Diagnóstico, Estadiamento e Tratamento do Adenocarcinoma do Colón e do Reto - Portal das Normas Clínicas
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Norma nº 025/2012 atualizada a 23/02/2015

Diagnóstico, Estadiamento e Tratamento do Adenocarcinoma do Colón e do Reto

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  1. Os níveis de antigénio carcino-embrionário (CEA) devem ser determinados em período pré-terapêutico (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I).

  2. Os doentes com carcinoma colorretal devem ser submetidos a colonoscopia total com avaliação histológica das lesões encontradas (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I).

  3. O estadiamento radiológico pré-terapêutico deve ser feito de rotina (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I).

  4. A tomografia de emissão de positrões/tomografia computorizada (PET/CT) com 18F-FDG (Fluodeoxiglucose) não está indicado por rotina no diagnóstico ou seguimento do carcinoma colorretal (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I).

  5. O estadiamento do cancro colorrectal, deve ser feito de acordo com a classificação TNM (Classification of Malignant Tumours) da American Joint Committe on Cancer (AJCC/TNM) (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I).

  6. No diagnóstico patológico de doentes com cancro colorretal (CCR), devem ser reportados:

    1. O tipo histológico;
    2. Grau histológico (se aplicável);
    3. Nível de invasão (T);
    4. Número de gânglios avaliados e número de gânglios positivos (N);
    5. Invasão linfovascular;
    6. Depósitos tumorais mesentéricos; e
    7. O status das margens proximal/distal e radial/circunferencial se aplicável (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I).
  7. Tratamento cirúrgico do tumor primário:

    1. Os doentes submetidos a intervenção por CCR deverão fazer terapêutica antibiótica profilática imediatamente antes da cirurgia (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I);
    2. Deve ser realizada uma cuidadosa exploração cirúrgica no início da intervenção com registo completo no protocolo cirúrgico (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I).
    3. O tratamento de um pólipo maligno é determinado pela morfologia e histologia do pólipo (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I);
    4. A extensão da ressecção do cólon:
      1. Deve corresponder à drenagem linfo vascular ao nível da origem do vaso arterial de alimentação primário do local onde se situa o tumor (gânglios epicólicos, paracólicos e apicais);
      2. Quando o tumor é equidistante de dois vasos principais, ambos devem ser ressecados na origem;
      3. A linfadenectomia deve ser completa e em bloco com o tumor, respeitando o conceito de “excisão completa de mesocólon” tal como no reto, “a excisão completa do mesorrecto” (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I).
    5. A ressecção de órgãos adjacentes envolvidos pelo tumor deve ser em bloco com o mesmo (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I);
    6. Tumores síncronos do cólon podem ser tratados com ressecções separadas ou colectomia subtotal (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I);
    7. A ooforectomia deve ser considerada em casos com ovários macroscopicamente alterados ou que estejam em contiguidade com o tumor primário. A ooforectomia profilática não é necessária (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I);
    8. Nos tumores dos dois terços inferiores do reto deve ser realizada uma excisão total do mesorrecto (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I);
    9. A utilização da técnica do gânglio sentinela não substitui a linfadenectomia standard (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I);
    10. A colectomia laparotómica ou laparoscópica tem resultados oncológicos equivalentes no caso de cancros do cólon localizados. A utilização da laparoscopia deve ter por base a experiência documentada do cirurgião, bem com fatores relacionados com o doente e com o tumor (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I);
    11. Após as medidas de reanimação, e se for possível, um tumor perfurado deve ser ressecado (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I);
    12. O tratamento de um tumor em oclusão deve ser individualizado, podendo incluir a ressecção cirúrgica definitiva com anastomose primária (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I);
    13. Num doente com obstrução aguda, condicionada por neoplasia colorrectal potencialmente curável, o tratamento adquire um carácter de urgência e pode incluir a colocação de uma prótese ou cirurgia urgente de descompressão (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I);
    14. Num doente com cancro colorrectal em estádio avançado, e sem possibilidades de terapêutica de intenção curativa, a paliação de uma obstrução aguda pode ser feita com próteses ou com a realização de cirurgia descompressiva (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I);
    15. Em doentes com uma neoplasia incurável, as intervenções cirúrgicas paliativas devem ser individualizadas com base nos sintomas do doente (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I);
    16. O relatório cirúrgico deve incluir dados sobre os achados intraoperatórios e procedimento executado (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I).
  8. Terapêutica neoadjuvante e adjuvante:

    1. A quimioterapia adjuvante está indicada para os doentes com carcinoma do cólon em estádio III (TNM) (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I);
    2. A quimioterapia adjuvante não está indicada para tumores do cólon em estádio II considerado de “baixo risco” (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I);
    3. A radioterapia ou quimiorradioterapia neoadjuvante ou adjuvante está indicada para doentes com carcinoma do reto em estádio II e III (TNM) (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I);
    4. No carcinoma do reto em estádio II e III, a quimiorradioterapia ou a radioterapia complementar à cirurgia deve ser preferencialmente administrada em contexto pré-operatório (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I);
    5. Os inibidores do VEGFR (Vascular Endothelial Growth Factor Receptor) e do EGFR (Epitelial Growth Factor Receptor) não têm indicação no tratamento adjuvante ou neoadjuvante do carcinoma colorrectal (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I).
  9. Terapêutica da doença avançada (Estádio IV e Recidiva):

    1. O tratamento de doentes em estádio IV suscetíveis de ressecção cirúrgica deve ser individualizado em abordagem multidisciplinar (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I);
    2. Em doentes com neoplasia metastática irressecável, a intervenção paliativa ou a ressecção de um tumor primário sintomático pode ser considerada, mas a ressecção de rotina de um primário assintomático não está indicada (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I);
    3. O tratamento de doentes com recorrência loco-regional deve ter uma abordagem multidisciplinar e a ressecção cirúrgica de intenção curativa deve respeitar os princípios da ressecção primária (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I);
    4. Os inibidores do EGFR só podem ser prescritos nos tumores sem mutação dos genes KRAS ou NRAS, exões 2, 3 e 4 (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I);
    5. O bevacizumab não deve ser prescrito isolado, apenas em associação com quimioterapia (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I);
    6. Os inibidores do VEGFR e do EGFR não devem ser prescritos em associação (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I);
  10. A prescrição mediante fundamentação clínica de bevacizumab associada a quimioterapia de segunda linha pode ser considerada após progressão sob quimioterapia de primeira linha associada ao bevacizumab.

  11. Qualquer exceção à Norma é fundamentada clinicamente, com registo no processo clínico.

  12. Os algoritmos clínicos Algoritmos propostos pelo National Comprehensive Cancer Network “Colon Cancer” e “Rectal Cancer” v. 2.20153, disponível em https://www.nccn.org/store/login/login.aspx?ReturnURL=http://www.nccn.org/professionals/physicia n_gls/pdf/infections.pdf, sendo o acesso livre mas carecendo de registo do endereço eletrónico.

  13. O instrumento de auditoria clínica (ver pdf).

  14. A presente Norma, atualizada com os contributos científicos recebidos durante a discussão pública, revoga a versão de 27/12/2012 e será atualizada sempre que a evolução da evidência científica assim o determine.

  15. O texto de apoio seguinte orienta e fundamenta a implementação da presente Norma.

fluxograma da norma
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