Honoré de Balzac é conhecido atualmente como um dos fundadores do Realismo Literário. Conquistou sua fama através da sua vasta publicação de obras literárias, que sistematicamente passou a chamá-la de “A comédia Humana”.

            Nesse artigo, iremos falar sobre a vida dessa personalidade que viveu no século XIX e os efeitos de suas ações em vida, utilizando a abordagem de estudo com base no paradigma consciencial, considerando os diversos aspectos íntimos pertencentes a essa consciência.

Figura 1 – Fonte: Google images

Infância de Balzac

            Honoré de Balzac nasceu entre 16 e 20 de maio de 1799 na cidade de Tours, na França. Filho de um funcionário público do rei Luís XV e de mãe burguesa, assim que nasceu foi enviado a uma ama de leite, com quem viveu até seus 4 anos de idade.

            Após esse período ele foi encaminhado pela família a um colégio interno religioso em Vendôme, permanecendo lá até seus 14 anos.

Figura 2 – Colégio de Vendôme – Fonte: Curso PAE 2021

            Entre as idades de 4 e 14 anos, Balzac teve algumas oportunidades de voltar para casa e ficar junto de seus pais. Durante esse tempo, o jovem rapaz aproveitava para interagir com a família e estudar sobre os diversos assuntos que o interessavam, diferente daquilo que lhe era imposto durante o período de internato em colégio religioso.

            Apesar da falta de afeto familiar, algo que mais tarde o escritor enfatizou em suas obras, Balzac teve muitos aportes provenientes de seus pais:

Figura 3 – Colégio de Vendôme – Fonte: Curso PAE 2021

Intelectualidade

            Seu avô por parte de mãe era franco-maçom. Sendo assim, deixou para a sua mãe uma vasta biblioteca contendo grandes obras de filósofos importantes como Montaigne e Rabelais, mas também livros com temáticas místicas que marcaram profundamente as crenças e ideais do futuro escritor.

            Eram obras que traziam ideias nem um pouco ortodoxas com os costumes e influências do cristianismo predominante na França daquela época. Eram autores como Swendenborg, Saint Martin, Jacob Boehme, dentre outros. Já era muito evidente nesse período o ímpeto do rapaz pela leitura ininterrupta dos temas que lhe despertava a curiosidade.

Parapsiquismo

            Seu pai nasceu em uma região da França onde foi por muito tempo palco de batalhas religiosas contra comunidades que adotavam estilos de vida e crenças heterodoxas, portanto consideradas heresia pela igreja católica. No caso específico, a região era muito influenciada pelo Catarismo, que se desenvolveu inicialmente em Languedoc e se espalhou pela França.

            Os cátaros acreditavam no ciclo multiexistencial, ou seja, no conjunto de vidas que a consciência possui e adotavam posturas antibelicistas, enfatizando a necessidade de valorização do papel da independência da mulher, algo que na época era inadmissível.

           Eles também utilizavam técnicas bioenergéticas de cura. Portanto, essa influência mesológica dos cátaros advinda da bagagem cultural do pai de Balzac, somada com o consumo intenso sobre a cultura chinesa, também estimulada pelo pai, a respeito de energias conscienciais (Qi), fez de Balzac um praticante de trabalhos energéticos.

            Em algumas cartas de Balzac, ele afirmava que aos 15 anos já sabia tudo que poderia saber sobre a China naquela época. Junqueira ainda menciona que Balzac já manifestava sensibilidade parapsíquica desde a infância, porém para reconhecer este lado da sua personalidade, não bastaria apenas ler suas biografias publicadas, mas sim seria necessário ler A Comédia Humana, pois muitos fatos e parafatos que Balzac não podia revelar sobre si mesmo eram revelados através de personagens autobiográficos de suas obras literárias. É o caso do romance Louis Lambert.


Figura 4 – Capa do livro Louis Lambert (edição da Epígrafe)

Balzac e sua relação com a escrita

            Balzac termina seus estudos de colegiado em 1816, nessa época tinha por volta de 17 anos de idade. Até então, acumulara muito conhecimento e experiências.

            Sua predisposição ao autodidatismo, que lhe permitia acumular conhecimentos fora da grade curricular de seu colégio, fazia-o por vezes ser categorizado como aluno medíocre pelos avaliadores de sua escola, pois mostrava pouco interesse pelos temas oferecidos.

            Na época, esses temas eram fortemente influenciados por uma França no período da Restauração, caracterizado pelo conservadorismo e dogmas religiosos.

            Nessa mesma época, Balzac começou a trabalhar como copista em um escritório de advocacia de um amigo de seu pai e ao mesmo tempo se matriculou na escola de Direito. De acordo com Junqueira, foram imensas as aprendizagens obtidas lendo os processos, assistindo as conversas e acareações, o que proporcionou incomensurável bagagem para o seu empreendimento como escritor.

            Ali, na função de copista, ele tinha acesso a diversos contextos das vidas das pessoas da sua época, desde os mais destituídos economicamente até as classes mais abastadas, como a burguesia e a aristocracia. Esse fato lhe proporcionou ser um dos pioneiros de um movimento literário, chamado posteriormente de Realismo, pois ali ele descortinava a realidade dos problemas conjugais, econômicos e políticos da sociedade parisiense.

            Portanto, sua escrita sempre foi predominantemente engajada em descrever a realidade como ela é, sem carência de ficção.

            Em 1819, formado em Direito e já completados 20 anos de idade, Balzac decide ser escritor, contra a vontade de seus pais. Entretanto, a família acaba aceitando financiar sua permanência em Paris pelo período de dois anos, sendo que nesse período ele deveria se firmar e ser reconhecido como escritor.

