NX Zero, Fresno, Strike... Como estão as bandas emo que fizeram sucesso nos anos 2000?

Trata-se do emo, estilo musical que ditou tendências na música, na moda e no comportamento e na primeira década do século 21.

Apesar de também ter conquistado detratores — chamar alguém de emo poderia ter teor pejorativo —, o gênero nunca morreu completamente. Artistas como Machine Gun Kelly e Willow que o digam. Hoje em dia, tanto a sonoridade quanto a estética emo seguem revisitadas, impulsionadas pela nostalgia dos millennials e da geração Z.

No Brasil, o movimento viveu sua era de ouro na mesma época em que bandas como My Chemical Romance, Paramore e Fall Out Boy estouraram na gringa.

Apoiados pela novidade que era a divulgação pela internet e redes sociais, as bandas emo no Brasil saíram do underground e chegaram assinar com grandes gravadoras — até que a maré passou. Algumas bandas acabaram. Outras se reinventaram. Abaixo, relembre alguns grupos brasileiros associados à era emo.

Com álbuns que conquistaram discos de platina e de ouro, o NX Zero foi uma das bandas mais bem sucedidas do rock nacional nos anos 2000. Com sucessos como "Cedo ou Tarde" e "Razões e Emoções", o grupo paulista chegou a tocar na edição de 2011 do Rock in Rio e expandiu o leque de sonoridades do grupo ao flertar com o pop rock, com hip hop e com o rock alternativo na virada para os anos 2010.

Em 2017, o grupo entrou em hiato. O vocalista Di Ferrero lançou seu primeiro disco solo em 2022, intitulado ":( UMA BAD UMA FARRA :)", um trabalho mais pop que traz uma parceria com Victor Kley.

Gee Rocha, guitarrista, se descobriu como produtor musical, abriu um estúdio e trabalha com estrelas de pop, rap e R&B. Ele já criou beats para Karol Conká e MC Guimê.

Em 2023, o Nx Zero anunciou que irá retomar suas atividades e foi confirmado no line up do MITA Festival.

Com o passar dos anos, os gaúchos da Fresno se consolidaram uma espécie de "sobreviventes" da era emo da primeira década do milênio. Na ativa desde 1999, o grupo liderado por Lucas Silveira passou por algumas mudanças na formação, mas lança discos novos periodicamente e mantém uma base fiel de fãs que acompanham o grupo a cada nova guinada artística.

Em 2011, a banda voltou a ser independente após um período em uma grande gravadora, mas seguiu produzindo, representou a América Latina em uma premiação da MTV, tocou nos Estados Unidos e lançou músicas em parceria com grandes nomes da música brasileira, como Caetano Veloso, Lenine e Emicida.

O disco de estúdio mais recente da banda, Vou Ter Que Me Virar (2021), foi eleito um dos melhores álbuns nacionais do ano em que foi lançado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA).

Também produtor musical e envolvido em diversos projetos paralelos, Lucas já colaborou com Manu Gavassi e Gloria Groove, além de ter produzido músicas para sua companheira, a skatista Karen Jonz, que também tem uma carreira musical.

Veteranos do hardcore melódico com letras sobre relacionamentos amorosos e situações do cotidiano, o CPM 22 é uma espécie de padrinho das bandas que sucederam.

Apesar de já terem rejeitado o rótulo, a banda liderada pelo vocalista Badauí foi uma das primeiras a mostrar que a sonoridade emo era viável comercialmente, abrindo a porta para outros artistas do estilo. Em 2008, o grupo chegou a vencer um Grammy Latino de melhor disco de rock brasileiro.

Em 2013, o CPM 22 chegou lançar um álbum acústico e nos anos seguintes defendeu seu legado em grandes apresentações no Rock In Rio (em 2015 e 2019).

Em 2020, no ano em que completou 25 anos, a banda lidou com a saída do baterista Japinha após conversas antigas dele com uma adolescente de 16 anos vazarem na internet. As mensagens tinham teor sexual.

Por mais que a sonoridade do Strike tenha mais a ver com o pop punk, o grupo, que tem letras sobre festas e curtição, também entrou no balaio das bandas emo em função do contexto da cena musical da época. A banda mineira surgiu em Juiz de Fora e viveu seu auge com lançamento do disco Desvio de Conduta (2007), que traz músicas como "Paraíso Proibido" (que foi tema de Malhação) e "O Jogo Virou".

A banda ganhou o Prêmio Multishow de Revelação do Ano em 2008 e lançou mais três discos de estúdio até anunciar um breve hiato em 2017. Em 2018, o grupo lançou seu registro mais recente, o EP Fênix, com sonoridade pop e flerte com reggae.

Atualmente, Marcelo Mancini, vocalista do grupo, revisita o repertório do Strike em shows solo e com a banda.

Febre adolescente no final dos anos 2000, a banda Restart atraiu fãs (também alguns haters) por conta do visual extravagante e colorido. A sonoridade emo era apenas uma das influências do grupo, que já chegou a categorizar o som que eles faziam como "happy rock". O grupo teve detratores famosos no rock nacional, entre eles Dinho Ouro Preto e Tico Santa Cruz, que comparou o Restart aos Teletubbies.

A banda encerrou as atividades em 2015, após lançar três discos de estúdio e após ensaiar abandonar o visual colorido. Todos os ex-integrantes do grupo seguem no meio artístico.

Pedro Lucas, o Pe Lu, formou o duo de música eletrônica Selva, atua como produtor musical e já trabalhou com Alok. Ele também tem uma carreira solo. Uma curiosidade: ele é tio de João Guilherme, filho do cantor Leonardo com a empresária Naira Ávila, irmã do ex-Restart.

O vocalista Pe Lanza faz shows em carreira solo e chegou a fundar o projeto musical Stellar com Thomas, ex-baterista do Restart. Koba, ex-guitarrista da banda, trabalha com produção audiovisual.

Outra banda da safra de "emos" coloridos foi a Cine, dona do sucesso "Garota Radical". O grupo paulista trazia referências da música eletrônica desde o início e chegou a ter uma rixa com o Restart. Eleitos Banda Revelação do Ano no Prêmio Multishow em 2009, o Cine lançou dois discos de estúdio antes do grupo entrar em hiato em 2016.

Pedro Dash, que foi tecladista do Cine, hoje atua como produtor musical no estúdio Head Mídia, que tem DH, ex-vocalista da banda, como um dos sócios. O selo produziu o sucesso como "País do Futebol", do MC Guimê, e canções de artistas como Iza, Anitta, Rouge e Lexa. DH venceu o reality show A Fazenda em 2014 e usou parte do prêmio para investir no estúdio.

Os paranaenses do Hevo 84 são outra banda desta lista que tiveram a carreira impulsionada ao ter uma música na trilha sonora de Malhação, mostrando o impacto que a música emo tinha com a juventude da época. "Passos Escuros", maior sucesso do grupo, fez parte da trilha da novela adolescente em 2009.

Ainda em 2010, o vocalista Renne Fernandes passou a lançar músicas em carreira solo e chegou a gravar com Anahi, do grupo RBD, e com o Bonde da Stronda.

A Hevo 84 parou de fazer shows em 2014, mas retornou à ativa em 2022. Renne é único integrante original da formação atual do grupo e também se apresenta sozinho. Além disso, o músico costuma publicar versões de canções de pop rock em seu perfil no Instagram e já até compôs uma música sertaneja para a dupla Zé Ricardo e Thiago.