutos, os idosos não são a maior fatia dos inadimplentes. Num universo de 71,4 milhões de brasileiros que estavam nessa condição em abril deste ano, eles somavam 12,8 milhões (ou 17,9% do total). Mas o grupo foi ampliado em 3,3 milhões de inadimplentes nos últimos quatro anos.

 

Padres pedofilos - Desde 2001, o Brasil, o país com a maior população católica do mundo, teve 108 religiosos acusados de abusar sexualmente de pelo menos 148 crianças e adolescentes. Os casos de suspeita de pedofilia teriam sido praticados por sacredotes de 80 dioceses e arquidioceses em 23 estados e no Distrito Federal, e 60 deles foram condenados pela Justiça. O mapeamento completo é a principal revelação do livro "Pedofilia na Igreja - um dossiê inédito sobre abusos envolvendo padres católicos no Brasil", de Fábio Gusmão e Giampaolo Morgado Braga. Os jornalistas do GLOBO pesquisaram por três anos em mais de 25 mil páginas de documentos, além de entrevistarem acusados e vítimas. 

 

Fundo - Governo e parlamentares do DF se reúnem nesta semana com o relator do arcabouço fiscal no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), para tentar convencer os senadores a aprovarem a retirada da emenda que muda a regra do repasse das verbas do Fundo Constitucional do Distrito Federal.

 

Resumo de domingo, 28/05/2023 - 2ª parte

 

Amiga de Janja é nomeada assessora de Lula - Uma ex-sócia da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, ganhou um cargo de assessora especial no Palácio do Planalto, com salário de R$ 13,6 mil. Lotada no gabinete pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Margarida Cristina de Quadros fez ao menos uma viagem oficial com Janja para compromissos sem a presença de Lula — de quem é assessora. Sob a justificativa de “suporte à comitiva presidencial” no Rio de Janeiro, Margarida acompanhou Janja na cerimônia de posse da presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Maria Marighella, entre 1 e 3 de março. O custo das passagens aéreas da amiga ficou em R$ 5,1 mil. Lula não participou da cerimônia. Entre 1 e 2 de março, o presidente ficou em Brasília. No dia 3 de março, a agenda oficial de Lula registrou um voo de Brasília para Rondonópolis (MT). No mesmo dia, Janja foi a Rondonópolis e Margarida voltou sozinha para Brasília. A ex-sócia de Janja está lotada no gabinete de Lula desde 27 de janeiro. No ano passado, ela integrou a equipe de transição do governo Lula no grupo temático dos Direitos Humanos. Na transição, recebeu R$ 10,3 mil. Como assessora especial de Lula, o salário chegou a R$ 13,6 mil. Margarida e Janja foram sócias na Princípio Consultoria. A empresa foi aberta em 2002 e extinta em 2021. A firma se dedicava a “atividades de consultoria em gestão empresarial” e “administração de caixas escolares”. A Secretaria de Comunicação da Presidência informou que Margarida Quadros “foi indicada no trâmite normal”. A pasta nega que Janja tenha indicado a amiga para a vaga. A nomeação de Margarida é assinada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa.

 

Desenho da Esplanada de Lula sob ameaça - A medida provisória que reestruturou a Esplanada dos Ministérios caduca na próxima quinta-feira (1º/6) e, caso não seja votada na Câmara e no Senado, 17 ministérios do governo Lula vão desaparecer. Durante a semana, o governo já havia sofrido um revés após um acordo entre o Planalto e o Centrão que esvaziou competências dos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas. Lula e integrantes do governo no Congresso minimizaram o impacto dessas medidas, uma vez que essas atribuições permaneceram com o Executivo, apenas foram repassados às pastas da Justiça e da Gestão e Inovação. Mas caso a MP nº 1154/23 caduque, aí, sim, o governo sofrerá sua primeira grande crise. A canetada de Lula para reestruturar os ministérios definiu um número de 31 ministérios e outros seis órgãos com status de ministério. Se essa MP não for votada, o governo voltará a ter 23 ministros, quantidade prevista no governo Jair Bolsonaro. 

