Por Li Lacerda
Há exatos 10 anos, a atenção do mundo se voltou para Londres naquele 29 de abril de 2011 para acompanhar o casamento real entre a então plebeia Catherine Middleton com o príncipe William de Gales, herdeiro da coroa britânica. Se nada acontecer fora do protocolo, William sucederá Charles ao trono e a agora Catherine, Duquesa de Cambridge, será a sua rainha consorte.
Uma história que começou há 20 anos
Kate e William se conheceram na universidade de St Andrews em 2001, onde ela ingressou para estudar história da arte e ele, geografia. Mas o namoro começou dois anos depois com uma breve separação em 2004. Namoro restabelecido e acompanhado com atenção pelos súditos e a imprensa britânica até 2010, quando a família real anunciou o tão esperado noivado do herdeiro do trono britânico.
O casamento real
Em outros tempos, Kate passaria longe dos requisitos para fazer parte da família real britânica. Filha de um casal de trabalhadores da aviação, que enriqueceu pelos próprios méritos, e sem título de nobreza, ela provavelmente não encontraria aprovação para ser a esposa do futuro rei da Inglaterra não fosse o efeito Diana, que ainda paira sobre a casa de Windsor 23 anos após sua morte.
Catherine Elizabeth Middleton, uma jovem e linda moça do interior da Inglaterra, às vésperas de completar 30 anos, era a chance de a família real se aproximar dos súditos, que se sentiram representados tendo uma jovem comum britânica entrando para família real mais famosa do mundo e que custa, e muito, ao contribuinte britânico.
Para William, nascido príncipe e treinado desde o berço para um dia ser e se portar como um rei, o protocolo da casa real é uma rotina que se repetiu no dia do casamento. O uniforme militar, o sorriso direcionado, a atenção da mídia e do público são coisas com as quais ele convive desde a infância.
Acrescente a isso o fato de ele ser filho de uma das mulheres mais populares e fotografadas do mundo, Diana, princesa de Gales, morta em um acidente de carro em Paris em 1997. E se havia uma data agendada no calendário britânico desde o dia em que ele nasceu, era o evento do seu casamento. E quando e com quem era a curiosidade, e não se um dia ele se casaria.
O casamento entre William e Kate foi um dos eventos mais assistidos da história, com mais de 2 bilhões de telespectadores em todo o mundo. Como representante do made in UK, ela escolheu um vestido desenhado pela grife britânica Alexander McQueen para entrar na abadia de Westminster.
Sarah Burton, estilista da grife e idealizadora do vestido, claramente se “inspirou” em uma peça ícone da história da moda: o vestido que Grace Kelly se casou com o príncipe Rainier III, de Mônaco, em 1956, desenhado pela colega americana Helen Rose.
Para complementar a imagem de noiva de um rei, ela usava joias da coleção real: a tiara que a jovem princesa Elizabeth II recebeu da rainha-mãe no seu aniversário de 18 anos em 1936, e o anel de noivado, peça em safira e diamantes, que Diana recebeu de Charles em seu noivado no início dos anos 1980.
Os Cambridge
Casada, Kate passou a ser oficialmente sua alteza real Catherine, duquesa de Cambridge. Sua popularidade não fez dela um membro da família real imune a críticas. A escassa agenda oficial de deveres reais e o guarda-roupa com calça skynny, espadrille e saias acima dos joelhos foram alvo de críticas, inclusive da rainha.
A relação antiga de Kate com a moda, por ser formada em história da arte, fotógrafa talentosa e ex-compradora de acessórios de uma loja de departamentos, foi o suficiente para formar a sua nova imagem. A gota d’água foi o constrangedor vestido floral e sandálias usados em visita oficial a um campo de concentração na Polônia, onde não é preciso ser da realeza para saber que o dress code é a discrição.
Mas munida de toda a ajuda (leia-se, consultora de moda) e informação que o palácio pode proporcionar, as críticas foram substituídas por elogios em revistas e especialistas em moda, e ela virou a duquesa que misturava alta-costura com peças acessíveis de lojas de departamento e ao alcance da maioria das britânicas.
A agenda antes escassa passou a contar com longas viagens oficiais pelos países da comunidade britânica, como Nova Zelândia e Canadá. Ela recebeu nomeações da rainha para patronatos importantes e instituições de caridade que exigiam aparições públicas constantes, inclusive durante as três gestações.
E a devoção da duquesa para com seus deveres, mesmo durante as gestações de George, de 7 anos, Charlotte, 5, e Louis, de 3, quando sofreu dos sintomas da hiperêmese gravídica, foi reconhecida pelos britânicos e pela coroa. Isso se reflete na forma moderada com que os tabloides destacam a duquesa e sua família.
Kate hoje é uma referência de estilo. Com a ajuda da talentosa consultora Virginia Chadwyck-Healey, que cuida de seu estilo desde 2019, duquesa é vista com estilo impecável misturando clássico e o moderno. Ela usa alta-costura, mas não perdeu o hábito de pinçar peças interessantes em coleções de lojas populares. Repete peças de seu acervo sem medo de ser feliz, e estende essas escolas a seus filhos.
Curiosidades sobre Kate
– Diferentemente da sogra Diana, Kate não tem um título de princesa. Por ter nascido fora da realeza, ela pode oficialmente usar apenas o título do marido podendo ser chamada de Catherine, princesa William de Gales. Diana, filha de um conde, nasceu na alta aristocracia britânica e tinha o título de Lady quando se casou. Kate só se tornará princesa quando o sogro, Charles, chegar ao trono.
– Formada em história da arte, Kate será a primeira princesa de Gales a ter formação superior.
– É apaixonada por fotografia. Várias fotos oficiais da família que são divulgadas pelo palácio de Kensington são de autoria da duquesa. Ela é patrona da associação britânica de fotografia e fez estágio com o famoso fotógrafo Mario Testino, antes de o mesmo ter relações cortadas com a família real por acusações de assédio feita por profissionais da moda.
– Charlotte, primeira filha de Kate e William, é a primeira princesa do gênero feminino que não perdeu a vez na linha de sucessão ao trono pelo nascimento de um irmão do gênero masculino. A lei foi alterada antes de Kate ter o primeiro filho. Pela norma anterior, filhos homens tinham preferência na linha de sucessão. Quando sua tia-avó, a princesa Anne, única filha da rainha, falecer, Charlotte receberá o título de princesa real do reino único. Apenas filhas dos monarcas recebem esse título.