Novas evidências associam rei Ricardo III à morte de seus sobrinhos - Revista Galileu | História
  • Redação Galileu
Atualizado em
Novas evidências associam rei Ricardo III à morte de seus sobrinhos (Foto: Stefano Baldini/age fotostock)

Novas evidências associam rei Ricardo III à morte de seus sobrinhos (Foto: Stefano Baldini/age fotostock)

Parece que Shakespeare estava certo: um novo estudo desenvolvido na Universidade de Huddersfield, na Inglaterra, reforça as alegações de que o rei Ricardo III foi um grande vilão e ordenou a execução dos filhos de seu irmão mais velho, Eduardo IV, em uma disputa pelo trono da monarquia britânica

A família de Ricardo e Eduardo fazia parte da casa de York, que protagonizou a Guerra das Rosas (1455-1485) contra os Lancaster – o brasão dos York continha uma rosa branca e o dos Lancaster, uma rosa vermelha, daí o nome do conflito. Após idas e vindas na luta pela Coroa, Eduardo tomou o poder e se proclamou rei Eduardo IV. Ricardo tornou-se príncipe. Mas dificilmente o irmão mais novo assumiria o trono algum dia, já que Eduardo IV tinha dois filhos. A não ser que algo acontecesse com os dois meninos...

A tese do tio assassino, representada na peça shakesperiana Richard III, já havia sido defendida no livro A História do Rei Ricardo III, de 1557, escrito por Thomas More. Mas a obra teve sua veracidade questionada: houve quem defendesse que ela não passava de uma propaganda negativa do reinado de Ricardo III e quem a criticasse por ter sido feita tantos anos depois do acontecimento. Com 12 e 9 anos, respectivamente, Eduardo V e seu irmão, Ricardo, desapareceram em 1483.

Príncipes da Torres: Edward e Richard em 1483  (Foto: Sir John Everett Millais/Domínio Público)

Príncipes da Torres: Edward e Richard em 1483 (Foto: Sir John Everett Millais/Domínio Público)

Mas, no estudo More on a Murder, publicado em dezembro no periódico History, the Journal of the Historical Association, o historiador Tim Thornton apresenta evidências que, segundo ele, podem comprovar as alegações contra os homens identificados como assassinos dos meninos. E, mais do que isso, conectá-los a Ricardo III.

Em seu estudo, Thornton revela que dois dos famosos cortesãos políticos e filósofos da época eram filhos de Miles Forest, um dos homens mais cotados como assassinos dos príncipes. O crime e o nome de Forest também foram associados a James Tyrell, um empregado de Ricardo III. O professor da Universidade de Huddersfield conta que Thomas More trabalhava na Corte inglesa ao lado dos filhos de Forest. “Ele [More] não estava escrevendo sobre pessoas imaginárias. Agora temos motivos substanciais para acreditar que o detalhe do relato de More sobre os assassinatos é plausível", declara o pesquisador, em comunicado.

Eduardo IV e Ricardo ficaram conhecidos como os Príncipes da Torre por causa do local onde se descobriu que estavam presos: a Torre de Londres. Quase dois séculos depois, ossos de duas crianças foram achados em um dos espaços da edificação.

Ricardo III ascendeu maquiavelicamente na peça de Shakespeare. Mas, por séculos, o desaparecimento dos príncipes seguiu repercutindo sem grandes respostas. “Este foi o maior mistério de assassinato da história britânica, porque não podíamos confiar em More como um relato do que aconteceu – até agora", diz o professor Thornton.