6. O reino dividido

Já no final do reinado de Salomão havia descontentamento principalmente nas tribos do norte. Com a morte de Salomão em 930 AC, as dez tribos do norte realizaram uma assembleia e relataram ao sucessor (Roboão) a situação de opressão em que viviam. Roboão, ignorando o conselho dos anciãos, respondeu ao povo com arrogância:

“Meu pai pôs um jugo pesado nas costas de vocês. Eu vou aumentar esse jugo” (1Rs 12,14).

Assim as dez tribos declararam independência e aclamaram Jeroboão rei de todo Israel (norte).

No tempo da monarquia unidade, começam a surgir os primeiros escritos significativos e orgânicos que mais tarde formarão a Bíblia, tais como: a Tradição Javista (espalhada principalmente ao longo do Pentateuco), a História da Sucessão Dinástica de Davi (presente nos livros de Samuel e Reis) e alguns textos sapienciais e formativos. Antes da monarquia já haviam alguns breves e dispersos textos que, mais tarde, foram incorporados à Bíblia.

O sonho de uma monarquia unida, formada pelas doze tribos, durou poucos anos. Praticamente, com a morte de Salomão começou o cisma político-religioso, causando a divisão em dois reinos o do norte (Israel) e o do sul (Judá). A partir de agora, a palavra Israel se refere ao reino do norte e sua capital será Siquém, mais tarde Samaria. Betel e Dã tornam-se centros do culto a Javé.

Com os novos reis, Jeroboão (norte) e Roboão (sul), a idolatria campeia largamente nessa primeira etapa da monarquia dividida e é vista como causa dos males que atingem o povo. Houve certo progresso, pois os dois reinos, apesar de independentes e certas disputas nos inícios, se uniam em defesa dos interesses internos. Nesse tempo, começa a despertar o “profetismo camponês”, liderado por Elias e Eliseu.

Nesses séculos de reinos do sul e do norte, os reis foram se sucedendo. Surgiram muitos “profetas literários”, que deixaram seus escritos e foram porta-vozes de Deus e do povo diante dos reis. Esses profetas são a consciência crítica diante dos desmandos do poder.

O reino do norte (Israel) terminou em 721 com a tomada da Samaria pelos assírios. Parte da população foi deportada para a Assíria. Por sua vez, o reino de sul (Judá) terminou em 587, quando Jerusalém foi saqueada, o templo e o palácio real foram destruídos pelos babilônios, grande parte da população foi deportada para a Babilônia. Assim o povo de Javé, os habitantes dos reinos do norte e do sul se encontraram no exílio, onde, sem templo, sem rei e sem terra, foram se adaptando a novas formas de vida e de compromisso com seu Deus.

Nilo Luza nasceu em 1947, no Estado do Rio Grande do Sul. Ele é religioso da Congregação dos Padres e Irmãos Paulinos. É graduado em Filosofia e Teologia. Desenvolve sua missão paulina na redação do Semanário Litúrgico Catequético O Domingo e de Liturgia Diária.