André Luiz Frambach: “Acredito muito no lema de que ‘o que é para ser, é’” - Quem | Capa
André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

André Luiz Frambach é capa da Quem (Foto: Gustavo Paixão)

André Luiz Frambach tem o lema de que “quando é para ser, será”. O niteroiense, que aos 25 anos é um dos destaques da nova geração de atores, aprendeu a encarar a vida desta maneira, ainda criança, após cair literalmente do cavalo e ter que abandonar o sonho de ser um atleta do hipismo. O curso de teatro, que a princípio era mais um modo de preencher a lacuna deixada pela mudança de planos, se tornou uma diversão e depois o começo de sua profissão. 

“Tinha começado a fase de competição. Fiz um salto e errei. Sofri um acidente muito grave. Por sorte, o cavalo não caiu com as duas patas na minha cabeça. Se isso tivesse acontecido, talvez eu não estivesse aqui. Acidentes são normais, mas meus pais ficaram apavorados e me tiraram do hipismo. Minha irmã Camille, quatro anos mais velha, me chamou para ir com ela a um curso de teatro. Sempre gostei de aprender coisas novas e fui, mas ali acabei me encontrando. Tudo começou como uma grande diversão, mas com o tempo fui vendo que aquilo me deixava realizado”, relembra.

Sua estreia na TV aconteceu aos 10 anos no especial Por Toda Minha Vida (2007), no qual interpretava a versão infantil do sertanejo Leandro, da dupla com Leonardo. Logo em seguida, André emendou em 2008 participações e personagens fixos na TV nas produções Queridos Amigos, Duas Caras, Ciranda de Pedra A Favorita. Em 2010, veio Cridinho de Passione.

“Comecei a trabalhar como ator quando era criança, mas sempre fui dedicado, estudava muito e fazia tudo com profissionalismo. Não pulei fases, aprontava na rua com os meus amigos, mas enquanto estava trabalhando, sempre ficava muito compenetrado. Observava muito colegas como Caio Blat, Vera Holtz e Tony Ramos e tentava imitar a forma como eles lidavam com a profissão”, conta.

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

Filho dos terapeutas Giselle Pfaltzgraff e Paulo Frambach, André era sempre relembrado pelos pais que no momento em que ele não sentisse mais vontade de atuar, poderia voltar a se dedicar somente aos estudos. Mas ele queria mais, tanto que durante a puberdade, mesmo nos seis anos sem oportunidades de trabalho, seguiu confiando nesta força maior que ele acredita mover o universo.

“Não tive essa autocobrança de ter que dar certo. Meus pais são psicólogos e sempre conversaram muito comigo sobre a busca pela felicidade. Não existe isso de ‘chegar lá’ ou ‘dar certo’. Tenho vários sonhos e objetivos que já conquistei e muitos outros que estão por vir. A cobrança, se é que ela existe, é para eu seguir motivado com a vida, que é tão mágica e cheia de ciclos. Temos que vivê-la da melhor forma possível”, analisa.

“Nunca cogitei abandonar a arte, mas realmente teve um período em que comecei a pensar no que eu poderia fazer já que não estava tendo oportunidade alguma de trabalhar com o que eu amava. Fui estudar administração, pensando abrir um dia uma produtora com a minha irmã e ter uma independência para produzir meus filmes e séries. No meio desse caminho, surgiram novos trabalhos e acabei largando a faculdade no quarto período, mas no final usei o conhecimento quando finalmente abri a produtora”, explica.

"Não existe isso de ‘chegar lá’ ou ‘dar certo’. Tenho objetivos que já conquistei e muitos outros que estão por vir"

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

André voltou para as telinhas aos 19 anos, em A Lei do Amor (2016), e emendou a novela das nove com duas produções em que podia mostrar seu lado mais maduro, Malhação: Vidas Brasileiras (2018 - 2019) e Éramos Seis (2019). Atualmente, o ator faz sucesso em Cara e Coragem como o carismático Rico, um esportista sem responsabilidades reais que vai amadurecendo ao encontrar seu caminho profissional como dublê e um amor de verdade.

Na vida pessoal, o lema “quando é para ser, será” também se faz valer em sua relação amorosa com a atriz Larissa Manoela, de 21 anos. Os dois, que ficaram amigos no set do filme Modo Avião, em 2020, se reencontram solteiros no segundo semestre do ano passado. Iniciaram um romance sem rótulo ali, mas dois meses depois resolveram seguir apenas amigos. Ambos não imaginavam que a história de amor teria uma continuidade, que ele garante ser para o resto da vida.

