ESTRATÉGIAS DESENVOLVIDAS PELOS ENFERMEIROS E PACIENTES NA IDENTIFICAÇÃO E CUIDADO DA ÚLCERA DO PÉ DIABÉTICO – ISSN 1678-0817 Qualis B2

ESTRATÉGIAS DESENVOLVIDAS PELOS ENFERMEIROS E PACIENTES NA IDENTIFICAÇÃO E CUIDADO DA ÚLCERA DO PÉ DIABÉTICO

STRATEGIES DEVELOPED BY NURSES AND PATIENTES IN THE IDENTIFICATION AND CARE OFDIABETIC FOOD ULCERS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10975431


Viviane de Oliveira Cunha [1]
Luana Almeida Fernandes [2]
Marcelo Alves Pereira de Mendonça [3]
Maysa de Oliveira Barbosa [4]
José Gledson Costa Silva [5]
Elis Maria Jesus Santos [6]
Kayque Gabriel Rodrigues Ferreira [7]
Aziri Ligia Barbosa dos Santos [8]
Maria Alice Brazil de Oliveira[9]
Petrúcya Frazão Lira [10]


Resumo

Objetivo: Analisar quais as estratégias, cuidados e autocuidados desenvolvimentos pelos enfermeiros e pacientes na identificação da úlcera do pé diabético. Método: Revisão integrativa de 2018 a 2022, nas plataformas LILACS, SciELO, Revista da faculdade de ciências médicas de sorocaba e Revista brasileira interdisciplinar de saúde. Resultados: Dez artigos foram inclusos neste estudo. O profissional enfermeiro é responsável por realizar o exame físico, visando reduzir ou mesmo evitar a ocorrência de úlceras do pé diabético, assim como manter o paciente bem informado sobre como prevenir fazendo o autocuidado. Conclusões: Pacientes com diabetes possuem dificuldade em identificar a gravidade da doença, suas consequências e quais são as ações de prevenção, tornando-se necessária à atuação do enfermeiro no ensinamento do autocuidado, mostrando que estratégias educacionais são de grande importância na prevenção de complicações decorrentes da Diabetes Mellitus, pois é facilmente e de cunho rápido o próprio paciente seguir o autocuidado no dia a dia.

Palavras-chave: Enfermeiro. Revisão. Diabetes Mellitus. Pé diabético. Pacientes.

Summary

Objective: To analyze the strategies, care and self-care developed by nurses and patients in the identification of diabetic foot ulcers. Method: Integrative review from 2018 to 2022, on the platforms LILACS, SciELO, Journal of the Faculty of Medical Sciences of Sorocaba and Brazilian Interdisciplinary Journal of Health. Results: Ten articles were included in this study. The professional nurse is responsible for performing the physical examination, aiming to reduce or even avoid the occurrence of diabetic foot ulcers, as well as to keep the patient well informed about how to prevent it by doing self-care. Conclusions: Patients with diabetes have difficulty in identifying the severity of the disease, its consequences and what are the prevention actions, making it necessary for nurses to teach self-care, showing that educational strategies are of great importance in the prevention of complications resulting from Diabetes Mellitus, because it is easy and quick for the patient to follow self-care on a daily basis.

Keywords: Nurse. Revision. Diabetes Mellitus. Diabetic foot. Patients.

1 INTRODUÇÃO

O diabetes mellitus (DM) é caracterizado por ser um grupo de diferentes distúrbios metabólicos, resultantes do aumento da glicemia (hiperglicemia) causada por defeitos da ação e secreção da insulina, sendo dividida em tipo 1 (DM1), tipo 2 (DM2) e diabetes gestacional. É uma das quatro doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) citadas como de intervenção de alta prioridade pela Organização Mundial da Saúde e pelo Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT (Malta et al., 2019).

O DM é mostrado como uma epidemia mundial por conta da sua crescente incidência e sua complicação quanto a adesão do tratamento e estabilização do quadro, transformando-se em um sério problema para o sistema de saúde pública global. É nomeada como a terceira maior causa de mortalidade no mundo, sendo uma doença séria, que requer cuidados especiais (Casarin et al., 2022).

