Quem foi Melanie Klein, uma das maiores psicanalistas da história - Revista Galileu | Sociedade
  • Marília Marasciulo
Atualizado em
A psicanalista Melanie Klein (Foto: Hans A. Thorner/Wikimmedia Commons)

A psicanalista Melanie Klein (Foto: Hans A. Thorner/Wikimmedia Commons)

A austríaca Melanie Klein ampliou conhecimentos de Sigmund Freud para criar teorias próprias e, por isso, tornou-se inspiração para outros nomes e estudantes da psicanálise. Ela morreu aos 78 anos em 22 de setembro de 1960, em Londres, vítima de um câncer do cólon. No entanto, seu legado é estudado até hoje. Conheça a vida e o trabalho de Klein: 

Infância e casamento
Melanie Klein, nascida Melanie Reizes, nasceu no dia 30 de março de 1882 em Viena, na Áustria. Filha de um médico, cresceu em um ambiente de conflitos e marcado por tragédias. Quando tinha quatro anos, perdeu a irmã, de oito anos, vítima de tuberculose.

Aos 18, o pai dela morreu. E, aos 20, perdeu o irmão. Pouco após a morte do irmão, em 1903, casou com o engenheiro químico Arthur Klein, abandonando os estudos de Medicina e Arte e História. O casamento foi infeliz e durou 23 anos; o casal teve três filhos.

Contato com Freud
Por causa do trabalho do marido, Klein fazia constantes viagens. Em 1916, em Budapeste, teve o primeiro contato com o trabalho do austríaco Sigmund Freud, considerado o pai da psicanálise.

Ela começou a fazer análises com o húngaro Sándor Ferenczi, um dos colaboradores mais íntimos de Freud. Ele a incentivou a iniciar o atendimento de crianças — seu primeiro paciente foi o próprio filho de cinco anos de idade, sob o codinome Fritz. A partir de 1923, Klein passou a se dedicar integralmente à psicanálise.

A psicanalista Melanie Klein (Foto: Douglas Glass/Wikimmedia Commons)

A psicanalista Melanie Klein (Foto: Douglas Glass/Wikimmedia Commons)

As diferenças
Uma das maiores contribuições de Freud para a psicanálise foi a constatação de que existe um mal estar inerente à civilização, causado pela impossibilidade da satisfação plena de cada uma das pessoas.

Klein, por outro lado, identificou um mal estar mais primitivo nos seres humanos, já nos primórdios da relação entre a mãe e o bebê, em que o ciúme e a inveja, ainda que inconscientemente, aparecem no começo da vida. A austríaca usava brincadeiras e jogos para acessar esses sentimentos e pensamentos no inconsciente das crianças.

As desavenças
As teorias e métodos de Klein não eram uma unanimidade e ela foi alvo de críticas. A filha de Freud, Anna Freud, se tornou sua maior opositora. A controvérsia entre as duas estava no modelo de psicanálise de crianças que seria adotado: Anna defendia o trabalho cuidadoso das questões pedagógicas; já Klein propunha uma investigação profunda dos mecanismos mentais das crianças desde o nascimento.

Elas acabaram dando origem a um grupo de discípulos conhecidos como kleinianos na Sociedade Britânica de Psicanálise. Em 1945, a sociedade foi dividida em três grupos: annafreudianos (freud contemporâneo), kleinianos e independentes.