Quem foi Tupac Shakur, um dos maiores nomes da história do hip hop?

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Pac teve uma ascensão meteórica no início da década de 1990, até que foi interrompida em 1996. Porém, sua influência e canções ficariam marcadas não só no hip hop, como na história da música e da arte, sendo considerado um ícone do gênero.

Uma semana após o caso retornar para os holofotes da mídia, o gshow te explica, em tópicos, um pouco mais de quem foi Tupac Amaru Shakur. Sua vida, influência e por que é um dos maiores artistas de todos os tempos. Vamos nessa?

Lesane Parish Crooks nasceu no Harlem, bairro majoritariamente negro em Nova York, em 16 de junho de 1971. Afeni Shakur e Billy Garland, membros do extinto grupo político Panteras Negras, registraram seu filho dessa forma para evitar que seus inimigos pudessem atacar a criança. A mudança de nome veio apenas após a separação de Afeni e o casamento com Mutulu Shakur.

Afeni deu à luz ao filho um mês após sua absolvição em processos de conspiração contra o governo dos Estados Unidos. O rapper tinha dois meio-irmãos, Sekyiwa, mais nova, e Mopreme "Komani", mais velho e que seguiu os passos na música também. Os dois comemoraram a prisão de "Keffe D" em entrevista dada ao site "TMZ" no domingo (1).

"É importante, para mim, que o mundo, o país, o sistema jurídico e o nosso povo tenha conhecimento sobre a gravidade da morte desse homem, meu irmão, filho da minha mãe, filho do meu pai. A vida e a morte dele importam e não devem continuar sem solução ou sem reconhecimento. Então, sim, hoje é uma vitória, mas eu vou reservar julgamento até que todos os fatos e procedimentos legais estejam completos", disse Sekyiwa

Tupac começou sua carreira na música em 1991, ao estrear na canção "Same Song". No mesmo ano, veio o icônico álbum de estreia, "2Pacalypse Now", que contava com faixas como "Young Black Male" e "Brenda's Got a Baby", que contava a história de uma jovem que se tornava mãe aos 12 anos após ter relações com um primo. Pac se inspirou em um artigo de jornal para escrever a letra, que foi duramente criticada pela mídia em seu lançamento.

Porém, a música é considerada uma das melhores do cantor, tanto pelo público, quanto por outros artistas, ao retratar temas extremamente relevantes para a sociedade. As críticas sociais eram o carro chefe de Tupac em suas canções, o que o faziam um grande ativista social também.

Pac ainda lançou outros quatro álbuns: "Strictly 4 My N.I.G.G.A.Z." (1993); "Me Against the World"(1995); "All Eyez on Me" e "The Don Killuminati: The 7 Day Theory", ambos em 1996. Os últimos três alcançaram o topo das paradas nos Estados Unidos, certificados em platina e diamante ("All Eyez on Me").

Ao todo, foram vendidos mais de 75 milhões de discos no mundo todo, 36,5 milhões somente nos Estados Unidos, conforme a Associação Americana da Indústria de Gravação, antes de sua morte. Após seu assassinato, oito álbuns póstumos foram lançados com centenas de gravações que ele havia deixado. Todos eles ganharam certificado de platina nos Estados Unidos. "Greatest Hits", de 1998, coletânea com seus grandes sucessos, ganhou o selo de diamante.

Em 2017, Tupac se tornou o primeiro artista solo de hip hop a ser incluído no Hall da Fama do Rock and Roll. Após a sua entrada, outros nomes como The Notorious B.I.G, Jay-Z e Eminem também foram introduzidos no seleto grupo de artistas.

Tupac popularizou o "THUG LIFE" no mundo a partir de 1993, quando fundou um grupo de rap ao lado de outros artistas com o nome da sigla. The Hate U Give Little Infants F**** Everybody é o significado do acrônimo, que em português quer dizer "o ódio que você semeia para as crianças ferra todo mundo".

Tatuado em sua barriga, Pac criou o termo como forma de orgulho entre as pessoas dos guetos negros dos Estados Unidos. O mantra também era uma forma de evitar a propagação da violência entre as pessoas, principalmente entre as crianças, o que, segundo ele, geraria uma "bola de neve".

Associado erroneamente como "vida bandida" por algumas pessoas, a sigla virou nome de best-seller e seus ensinamentos são seguidos por alguns famosos, como Rihanna, que chegou a tatuar, em 2012, a sigla em seus dedos. A tatuagem era semi-removível, isto é, sumia com o passar do tempo.

O que pouca gente sabe é que antes da carreira de rapper, Pac fez aulas de teatro desde os 12 anos e, desde muito novo, demonstrou talento para a atuação, algo que o acompanharia no estrelato. Além de protagonizar peças, como obras de Shakespeare, o músico fez aulas de jazz, balé e poesia.

Com a fama, Hollywood começou a olhar para o artista, com 20 anos até então. Em 1992, um ano após seu primeiro álbum ser lançado, protagonizou "Juice", seu segundo filme, o primeiro no papel principal. O longa é considerado um dos melhores do gênero hip hop até hoje.

Em 1993, estrela, ao lado de Janet Jackson, "Sem Medo no Coração", outro sucesso de público e crítica. Ao todo, o rapper esteve em 11 produções, entre filmes e séries. Três deles foram lançados após a sua morte.