    No Brasil, o DM também é apontado como um importante problema de saúde pública, ocupando o 4° lugar no ranking mundial de casos da doença, tendo como a taxa de prevalência de 7,7% em 2018 (Negreiros et al., 2021). A alta predominância de DM e suas complicações indicam a necessidade de investimentos na prevenção e no controle da doença (Muzy et al., 2021).

    Estima-se, que o aumento na prevalência da DM aconteça pela elevação da obesidade, uma vez que, a gordura leva à resistência periférica a insulina, além do estilo de vida sedentário, mal hábito alimentar, seguido pelo aumento da expectativa de vida da população (Muslu, Ardahan, 2018). No Brasil, a incidência de DM em adultos com peso baixo ou normal é de 5,4%, enquanto que nas pessoas com obesidade é mais que o dobro (14,0%) (Ferreira, Szwarcwald, Damacena, 2013).

    A DM2, também chamada de DM adquirida, pode ser prevenida, desde que a glicemia seja controlada de forma eficaz por meio de educação, um bom suporte, adoção de estilo de vida saudável, e por um recurso farmacológico, quando necessário. (Dantas, Figueiredo, Guedes, 2022). Porém, se o tratamento for ineficaz, a exposição prolongada a hiperglicemia ocasiona o desenvolvimento de complicações (Silva et al., 2021).

    Entre as complicações do DM, pode-se citar as macrovasculares (cardiopatia isquêmica, acidente vascular cerebral e doença arterial periférica) e as microvasculares (neuropatia, retinopatia e nefropatia). Por causa das suas inúmeras comorbidades e incapacidades, acaba afetando a vida social e ocupacional dos indivíduos acometidos, gerando custos diretos e indiretos aos portadores e ao sistema de saúde (Malta et al., 2019).

A úlcera do pé diabético (UPD) é a complicação mais comum, sendo responsável pela maioria das internações e amputações de membros inferiores. Em 90% dos casos de DM encontra-se a presença de lesões nos pés (Negreiros et al., 2021).

   Cerca de 50% das amputações não traumáticas são realizadas em pacientes diabéticos, mostrando que pacientes com DM tem risco 15 vezes maior de serem sujeitas a amputações. O índice de pacientes com UPD que são submetidos a amputação, pode chegar a 71.4% em membros inferiores, mesmo existindo atualmente avanços no tratamento de úlceras e suas complicações (Orosco et al., 2019).

    No passar do tempo, os gastos referentes ao tratamento do paciente com DM aumentam, devido ao aparecimento de complicações secundárias. Mundialmente, calcula-se que o DM2 consome 12% dos gastos anuais com saúde. No Brasil, estima-se que o sistema desembolse US$ 2108,00/ano/paciente com DM e suas complicações, condizendo entre 36,3%7 e 48,2%4 dos custos anuais dirigidos a saúde (Gonçalves et al., 2022).

Fica evidente, que o estudo remete a um cenário bastante comum na sociedade, o que demonstra ser um problema de saúde pública, uma vez que, as complicações do DM e as despesas com o tratamento requerem tempo e investimento financeiro. Portanto, objetiva-se através desse estudo analisar quais as estratégias, cuidados e autocuidados desenvolvimentos pelos enfermeiros e pacientes na identificação da úlcera do pé diabético.

2 METODOLOGIA

O estudo trata-se de uma revisão integrativa, seguindo o método que propõe seis etapas: identificação do tema e escolha da hipótese ou questão de pesquisa; estabelecimento de critérios para a inclusão e exclusão de; identificação das informações a serem extraídas dos estudos selecionados; analise dos estudos incluídos na Revisão Integrativa; interpretação dos resultados e descrição da revisão com o resumo do conteúdo (Mendes, Silveira, Galvão, 2008).

