A Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Belta) anunciou no dia 23 de novembro em um evento online os resultados da nova edição da Pesquisa Belta sobre o mercado brasileiro de intercâmbios e educação internacional. Embora no seu sexto ano consecutivo, essa é a segunda versão da pesquisa focada no impacto da Covid-19 nas agências de intercâmbio e nos estudantes brasileiros interessados em estudar no exterior.
Segundo as respostas coletadas em 2021, a pandemia teve um impacto negativo de 90,2% nas vendas de produtos e serviços das agências de intercâmbio em relação ao período pré-pandemia. Entretanto, 47,9% dos estudantes brasileiros acreditam que conseguirão estudar no exterior em 2022, um otimismo que não é correspondido pelas agências.
A pesquisa Belta 2021
Pela primeira vez, a coleta foi feita não só no Brasil, mas em toda a América Latina, o que possibilitou uma comparação de mercados e tendências no setor. Os respondentes tiveram de agosto a setembro de 2021 para responder um questionário online enviado por email ou divulgado nas redes sociais da Belta, Education New Zealand e FPP Mídia.
O público-alvo da Pesquisa Belta é sempre o mesmo: estudantes e gestores de agências de intercâmbio, gestores de agências, franqueados, supervisores, gerentes, donos ou representantes de marcas de intercâmbio.
A pesquisa, desenvolvida pela Mobilidade Acadêmica, “mostra dados vitais para o futuro do mercado de educação internacional no Brasil”, comentou Alexandre Argente, presidente da Belta, durante a abertura da divulgação da pesquisa. “A boa notícia é que estamos com a maioria das pessoas vacinadas e os principais destinos de estudo também.”
A edição de 2021 contou com a participação de 334 pontos de vendas e agentes e 375 estudantes do Brasil, além de 512 pontos de vendas e 1.034 estudantes de toda a América Latina.
Em comparação à pesquisa passada, o número de estudantes respondentes teve uma queda enorme – em 2020, eram 2.837 –, uma consequência óbvia da pandemia.
Veja os resultados da Pesquisa Belta 2020.
Os estudos no exterior no pós-pandemia
De fato, 58,4% dos estudantes disseram na edição mais recente que adiaram os planos de realizar o intercâmbio por questões financeiras e 35,6% por preocupação sanitária. Mas apenas 2,1% disseram ter desistido definitivamente de realizar o intercâmbio e 82% continuam interessados em estudar no exterior em breve.
O otimismo dos estudantes também é notável nas respostas sobre a volta à normalidade e disposição para viajar. Apesar de a maioria (27,1%) responder que acreditam que poderão fazer o intercâmbio em 2023 ou mais tarde, 21,7% responderam o primeiro semestre de 2022 e 26,2%, o segundo semestre de 2022.
As agências não têm o mesmo otimismo: 45,6% responderam que a normalidade só será possível em 2023 ou mais tarde. Segundo o presidente da Belta, os agentes podem estar mais pessimistas porque conhecem todo o lado administrativo de se estudar no exterior, como, por exemplo, a solicitação do visto de estudante e o atendimento em consulados.
“Os estudantes escutam as notícias de que as fronteiras estão reabrindo e acreditam que tudo está voltando ao normal. Eles ainda não têm todas as informações, por isso ainda não sabem todo o panorama e acabam sendo mais otimistas”, aponta.
Vacinação contra a Covid-19
Pelo menos, até setembro de 2021, que foi o prazo da coleta da pesquisa, 51% dos estudantes já estavam vacinados com a primeira dose e 35% com as duas doses contra a Covid (apenas 2% preferiram não responder).
Como a comprovação de vacinação é uma das principais medidas de segurança sanitária na maioria dos países, quanto maior essa porcentagem, mais rápido os intercâmbios serão possíveis novamente.
Outro fator apontado por Alexandre é que, com a agilidade de lidar com a pandemia, a perspectiva positiva e a sensação de volta à normalidade de alguns países da América Latina são maiores do que no Brasil.
Modelo híbrido, estudos online e quarentena
No cenário de realização de aulas, 66,4% se disseram dispostos a realizar aulas em formato híbrido (online + presencial), caso haja alguma facilidade na obtenção do visto para estudantes que iniciam as aulas online no Brasil.
Sessenta e três por cento gostariam de iniciar as aulas online já no país de destino e 58,8% aceitariam cumprir um período de 14 dias de quarentena em um local controlado, mesmo com os custos adicionais, se isso significasse começar as aulas totalmente presenciais.
