Marcos Palmeira | Marcos Palmeira | memoriaglobo

Por Memória Globo

Renato Rocha Miranda/Globo

Marcos Palmeira de Paula nasceu em uma família de artistas. É filho do cineasta Zelito Viana e da produtora de cinema Vera Maria Palmeira de Paula, irmão da diretora de cinema Betse de Paula e sobrinho do humorista Chico Anysio, ao lado de quem fez sua estreia na Globo, no início da década de 1980, no humorístico 'Chico Anysio Show' – contracenava com o personagem Painho, interpretado pelo tio famoso. A trajetória na TV, marcada por muitas novelas, minisséries e outros programas, foi acompanhada por uma significativa carreira no cinema, além de incursões pelo teatro. Para o público da televisão brasileira, Marcos Palmeira será sempre identificado como o Tadeu da novela 'Pantanal' (1990), trama de Benedito Ruy Barbosa exibida na extinta TV Manchete; o João Pedro da novela 'Renascer' (1993), também de Benedito; o pescador Guma de 'Porto dos Milagres' (2001), de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares; ou o detetive Mandrake que deu nome à série exibida no canal HBO Brasil. Em março de 2022, a TV Globo lançou nova versão da clássica novela 'Pantanal' e, dessa vez, Marcos Palmeira foi escalado para viver José Leôncio na segunda fase da trama.

Marcos Palmeira, em entrevista ao Memória Globo — Foto: Renato Velasco/Memória Globo

Início da carreira

A primeira experiência de Marcos Palmeira na televisão foi aos 12 anos, no especial 'O Menino Atrasado', da TV Educativa do Rio. Mas seu destino já fora selado, ainda que não soubesse, desde os 5 anos, quando fez uma participação no filme 'Copacabana me Engana' (1968), de Antonio Carlos da Fontoura. Marcos Palmeira cresceu em meio aos bastidores de produções cinematográficas. Viu o Cinema Novo acontecer dentro de sua casa, um apartamento em Copacabana que volta e meia servia de cenários para filmes. Não foi diferente quando a família se mudou para o bairro do Cosme Velho e a nova casa passou a funcionar como produtora. “Sabia que produções estavam em andamento e corria atrás para fazer os testes”, relembra.

Chegou a pensar em cursar a faculdade de Psicologia, mas tomou a decisão de ser ator após uma incursão pela tribo Arara, no Pará, em 1982, onde passou cerca de 30 dias, com o fotógrafo Luís Carlos Saldanha, para filmar um documentário. Os arara não falavam português, e ele tinha que se comunicar por gestos – foi tomado pelo desejo de representar. Abandonou o vestibular e entrou na escola de teatro Cal (Casa das Artes de Laranjeiras). Na viagem ao Pará, ele operava o equipamento de som. “Já fiz tudo no cinema, menos fotografia.” Sua estreita relação com os índios não começou aí. Aos 16 anos, quando o pai rodava o filme 'Terra dos Índios', conheceu quatro xavantes que se hospedaram em sua casa e virou cicerone do grupo. Cortou os cabelos como um curumim e passou dois meses na aldeia de seus hóspedes, no Mato Grosso, onde cumpriu o ritual de passagem da adolescência, sendo batizado com o nome de Tsiwari (Filho Valente). Na volta ao Rio, foi trabalhar no laboratório de fotografia do Museu do Índio e conheceu Luís Carlos Saldanha, com quem depois se aventurou no Pará.

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Em entrevista exclusiva ao Memória Globo, em 12/03/2012, o ator Marcos Palmeira fala sobre sua infância e formação.

Em entrevista exclusiva ao Memória Globo, em 12/03/2012, o ator Marcos Palmeira fala sobre sua infância e formação.

