Cooprova estima 60 dias com falta de hortifrútis em Venâncio

Cooprova estima 60 dias com falta de hortifrútis em Venâncio

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Ainda que preliminarmente, já é possível estimar, também, grandes prejuízos na produção de alimentos em Venâncio Aires após a enchente, o que impacta diretamente na falta de hortifrútis. Mesmo para aqueles agricultores que não foram atingidos pelas cheias do rio Taquari e arroio Castelhano, a quantidade de chuva foi tamanha que destruiu lavouras inteiras de hortaliças. Tempero verde, alface, rúcula, couve-flor, couve chinesa, repolho, brócolis e tomate, estão entre os maiores problemas. Do aipim, mesmo que não apodreça, a raiz pode ficar ‘rajada’ e perderia qualidade.

Falta de hortifrútis afeta entidades e população no geral

Com isso, a Cooperativa dos Produtores de Venâncio Aires (Cooprova) estima que serão cerca de dois meses de desabastecimento de alguns itens, o que vai comprometer o fornecimento para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) de escolas municipais e estaduais, para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e para o quartel de Santa Cruz do Sul.

“Todos os associados [cerca de 200] estão com dificuldades. Podemos dizer que 90% tiveram perdas na produção e alguns lugares vão perder tudo. O que a chuva não levou, está apodrecendo e não se recupera”, lamentou a presidente da Cooprova, Mônica Moraes, durante entrevista no programa Terra em Uma Hora, da Terra FM 105.1. Segundo ela, agora é preciso preparar novamente o solo, semear ou plantar as mudas e esperar o crescimento. Todo o processo levará cerca de 60 dias ou mais, dependendo da cultura. “Mesmo que tem estufa protegida, depende do outro. O viveirista, por exemplo, precisa que a semente chegue, que o substrato chegue, para fazer a muda. Quando os insumos estarão disponíveis de novo?”

Edson da Rosa, de Linha Campo Grande. perdeu cerca de 400 pés de brócolis (Foto: Arquivo pessoal)

Na mesma situação

Com a iminência da falta de hortifrútis, Mônica Moraes comentou o fato de as aulas da rede municipal terem sido suspensas até o dia 10. “Claro que não ter aula é complicado para as famílias e crianças. Mas para nós, neste momento, é até um alívio, porque não teria para entregar nessa semana. Infelizmente, nas próximas semanas, não tem como contar com muita hortaliça. Vai ter que mudar um pouco o cardápio nas escolas, adaptando às condições. Também pedimos compressão dos clientes da feira, porque vai reduzir muito a oferta.”

A presidente da Cooprova comentou ainda a excepcionalidade do momento, onde os prejuízos estão em todos os lados. “Em situações anteriores de clima, já ficamos desbastecidos, mas tínhamos como pedir ajuda nos municípios vizinhos, nas cooperativas vizinhas. Mas hoje não tem com quem contar, porque todos estão na mesma situação.”

Principais hortifrútis em falta

• A Cooprova também adianta que o fornecimento de frutas está comprometido, como da pitaya e dos citrus em geral. “Uma produtora disse que a bergamota e a laranja, do que ainda produziu, está caindo aos poucos devido à chuva e o que não caiu, apodrece no pé”, relatou Mônica Moraes.

• Quanto à banana, ela conta que, no início da semana, tinham 800 quilos que seriam entregues às escolas, mas, com a suspensão das aulas, rapidamente uma fruteira da cidade comprou a produção.

4 mil pés de verdura – foi o que perdeu Edson da Rosa, de Linha Campo Grande. Só em brócolis, foram perdidos 400 pés.

União para garantir alimentação dos animais

Outra preocupação relacionada à agricultura diz respeito à alimentação dos animais de produção, como bovinos de corte e leite, aves e suínos. Por isso, Emater, Defesa Civil, Secretaria de Desenvolvimento Rural, produtores, associações e empresas, têm se articulado para levar alimentos para os animais. Segundo o engenheiro agrícola da Emater de Venâncio, Diego Barden dos Santos, há uma parceria na região para atender da melhor forma possível.

“Também é preciso agradecer à Cooperativa Arla, Cerealista Stein, Dália, BRF e Naturovos. Um agradecimento também ao Diego Santos, de Mato leitão, que está ajudando com caminhão graneleiro que pode transportar ração e ao Posto Knies, que ajudou a colocar diesel nesse caminhão. Assim já conseguimos ajudar centenas de bovinos e milhares de aves e suínos. Dos produtores que ainda têm alguma coisa, estão conscientes, mas tem gente que está sem alimento de dois a três dias”, destacou Santos. Ainda conforme ele, quem está com dificuldade, pode entrar em contato com a Emater para, na medida do possível, receber o atendimento.

Medidas entre os produtores

Com a agricultura sendo impactada de forma geral, muitos agricultores se viram obrigados a adotar medidas para manter o que ficou da produção. No caso da Associação de Produtores de Arroio Grande, Olavo Bilac e Harmonia da Costa (Apagroh), entre as iniciativas está o racionamento de combustível, ração e insumos. “São muitos associados com perdas de lavouras de soja, atingidos com desmoronamentos, estragos em aviários e na propriedade de maneira geral. Além da dificuldade de chegar insumos e alimentos, está prejudicada a logística para recolher a produção”, comentou o secretário da Apagroh, Marcelo Müller.

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