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Stephanie, a princesa rebelde do Mónaco

Filha mais nova de Rainier e Grace do Mónaco, Stephanie procurou, durante muito tempo, um caminho que fosse seu e não o que mandava a etiqueta do principado. Cantou, desenhou fatos de banho, colecionou namorados famosos. Aos 57 anos, continua a bater-se pelo circo e pelos seus artistas.

Foto: Getty Images
31 de janeiro de 2022 Maria João Martins

Há momentos, breves mas intermináveis nas consequências, que definem vidas. A 13 de setembro de 1982, quando regressavam da quinta da família em Roc Agel, França, Stephanie do Mónaco e sua mãe, a princesa Grace, sofreram um grave acidente de automóvel. Grace morreu no dia seguinte aos 52 anos, a filha, de 17, ficou hospitalizada durante semanas devido a uma fratura grave no pescoço, o que a impediu de assistir ao funeral da mãe. Embora o relatório oficial do acidente refira que a princesa sofreu um AVC enquanto conduzia, o que precipitara o despite da viatura em que ambas viajavam, os rumores malsãos não tardaram: que, na verdade, seria Stephanie, ainda menor de idade, quem ia ao volante ou que, não o estando, uma forte discussão entre as duas teria desencadeado a tragédia. 

Rainier e Grace do Monaco com os seus três filhos em 1973.
Rainier e Grace do Monaco com os seus três filhos em 1973. Foto: Getty Images

Até 1989, embora muito pressionada e questionada pela imprensa e pela opinião pública, a princesa recusou-se a tecer quaisquer comentários públicos sobre o que realmente aconteceu. Mas, nessa data, numa entrevista ao jornal Chicago Tribune desvendou um pouco do inferno que a acompanhava desde a adolescência:  "Houve muita pressão sobre mim porque muita gente especulou, dizendo que era eu que estava a conduzir, que a culpa era minha e até que eu matara a minha própria mãe. Não é fácil lidar com isso, sobretudo tão jovem como eu era na altura." Não voltaria a tocar em tão delicado tema até 2002, no vigésimo aniversário do acidente, quando, numa entrevista à revista francesa Paris Match, não só repetiu a sua versão dos acontecimentos, como contou o que nela ocorrera a partir dessa manhã do verão de 1982: "Não só passei pelo trauma de perder a minha mãe tão cedo, como era eu quem estava ao lado dela quando tudo aconteceu. Ninguém pode imaginar o que sofri e o que ainda sofro por causa disso."

Stefano Casiraghi, Stephanie do Monaco, Elton John e Renate Blauel.
Stefano Casiraghi, Stephanie do Monaco, Elton John e Renate Blauel. Foto: Getty Images

À parte a crueldade de tão levianos julgamentos, a personalidade de Stephanie Marie Elisabeth Grimaldi, nascida a 1 de fevereiro de 1965, filha de Rainier III do Mónaco e sua mulher, a Sereníssima Princesa, outrora loura hitchcockiana, premiada com um Óscar de Melhor Atriz em 1955, Grace, passou a ser lida em função da sua alegada rebeldia, a mesma que já levara a mãe a chamar-lhe "a minha menina selvagem". Em breve, de Stephanie, como antes com a irmã mais velha (e nunca com o irmão Alberto, a quem, sendo homem, tudo se permitia), só se falava dos namoros breves com homens tão famosos como ela: Paul Belmondo, Anthony Delon (filhos de duas glórias do Cinema francês), Rob Lowe, Jean Yves Le Fur e - escândalo dos escândalos - com o campeão de Fórmula 1, casado, Alain Prost. 

Stephanie do Monaco, 1984.
Stephanie do Monaco, 1984. Foto: Getty Images

Mas Stephanie queria ser notícia por razões que não fossem os inquilinos do seu juvenil coração. Procurava um caminho que fosse seu, mesmo que o código de conduta das princesas "em vigor" nos anos 80 ainda só lhe exigisse que fosse decorativa e acenasse às pessoas. Para algum horror de Rainier e perplexidade dos monegascos, gravou discos, desenhou uma linha de fatos de banho, que ela própria apresentou como modelo, lançou um perfume. Mesmo quando, seguindo o exemplo de Carolina, se decidiu a casar e a formar uma família, Stephanie surpreendeu tudo e todos ao escolher o seu guarda-costas, Daniel Ducruet, com quem teria dois filhos, Louis e Pauline.