 

'A vocação de Brasília é ser a capital' - Com a autoridade de ter exercido todos os principais cargos políticos brasileiros — presidente da República, presidente do Senado e do Congresso, deputado federal e senador — José Sarney enxerga os ataques ao Fundo Constitucional do DF como parte de uma “incompreensão do significado da capital”. Em entrevista ao Correio, Sarney, que acaba de completar 93 anos, tendo passado mais da metade de sua vida em Brasília, diz que há uma “má-vontade” em relação ao Fundo Constitucional. Nesta semana, ao aprovar o arcabouço fiscal, a Câmara dos Deputados em maioria endossou o relatório do deputado Cláudio Cajado (PP-BA) que alterou a correção anual dos repasses federais para as áreas de saúde, segurança e educação. A expectativa de técnicos é de que ao longo dos anos o Fundo Constitucional perca sua força de custeio e investimentos em serviços públicos fundamentais. Para Sarney, preservar Brasília deveria ser uma causa nacional. “Uma Brasília forte faz parte da unidade nacional”, acredita o ex-presidente. 

 

FPA em disputa - Acostumada a dominar o debate em assuntos de interesse do setor e ter todos os seus deputados votando de forma uníssona, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) enfrenta um embate interno sem precedentes. Bolsonaristas mais aguerridos e recém-chegados têm se distanciado do grupo mais tradicional, ao ponto de reformular as recomendações de encaminhamento da pauta feita pela área técnica da FPA. Um exemplo foi a medida provisória 1153, do exame toxicológico para caminhoneiros, que mexeu nos seguros de transporte de carga. A área técnica da FPA via com preocupação a proposta. Mas, internamente, a ala mais ligada aos caminhoneiros orientou sim ao texto. Muita gente antiga da FPA não gostou. Se nada for feito, alguém vai ter que sair.

 

Petistas estão de olho - O PT de São Paulo acompanha com uma lupa os movimentos do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Ministro da Indústria e Comércio, Alckmin reforçou os laços com o setor produtivo e financeiro. De quebra, tem sido muito bem recebido pelos prefeitos paulistas. Os petistas acompanham com preocupação. Suspeitam que o jogo do vice presidente seja triplo. O mais óbvio é trabalhar pelo sucesso do Brasil. Os outros dois, construir o próprio caminho, seja num projeto presidencial futuro, seja para ajudar o PSB a construir base para uma candidatura ao governo de São Paulo.

 

A vez delas - Na primeira leva de promoções da carreira diplomática do governo Lula, as mulheres não têm muito do que reclamar. Das oito vagas para embaixador (ministro de primeira classe), foram três embaixadoras, 37,5%. Em todos os níveis da carreira, as promoções ficaram acima de 30%. Hoje, as mulheres representam 23% dos 1.500 diplomatas brasileiros.

 

GSI prepara regras para web - O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) prepa ra um Projeto de Lei (PL) para criar uma política de segurança contra ataques ciber néticos para o país. O texto prevê a instalação de três órgãos volta dos ao tema: uma Agência Nacio nal de Cibersegurança (ANCiber), que centraliza a fiscalização e im plantação da política; um Comitê Nacional de Cibersegurança (CN Ciber), reunindo representantes de vários ministérios, dos outros Poderes e da sociedade civil; e um Gabinete de “Cibercrises” para auxiliar o presidente da República na tomada de decisões. O texto preliminar recebeu o aval da Casa Civil recentemente, e uma audiência pública foi convocada para o dia 15 de junho, no Palácio do Planalto, para debater o tema. O GSI também está ouvindo outros órgãos da União para pegar sugestões. 

 

Desencontro - Classificado até por adversários como um “animal político”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diminuiu o ritmo dos encontros com deputados e senadores no início do seu terceiro mandato, momento em que o governo ainda não conseguiu arregimentar uma base fiel no Congresso. Com isso, tornou-se o chefe do Executivo que menos se reuniu com parlamentares desde Dilma Rousseff — conhecida pela sua aversão às negociações políticas. Levantamento feito pelo GLOBO na agenda oficial mostra que, de janeiro até a sexta-feira passada, Lula se reuniu apenas nove vezes com deputados ou senadores de partidos aliados. No mesmo período, o presidente intensificou sua agenda internacional e, em cinco meses, já se encontrou com 30 chefes de governo estrangeiros — apenas um a menos do que o ex-presidente Jair Bolsonaro ao longo de todo os seus quatro anos no Palácio do Planalto. A ausência do presidente nas negociações tem sido um dos principais pontos citados por parlamentares para justificar a dificuldade que o governo enfrenta para vencer votações no Parlamento. Nos bastidores, criticam o isolamento do petista e dizem ser preciso que ele “desça à planície” para cessar a sequência de derrotas no Legislativo. Bolsonaro, que já foi chamado por Lula de “figura apolítica”, participou, no mesmo período, de 83 encontros com parlamentares, de 17 partidos diferentes. Já Michel Temer, que a exemplo de Lula era conhecido por ter bom trânsito no Congresso, se reuniu 39 vezes com deputados e senadores nos seus primeiros 145 dias de governo. A frequência com que Lula se reuniu com parlamentares só é maior que a de Dilma — apenas quatro encontros nos primeiros cinco meses. A ex-presidente, no entanto, preferia terceirizar as negociações com o Congresso para seus ministros, como Antonio Palocci ou Aloizio Mercadante. A mesma estratégia agora é adotada por Lula com Alexandre Padilha, chefe da Secretaria de Relações Institucionais.