Foi por meio do teatro que ele conheceu uma de suas melhores amigas, Jada Pinkett, que mais tarde ganharia o sobrenome Smith ao se casar com Will Smith. A atriz celebrou a prisão de "Keffe D" em seu Instagram logo após a notícia ser divulgada.

Muitas especulações sobre um romance entre Jada e Pac foram feitas ao longo dos anos, todos desmentidos por ela. Will Smith admitiu em entrevista ao "Daily Mirror", em 2021, que sentia um "ciúme doentio" da relação de ambos e, por isso, nunca conseguiu se relacionar com o rapper, mesmo tento várias oportunidades. Vale lembrar que Will também veio do mundo do hip hop antes de ser ator. "Eu era imaturo demais".

"Apesar deles nunca terem sido íntimos, o amor recíproco deles era lendário, eles fariam qualquer coisa um pelo outro. No começo do nosso relacionamento, a minha mente se torturava por essa conexão. Ele era o PAC, e eu era apenas eu'", disse.

O ano era 1993 e Madonna e Tupac estavam na crista da onda. Apresentados pela atriz Rosie Perez em uma premiação, os dois começaram a sair juntos, mas não durou muito. O principal motivo foi a prisão de Tupac por abuso sexual, o que acabou afastando a Rainha do Pop de Makaveli.

Pac ficou preso por 18 meses e o afastamento de Madonna durante o período, além da diferença racial, foram os principais motivos que o fizeram terminar o relacionamento por meio de uma carta, leiloada no fim da década passada.

O "TMZ" teve acesso ao conteúdo do manuscrito de 15 de janeiro de 1995, em que Tupac também pedia para que se vissem novamente, o que nunca aconteceu. Nele o rapper dizia:

"Para você, ser vista com um homem negro não ameaça a sua carreira, no máximo faz com que você pareça mais aberta e aventureira. Mas, no meu caso, senti que, devido a minha 'imagem', eu estaria decepcionando metade das pessoas que me fizeram ser o que sou".

"Jamais quis te machucar. Você disse em uma entrevista: 'Estou aqui para reabilitar todos os rappers e jogadores de basquete', ou algo assim, e essas palavras me feriram profundamente ao ver que eu nunca soube de você estar com nenhum rapper além de mim. Foi nesse momento de mágoa e instinto natural de reagir e defender meu coração e meu ego que eu disse um monte de coisas. Por favor, entenda a posição que tive sendo um jovem com experiência limitada com um símbolo sexual extremamente famoso".

Tupac foi preso em 1995, após ser declarado culpado por abuso sexual. A pena foi de quatro anos e meio, porém só cumpriu nove meses no total. O rapper sempre negou as acusações de uma mulher que afirmava que ele e sua equipe a estupraram em um quarto de hotel.

"Foi um ato de violência contra uma mulher indefesa", sentenciou o juiz Daniel Fitzgerald, que também condenou o representante do rapper, Charles Fuller, a quatro meses de prisão como cúmplice. O juiz negou liberdade provisória aos acusados, conforme a imprensa internacional noticiou na época do julgamento.

Antes da fama, Pac nunca foi preso, porém, após entrar no mundo do hip hop, se envolveu em outras polêmicas. A primeira foi em 1992, quando foi detido após estar envolvido em uma luta que culminou na morte de uma criança de seis anos.

Em 1993, foi acusado de disparar contra dois policiais, porém, a acusação não seguiu adiante. Um ano antes da acusação de estupro, passou 14 dias na cadeia após se envolver em uma briga com o diretor Allen Hughes, no set de "Perigo para a Sociedade".

O cantor estaria no clássico filme estrelado por Jada Pinkett Smith e Samuel L. Jackson, porém, depois do incidente, foi demitido do longa. De acordo com MC Eiht, um dos atores presentes no elenco, em uma entrevista para a "VladTV", em 2016, Pac não tinha gostado de seu papel e sempre reclamava das motivações de seu personagem, algo rebatido pelos produtores.Vonte Sweet substituiu o ator no filme.

No longa bibliográfico "All Eyez On Me", de 2017, o período do rapper na cadeia é retratado, como a sua famosa entrevista para um jornal durante sua prisão. Nela, Tupac fala sobre o movimento THUG LIFE e o hip hop. Os trechos originais dessa reportagem podem ser encontrados na web, assim como partes de seu julgamento, como visto na imagem acima.

Demetrius Shipp Jr. interpretou o rapper no longa, que não recebeu tantas críticas positivas. Porém, sua semelhança com o astro do rap chamou a atenção de todos. Veja na imagem abaixo! 👇

Ao lado de Snoop Dogg e Doctor Dre, os três se tornaram referência do gangsta rap da Costa Oeste na década de 1990 e protagonizaram clipes e músicas que entraram para a história. O último show ao vivo de Pac, inclusive, foi ao lado de Snoop em 4 de julho de 1996.

Em 2012, durante a apresentação de Snoop Dogg no Coachella, Tupac surgiu no palco. Inicialmente pensava-se que ele havia sido projetado no palco como um holograma, mas depois descobriu-se que ele foi recriado com o uso de computação gráfica e um vidro transparente aos olhos da plateia, mas capaz de refletir imagens.

Após sua morte ter sido confirmada, o corpo do rapper foi cremado. Um pouco de suas cinzas foram misturadas à maconha e fumadas por membros do grupo Outlawz, presente no último show de Pac e criado pelo próprio artista. A revelação aconteceu em 2011 em entrevista a Vlad TV.