Rogério Ceni tem neste ano a chance de reprisar no São Paulo aquilo que sua ainda breve carreira como treinador mostram que ele faz de melhor: montar elencos e equipes competitivas.

Nos recém sete anos completados como técnico, Rogério brilhou quando teve estabilidade no cargo e respaldo para cortar e contratar os nomes que ele deseja. Foi assim que ele elevou o patamar de disputa do Fortaleza entre 2018 e 2020. Foram três pré-temporadas em que montou o elenco que competiu, numa linha de trabalho seguida com sucesso por Juan Pablo Vojvoda.

Ceni busca reprisar a fórmula neste ano no São Paulo. Se já era a “bola de segurança” do presidente Cazares num ano de crise financeira e pouco dinheiro para contratar, a importância de Ceni cresceu. Ele teve carta branca para liderar os doze cortes no elenco tricolor no começo de temporada, sendo que a única saída não planejada foi Patrick, que se acertou com o Atlético-MG.

Com plenos poderes, o treinador busca mudar o grupo. Ao invés de jogadores regulares, que mantém o nível de desempenho ao longo do ano, Ceni quer nomes que possam se tornar decisivos nas decisões que o São Paulo pode ter em 2023. Na avaliação de Ceni e Muricy, o São Paulo precisa ter um grupo mais solidário e que corresponda nos jogos mais complicados.

Um exemplo disso é a dispensa de Reinaldo e Igor Gomes, dois pilares do Tricolor em 2022 que mantinham um nível de jogo regular no ano, mas não foram bem nas decisões que a equipe teve no ano, especialmente no segundo jogo da final do Paulistão, contra o Palmeiras, e na decisão da Sul-Americana, contra o Del Valle.

Mudança da forma de jogar entrou em pauta

Outra avaliação é que o elenco anterior era distante do perfil tático de Ceni, que prioriza uma equipe rápida, propositiva e que pressiona bastante a saída de bola do adversário.

O treinador começou a temporada passada num 4-2-3-1, mas mudou para o 3-4-1-2 por conta de três zagueiros que rapidamente ganharam sequência e laterais muito ofensivos como Igor Vinícius e Reinaldo. Na ausência de Luciano, colocou Patrick como segundo atacante. Na avaliação de Ceni, o esquema dava lentidão ao Tricolor e dependia muito dos alas para levar a bola ao ataque.

Agora, Ceni tem um time mais veloz pelos lados com Marcos Paulo, Pedrinho e Wellington Rato. Com a volta de Liziero e a manutenção de Nestor e Pablo Maia (e Luan) como pilares no meio de campo, Ceni pode adotar o 4-3-3 que sempre quis na equipe. Nesse sistema, os pontas atuam com os pés invertidos: o canhoto joga na direita e o destro na direita. Assim, podem cortar para dentro com mais facilidade, buscando a área ou uma jogada para Calleri.

https://ge.globo.com/blogs/painel-tatico/post/2023/01/09/rogerio-ceni-se-consolida-como-treinador-de-montagem-de-times-no-sao-paulo.ghtml