 

Governo faz pente-fino na gestão Bolsonaro - O governo Lula está fazendo um pente na gestão Bolsonaro, que vai de buscas a possíveis irregularidades a uma varredura em cargos de confiança para identificar servidores alinhados com o ex-presidente. A iniciativa mais recente foi a criação de um grupo de trabalho para levantar informações sobre o programa Pátria Voluntária, lançado na gestão anterior e liderado pela ex-primeira-dama Michelle. O Palácio do Planalto seguiu a recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) para dar mais transparência aos dados sobre o programa. O TCU identificou irregularidades na execução do Pátria Voluntária em auditoria feita no mês passado. Entre elas está a ausência de previsão constitucional e legal para o modelo adotado para uso de dinheiro privado — proveniente de doações, por exemplo — na gestão pública. O tribunal também identificou “ausência de critérios objetivos e isonômicos para a seleção de instituições beneficiárias dos recursos financeiros privados”. Após levantar as informações propostas pelo TCU, o grupo criado na última quinta-feira terá de disponibilizar o material produzido para consultas públicas. O Pátria Voluntária, criado em 2019 por Jair Bolsonaro, tinha como objetivo, segundo o Planalto, fomentar o voluntariado articulado pelo governo com organizações da sociedade civil e o setor privado. O raio X no Pátria Voluntária vai ao encontro do pente-fino articulado pelo Planalto para vasculhar a gestão de Bolsonaro e a atuação de seus aliados. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pressionado para que seja feita uma varredura em todos os cargos de confiança para identificar servidores alinhados com Bolsonaro na máquina pública federal. O petista também barrou nomeações e promoções promovidas por Bolsonaro. Entre os alvos estão militares da ativa indicados para cargos civis. As exonerações já somam cerca de 200, além da troca do comando das Forças Armadas. Também deixaram o governo militares que exerciam funções ligadas à segurança do presidente.

 

Haddad muda e vira articulador junto ao Centrão - Na semana em que o governo amargou derrotas em série no Congresso e ministros foram alvos de críticas e esvaziamentos em suas pastas, Fernando Haddad viu o projeto do novo arcabouço fiscal, prioritário para o Palácio do Planalto e capitaneado por ele, passar com folga no plenário da Câmara, que aprovou a proposta por 372 votos a 108. O resultado, além de contrastar com o desempenho recente do governo na Casa, alçou um petista tido por colegas como um personagem de pouco traquejo político ao posto de articulador eficiente e interlocutor do Executivo junto ao Centrão — ponto sensível do governo neste início de Lula 3. Além do empenho do ministro nas negociações, pesou em favor de Haddad o fato de a maioria dos congressistas da nova legislatura apresentar perfil mais liberal. Desde o início, o Parlamento emite sinais de que seria preciso o governo apresentar um pacote de compromissos com responsabilidade nos gastos públicos. À frente da Fazenda, o petista também vem se mostrando mais flexível. Ele abandonou antigas ideias, como a de promover uma reforma bancária proposta na campanha presidencial de 2018, e conseguiu se aproximar do mercado. Haddad soube entregar o produto que o Congresso estava disposto a comprar, mas não sem sustos. Na quarta-feira, Haddad foi alertado de que o União Brasil, partido da base que indicou três ministros, apoiaria uma proposta do PL, de Jair Bolsonaro, que limitava o crescimento das despesas em 2024. A crise se instalou no gabinete. O texto principal do arcabouço havia sido aprovado na noite anterior e faltavam ser apreciados apenas destaques apresentados pela oposição. Se o acréscimo fosse aprovado, o ministério previa no próximo ano um colapso nas áreas de saúde e educação e a paralisação de obras pelo país. Diante do risco de revés, Haddad imediatamente começou a fazer ligações para os seus “parças” — forma como o ministro se refere nas conversas internas às lideranças do Legislativo com quem estreitou a relação nos últimos meses de intensa articulação. Com o apoio maciço de PP e Republicanos, dois partidos que não fazem parte da base, o governo garantiu 309 votos e conseguiu barrar a iniciativa. No momento em que os ministros das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o responsável pela negociação com o Congresso, e o da Casa Civil, Rui Costa, são alvos de queixas cotidianas, Haddad tem construído canais de diálogos com lideranças hostis aos seus colegas.

