Uma biografia da Rainha Sofia da Espanha

Por Motta Araujo

A RAINHA SOFIA FAZ 75 ANOS – Um complicada biografia é carregada pela Rainha Sofia da Espanha. Antiga Princesa da Grécia, Sophia de Schleswig Holstein Sonderburg Glucksburg, nascida em 2 de Novembro de 1938, fugiu com os pais para o Egito quando Mussolini e depois o Exército alemão invadiram a Grécia. Morou e fez seus estudos elementares em Alexandria e depois na África do Sul e a família voltou para a Grécia só em 1946. Filha da temida Rainha Frederica, que mandava muito na política grega, Sofia teve um  segundo baque quando seu irmão, o Rei Constantino, foi deposto em 1973 (por puro acaso eu estava saindo de Atenas nesse dia, mas o aeroporto foi fechado por 3 dias), começando um segundo exílio da familia real grega. Antes, o casamento com outro exilado real, o Principe Juan Carlos de Borbon, que residia em Lisboa.  Por essas ironias da vida, Sofia casou-se Princesa Real com um Príncipe exilado, depois a situação inverteu-se, ela no exílio e o Príncipe no trono como Rei.

Sofia, assim como Juan Carlos ,a Rainha Elizabeth  II e o Principe Philip seu marido, tem todos a mesma ascendente, a Rainha Vitória, a avó da Europa. Sofia é bisneta do Kaiser Guilherme II, que desencadeou a Primeira Guerra Mundial e sobrinha-bisneta do Czar da Rússia, Nicolau II.

Quando da morte de Franco, o Rei se tornou Chefe de Estado mas não podia retomar o Palácio do Pardo porque nele residia a terrível esposa do Generalíssimo, Dona Carmen Polo, que se recusava a sair do Palácio. Depois de vários recados para desocupar o imóvel sem que a “Señora” tomasse conhecimento, tiveram que cortar a água e a luz para que caísse a ficha da viúva de Franco, que finalmente mudou-se para um apartamento em Madrid.

A Rainha é muito mais bem vista pelos espanhóis do que o Rei, mesmo sendo ela estrangeira. Discretíssima, toca muitos programas de assistência social e recebeu uma homenagem e um legado, a impressionante coleção de arte Thyssen, deixada pelo Barão Heini Thyssen Bornermiza, a maior coleção de arte clássica privada do mundo. Para abrigar a coleção foi construido um novo museu ao lado do Museo del Prado, a quem foi dado o nome de Museo Nacional Reina Sofia em sua homenagem, foi ela quem convenceu Thyssen para deixar a coleção na Espanha, país onde ele residia quando faleceu, por causa de sua quinta esposa, a espanhola Carmen Cervera.

A transição do trono para o Príncipe das Astúrias não será fácil. A Monarquia perdeu muito prestígio na Espanha, por uma série de episódios negativos e por uma atitude meio alienada do Rei, que não se comove muito com a crise econômica da Espanha. Alem disso há o problema da Princesa Letizia, nora da Rainha, cuja biografia não é boa para uma futura Rainha.  Ex-jornalista, âncora da TVE, com vida anterior muito livre, foi casada, separou-se e depois teve um caso com um homem casado, os pais também separados e ateus, suas relações com as duas Infantas, suas cunhadas, é péssima. Nesse conjunto a Rainha é a coluna mais forte.

O Rei também tem fama de gostar muito de dinheiro, um livro bomba “Un Rey de Golpe a Golpe” pinta um quadro ruim  sobre o Rei nesse quesito, além disso há o problema do marido da Infanta Cristina, genro do Rei, processado por corrupção e a Infanta Elena, a mais velha, tambem é divorciada, tudo isso em um país muito tradicionalista.

Há tambem uma questiúncula dinástica que deixa mal a Casa Real: o tratamento absolutamente frio que a Familia Real dá ao neto do falecido tio do Rei, Don Jaime de Borbon, o primo em segundo grau do próprio Rei, Luis Alfonso de Borbon, Duque dÁnjou, herdeiro presuntivo do trono francês pela linha legitimista, que é tambem bisneto do Generalíssimo Franco, casado com a filha do banqueiro Victor Vargas Irausquin, um dos homens mais ricos da Venezuela e conhecido como o “banqueiro de Chávez”. Ninguém da família real foi ao casamento e nem aos batizados de seus três filhos, apesar de convidados. A razão antiga: o pai de Luis Alfonso, primo irmão do Rei, não aprovou a mutreta feita por Franco para colocar Juan Carlos no trono, Juan Carlos não era o sucessor legítimo do último rei, seu avô Afonso XIII, foi feita uma gambiarra, o pai de Luis Alfonso, Don Alfonso de Borbon se julgava com mais direitos por ser seu pai, Don Jaime, mais velho que o pai de Juan Carlos, o Conde de Barcelona.

Os dois ramos portanto estão de relações cortadas, Luis Alfonso é muito popular na Espanha, o que também deixa mal a família real.

A Rainha na sua simplicidade é muito popular, assim como a Rainha Silvia da Suécia, tão discreta que esteve a semana passada em São Paulo para um evento filantrópico, passou despercebida como ela gosta, a Rainha da Suécia vem frequentemente ao Brasil, e pouca gente fica sabendo, elas são a anti-celebridade total.

Redação

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