Através disso, a busca de dados se deu a partir de seguinte questão norteadora: Como os enfermeiros e os pacientes desenvolvem estratégias de cuidado/autocuidado para a identificação da ulcera do pé diabético?

A busca de dados aconteceu através da busca de periódicos na Scientific Electronic Library Online (SciELO), Revista Brasileira Interdisciplinar de Saúde, Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba, Revista de Enfermagem UFPE e Literatura Latino- americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), com utilização de descritores em português: Diabetes Mellitus, Pé diabético e assistência de Enfermagem, durante os meses de setembro de 2022 a junho de 2023.

Os critérios de inclusão foram: artigos originais, disponíveis eletronicamente na íntegra; ter como idioma de publicação o português e/ou inglês, que abordassem a temática do estudo, respondendo à questão norteadora; ter sido publicado entre os anos de 2018-2022. Como critério de exclusão: Estudos duplicados ou que não se enquadrassem no tema.

Foi feito a seleção inicial pelos títulos e resumos obtidos na busca; ao final desse processo, os pesquisadores reuniram-se para apresentar seus resultados e resolver os casos de discrepância na seleção de estudos, determinando assim os artigos a serem incluídos na revisão.

Após a leitura e a seleção, os dados foram inseridos na tabela, o qual contemplou os seguintes aspectos: título, autores, ano de publicação, modalidade e tipo de estudo, objetivos e resultados. Após o registro, os dados foram revisados em relação à sua adequação ao tema, então foram interpretados e discutidos por meio da análise temática.

A análise temática pautou-se nos três passos: pré-análise; exploração do material; tratamento dos resultados obtidos e interpretação. Na pré-análise foi estabelecido a leitura com o material, permitindo a identificação dos termos mais relevantes, em seguida o material foi explorado através de trechos importantes dos artigos incluídos na revisão e, finalmente, os dados obtidos foram ordenados.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A amostra final desta revisão foi constituída por oito artigos científicos, selecionados pelos critérios de inclusão previamente estabelecidos. Destes, vários foram encontrados na base de dados Biblioteca Virtual de Saúde (BVS).

O quadro 1 mostra as informações dos artigos analisados. Dessa forma, pode-se perceber a escassez de artigos científicos publicados sobre revisão integrativa, uma vez que se trata de uma metodologia enraizada na Prática Baseada em Evidências (PBE), que une a capacidade de analisar criticamente a situação e aplicar seus conhecimentos aprendidos durante a faculdade.

Os artigos relevantes que compõem os resultados se referem aos idiomas das pesquisas, uma vez que todos estavam disponíveis tanto na língua portuguesa quanto na inglesa, não sendo necessário, portanto, a contratação de um tradutor para entendimento e análise do conteúdo exposto nos artigos selecionados.

Os critérios para análises utilizados foram à leitura na íntegra e criteriosa dos artigos e sua relação com o tema escolhido, de modo que mostre a importância da temática discutida.

Com a busca inicial obteve-se 34 artigos, e após leitura dos resumos, 20 foram excluídos por não possuírem relação com a temática em estudo e 2 não estavam disponíveis na íntegra eletronicamente, portanto da primeira análise resultaram 12 estudos, os quais foram pré-selecionados. Destes 12 artigos, 4 foram exclusos por não comtemplar o objetivo do estudo. Sendo assim, o artigo foi composto por 8 estudos. A figura 1 descreve a obtenção dos periódicos.

Quadro 1 – O quadro apresenta os principais resultados dos trabalhos avaliados.