Entrada na Globo

Atuou pela primeira vez em uma novela da Globo em 1986, fazendo uma pequena participação em 'Roda de Fogo' (1986), de Lauro César Muniz. O primeiro papel, porém, foi em 'Mandala' (1987), de Dias Gomes, na qual interpretou Creonte na primeira fase da trama. Em seguida, foi escalado para fazer o jornalista Mário Sérgio, de 'Vale Tudo' (1988), de Gilberto Braga, e, depois, o Solon, um dos filhos de Euclides da Cunha e Anna de Assis na minissérie 'Desejo' (1990), de Gloria Perez.

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Em entrevista exclusiva ao Memória Globo, em 12/03/2012, o ator Marcos Palmeira fala sobre seu início nas novelas da Globo, em 'Mandala', de 1987.

Em entrevista exclusiva ao Memória Globo, em 12/03/2012, o ator Marcos Palmeira fala sobre seu início nas novelas da Globo, em 'Mandala', de 1987.

No início dos anos 1990, trabalhou durante dois anos na antiga TV Manchete, onde interpretou o personagem Tadeu, de 'Pantanal', novela de grande sucesso. Retornou à Globo para atuar na novela 'Renascer' (1993), ambientada no sul da Bahia e um dos grandes sucessos da emissora. “Fui criado em Ilhéus, me senti em casa”, conta Marcos, que, junto com Antonio Fagundes, foi responsável por uma das cenas mais belas da novela, levada ao ar no último capítulo, o tão aguardado perdão do pai moribundo ao filho. Marcos Palmeira viveu João Pedro, o quarto filho do coronel José Inocêncio (Antonio Fagundes), rejeitado pelo pai por causa da morte da mãe no parto.

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Em entrevista exclusiva ao Memória Globo, em 12/03/2012, o ator Marcos Palmeira fala sobre o trabalho na primeira versão da novela 'Renascer', de 1993.

Em entrevista exclusiva ao Memória Globo, em 12/03/2012, o ator Marcos Palmeira fala sobre o trabalho na primeira versão da novela 'Renascer', de 1993.

Depois de pisar cacau nas fazendas da Bahia, aloirou os cabelos e colocou lentes de contato azuis para viver o Cirino da minissérie 'Memorial de Maria Moura' (1994), adaptação de Jorge Furtado e Carlos Gerbase do romance de Rachel de Queiroz. Fazia par com Gloria Pires, a protagonista da história. Em seguida, encarou a responsabilidade de reviver o garimpeiro João Coragem no remake de 'Irmãos Coragem', de Janete Clair, reescrito por Dias Gomes e Marcílio Moraes. Na versão original, nos anos 1970, o papel tinha sido feito por Tarcísio Meira.

Sua novela seguinte foi 'Salsa e Merengue' (1996), de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa, na qual viveu o protagonista Valentim. Essa foi a primeira vez que trabalhou com a prima, a diretora Cininha de Paula. No mesmo ano, integrou o seleto elenco da série 'A Vida Como Ela é…', baseada nas histórias de Nelson Rodrigues e exibida no 'Fantástico'. “Foi um marco, naquele momento, poder vivenciar o sarcasmo, o humor de Nelson Rodrigues. As pessoas adoravam os episódios. Foi muito importante na minha carreira”, salienta o ator, que, após o advogado Alexandre de Torre de 'Babel (1998)' e o jornalista Chico Mota de 'Andando nas Nuvens' (1999), estava à frente de outro sucesso, como intérprete do pescador Guma de 'Porto dos Milagres' (2001). Dessa vez, como opositor do personagem de Antonio Fagundes, o vilão Félix.

Como em 'Renascer', essa novela me aproximou de novo da minha família, que tem um lado ligado ao candomblé, meio escondido por conta da nossa formação comunista. Guma era filho de Iemanjá. Não tenho religião, mas tenho muita fé nas coisas, nas forças da natureza.

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Em entrevista exclusiva ao Memória Globo, em 12/03/2012, o ator Marcos Palmeira fala sobre o trabalho na novela 'Porto dos Milagres', de 2001.

Em entrevista exclusiva ao Memória Globo, em 12/03/2012, o ator Marcos Palmeira fala sobre o trabalho na novela 'Porto dos Milagres', de 2001.

