Trinity College Dublin: tudo sobre a melhor universidade da Irlanda
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Trinity College Dublin: tudo sobre a melhor universidade da Irlanda

Gustavo Sumares - 14/07/2023
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Com grandes edifícios de pedra, mais de 400 anos de história e uma biblioteca absolutamente deslumbrante, a Trinity College Dublin é uma universidade imponente. E toda essa imponência se justifica: trata-se da universidade irlandesa com melhor colocação nos principais rankings internacionais.

Também é uma instituição por onde passaram (e ainda passam) muitas personalidades renomadas, desde os escritores Oscar Wilde, Bram Stocker e Samuel Beckett até, mais recentemente, o cantor Hozier e os diretores David Benioff e D. B. Weiss (responsáveis pela série Game of Thrones da HBO).

Se interessou? Então veja a seguir tudo sobre a Trinity College Dublin!

 

Trinity College Dublin em números

A Trinity College Dublin foi fundado em 1592 – há mais de 400 anos – o que faz dele a universidade mais antiga da Irlanda. Também é a melhor universidade do país segundo os rankings QS World Universities (no qual ela ocupa a 108ª posição global) e da Times Higher Education (no qual ela fica em 164º lugar no mundo).

Já passaram pela universidade 8 vencedores de prêmios Nobel de diversas áreas — metade do número total conquistado por irlandeses. Atualmente, o TCD conta com cerca de 18 mil estudantes, dentre os quais aproximadamente 11 mil estão na graduação e 7 mil estão na pós-graduação.

De todos os alunos, cerca de 26% são internacionais e 60% são mulheres. Eles se distribuem entre mais de 600 cursos de graduação e pós-graduação. Além disso, 39% dos 3.500 funcionários acadêmicos da TCD são internacionais, o que faz dedla a universidade europeia com maior nível de internacionalização em entre seus funcionários. No total, mais de 100 nacionalidades são representadas em seu campus.

  • Melhor universidade da Irlanda;
  • 108ª melhor universidade do mundo segundo o QS World Universities;
  • 164ª melhor universidade do mundo segundo a Times Higher Education;
  • aproximadamente 18 mil estudantes (cerca de 11 mil na graduação e 7 mil na pós);
  • 26% de estudantes internacinais, de mais de 100 nacionalidades;
  • mais de 600 cursos.

Estrutura de ensino do TCD

Foundation course

Antes mesmo da graduação, o Trinity College Dublin oferece um Foudation Course. Esse curso é voltado para estudantes que não comprovam os requisitos mínimos de estudo para entrar direto na graduação — caso de muitos estudantes de fora da União Europeia.

Ele dura um ano, e oferece dois “pathways”, ou caminhos de estudos: um de ciências sociais (para estudantes interessados em cursos como economia, sociologia, negócios, ciências humanas e ciências políticas, por exemplo) e um de ciências naturais e da saúde (para alunos que pensam em cursar física, química, biologia e outros cursos relacionados).

Graduação

Ao contrário de muitas universidades europeias que oferecem cursos de graduação com três anos de duração, o TCD oferece cursos de graduação de quatro anos — semelhante às universidades brasileiras. Os dois primeiros anos dos cursos costumam ser mais tradicionais: o aluno vai às aulas em período integral, estuda, realiza trabalhos em grupo e faz provas das disciplinas referentes ao curso escolhido.

Já no terceiro ano, os alunos são incentivados a estudar em outra universidade europeia e a buscar uma experiência de estágio durante o verão. No quarto ano, por sua vez, os alunos devem concluir uma tese ou trabalho final, semelhante aos trabalhos de conclusão de curso (TCCs) solicitado pelas universidades brasileiras.

Também há algumas opções adicionais: os alunos podem optar por programas de “joint honours”, que são essencialmente uma dupla graduação. Nesse caso, eles cumprem 50% dos créditos necessários para se formar em matérias referentes a uma delas, e a outra metade em aulas referentes à outra graduação. Mas nem todas as combinações são possíveis.

E algumas carreiras também permitem que o estudante faça um ano a mais na graduação, totalizando cinco anos de estudo. Nesse caso, o ano adicional inclui matérias do mestrado, e ao fim dos cinco anos o aluno já sai com o título de mestre. A lista completa de cursos de graduação oferecidos pela universidade pode ser vista aqui.

