Brasileiro de 8 anos vira referência em autismo e TDAH no Reino Unido
 


A comunicadora e escritora Renata Formoso (@nocaminhoeuteexplico), 39 anos, de Santos, no litoral paulista, já morava em Londres, na Inglaterra, quando deu à luz Noah. O menino, que hoje tem 8 anos, nunca morou no Brasil, mas sabe falar português fluentemente e se considera até santista. Manter a cultura brasileira viva dentro de casa sempre foi uma preocupação, tanto que ela escreveu livros como "Eu Também Falo Português" e "Nina Vai Ao Brasil", que falam sobre o assunto e estão entre as obras infantis em português mais vendidas no exterior.

Incentivado por ela, Noah já lançou seu próprio livro — "The Fizzy Brain", em português, "mente borbulhante". Esse foi o ponto de partida para o pequeno virar uma referência no assunto. Desde então, Noah tem recebido convites de escolas do Reino Unido para falar sobre autismo e TDAH. "Se tem uma criança com TDAH [Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade] ou autismo, como eu, quero falar que, apesar de ela achar que está sozinha, ela não está, tem milhões de pessoas com a mesma condição", disse o menino, à CRESCER. A mãe disse que o assunto sempre foi tratado abertamente dentro de casa. "Acho que o fato de não fazermos disso um tabu contribuiu para que ele tivesse essa consciência sobre suas condições", explicou.

Noah tem 8 anos e impressiona pela naturalidade com que fala sobre suas condições — autismo e TDAH — Foto: Reprodução/Instagram
Noah tem 8 anos e impressiona pela naturalidade com que fala sobre suas condições — autismo e TDAH — Foto: Reprodução/Instagram

Primeiros sinais

Noah foi diagnosticado com autismo aos 5 anos e TDAH aos 7. "Com 3 anos, a professora da creche me chamou e disse que estava percebendo alguns sinais, e que seria importante ele passar com uma neuropediatra. Ela perguntou também se ele poderia ser acompanhado pela psicóloga da escola por duas semanas — eu autorizei. Na época, eu não entendia sobre o assunto", lembra a mãe.

Duas semanas depois, a psicóloga enviou uma carta ao NHS, que é o sistema público de saúde do Reino Unido. "Nessa carta, ela relatou que ele falava cantando — hoje, eu sei que é um sinal bem comum, mas eu não conhecia; tudo ele batucava, tudo virava bateria; ele também tinha hiperfoco em muitas coisas e, naquele momento, era com a música; eles notaram ainda uma falta de empatia. Noah não conseguia se colocar no lugar do outro. Hoje, isso não é mais um problema, pois ele aprendeu. Com 3 anos, ele também já sabia ler e escrever em português e inglês", conta.

Autismo e TDAH

Noah foi encaminhado para uma uma neuropediatra, mas, em seguida, veio a pandemia. "Então, ele só foi chamado dois anos depois, quando já tinha 5 anos, e foi quando veio o diagnóstico", continuou a mãe. "Na época, mencionei com a médica que suspeitava de TDAH, mas ela disse que era muito cedo e não tinha necessidade de investigar se ele ainda não tinha nenhum prejuízo. Dois anos depois, ele começou a ser penalizado por não conseguir ficar parado. Na escola, tem a hora do carpete, em que eles precisam se concentrar, mas Noah sempre ficava muito agitado. E na saída, ele voltava dizendo que havia perdido 5 ou 10 minutos de brincadeira por não conseguir se controlar", conta.

Renata, então, voltou a entrar em contato com a médica, que decidiu investigar. "Foi quando ele recebeu o diagnóstico de TDAH também. Depois disso, as coisas melhoraram muito na escola, pois, em vez de ficar no carpete, deixavam ele brincar de massinha ou desenhar. Noah consegue se concentrar muito mais enquanto faz outra coisa. Os professores passaram a ser muito mais flexíveis — ou neurocompatíveis, como eu gosto de dizer. Acredito que, desde então, a qualidade de vida dele melhorou muito", completou.

"Seis meses após o diagnóstico, o pai e eu conversamos com ele sobre isso. Primeiro, nós precisamos de um tempo para mergulhar no assunto da neurodiversidade. Inclusive, muitos profissionais brasileiros me ajudaram imensamente a entender qual seria a melhor maneira de abordar o tema. Então, desde os 5 anos de idade, falamos abertamento sobre o assunto aqui em casa, e acho que o fato de não fazermos disso um tabu contribuiu para que ele tivesse essa consciência sobre suas condições", disse a mãe.

Escritor e palestrante

De fato, o pequeno impressiona pela naturalidade com que fala sobre autismo e TDAH. "Ele costuma dizer que tem uma 'fizzy brain'. Esse termo veio escrito na carta da médica. Noah dizia: 'Meu cérebro fala comigo tão rápido que, às vezes, eu não consigo entender'. Então, ele passou a usar o termo para descrever sua mente acelerada e borbulhante, e acabou virando o nome do seu livro", continuou.

O próprio Noah contou como surgiu a ideia de escrever o livro. "Começou quando eu e minha mãe estávamos indo ao parque. A gente estava falando sobre o TDAH, sobre a carta que recebemos da médica, e aí começamos a pensar em rimas. Depois, minha mamãe teve a brilhante ideia de transformar todas essas rimas em um livro. E abracadabra! Virou real, uma história", contou ele, empolgado.

Noah e sua mãe, Renata — Foto: Reprodução/Instagram
Noah e sua mãe, Renata — Foto: Reprodução/Instagram

Noah tem sido convidado por diferentes escolas e até eventos para conscientizar as pessoas sobre autismo e TDAH. "Se tem uma criança com TDAH ou autismo, como eu, eu quero falar que, apesar de ela achar que está sozinha, ela não está! Tem milhões de pessoas com a mesma condição, e esse livro é para falar que elas não são estranhas", disse ele. "E não é só para as crianças que tem TDAH, né?", questionou Renata. "São para aquelas que não têm também, pois, assim, elas vão entender como funciona o cérebro dos amiguinhos que tem TDAH e respeitar mais", completou ela, com a aprovação do filho.

Noah palestrando em uma escola de Londres — Foto: Reprodução/Instagram
Noah palestrando em uma escola de Londres — Foto: Reprodução/Instagram

Questionada sobre o que as crianças com autismo mais necessitam hoje, a mãe respondeu: "Na minha opinião, as crianças necessitam de acesso a diagnóstico, suporte, inclusão nos sistemas públicos (de educação e saúde) e mais informação para que o mundo se torne mais inclusivo. O livro do Noah, por exemplo, foi feito 100% por pessoas neurodivergentes, que um dia foram crianças sem diagnóstico, incluindo a ilustradora Emi Webber, a diagramadora Natália Durães, e os profissionais brasileiros que escreveram informações super importantes ao final do livro — o Psicólogo Lucas Pontes e a Psiquiatra Jade Skazufka. Todos eles teriam tido uma infância mais fácil se tivessem o devido suporte", finalizou.

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