O ator também tem uma ligação especial com a terra. Produtor rural e ambientalista, é dono da Vale das Palmeiras, uma fazenda localizada em Teresópolis, na região serrana do Rio, que se dedica à produção de alimentos orgânicos.

Entre os outros trabalhos de Marcos Palmeira na Globo, destacam-se o peão Zequinha da novela 'Esperança' (2002), de Benedito Ruy Barbosa; o cineasta Fernando Amorim de 'Celebridade' (2003), de Gilberto Braga; o delegado Gilberto, de 'Belíssima' (2005), de Silvio de Abreu; o surfista Bento, de 'Três Irmãs' (2008), de Antonio Calmon; e o empresário Gustavo, de 'Cama de Gato' (2009), de Duca Rachid e Thelma Guedes. Em 2012, estreou no papel de um ex-pedreiro, Sandro Barbosa, em 'Cheias de Charme', de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira. No ano seguinte, interpretou o Seu Cazuza no remake de 'Saramandaia' e o Augustão na minissérie 'O Canto da Sereia'.

Cheias de Charme: Sandro se vira nos 30

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Em 2014, interpretou o corajoso detetive Pedrosa, na segunda versão de 'O Rebu'. Pedrosa foi o responsável pela investigação do assassinato de Bruno (Daniel Oliveira). No ano seguinte, aceita o desafio de interpretar o prefeito recém-eleito da cidade de Jatobá, na novela 'Babilônia', de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga. Em 2022, deu vida a José Leôncio na novela 'Pantanal', remake da TV Globo do sucesso da TV Manchete, exibido 32 anos antes. Baseada na novela original escrita por Benedito Ruy Barbosa, a nova versão é escrita por Bruno Luper. No centro da trama está a história do velho Joventino (Irandhir Santos) e seu filho, José Leôncio (Renato Góes/Marcos Palmeira). A vida como peão de comitiva os levou ao Pantanal, onde aprenderam que a natureza pode mais do que o homem.

Também viveu o personagem-título da série 'Mandrake', coprodução da HBO e da Conspiração Filmes, levada ao ar entre 2005 e 2007. Mandrake é um advogado criminalista criado por Rubem Fonseca. A série, roteirizada e dirigida por José Henrique Fonseca, foi duas vezes indicada ao Emmy. Além disso, o ator apresentou o programa semanal 'A’Uwe', com documentários sobre as diferentes etnias indígenas do país, exibido por três anos na TV Cultura.

Cinema e teatro

Marcos Palmeira trabalhou em mais de 30 filmes ao longo de sua carreira. Foi três vezes dirigido pelo pai: em 'Avaeté, Semente da Vingança' (1985); 'Villa-Lobos, Uma Vida de Paixão' (2000) e 'Bela Noite Para Voar' (2009); e três vezes dirigido pela irmã Betse de Paula, em 'Por Dúvida das Vias' (1987), 'O Casamento de Louise' (2001) e 'Vendo ou Alugo' (2012). Ganhou dois prêmios Kikito de Ouro no Festival de Gramado: o de melhor ator coadjuvante pela interpretação do personagem Alpino no filme 'Dedé Mamata' (1988), de Rodolfo Brandão, e o de melhor ator pelo 'Tirica de Barrela: Escola de Crimes' (1990), de Marco Antonio Cury. Também conquistou o Candango de melhor ator, no Festival de Brasília, por seu trabalho em 'Anahy de Las Missiones' (1997), de Sérgio Silva.

No teatro, começou fazendo muitas peças infantis, subindo ao palco pela primeira vez, aos 11 anos, em Édipo Rei. Desde os 18 anos, atuou em mais de dez montagens, entre as quais, 'Chapetuba Futebol Clube' (1984), 'Ligações Perigosas' (1987), 'Othello' (1993), 'Mais Uma Vez Amor…' (2000) e 'Auto de Anjicos' (2007), peça de Amir Haddad, na qual dividiu a cena com Adriana Esteves para mostrar as últimas horas de vida de Lampião e Maria Bonita.

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