Pós-graduação

A Trinity College Dublin tem um foco forte em pesquisa, e oferece programas de pós-graduação com um a cinco anos de duração. Os programas mais curtos, via de regra, são programas de mestrado que podem ser concluídos em um ano — contando nove meses de aulas e três meses de estágio.

Um aspecto interessante é que como a graduação no TCD dura quatro anos, os estudantes podem ir direto da graduação para o doutorado se desejarem focar em pesquisa. Isso faz com que os cursos de mestrado sejam apenas para quem realmente tem interesse neles, e não apenas um degrau necessário para quem quer trabalhar como pesquisador.

Mesmo assim, alguns programas de mestrado voltados para pesquisa têm uma vantagem: eles têm dois anos de duração e, se o estudante quiser seguir para um doutorado depois, esses dois anos já contam como parte do doutorado. Assim, ele só precisa estudar mais dois anos para conquistar o título de PhD. Neste link, é possível ver os programas de pós-graduação oferecidos pelo TCD.

Trinity College Dublin 2

Ex-alunos famosos da Trinity College Dublin

  • Samuel Beckett (1906 – 1989) – escritor e dramaturgo, famoso pela peça Esperando Godot
  • Oscar Wilde (1854 – 1900) – autor responsável por obras como O Retrato de Dorian Gray
  • Johnathan Swift (1667 – 1745) – autor de As Viagens de Gulliver
  • Bram Stoker (1847 – 1912) – romancista mais conhecido por Dracula
  • Hozier (Andrew Hozier-Byrne, 1990) – cantor e compositor
  • Jack Gleeson (1992) – ator que interpretou Joffrey em Game of Thrones
  • Francis Rynd (1801 – 1861) – médico inventor da seringa hipodérmica

Como é estudar no Trinity College Dublin?

Acomodação

Alunos internacionais do primeiro ano da graduação têm preferência para ficar em uma das 1.100 vagas de acomodação no campus. A maioria fica em apartamentos compartilhados de cinco pessoas, com quartos individuais, uma cozinha e um banheiro.

A universidade não tem restaurante universitário. Mas como ela fica localizada bem no centro de Dublin, há diversas opções de alimentação acessíveis por perto. E para quem mora no campus, é relativamente simples fazer as refeições no próprio apartamento.

No segundo ano, a maioria dos estudantes sai das acomodações no campus para dar lugar aos novos alunos. Nesse momento, muitos deles acabam alugando imóveis junto com os colegas e amigos que fizeram no primeiro ano. Já no terceiro ano, a maioria vai estudar em outro país e acaba arrumando casa por lá.

Ritmo de estudos

Segundo Rafael Bernardes, que cursa o Executive MBA da Dublin Business School, a adaptação ao ambiente de estudos foi “um impacto muito grande”: “é um ambiente muito corporativo, com um pessoal muito selecionado, e isso gera muita competitividade no ambiente”, comenta.

Essa competição, no entanto, é mais forte entre os próprios irlandeses; Rafael comenta que os estrangeiros costumam se ajudar um pouco mais. Mesmo assim, a escola tem média 7, e os professores são bastante exigentes quanto à qualidade dos trabalhos apresentados.

Por outro lado, a universidade tem um contato bem próximo com o mercado de trabalho. “Eles trazem bastante gente do meio corporativo para falar com a gente, e tem um plano de coaching de carreira para cada aluno, para entender seu tipo de liderança e ambições”, diz.

O entendimento de “liderança” da universidade, aliás, é mais abrangente, segundo Rafael. “Eles não procuram só remuneração e lucratividade, mas também um olhar mais sensível para a natureza, o meio ambiente e a sociedade”, avalia.

Como é viver em Dublin

O Trinity College Dublin pode ser uma universidade interessante para brasileiros buscando estudar no exterior. Além do seu prestígio internacional, a universidade fica na Irlanda, que é atualmente uma das economias europeias que crescem mais rapidamente. E com o Brexit (a saída do Reino Unido da União Europeia), ela é o único país da Europa que tem inglês como sua língua principal.