  Título    Autor/ Ano  Objetivo  Método  Resultado
Construction and validation of nursing diagnoses for people with diabetic foot ulcersHalene Cristina Dias de Armada e Silva, Sonia Acioli, Patricia dos Santos Claro Fuly, Maria Miriam Lima da Nóbrega Silvia Maria de Sá Basílio Lins, Harlon França de Menezes (2022)Construir e validar enunciados de diagnósticos de Enfermagem da Classificação Internacional   para a Prática de Enfermagem (CIPE) para a pessoa com o pé diabético acompanhada na atenção primária.Estudo metodológ ico estruturadoForam construídas 81 afirmações diagnósticas, cinco das quais positivas, 67 negativas e nove arriscadas. Destes, 58 foram incluídos na CIPE® e 23 não foram, 51% dos quais foram  categorizados como requisitos de autocuidado  relacionados a alterações de saúde.
Prevenção do pé diabético: práticas de cuidados de usuários de uma unidade saúde da  famíliaFernanda dos Santos Trombini, Maria Denise Schimith, Silvana de Oliveira Silva, Marcio Rossato Badke (2021)Conhecer as práticas de cuidados com os pés realizadas por usuários com Diabetes Mellitus atendidos em uma Unidade de Saúde da Família.Estudo descritivo, com abordagem qualitativaIdentificou-se cuidados importantes para a prevenção de lesão nos pés, que a maioria dos usuários não realizava, ou realizava incorretamente.
  Efeito do grupo operativo no ensino do autocuidado com os pés de diabéticos: ensaio Clínico randomizadoJoão Batista Moreira, Eliene Sousa Muro, Lidiane Aparecida Monteiro, Denise Hollanda Iunes, Bianca Bacelar de Assis, Erika de Cássia Lopes Chaves (2020)Avaliar o efeito do grupo operativo no ensino      do autocuidado com os pés para prevenção do pé diabético.Estudo com ensaio clínico controladoNa análise intergrupo, foi observada melhora após a intervenção educativa para: a maioria das variáveis dos domínios pele anexos; circulação sanguínea; sensibilidade plantar; e pressão plantar. Observou-se melhora nos escores do risco do pé diabético no grupo tratado.
Avaliação do autocuidado em pacientes portadores do pé diabéticoGabriela        Fassina, Gislaine Patrícia Coelho, Natália de Souza Zinezi, Bárbara Almeida da Silva, Clarice Nunes Bramante, José Augusto Costa (2018)Investigar         o conhecimento do paciente diabético tipo 2 em relação ao autocuidado dos pés, sua prática e os fatores que impedem ou dificultam sua realização.Estudo descritivoDe acordo com esse consenso, os autocuidados necessários para prevenir o pé diabético resumem-se a lavagem diária dos pés com água e sabão neutro, especialmente entre os dedos dos pés; secar bem os pés e entre os dedos; e hidratar os pés com creme à base de ureia, principalmente as regiões plantar, dorsal e do calcanhar, com frequência de três vezes ao dia — isto é, pela manhã, à tarde e à noite
Diabético tipo 2: percepção do autocuidado e suas principais complicaçõesThaina Maria Semião, Jaqueline da Silva Rodrigues, Luzia Sousa Ferreira (2022)Apresentar a percepção sobre o autocuidado e as principais complicações decorrentes do Diabetes Mellitus tipo 2 sobre a saúde do paciente diabético.Trata-se de uma revisão de literatura qualitativaÉ indispensável realizar cuidados com os pés na DM a execução de medidas fáceis como cortar as unhas dos pés, fazer o uso de sapatos adequados e fazer         a higienização dos pés secando entre os dedos evita o surgimento de úlceras. As práticas realizadas pelos diabéticos se caracterizam por ações com o objetivo de se prevenir lesões como andar descalço, fazer   o   uso de meias confortáveis, manter a devida higiene, ter uma hidratação com uso           de cremes, fazer a secagem adequada, evitar bater os pés, dentre outros.
Adesão ao tratamento do diabetes mellitus em pacientes da atenção primária à saúdeEliana Kesia da Silva Lima, Maria Raquel da Silva Lima, (2022)Relatar à adesão ao tratamento do Diabetes Mellitus na Atenção Primária a SaúdeTrata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativaO enfermeiro na atenção Primária à Saúde (APS) tem função estratégico para a promoção do autocuidado por meio de um cuidado integral e resolutivo às pessoas com DM. Durante as consultas deve haver as intervenções dos profissionais de saúde incentivando o paciente a conhecer sua doença, bem como adotar medidas de autocuidado necessárias       para      a manutenção da saúde. Além do suporte para apoiá-las no enfrentamento dos desafios inerentes ao tratamento do DM
Estratégia de saúde da família         e Adesão ao tratamento do diabetes: fatores facilitadoresCarlos Alberto Pegolo da Gama, Juliana Mara Flores Bicalho, Thaís Oliveira Dupin, Paula da Cunha Fonseca, Maria Eduarda Lima Dias, Maria Fernanda Elias Moreira. (2021)Abordar a percepção dos profissionais de saúde em relação aos aspectos facilitadores da adesão ao tratamento do diabetes mellitusEstudo  clínico- qualitativo em formato de grupo focalUma das estratégias do enfermeiro da ESF para melhorar a adesão ao tratamento da DM é ensinar ao paciente toda a dinâmica da doença, falando de forma clara e de fácil compreensão, mostrando a importância de que o paciente seja ativo no processo, envolvendo ainda familiares do paciente.
Os cuidados de Enfermagem junto ao paciente com o pé diabéticoJocelino Pereira da Silva Filho, Simone Guimarães Andrade, Tatianna          de Fátima Souza Lima, Khesller Patricia Olázia Name (2019)Descrever         a atuação do profissional de enfermagem nos cuidados e abordagens do indivíduo com pé diabético.Pesquisa bibliográfica de revisão integrativa de literaturaA melhor maneira de evitar as complicações é a prevenção, cabendo aos profissionais de enfermagem a função de cuidar, acompanhar e orientar os pacientes portadores da DM, sobre a importância   dos cuidados com os pés, a alimentação adequada, práticas de exercícios     físicos a necessidade do uso de calçados e meias adequadas na prevenção do pé diabético.

