Biografias - Maria de Portugal, Duquesa de Viseu - A Monarquia Portuguesa

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A Monarquia Portuguesa

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Sab | 20.11.21

Biografias - Maria de Portugal, Duquesa de Viseu

Blog Real

Maria, Infanta de Portugal (Lisboa, 8 de junho de 1521 - Lisboa, 10 de outubro de 1577), 6.ª Duquesa de Viseu, filha de D. Manuel I e da sua terceira esposa, Leonor da Áustria.

Foi impressa uma nota de 50$00 Chapa 9 de Portugal com a sua imagem.

João de Barros descreveu-a como culta, digna e séria, diz-se que a sua personalidade era semelhante à da mãe, patrona e amante das artes, chegou a ser a mulher mais rica de Portugal.

Conhecida como ” A Sempre-Noiva” por seus vários projetos de casamento frustrados, D. Maria foi a única filha sobrevivente do terceiro casamento de D. Manuel I de Portugal e Leonor de Áustria. Nascida em 1521, a infanta ficou órfã de pai com menos de um ano de vida. Quando, dois anos depois, sua mãe deixou Portugal rumo ao seu reino de origem, foi impedida de levá-la consigo pelo enteado e novo rei, D. João III, que a essa altura já assumira o papel de pai efetivo da irmã caçula, quase vinte anos mais nova do que ele.

Por um lado, havia um claro componente afetivo nesta recusa, que seria agravado com o passar dos anos e a morte da maioria dos filhos de D. João III e Catarina de Áustria. Muito tempo depois, quando Leonor tentaria novamente trazer a filha para junto de si na Espanha, o rei português recusaria mais uma vez, escrevendo que muito o admirava este pedido da madrasta, uma vez que:

“a infante minha irmã que eu atte gora criey como filha propria e a que tenho o mesmo amor aja de sayr de minha casa se nam como sempre foy costume sayrem as filhas dela. Nem vejo como posa ver honrra de infamte e minha deixar esta criaçam e o amor com que he tratada de mim e servida e acatada de meus vassalos e naturays pera em tal idade primcipiar hua vida tam diferente em tudo em tam desacostumada dela e da sua natureza.” (BRAGA, 2002, p. 71)

Por trás desta compreensível negação do ponto de vista sentimental, porém, escondem-se interesses de Estado. Como filha de D. Manuel I, D. Maria tinha direito a uma considerável herança, da qual fazia parte o rico ducado de Viseu. Não era interessante para o reino português, do ponto de vista financeiro, que parte de seus recursos fosses esvaído pela saída da bela herdeira, tanto por vontade própria quanto por via de uma negociação matrimonial.

Desse ponto de vista, podemos entender melhor os noivados cancelados de D. Maria, muito embora questões políticas externas também tenham desempenhado seu papel em manter a infanta donzela. Por exemplo, em 1537, depois de D. João III ter rejeitado alguns pretendentes franceses à mão da irmã, D. Maria foi brevemente considerada para ser a quarta esposa do rei inglês Henrique VIII, recém-enviuvado de sua terceira consorte, Joana Seymour, que morrera pouco depois do nascimento do único filho homem sobrevivente do rei, o príncipe Eduardo. Rapidamente, porém, os ingleses ficaram mais interessados na prima de D. Maria, Cristina, que além de ser uma rica herdeira, também poderia herdar o reino da Dinamarca. No final, por interferência de Carlos V, tio de ambas, nenhum dos casamentos seria realizado; Henrique VIII acabaria se casando com a alemã Ana de Cleves.

Outra união frustrada seria com seu primo, o príncipe espanhol Felipe. Depois que este enviuvou da homônima de D. Maria, filha de D. João III, em 1545, houveram longas negociações para um segundo matrimônio com a dinastia de Avis, materialmente muito vantajoso para os Habsburgo (COSTA, 1958, p. 82). Finalmente, em 1553, D. João III cedeu e emissários espanhóis chegaram a ser enviados para levar a valiosa infanta, já chamada oficialmente de princesa de Castela. Mais uma vez, porém, os planos seriam alterados: poucos meses mais tarde, com a morte do rei inglês Eduardo VI e a sucessão de Maria I, tornou-se mais interessante um casamento de Felipe com esta prima inglesa. A culta infanta portuguesa, que, como outras damas da época renascentista, recebeu ampla educação doméstica e livresca (SANTOS, 2007, p. 21), foi novamente abandonada.

Depois disso, apesar de outras possibilidades de núpcias terem surgido, como um casamento com o enviuvado Sacro Imperador Romano, Fernando I, ou uma união com o duque de Saboia, D. Maria pessoalmente as rejeitou, temendo que tivessem o mesmo fim dos projetos matrimoniais anteriores (BRAGA, 2002, p. 78). Em 1558, depois da morte do irmão, D. Maria saiu de Portugal para encontrar-se com sua mãe Eleanor de Áustria, agora a rainha viúva de França, pela primeira vez em quase 30 anos. Após algumas semanas juntas, cada uma retornou ao seu reino de origem; ainda no caminho de volta, Eleanor faleceria.

D. Maria passou o restante dos seus dias administrando o ducado de Viseu e agindo como protetora de artistas e escritores, tendo sido supostamente a musa inspiradora de Luís de Camões, autor do poema épico As Lusíadas (PINTO, 1996, p. 152). Durante o período tumultuoso da menoridade do jovem D. Sebastião, foi defendido por uma facção da nobreza portuguesa que ela substituísse sua cunhada D. Catarina como regente, mas estes planos acabaram por não resultar em nada (BUESCU, 2007, p. 347). D. Maria morreria em 1577.

Morreu, sem casar e sem filhos, no dia 10 de Outubro de 1577, em Lisboa. Está enterrada na Igreja de Nossa Senhora da Luz em Carnide, Lisboa.