“A gente se conheceu em Modo Avião. Mas ambos estávamos namorando e fomos muito profissionais. Ficamos amigos. Quase dois anos depois, a gente se reencontrou. A gente estava solteiro e se envolveu. Foi um começo conturbado. Ela gravando sua primeira protagonista na Globo, eu me preparando para o Rico. Todos os holofotes voltados para a nossa relação… A gente viu que se aquilo fosse em frente do jeito que estava, a gente ia acabar se machucando. Resolvemos dar um passo atrás e voltar a ser só amigos. Não imaginávamos que algo a mais pudesse acontecer, mas seguimos nos falando como amigos. Temos muitos amigos em comum e, depois de um tempo, nos envolvemos novamente. Mas, desta vez, tivemos cuidado para não cometer os mesmos erros de antes. Talvez, se não tivéssemos terminado naquele momento, não estaríamos juntos agora. Por isso que dizemos que quando é para ser, é”, conta.

“Somos almas gêmeas. Já namoramos muito, nos entregamos muito e tomamos muito na cabeça. Temos referências muito parecidas. Nós dois começamos a atuar quando criança, temos pais que se casaram jovens e que têm uma união de décadas de muito amor, gostamos muito de ficar com as nossas famílias e temos o sonho de construir uma família. Eu sempre quis ser pai e ela sempre quis ser mãe. Também queremos ser artistas gigantes e conquistar o mundo”, adianta.

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

Você começou a trabalhar muito novinho. Como foi essa infância nesse universo mágico, mas também cheio de responsabilidades?
Não pulei fases. Tinha a hora de brincar, estudar e de trabalhar. Sabia o local em que podia fazer as minhas besteiras de criança. No começo, o trabalho era uma grande diversão, apesar de eu já encará-lo com muito profissionalismo e comprometimento. Claro que hoje levo ainda mais a sério meu trabalho do que na infância, porque ele é o meu sustento. Também tenho mais dimensão de tudo o que eu faço. Mas ainda trabalho por prazer e me divertindo. Até hoje penso que se em algum momento essa profissão deixar de ser um prazer, ela não fará mais sentido.

Como era lidar com os testes, os ‘nãos’ e as críticas?
Meus pais sempre conversaram muito comigo e me prepararam para o principal: estar pronto para os retornos negativos. Você ser surpreendido com um elogio é incrível, mas com ‘não’ ou uma crítica é bem complicado. Estar preparado para isso é importante. Acredito muito no lema de que ‘o que é para ser, é’. Levo comigo isso. Já aconteceu de eu querer muito fazer um trabalho e não dar certo. Depois eu via que se aquilo tivesse dado certo eu não poderia estar em outro projeto, que surgiu depois e me deixou muito feliz. Sempre faço todos os testes que me possibilitem novas oportunidades, mas jogo para o universo. Quando dá certo, agradeço e abraço o projeto.

As pessoas pensam que a vida de ator é cheia de glamour. Como era lidar com a fama?
Tive uma base familiar muito forte. Sempre conversei muito com os meus pais, que me ensinaram a ser responsável. Em casa, eu lavava louça, ajudava na faxina, cozinhava junto com os meus pais… Ainda tinha que me dedicar à escola. O glamour é uma ilusão que as pessoas atrelam a quem tem visibilidade e fama. A verdade é que o trabalho de ator é como outro qualquer. Nunca vi minha profissão como algo glamouroso. Passamos perrengues assim como em qualquer outra profissão. Por isso é importante amar o que faz.

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

Você era uma criança e já ganhava dinheiro. Como seus pais controlavam essa certa independência financeira?
Meus pais nunca me obrigaram a fazer nada e não abandonaram a profissão para conduzir a minha carreira. Nunca sustentei a minha família, mas quando tinha dinheiro extra, eu mesmo falava que queria que ficasse com a família. O resto ficava guardado em uma poupança como está até hoje. Quando eu era criança, eles me liberavam dinheiro quando eu pedia para comprar algo. Mas sempre faziam com que eu refletisse antes de comprar. Diziam: “Você pode ter isso, mas tem certeza que precisa?”. Eles sempre me ensinaram a consequência das escolhas. Às vezes, insistia e comprava mesmo sabendo que era uma vontade passageira, mas sempre ouvi muito os conselhos dos meus pais. 