FONTE: Síntese dos artigos selecionados

Conforme exposto na figura 1, obteve-se 8 trabalhos, sendo de abordagem metodológica estruturada, descritivo qualitativo, ensaio clínico controlado, observacional analítico, transversal e revisão integrativa.

Os estudos assemelham resultados que dizem respeito a estratégias e conhecimentos utilizados pelos enfermeiros e pacientes na identificação e no cuidado da úlcera do pé diabético. O quadro 1 apresenta uma síntese dos principais resultados dos trabalhos incluídos na pesquisa, seus autores, base de dados e objetivos dos estudos.

O DM é uma condição na qual os níveis de glicose no sangue estão acima do normal porque o corpo não libera ou usa a glicose adequadamente podendo ocorrer ainda a adesão ineficaz do hormônio insulina, que é responsável pela redução da glicemia ao promover a entrada de glicose nas células. Essa concentração de açúcar no sangue (glicose) varia ao longo do dia, aumenta após as refeições e volta ao normal em poucas horas (Brutti et al., 2019).

O DM1 é um distúrbio crônico autoimune, sendo diagnosticado geralmente em crianças e adolescentes. É uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção da insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. Sendo assim, o paciente já nasce com as alterações genéticas que favorecem o surgimento da DM1, podendo desenvolver os anticorpos nos primeiros anos de vida e só apresentar a doença na adolescência (Silva et al., 2021).

O DM2 corresponde a 90 a 95% de todos os casos de DM. Tem uma etiologia complexa e multifatorial com componentes genéticos e ambientais (Brasil, 2020). Entre as complicações que pode causar, a úlcera do pé diabético (UPD) é uma das mais comuns. Essa complicação pode estar associada à neuropatia e doença arterial periférica, que podem exacerbar lesões nos pés e causar infecção e, se não tratada adequadamente, amputação. É sabido que muitos casos de amputação de membros inferiores em pacientes diabéticos são evitáveis (Trombini et al., 2021).

As amputações de membros inferiores são um evento sentinela porque o risco é impactado pelo controle de múltiplos fatores (controle glicêmico, controle da pressão arterial e uso do tabaco) e depende da capacidade dos sistemas de rastreamento de risco. Estratificando-o e tratando o pé e as úlceras de alto risco (Silva, Castro, Bomfim, Pitta, 2021).