 

‘Está pouco nítido quais são as pautas prioritárias de Lula’ - Ex-prefeita de São Paulo e ex-ministra de governos petistas nas pastas de Turismo e Cultura, Marta Suplicy avalia que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisará conversar mais com o Congresso para conseguir avançar em suas pautas que, segundo ela, “são pouco nítidas”. Em entrevista ao GLOBO, em seu gabinete na Prefeitura de São Paulo, onde comanda a Secretaria de Relações Internacionais, a ex-senadora diz que o tratamento ao Brasil no exterior mudou “da água para o vinho” sob o governo Lula. “Agora é tapete vermelho”, afirma. Marta diz ainda que “espera-se muito do Brasil” na pauta ambiental e que Marina Silva tem “resiliência” e não deve deixar o governo após o esvaziamento de sua pasta. Sem partido, mas considerada um trunfo político do prefeito Ricardo Nunes, Marta minimiza a aproximação do emedebista com a direita e diz que ele não é uma pessoa “dos extremos”.

 

CPI se blinda de vazamentos com software e sala-cofre - Iniciada na última quinta-feira, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista dos Ataques Golpistas redobrará a segurança com dados sigilosos que chegarem ao colegiado. Inquéritos policiais e quebras de sigilo fiscal e telemático de investigados ficarão sob a guarda de uma rede antivazamento e de armazenamento de documentos digitalizados: sempre que algum parlamentar acessá-los deixará registrada uma espécie de marca d’água. O Jubarte, nome do sistema, foi desenvolvido pelo Parlamento, cuja expectativa é que a maior parte da documentação utilizada nas investigações chegue por meio digital. Os “dossiês” serão guardados na sala-cofre, que também foi utilizada nas CPIs da Covid e das Fake News. Com portas reforçadas e câmeras de vigilância que funcionam 24 horas por dia, o bunker estará liberado apenas para senadores e deputados integrantes da comissão e alguns assessores, ainda assim, sob monitoramento constante. Escolhida a relatora da CPI, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) precisou passar a tarde da última quinta-feira se inteirando do funcionamento das comissões mistas, que são regidas por um regulamento comum entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Terceira opção do governo para ocupar o posto na cúpula do colegiado, após os senadores Eduardo Braga (MDB-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL) decidirem não participar da comissão, ela só ficou sabendo que seria escolhida horas antes do início dos trabalhos da CPI. Confirmada no posto, Eliziane foi atrás de orientações do amigo e senador Omar Aziz (PSD-AM), que ocupou a presidência da CPI da Covid, responsável por apurar o atraso na compra de vacinas e a crise de oxigênio enfrentados durante a pandemia do novo coronavírus. Nesta semana, uma das primeiras medidas a serem tomadas por Eliziane e o presidente da CPI, deputado Arthur Maia (União-BA), é oficiar a Polícia Federal, o Ministério Público Federal, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Controladoria-Geral da União (CGU) a fornecerem agentes para auxiliar nas investigações.

 

As estradas de terra serpenteiam os montes de pedra da Serra Azul, zona rural de Itatim (213 km de Salvador). Nas margens do rio Paraguaçu, que corta a região até desembocar na baía de Todos-os-Santos, produtores rurais cultivam quiabo, milho, mandioca e melancia. No sítio do agricultor José Carlos Andrade, 55, conhecido como Carlinhos, repousa uma retroescavadeira tinindo de nova. A máquina foi uma doação da Codevasf. A retroescavadeira fez parte de um pacote de doações feitas em 2023 que tiveram como destino a cidade de Itatim. Com máquinas de valor estimado em R$ 2,5 milhões, o município de apenas 15 mil habitantes foi a maior beneficiado com equipamentos no governo Lula.