Você é muito ligado a sua família. Vive com seus pais ainda?
Morava até pouco tempo com eles, mas me mudei para o Recreio para ficar mais perto da Globo. Como eles moram em Niterói, eu tinha que sair bem mais cedo de casa por causa do trânsito. Não tive dificuldade em morar sozinho, porque sempre fiz de tudo em casa, mas sinto muito a falta deles perto de mim. Como você disse, sou muito ligado a minha família. Tento ir todo fim de semana para Niterói para ficar com eles.

Muitos atores que começam a trabalhar quando criança passam por aquele momento de ter que provar que não é mais aquele menino, que pode já fazer papéis mais maduros. Você também enfrentou isso?
Sim. Isso faz parte da transição da vida. Mas dos 13 aos 18 fiquei parado, tive um momento para amadurecer minha imagem. Hoje sou muito grato a isso, porque pude me dedicar mais à escola, tirar carteira de motorista… Sem contar que quando voltei para a TV, já tinha dado o tempo das pessoas tirarem essa imagem de garoto que tinham de mim.

Qual foi o personagem que, na sua opinião, marcou essa transição?
A grande virada na minha carreira foi Malhação. Lá, pude mostrar para o público que podia interpretar personagens com uma carga emocional maior. O Márcio começou na história como um vilão. Ele não conseguia lidar com suas questões internas e externalizava na relação com o pai, que sofria com o alcoolismo. Além disso, tinha a relação dele com a Pérola (Rayssa Bratillieri), importante para a história e para ele se tornar uma pessoa melhor.

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

Os atores acabam também sofrendo mais com essa pressão da imagem. Como foi para você?
Desde pequeno, não consigo me enxergar como as pessoas falam que sou. Fico feliz com os elogios que fazem ao meu corpo e à beleza. Mas não me cuido por essa pressão estética. Quero estar bem comigo mesmo e saudável. Meu corpo é uma ferramenta de trabalho. Se estiver mais forte e definido, como estou agora por causa do Rico, legal, mas se tiver que ficar muito magro ou mais gordinho para um personagem, não vai ter nenhum problema. Gosto do muito do trabalho do Christian Bale, que sempre está modificando o seu corpo para fazer um personagem. Valorizam muito o trabalho dele. Acho que, às vezes, o artista é bloqueado por sua imagem externa. Temos que valorizar a capacidade dos artistas daqui também.

"Fico feliz com os elogios que fazem ao meu corpo e beleza. Mas não me cuido por essa pressão estética. Quero estar bem comigo"

 

Por ser um homem bonito, teme ficar rotulado a papéis de galã?
Se o universo me coloca nessa direção, agarro com unhas e dentes as oportunidades que me deram. Se me derem só papéis de galã ou mocinho, tudo bem, vou fazer o meu melhor. Se me derem um vilão, também vou amar fazer. Não me importo com isso, não. Tem que agarrar as oportunidades e fazer o seu trabalho da melhor forma possível. Se isso é importante agora para eu me firmar na minha carreira, tudo certo. Não pulo fases. Mas avalio que tenho conseguido diversificar bastante. O Julinho de Éramos Seis era praticamente um vilão, o Miguel de Temporada de Verão não tinha nada de galã, era aquele personagem bon-vivant... O Rico é o que mais se aproxima desta imagem do galã.

Como foi a preparação para viver o Rico, esse personagem que é ex-atleta, campeão de surfe, dublê?
Maravilhosa. O Rico foi um presente para mim. Aprendi tantas coisas novas, como os esportes parkour e flyboard, como receber um soco, como cair, dar mortal… Foi um grande workshop da vida. A maior magia da minha profissão é isso, aprender coisas novas, se reciclar… Eu, como artista, busco sempre personagens assim. Sem contar a história dele, que também é muito interessante.

Seu personagem não se prendia a nenhuma relação até se apaixonar verdadeiramente por Lou (Vitória Bohn). Você sempre foi esse cara romântico que aparenta ser ou já teve uma fase mais como o Rico?
Nunca tive essa fase mais Rico. Tenho uma referência forte em casa de um relacionamento de amor. Papai e mamãe estão casados há 30 anos, se respeitam muito e realmente se amam. Quando você tem essa base, busca isso para você. Eu procuro me envolver com alguém só quando me apaixono mesmo. O Rico tem um vazio existencial muito grande e tenta preenchê-lo beijando na boca. Tem pessoas que gostam de viver assim, mas nunca fui assim. Sempre busquei alguém que crescesse comigo.