Sabe-se que grande parte dos leitos e enfermarias de emergência é ocupada por pacientes com UPD. Os dados são escassos ou não existem, os sistemas de saúde não são organizados, o conhecimento dos profissionais de saúde sobre o pé diabético é fundamental e a resolutividade é muito baixa, principalmente em relação à revascularização (Brasil, 2016).

A Avaliação do pé em risco de ulceração requer duas medidas extremamente simples: o histórico médico e o exame dos pés. A história médica inclui a avaliação dos fatores de risco (Brasil, 2019).

O exame começa com a retirada dos sapatos e meias, que também devem ser avaliados. Ao exame físico, podem estar presentes manifestações dermatológicas, tais como: pele seca, rachaduras, unhas hipotróficas, encravadas ou fúngicas, maceração interdigital, calosidades, queda de cabelo e mudanças de cor e temperatura (indicativas de isquemia), e representam condições pré-ulcerativas secundárias de PND (polineuropatia diabética) e DAP (Doença Arterial Periférica) (Univás, 2017).

A enfermagem pode contribuir para a sociedade reduzindo o número de amputações e óbitos, causados por complicações do DM, por meio de medidas preventivas, principalmente no ensino do autocuidado. O diagnóstico precoce e a profilaxia adequada por equipe de enfermagem treinada inibem a ocorrência ou agravamento do pé diabético e garantem melhor qualidade de vida ao paciente e seus familiares O profissional enfermeiro é responsável por avaliar qual terapia pode ser usada para tratara UPD. O manejo inicial das úlceras de pressão inclui desbridamento local, remoção da carga do pé e curativos frequentes, que podem transformar uma ferida crônica em aguda, eliminando o tecido necrótico e reduzindo o número de bactérias que formam o biofilme ao redor da úlcera, criando um ambiente favorável ambiente para a formação de tecido de   granulação saudável (Ferreira, 2020).

4 CONCLUSÃO

Diante dos artigos lidos e analisados, pôde-se perceber que nem sempre os pacientes que possuem diabetes mellitus conseguem identificar a gravidade da doença, suas consequências e quais ações devem ser tomadas para preveni-las, tornando-se necessária à atuação do enfermeiro na ajuda com o ensinamento do autocuidado com o paciente diabético, pois o pé diabético é uma das complicações da DM que mais vem aumentando a incidência nos últimos anos.

Tais estratégias educacionais são de grande importância na prevenção de complicações decorrentes da DM, visto que, a facilidade e a rapidez em que o próprio paciente realiza proporciona o autocuidado no dia a dia, diminuindo os custos do setor da saúde e do próprio paciente, proporcionando assim melhorias na qualidade de vida.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual do pé diabético: estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

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UNIVÁS. Manual de Prevenção do Pé diabético. Pouso Alegre. 2017.


[1] Enfermeira especialista, e-mail: vivianeoc20@gmail.com

[2] Enfermeira especialista, e-mail: enfer.luanaalmeida@gmail.com

[3] Enfermeiro especialista em saúde da mulher, e-mail: dr.marcelo.enf@gmail.com

[4] Enfermeira mestre, e-mail: maysabarbosa.ce@gmail.com

[5] Enfermeiro especialista, docente do Centro universitário Maurício de Nassau Campus Juazeiro do Norte,
e-mail: ze.c.s@hotmail.com

[6] Graduanda do Curso Superior de enfermagem do Centro universitário Maurício de Nassau Campus Juazeiro do Norte, e-mail: Ellis112011@hotmail.com

[7] Enfermeiro generalista, e-mail: enfkayqueg@hotmail.com

[8] Pós-graduanda em saúde coletiva, e-mail: ligiaangra52@gmail.com

[9] Enfermeira especialista, e-mail: alicinhabrazil@gmail.com

[10] Enfermeira especialista em saúde da família, e-mail: petrucyafrazao@hotmail.com