Bilionário Rupert Murdoch deixa o cargo de presidente da Fox
“Durante toda a minha vida profissional, estive diariamente envolvido com notícias e ideias, e isso não vai mudar”, escreveu Murdoch em um memorando a seus funcionários
Rupert Murdoch, o poderoso magnata da mídia de direita que construiu e supervisionou um dos impérios de notícias mais influentes do mundo, anunciou, nesta quinta-feira (21), que vai deixar o cargo de presidente da News Corporation e Fox News.
“Durante toda a minha vida profissional, estive diariamente envolvido com notícias e ideias, e isso não vai mudar”, escreveu Murdoch em um memorando a seus funcionários.
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“Mas é o momento certo para assumir funções diferentes, sabendo que temos equipes verdadeiramente talentosas”, acrescentou.
Como líder da Fox e da News Corporation, que publica jornais influentes como o The Wall Street Journal e o tabloide New York Post, Murdoch comandou durante décadas uma influência considerável no Partido Republicano, igualada apenas por um grupo seleto.
A decisão de Murdoch de renunciar ao cargo de presidente das suas empresas irá enviar ondas de choque através da indústria dos meios de comunicação e deixar também repercussões nas águas políticas, no momento em que a corrida presidencial de 2024 esquenta nos EUA.
Filho de Murdoch assumirá
No seu lugar, o filho mais velho de Murdoch, Lachlan, que já atua como presidente-executivo da Fox Corporation, se tornará o único presidente do conselho de administração de ambas as empresas.
Murdoch descreveu Lachlan como “um líder apaixonado e de princípios”. Não está claro se a direção da Fox mudará sob Lachlan, mas Rupert sinalizou que Lachlan manterá a tendência editorial de direita pela qual suas empresas de mídia são conhecidas.
“Meu pai acreditava firmemente na liberdade e Lachlan está absolutamente comprometido com a causa”, disse Murdoch aos funcionários em seu memorando.
“As burocracias egoístas procuram silenciar aqueles que questionam a sua proveniência e propósito. As elites desprezam abertamente aqueles que não são membros de sua classe rarefeita. A maior parte da mídia está em conluio com essas elites, vendendo narrativas políticas em vez de buscar a verdade”, continuou.
Rupert Murdoch, que garantiu aos funcionários que goza de “saúde robusta”, disse que no seu novo papel como presidente emérito ainda estará “envolvido todos os dias na disputa de ideias”.
No entanto, Lachlan Murdoch criticou Trump em particular, dizendo que discorda de grande parte da forma como o ex-presidente se comporta, disseram fontes à CNN.
Murdoch chegou ao ponto de dizer às pessoas que acredita que se Trump concorresse novamente, seria mau para o país.
Uma carreira controversa de décadas
O magnata de 92 anos entrou no ramo jornalístico na década de 1950 com uma pequena rede de jornais australiana, tornando-se mais tarde um importante executivo de Hollywood, em 1985, quando comprou a 20th Century Fox do petroleiro Marvin Davis por US$ 600 milhões (cerca de R$ 2,956 bilhões).
Em 1986, Murdoch entrou no ramo de TV após comprar várias estações de televisão dos EUA e criar a Fox Broadcasting.
A Fox News foi lançada em 1996 como uma concorrente conservadora da CNN. Acabou se tornando o principal canal de notícias a cabo dos EUA, ao atuar em narrativas conservadoras.
O canal, no entanto, desviou das suas raízes no noticiário conservador quando o ex-presidente Donald Trump ascendeu ao poder no Partido Republicano em 2015, tornando-se um lar descarado de propaganda de direita destinada a sustentar a Casa Branca assolada por escândalos.
Nos últimos anos, sob o comando de Murdoch, a Fox News apresentou teorias de conspiração infundadas, incluindo sobre a pandemia de Covid-19 e as eleições presidenciais de 2020.
As mentiras que a Fox News divulgou sobre a eleição geraram dois processos por difamação massivos das empresas de tecnologia eleitoral Dominion Voting Systems e Smartmatic.
A Fox News anunciou a aposentadoria de Rupert Murdoch no ar, na manhã desta quinta-feira (21), com o âncora Bill Hemmer elogiando o fundador da rede.
“Rupert Murdoch criou tudo isso e muito mais na América e no mundo”, disse Hemmer. “O trabalho de sua vida deixou uma marca indelével no cenário da mídia global. Suas contribuições são inúmeras e extraordinárias e agradecemos a ele por nos deixar fazer parte de tudo isso”, continuou.
“Sem ele não estaríamos aqui”, acrescentou a âncora Dana Perino.