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

Sofria muito com os términos?
Com a maturidade, a gente vai entendendo melhor o amor. Quando a gente é mais novo, se abala com pequenas coisas e paixões momentâneas. Já sofri muito, até por amores que nem foram concretizados e se perderam pelo caminho. Converso muito com o papai e a mamãe sobre isso. É aquilo que eu disse do que é para ser, é. Se não for aquilo, tem algo melhor te aguardando.

Como você e a Lari...
Sim. Quando foi para ser acontecer, aconteceu. Estamos juntos para a vida toda. A gente acredita que é a alma gêmea mesmo. Temos valores muito parecidos. É bom ter alguém que quer as mesmas coisa que você quer. Nunca namorei alguém que me unisse tanto a minha família como ela. Isso acontece porque ela também é muito unida aos pais dela. A gente virou uma grande família. Temos os programas em casal e os com os sogros. Escutamos muito os conselhos deles, que nos ajudam a lidar com a nossa intensidade. Eles conhecem a gente e têm experiência, sabem o que é bom para a gente.

"Estamos juntos para a vida toda. A gente acredita que é a alma gêmea mesmo"

sobre Larissa Manoela

Acha que aquele primeiro encontro de vocês não foi para frente por causa de todos os holofotes?
A gente estava se conhecendo melhor e gostando um do outro, mas, sinceramente, acredito que atrapalhou um pouquinho. A gente não queria que a relação virasse pauta naquele momento. Mas plantamos a sementinha ali. Quando a gente se reencontrou, procuramos ter muita certeza antes de divulgar o namoro. Não dava mais para agir por impulso. A maturidade trouxe essa cautela.

Muitos homens se intimidam em se relacionar com uma mulher independente financeiramente, que ganhe mais do que eles. Como é namorar uma jovem que já conquistou tanta coisa antes dos 21?
Antes mesmo de namorar a Lari, já a admirava pela mulher forte, dedicada e incrível que ela é. Admiro ele sempre estar em busca de evoluir, mesmo já tendo conquistado tantas coisas. Não é porque comecei a namorar com ela e pensar em construir uma família com ela que vou me abalar por ela ser mais independente, isso ou aquilo. Sempre vou estar ao lado dela dando força. Vou estar na primeira fileira, aplaudindo. Sei que ela estará por mim também. Na relação, tudo é uma troca. Digo que o mundo é pequeno para ela e que quero estar junto dela para a vida toda.

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

Vocês sonham com carreira internacional?
A gente conversa muito sobre carreira internacional. Seria uma experiência incrível, mas acho importante não pular etapas. Acho que vai chegar o momento certo para investir nisso. Só não gostaria de viver para sempre lá fora. O ideal seria ficar uns dois ou três anos lá e voltar para cá. Preciso da minha família e de raízes, caso contrário perco a minha energia e nada faz sentido. Antes disso, sonho em fazer um personagem em uma produção medieval, que me permita ter esse contato com cavalos, que eu amo tanto. Ia ser incrível.

"Preciso da minha família e de raízes, caso contrário perco a minha energia e nada faz sentido"

Por ter começado a carreira muito jovem, tem o desejo de se aposentar mais cedo para curtir a família que você vier a formar?
Nunca cogitei aposentaria. Não quero viver só para o trabalho, não abro mão de estar com amigos, família e de estar com a Lari, que é a pessoa que eu amo dividir a vida. Se tiver que acontecer de eu ter que ficar dois anos parado para cuidar de um filho, tudo bem, mas se puder continuar trabalhando, melhor. Amo o que eu faço e a Lari também. Queremos uma família, mas acredito que dê para conciliar tudo, basta querer.

Créditos
Fotos: Gustavo Paixão | @gustavohpaixao
Designer de capa: Eduardo Garcia | @eduardogarda
Texto: Marina Bonini | @marina_bonini
Edição: Ana Carolina Moura  | @anacmoura
Make: Walter Lobato | @walterlobato_
Looks: Paulo Zelenka | @paulozelenka
Assessoria de Imprensa: Stampa Comunicação | @stampa_comunicacao
Locação: Sheraton Grand Rio Hotel & Resort

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

André Luiz Frambach (Foto: Gustavo Paixão)

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