A vida e a trágica morte de Antoine de Saint-Exupéry vai estar em exposição na Lello – NiT

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A vida e a trágica morte de Antoine de Saint-Exupéry vai estar em exposição na Lello

A pulseira que guarda o mistério do desaparecimento do autor de “O Principezinho” está no centro da mostra na livraria portuense.
Exupéry morreu em 1944

A 31 de julho de 1944, poucas semanas após o famoso ataque das forças aliadas na Normandia, um pequeno avião militar francês fazia operações de reconhecimento no sul de França. Preparava-se então a Operação Dragoon, uma invasão costeira que deveria ter decorrido em simultâneo com a operação do Dia D, mas que nunca chegou a concretizar-se.

A aeronave descolou, mas nunca chegou a aterrar. O desaparecimento ficou envolto em mistério. Presumiu-se que tivesse sido abatida por forças alemãs, embora os relatos não fossem conclusivos. Volvidos mais de 50 anos, um pescador, algures na costa de Marselha, fez descoberta absolutamente improvável: a pulseira do piloto que comandava o avião. Nela estava escrita o nome de Antoine de Saint-Exupéry, o célebre autor de “O Principezinho”.

É precisamente esta pulseira que estará no centro da nova exposição da Livraria Lello que arranca na quarta-feira, 10 de maio. Trata-se de uma iniciativa em parceria com a Fundação Antoine Saint-Exupéry, que marca o 80.º aniversário da sua obra mais conhecida.

“Entre o Céu e o Mar” tem estreia marcada para as 19 hora se contará com a presença de Thomas Rivière, sobrinho-neto do autor, bem como dos atores Pedro Granger e Renato Godinho, que lerão passagens da obra. A Lello irá também aproveitar para lançar uma edição comemorativa de “O Principezinho”, num livro impresso em prateado sobre páginas azuis, acompanhado de materiais exclusivos e de algumas páginas da última agenda do autor. Estarão também disponíveis tiragens especiais da primeira edição. Exemplares que estarão assinados pela responsável da Lello e por Thomas Rivière.

A pulseira de Saint-Exupéry que trazia sempre consigo foi-lhe oferecida pela mulher, Consuelo. Havia recebido o presente, dois anos antes, em Nova Iorque. Foi precisamente nos Estados Unidos que “O Principezinho” foi lançado originalmente, em 1943. O autor viveu mais de dois anos naquele país, antes de viajar novamente para a Europa para combater ao lado das forças francesas.

Saint-Exupéry foi muita coisa. Autor, poeta, jornalista e sobretudo um aventureiro aviador. Aantes de decidir combater, trabalhou vários anos como piloto comercial. Percorreu meio-mundo, da Europa à América do Sul e África. Viveu uma das suas maiores aventuras — que serviu de inspiração à escrita de “O Principezinho” — precisamente no continente africano.

A pulseira recuperada em 1998

Em 1935, Exupéry procurava bater um recorde de velocidade, ao fazer o percurso de Paris a Saigão (atual Ho Chi Minh, Vietname) no menor tempo possível. Ao seu lado estava André Prévot, o navegador. Na madrugada de 30 de dezembro, 19 horas após a partida, o avião despenhou-se em pleno deserto líbio. Surpreendentemente, os dois ocupantes sobreviveram, mas esperava-os um desafio igualmente perigoso.

Estávamos na década de 30 e seria altamente improvável que fossem resgatados rapidamente. Teriam que se fazer ao caminho. Consigo tinham poucos mantimentos: vinho, café, alguma fruta, chocolate e bolachas.

Sem grandes mapas e rodeados de dunas, puseram-se a caminhar, à espera de um milagre. Sem água, a desidratação começou a baralhar-lhes os sentidos e a provocar alucinações. Quatro dias depois encontraram ajuda — uma tribo de beduínos, que os alimentaram e hidrataram.

A aventura foi descrita por Saint-Exupéry no livro “Terra dos Homens”, apesar de a aviação estar praticamente sempre presente nas suas obras, do estreante “Correio do Sul” a “Voo Noturno” ou mesmo “Piloto de Guerra”, lançado em 1942. E entre os relatos contam-se dezenas de encontros com a morte.

Pilotou aviões durante toda a sua vida

O francês tentou, sem sucesso, alistar-se na Academia Naval. Acabou por entrar para a escola de Belas Artes, antes de voltar ao serviço militar em 1921. Foi por essa altura que decidiu também aprender a pilotar e, assim que o pôde fazer, viajo para Marrocos, onde fez parte de um regimento da força aérea francesa.

Em 1923 sofreu o primeiro acidente grave dos muitos que se seguiriam, devido a um erro humano que resultou na queda do avião no norte de África. Exupéry sobreviveu, mas não se livrou de uma fratura no crânio que se revelou menos grave do que parecia à primeira vista.

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