Em 1986.
Em 1986. Foto: Getty Images

Confrontada com a originalidade do seu percurso, numa entrevista à Madame Figaro, a filha mais nova de Rainier diria: "Não creio que tenha magoado alguém. Talvez tenha feito coisas que surpreenderam as pessoas, mas quando os contos de fadas foram escritos não havia televisão, não havia música pop… Não creio que tenha sido rebelde. Limitei-me a fazer as mesmas coisas que todas as mulheres da minha geração, só que, no meu caso, tudo se passou em público.

Em 1995 durante um espetáculo.
Em 1995 durante um espetáculo. Foto: Getty Images

Do que Stephanie nunca abdicou foi da sua paixão pelo circo (aliás, comum a toda a família Grimaldi), o que a levaria a um breve casamento com o acrobata de origem portuguesa, Adans Lopez Peres. Todos os anos, em janeiro, preside ao Festival Internacional de Monte Carlo, muitas vezes ao lado do irmão, Alberto, e dos três filhos (os que teve com Daniel Ducruet e a mais nova, nascida de uma relação com Jean Raymond Gottlieb, Camille). "Para mim é a sequência lógica da herança familiar - disse a esse propósito, na referida entrevista à Madame Figaro - tenho o festival do circo no meu ADN, já que este amor me foi transmitido pelo meu pai. Oficialmente, sou presidente do festival desde 2006, mas acompanho-o desde sempre,  gosto muito de estar ao lado dos artistas no momento da escolha dos números e na exigente organização que tudo isto implica." Um mundo que a princesa conheceu por dentro já que, em 2001 e 2002, quando viveu com o domador de elefantes Franco Knie, passou longos meses na caravana deste, com os seus três filhos, acompanhando o circo em tournée.

Em 1998.
Em 1998. Foto: Getty Images

A sua visão tradicional desta arte levá-la-ia também a uma polémica recente com os que se opõem à utilização de animais nos espetáculos. Em declarações públicas sobre o assunto, quando o tema foi discutido em França, Stephanie veio a terreiro, em defesa dos artistas: "Os animais dos circos não são maltratados, pelo contrário, são muito acarinhados, bem alimentados e cuidados." E insurgiu-se contra o que considera ser a hipocrisia de manter provas de equitação ou as condições de abate do gado para consumo humano e tomar "apenas o circo como alvo. Eu seria a primeira a indignar-me se visse abusos. Mas não vejo."

Não se pense que as escolhas pouco convencionais de Stephanie foram alguma vez uma afronta à sua herança familiar: "Para mim ser princesa é ser filha da minha mãe e do meu pai e representar o país de que eles foram soberanos. Respeitar o que eles fizeram pelos monegascos. Mas vivo-o à minha maneira. E agora que os nossos pais já cá não estão, formamos uma boa equipa, o meu irmão, a minha irmã, a Charlene e eu. Somos muito unidos porque crescemos numa família quase normal. É o lado irlando-americano da minha mãe que procurou sempre que vivêssemos como toda a gente, sem demasiado protocolo, apesar das obrigações oficiais que tivemos desde crianças.
Os nossos laços são muito fortes, o que é muito importante numa sociedade muito brutal como a que vivemos." 

Não obstante os rumores que dão Stephanie e Carolina como incompatibilizadas há muitos anos, as duas (tal como as respetivas filhas) parecem ter-se tornado uma presença forte e afetuosa junto dos filhos gémeos de Alberto, Jacques e Gabriella, de 7 anos, desde que a mãe deles, Charlene, se ausentou do Mónaco, alegadamente por doença.

Prestes a completar 57 anos, Stephanie tem "cedido" a atenção dos média aos filhos, nomeadamente à mais nova, Camille Gottlieb, de 22 anos, a quem é apontada uma extraordinária semelhança com a avó que nunca conheceu, Grace. Um pouco como Carolina, dedica-se a causas que considera dignas de atenção. Recentemente, criou um perfume, Princesse du coeur, em colaboração com o nez italiano Laurent Mazzone, cujo lucro de vendas reverte para a associação Fight Aids Monaco, criada por ela em 2004.

Não obstante esta pacificação, há um brilho reguila que permanece na princesa mais rebelde dos anos 80 e 90. O que só fica bem a um Grimaldi. É que, não obstante o rigor do protocolo, o fundador da dinastia foi um pirata italiano, Lanfranco Grimaldi de seu nome, que, em 1297, se instalou no rochedo depois de uma sangrenta disputa com o clã rival, os Gibelinos.

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