Quem é Kamilla Cardoso, brasileira que faz sucesso no basquete dos Estados Unidos - Quinto Quarto

Quem é Kamilla Cardoso, brasileira que faz sucesso no basquete dos Estados Unidos

Antônio Henrique Pires Collar | 28/03/2024 - 18:00

Kamilla Cardoso. Se você é fã de basquete e ainda não conhece este nome, é bom preparar-se para escutá-lo com frequência nos próximos anos. Aos 22 anos, a mineira de Montes Carlos já é uma das principais figuras da seleção brasileira e um dos destaques de South Carolina na disputa do March Madnnes 2024. Na briga para conquistar seu segundo título universitário nos Estados Unidos, Kamilla é apontada lá fora como uma das atletas mais promissoras da geração.

A história da pivô na América do Norte começou aos 15 anos de idade, ainda no ensino médio. Mesmo jogando em uma cidade pequena – Chattanooga, no Tennessee – Kamilla chamou atenção pelas atuações com o uniforme da Hamilton Heights Christian Academy. Entre suas maiores virtudes, estão o domínio físico tanto no ataque quando na defesa, além de uma agilidade fora do comum para uma a jogadora de 201cm. Em sua temporada como senior, a brasileira teve médias de 24.1 pontos, 15.8 rebotes e assustadores 9.3 tocos, ficando à beira de um triplo-duplo.

Como resultado, foi selecionada para o McDonald's All-American e para o primeiro time do All-American – espécies de All-Star e equipe ideal do nível escolar, respectivamente. O bom desempenho abriu as portas das ligas universitárias, e em 2020 Kamilla se comprometeu com Syracuse, do estado de Nova York.

Kamilla Cardoso teve começo meteórico

O primeiro ano de Kamilla na nova etapa foi um sucesso. Mesmo como caloura, ela foi titular em 23 dos 24 compromissos da equipe e acumulou médias de 13.6 pontos, 8.0 rebotes e 2.7 tocos por partida. Terminou a temporada eleita como a melhor novata e no time de defesa da ACC, conferência da qual fazia parte.

Foi o suficiente para que ela abrisse mais uma porta. Com o calendário conluído em Syracuse, Kamilla Cardoso pediu transferência para as Gamecocks de South Carolina, universidade da Carolina do Sul, uma das mais fortes do país. Por lá, passou a trabalhar com uma lenda do basquete feminino, a ex-jogadora Dawn Staley, desde 2008 no comando técnico do programa. Integrante da equipe de 15 melhores jogadores na história da WNBA, onde foi cinco vezes All-Star, ela coleciona ainda três medalhas olímpicas (1996, 2000 e 2004).

– Kamilla é o complemento perfeito para nossa equipe. Nos trará mobilidade, rebotes e força. Sua habilidade aliada à altura é algo raro – disse Dawn na chegada da brasileira.

A chegada a um dos mais prestigiados programas do basquete universitário feminino trouxe a ela novos desafios. Antes acostumada a ser referência técnica por onde passou, Kamilla precisou lidar com a reserva em seus dois primeiros anos. Nada fora do esperado, considerando a força do time e que desde o início o projeto era focado no desenvolvimento a longo prazo.

Mais importante do que qualquer destaque individual, ela teve a oportunidade de ser campeã nacional logo de cara. Em 2022, ajudou as Gamecocks a conquistarem o segundo título na história da universidade com duas vitórias de impacto no Final Four: 72 a 59 sobre Louisville, 64 a 49 contra Connecticut. Na temporada, Kamilla 5.4 pontos e 5.1 rebotes de média em pouco mais de 13 minutos saindo do banco de reservas.

Kamilla Cardoso virou sensação no último ano

Dentro da curva de desenvolvimento projetada para ela no momento da troca de faculdade, Kamilla chegou ao seu último ano como uma das referências do time. Foi titular em 28 das 29 partidas em na temporada e apresentou os melhores números em pontos (13.9) e rebotes (9.5). Com 2.6 bloqueios por jogo, ganhou o troféu de Melhor Defensora da Conferência SEC, além de ter sido escolhida para o time principal.

De quebra, South Carolina é a líder do ranking nacional, tendo vencido todos os 34 compromissos que disputou. Atualmente, a equipe está envolvida na disputa do torneio da NCAA, o chamado “March Madness”, ou Loucuras de Março, em português. Depois de dois atropelos (91×39 e 88×41), o time se classificou para a disputa do Sweet 16, equivalente às oitavas de final. O próximo jogo será contra Indiana, nesta sexta-feira (29), às 16h. Com apenas mais quatro desafios para a conquista do título, Kamilla Cardoso tentará encerrar sua carreira universitária como bicampeã.

Futuro de Kamilla Cardoso é na WNBA

A brasileira não deve deixar os Estados Unidos quando buscar a profissionalização. Já inscrita no Draft da WNBA deste ano, Kamilla Cardoso deve trocar a Carolina do Sul por um lugar bem mais badalado: Los Angeles, terra dos Lakers e dos Clippers, mas também dos Sparks, franquia tricampeã da WNBA.

Hoje os Sparks têm duas escolhas de primeira rodada, e a projeção feita pela mídia especializada norte-americana é de que usem uma delas para selecionar a pivô mineira. Hoje a tendência é de que ela seja a quarta escolhida em uma das mais badaladas classes na história do basquete feminino, que conta com nomes como Caitlin Clark (Iowa) e Cameron Brink (Stanford).

Escrito por Antônio Henrique Pires Collar
Formado em jornalismo pela PUCRS e em Basketball Analytics pela Sports Management Worldwide. Com passagem de 6 anos e meio pela editoria de Esportes do jornal Zero Hora e do portal GZH, de Porto Alegre.