 

A prefeitura recebeu duas retroescavadeiras, com valor estimado em R$ 450 mil cada, uma escavadeira hidráulica orçada em R$ 860 mil e uma motoniveladora de R$ 890 mil. Outra retroescavadeira foi doada à Associação dos Trabalhadores Rurais do Povoado de Serra Azul. Conforme apontado pela Folha, a Codevasf privilegiou a Bahia na destinação de equipamentos nos três primeiros meses do governo Lula, em meio à disputa pelo controle da estatal entre o PT e um dos líderes do centrão, o deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA), que tem em Itatim, um dos seus redutos eleitorais.

 

Relator de MP que esvaziou pasta de Marina diz que texto teve aval do governo - O relator da Medida Provisória da reestruturação dos ministérios do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Isnaldo Bulhões (MDB-AL), afirmou que o texto apresentado por ele e aprovado na comissão mista do Congresso foi construído em conjunto com o governo e por isso não há que se falar em derrota do petista. A proposta do emedebista esvazia as pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, transferindo atribuições para outros ministérios. O texto foi classificado como derrota de Marina Silva e Sonia Guajajara. “Como se pode colocar que houve uma derrota do governo, se foi um texto construído com o governo?”, disse ao Estadão. Segundo o deputado, a redação apresentada por ele foi fruto de “discussão exaustiva” com os ministros Rui Costa, da Casa Civil, Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, e Esther Dweck, de Gestão. Na sexta-feira, 26, Padilha e Costa disseram em entrevista coletiva que é necessário “reafirmar a prerrogativa de quem ganhou a eleição”. As declarações soaram como o início de um esforço para reverter pontos do relatório e evitar a desidratação das pastas comandadas por Marina Silva e Sonia Guajajara. O projeto de Isnaldo Bulhões foi aprovado na comissão mista por 15 votos a 3. Agora, precisa ser apreciado pelos plenários da Câmara e do Senado. De acordo com o relator, não há movimentos para mudanças ou revisões na medida, a ser levada a votação nos plenários da Câmara e do Senado. Apesar das críticas, ele afirma que não foi procurado por nenhum setor do governo para articular recuos.

 

Lula comunica a ministros do STF que indica Zanin semana que vem - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que enviará, na semana que vem, ao Senado Federal, o nome de Cristiano Zanin para a vaga na Corte. Na noite dessa sexta, 26, Lula fez um churrasco no Palácio da Alvorada e, entre os presentes, estavam os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, além de Ricardo Lewandowski, que se aposentou em abril, abrindo esta vaga. O presidente já havia sinalizado, ao longo da semana, que estava próximo de liquidar esse assunto. Desde abril ele vem sendo cobrado a bater formalmente o martelo sobre a nova composição do Supremo. Nas conversas durante a confraternização no Palácio, Lula sinalizou que a próxima vaga, que será aberta em outubro com a aposentadoria de Rosa Weber, não será de nenhum dos nomes cotados até o momento.

 

MDB ‘devolve’ a Simone Tebet controle de sistema do orçamento - Na MP da Reestruturação, o MDB também “cuidou” dos seus ministérios. O relator Isnaldo Bulhões (MDB-AL) tirou o controle do sistema do orçamento de Esther Dweck (Gestão) e devolveu para o Planejamento, de Simone Tebet (MDB). A mudança já foi validada pela comissão mista que analisa a medida provisória, mas ainda precisa ser validada em plenário.Na MP da Reestruturação, o MDB também “cuidou” dos seus ministérios. O relator Isnaldo Bulhões (MDB-AL) tirou o controle do sistema do orçamento de Esther Dweck (Gestão) e devolveu para o Planejamento, de Simone Tebet (MDB). A mudança já foi validada pela comissão mista que analisa a medida provisória, mas ainda precisa ser validada em plenário.

 

Plano de trabalho de CPMI dos atos - O plano de trabalho da CPMI dos atos golpistas, a ser apresentado pela relatora Eliziane Gama (PSD-MA), começará por fatos anteriores ao 8 de janeiro. A tentativa de explosão de um caminhão tanque no aeroporto de Brasília, na véspera do Natal, e os atos de vandalismo em 12 de dezembro vão constituir a espinha dorsal do cronograma. Um dos objetivos é verificar se houve omissão de autoridades também nesses episódios. Governistas fizeram mistério sobre a escolha de Eliziane até o último instante para surpreender a oposição, que preferia o senador Weverton (PDT-MA). Aliada de Flávio Dino, ela promete equilíbrio.