Por ser a capital, Dublin conta com todas as amenidades que pode se esperar de uma cidade grande: comida de todos os tipos, lojas abertas até bem tarde e uma ampla rede de transporte público, por exemplo. E ela ainda tem uma infraestrutura cicloviária bem ampla.

Carlos Freesz, estudante de mestrado em estratégia de Marketing Digital da Trinity Business School, conta que ele, sua esposa e seus dois filhos (de 13 e 9 anos) usam bicicleta para a maioria de seus deslocamentos diários. “Quando é algum passeio para mais longe, a gente aluga um carro por aplicativo e paga por hora”, cometa.

Ainda segundo Carlos, outra vantagem é que o país — e sua capital em específico — recebe muitos estrangeiros, e isso coloca os habitantes em constante contato com outras culturas. “Eu estudo com 44 nacionalidades na minha sala; meus filhos estudam com outras 12 nacionalidades”, comenta.

Mas para quem está acostumado a morar no Brasil, a adaptação na Irlanda pode ser um pouco complicada. Para Rafael Bernardes, foi difícil se adaptar ao clima frio e aos dias curtos do inverno em Dublin. A cultura mais “fechada” dos irlandeses também foi um desafio. “No trabalho, é tudo muito restrito: a gente não fala de vida pessoal r não celebra aniversário”, conta.

Mesmo assim, Rafael conta que deu tudo certo. “Procurei vagarosamente me adaptar à cultura, fazendo amigos estrangeiros, comendo a comida deles e me adaptando ao clima”, lembra. “Posso dizer, hoje, que eu tenho digerido muito bem aquela cultura deles”, conclui.

Crise imobiliária

Estudar no Trinity College Dublin implica morar na capital irlandesa, e isso pode ser um desafio maior do que parece. A cidade passa por uma crise imobiliária bem grave desde 2017, e quem mora lá brinca que hoje em dia é mais fácil arrumar emprego do que arrumar um lugar para morar.

Em parte, essa crise é devida ao afluxo de pessoas a Dublin. A cidade permite que estrangeiros trabalhem meio período com visto de estudante, o que atrai muitas pessoas. A economia vibrante significa que há bastante emprego e, com o Brexit, o país se tornou o principal destino na Europa para quem fala inglês.

Mas outra parte também se deve à arquitetura da cidade: a palavra “Dublin” tem origem numa expressão viking que significa “piscinas pretas”, pois o terreno onde a cidade se ergue era pantanoso. Por isso, e por conta de uma lei antiga que proibia a construção de prédios mais altos que as torres das igrejas, a cidade tem apenas edifícios de cinco ou seis andares no máximo. E sendo uma ilha, o espaço para expansão horizontal é limitado.

Isso significa que alguém que vá morar em Dublin pode esperar gastar algumas centenas de euros para morar em uma casa compartilhada. Para Carlos, que se mudou com a família e tinha uma condição de vida muito boa no Brasil, foi uma mudança e tanto. “A gente morava numa casa de uns 300 metros quadrados; aqui, é um apartamento de 90 metros quadrados, com dois quartos e um banheiro”, conta.

Já Rafael, que se mudou para a cidade antes da crise imobiliária se tornar mais tensa, hoje trabalha na empresa de ônibus da cidade e mora sozinho enquanto faz seu mestrado no TCD. “Eu dei sorte quanto a moradia, tô há 5 anos no mesmo apartamento”, considera.

Leonardo Pereira, que mora em Dublin desde 2016, conta que no começo teve que dividir casa com outras 9 pessoas. Você pode saber mais da trajetória dele nesse texto sobre como arranjar moradia no exterior.

Old Library da Trinity College Dublin

Como ingressar na Trinity College Dublin

Brasileiros interessados em fazer graduação na Trinity College Dublin provavelmente terão que passar pelo Foundation Course. Isso porque a universidade exige dos candidatos um nível de estudos equivalente ao International Baccalaureate (ou IB), e o ensino médio brasileiro não chega nesse nível — mesmo com as notas do Enem.

Para entrar no Foundation course, é necessário ter o certificado de conclusão do ensino médio com média acima de 7 e notas do SAT ou ACT. Também é necessário comprovar proficiência em inglês por meio de certificados como TOEFL ou IELTS — as notas mínimas variam de acordo com o “pathway” desejado.