Além disso, 65,4% também selecionaram a opção “realizar as aulas na modalidade presencial sem qualquer carga horária online, no Brasil ou no país de destino”. Neste segmento da pesquisa, as respostas eram múltiplas, por isso a soma é superior a 100%.
Os resultados mostram a avidez dos brasileiros em aceitar diferentes modelos de aulas para que possam dar início aos estudos internacionais o mais rápido possível. Inclusive, a disposição aumentou em relação ao ano passado.
Segundo Danilo Torini, da Mobilidade Acadêmica, uma das razões para isso é que, entre 2020 e 2021, os estudantes já passaram pela experiência de estudar online, por exemplo, e já sabem ser uma opção viável. Outra é o período prolongado de pandemia que faz com que recorram a alternativas para realizar o sonho de estudar no exterior.
O que os brasileiros querem estudar no exterior?
Pela primeira vez, o tipo de intercâmbio mais procurado foi o de curso de idiomas com trabalho temporário, com 38% das respostas. Depois, aparecem:
- Curso de idioma (24,4%)
- Graduação (8,4%)
- Curso profissional, certificado ou diploma (4,8%)
- Pós-graduação - MBA ou Master (4,5%)
- Pós-graduação stricto sensu - mestrado ou doutorado (4,2%).
“Ainda que de forma segmentada, a porcentagem total de estudantes brasileiros interessados em educação superior no exterior é de 21,9%”, explicou Danilo.
Onde os brasileiros querem estudar no exterior?
Em relação aos destinos de estudo, os países mais procurados são os que estão com as fronteiras reabertas e com serviços de vistos mais agilizados. O presidente da Belta, Alexandre Argente, comentou que os países que mantiveram as suas fronteiras fechadas durante todo esse período terão de trabalhar para reconquistar a confiança dos estudantes internacionais.
O Canadá permanece a primeira escolha de destino de interesse para a realização de um futuro intercâmbio no pós-Covid tanto entre os respondentes da América Latina quanto do Brasil. Além disso, ele foi apontado como principal referência em quase todos os quesitos de segurança sanitária e infraestrutura acadêmica no cenário durante e após a pandemia tanto pelos agentes quanto pelos estudantes brasileiros.
Os brasileiros voltaram a assinalar interesse nos Estados Unidos. Em 2020, o país ficou em oitavo lugar em referência na luta contra o Covid-19, em questões sanitárias, sociais e de segurança. Em 2021, a percepção em relação aos Estados Unidos melhorou significativamente. Por exemplo, 85,5% dos estudantes disseram que os Estados Unidos dispõem dos melhores recursos tecnológicos ajustados às exigências de aulas em formato híbrido.
Os respondentes podiam assinalar mais de uma opção. O ranking de destinos de interesse ficou assim:
- Canadá (80,3%)
- Estados Unidos (70,7%)
- Reino Unido (69,9%)
- Austrália (58,5%)
- Nova Zelândia (58,5%)
- França (58,3%)
- Irlanda (55,5%)
- Holanda (51,7%)
- Alemanha (43,3%)
- Malta (38,1%)
- Dubai (34,3)
- África do Sul (27,5%)
O que influencia a escolha de estudar no exterior?
Para os agentes, 100% acreditam que o principal fator é a liberação do país de destino para a recepção de viajantes. Embora 88% dos estudantes também selecionarem essa resposta, a maioria acredita que a principal influência na decisão de um intercâmbio é o preço do curso (89,8%) e da hospedagem (89,1%).
A política de cancelamento mais flexível do intercâmbio e a importância da reputação do país de destino aparecem como as influências menos importantes com 65,2% e 68,3% respectivamente. De novo, as respostas eram múltiplas, por isso superiores a 100%.
Mesmo com todos os problemas, apenas 7,5% dos estudantes disseram ter mudado a escolha de país de estudo por causa da pandemia por questões financeiras e 3,3% mudaram de ideia por questões de saúde e preocupação sanitária. A maioria permanece com a sua primeira escolha de destino.
Belta
A Brazilian Educational & Language Travel Association é grupo de agências e instituições brasileiras que trabalham com intercâmbios e programas de educação internacional com 30 anos de atuação no mercado do país. Atualmente, as agências do Selo Belta representam 75% do mercado de educação internacional no Brasil, com aproximadamente 550 pontos de venda pelo país.