Alunos que tenham nível de estudos equivalentes ao IB podem se candidatar diretamente à graduação. Para isso, precisam de diploma, histórico escolar, carta de motivação, duas cartas de recomendação e certificado de proficiência em inglês (com notas de no mínimo 90 no TOEFL ou 6,5 no IELTS).

De acordo com Antonio de Linares, representante regional do Trinity College Dublin, as candidaturas acontecem em “rolling basis”. Ou seja: não há prazos fixos para se candidatar. Mas a cada ano, a decisão de novos alunos costuma acontecer por volta de outubro, e segundo ele, é melhor mandar as candidaturas o quanto antes.

Isso aumenta as chances de que o estudante seja aceito pela universidade, já que, no começo do período, a concorrência é menor. Ainda segundo o representante da universidade, as notas dos alunos são o critério de maior peso analisado pelo comitê de admissões.

Na pós-graduação, em geral é necessário ter diploma da graduação, histórico acadêmico, certificado de proficiência em inglês, cartas de motivação e cartas de recomendação. No caso de programas como MBA, pode ser necessário comprovar experiência profissional e ter ao menos uma carta de recomendação de um contato profissional.

Para programas de pesquisa, é preciso também apresentar um projeto (ou solicitar vinculação a um projeto já existente no Trinity College Dublin, justificando por que você deseja trabalhar nele e como a sua trajetória acadêmica capacita você a realizar esse trabalho).

Quando custa estudar na Trinity College Dublin

Estudar no TCD não é barato para estrangeiros: quem vai fazer o Foundation Course precisa desembolsar de €16.480 a €17.995 por ano para estudar lá, dependendo do “pathway” escolhido.

Na graduação, o valor sobre para de €19.500 a €25.500 por ano, dependendo novamente do curso escolhido. Já os programas de mestrado e doutorado têm custos anuais de €12.500 a €24.000. Via de regra, os programas de humanas e ciências sociais são os de custo mais baixo, e os da área da saúde são os mais caros.

A isso, soma-se o custo de vida em Dublin, que a universidade estima em cerca de €15.000 por ano — incluindo moradia, alimentação, transporte, seguro saúde e outras despesas.

Bolsas para a TCD

O Trinity College Dublin oferece um programa de Foundation Scholarships para estudantes que estão entrando no segundo ano da graduação. Todos os estudantes têm a chance de fazer as provas para bolsa, que costumam acontecer no começo do ano.

As provas cobrem os temas do primeiro ano de estudos dos candidatos para avaliar seu aproveitamento acadêmicos. Alunos que tiram acima de 70% em todos os exames da Foundation Scholarship recebem a bolsa.

O que a bolsa oferece é acomodação e refeições no campus, além de uma redução nas taxas de tuition. Alunos de fora da União Europeia que ganham a bolsa passam a pagar as taxas de tuition que alunos da União Europeia – e essas taxas são bem menores. Além disso, eles recebem o título de Scholars, o que é uma designação importante na hora de procurar um estágio ou primeiro emprego ao fim dos estudos.

Históricamente, segundo a estudante Migle Andrunaviciute, os Scholars também tem alguns benefícios curiosos. Podem trazer suas ovelhas para pastar no gramado do campus, entrar na universidade portando sua espada e até mesmo pedir uma cerveja Guinness durante suas provas. “Mas acho que ninguém nunca fez isso”, diz.

Além dessa bolsa, há também bolsas parciais de mérito. A mais abrangente delas é a Global Excellence Scholarship, que deduz de €3.000 a €5.000 das taxas de ensino. Ela está disponível para pós-graduação também. As escolas de Física, Ciências Naturais e Engenharia também têm bolsas parciais por mérito de valor de até €5.000 por um ano. A lista completa de bolsas pode ser vista neste link.

Além delas, o governo da Irlanda oferece, anualmente, um programa de bolsas integrais para alunos de graduação e pós-graduação. Estudantes que tenham recebido uma oferta de matrícula na Trinity College Dublin podem usá-la para concorrer às bolsas. Veja aqui mais sobre esse programa.

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Sobre o escritor

Gustavo Sumares
Gustavo Sumares
Gustavo Sumares é o editor do Estudar Fora. Jornalista, já escreveu sobre tecnologia e carreira.

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