Amadurecimento como escritor

            Após o trato feito com seus pais, Balzac se aloca em um pequeno quarto sem nenhum luxo em Paris, onde começaria sua imersão intelectual e criativa dentro da escrita literária. Junqueira afirma que nesse período Balzac se aprofundava nos estudos da consciência humana e na medicina antiga e medieval.

            Taillandier também ressalta que, desse período até 1824, Balzac publica diversos romances com pseudônimos de Lord R’hoone e Horace de Saint-Aubin. Com o tempo, Balzac foi amadurecendo sua habilidade com a escrita e adquirindo mais autoconfiança quanto ao uso de seu próprio nome em suas obras. 

            Até então, tudo que produzia era publicado com nomes fictícios, e os conteúdos apenas satisfaziam a demanda da massa de leitores da época, pois eram textos com baixo nível de intelectualidade e reflexão.

            Assim, em 1828 ele publicou um romance de caráter histórico, assinando seu verdadeiro nome, com o título de A Bretanha em 1799. Tal obra exigiu do autor uma intensa pesquisa histórica sobra essa guerra civil ocorrida entre 1793 e 1800. A partir desse momento até sua dessoma em 1850, Balzac construiu sua fama e respeito dentro da sociedade francesa, que através de sua estilística realista dos problemas vigentes na época contribuiu muito para a exposição dos fatos do período em que viveu, inclusive sendo considerado por muitos especialistas das ciências humanas atualmente como sendo Balzac o primeiro sociólogo.

Balzac: escritor parapsíquico

Mas afinal, o que é parapsiquismo?

            De acordo com a Enciclopédia da Conscienciologia, o parapsiquismo é a condição da consciência humana (conscin) capaz de vivenciar parapercepções além dos sentidos do corpo físico (soma), incluindo aí as parapercepções energéticas da própria conscin (animicidade, Bioenergética, Energossomatologia), das projeções conscienciais (projetabilidade lúcida, Projeciologia) e das consciexes (paranormalidade, Parapsicologia, Parapercepciologia).

            Dentro do imenso conjunto de ideias que abarcavam os livros escritos por Balzac, denominadas A Comédia Humana, que foi separada por sessões de estudos específicos, Honoré de Balzac assim manifesta seu lado parapsíquico com mais intensidade nas obras que compunham seus Estudos Filosóficos, conforme podemos observar no livro Balzac: escritor parapsíquico, de autoria da Lília Junqueira.

            O autor tinha a liberdade de usar personagens fictícios para expressar suas vivências parapsíquicas, que até então não podia e nem gostaria de expor. Livros como O Médico Rural, O Cura da Aldeia, A Pele de Onagro e Louis Lambert eram ensaios de pensamentos de Balzac a respeito da extrafisicalidade e a relação do ser humano para com suas capacidades de interagir com a sua realidade multidimensional.

            Em muitos recortes de suas histórias, o leitor que tenha conhecimentos sobre a capacidade parapsíquica da consciência pode notar as diversas facetas do autor acerca desse atributo, tais como:

  1. Clarividência viajora: no livro Louis Lambert, durante sua narração sobre a batalha de Austerlitz, Balzac usa a fala de Lambert para descrever a sua percepção sobre a batalha histórica de maneira que ele mesmo não compreendia muito bem o realismo da visão sobre o fato e a percepção dos detalhes. Dizia ele, que quando leu sobre a batalha de Austerlitz, conseguia ver todos os incidentes dela. As descargas dos canhões, os gritos dos combatentes ressoavam em seus ouvidos, sentia o cheiro da pólvora e vários outros detalhes sobre o evento, corroborando a comprovação de que ele, por hipótese tenha tido uma espécie de clarividência viajora.
  2. Sensibilidade energética: Desde muito jovem, Balzac mergulhou nas leituras orientais advindas da China, conectando-se com a afinidade que o povo chinês tinha com as energias. Dentre os livros publicados por Balzac, alguns continham uma abordagem referente ao mesmerismo, que tratava as energias conscienciais como uma espécie de magnetismo ou força natural, onde todos os seres vivos possuíam e podiam realizar curas e autocuras. Pressupõe que Balzac, não apenas utilizava dessas temáticas em suas histórias, assim como também praticava mobilizações energéticas.
  3. Precognição e projetabilidade lúcida: Balzac é considerado por muitos pesquisadores da Conscienciologia como o precognitor da ciência que estuda a projeção da consciência, conhecida hoje como Projeciologia. No seu livro Louis Lambert, ele faz um relato projetivo detalhando sua experiência extrafísica e levanta uma série de questionamentos que na época eram incompreensíveis. Ele relata, através da voz de Lambert, que havia visitado um castelo e os campos ao redor do castelo de uma região da França, local esse que seria visitado pelo mesmo no dia seguinte junto com os seus colegas de classe, após o relato ele questiona: “Se a paisagem não veio até mim, o que seria absurdo pensar, vim até ela. Se eu estava aqui enquanto dormia em minha alcova, este fato não constitui uma separação completa entre o meu corpo e o meu ser interior? […] A natureza material seria então penetrável pelo espírito. Por que terão os homens refletidos tão pouco até agora sobre os acidentes do sono que acusam nele uma dupla vida? Não haverá uma nova ciência neste fenômeno? Se não é o princípio de uma ciência, certamente mostra no homem enormes poderes; anuncia ao menos a desunião frequente das nossas duas naturezas; fato em torno do qual volteio a tanto tempo. Enfim, encontrei um testemunho perfeito da superioridade que distingue os nossos sentidos latentes dos nossos sentidos aparentes! Homo duplex!
  4. Intuição extrafísica: No auge de sua carreira como escritor, sendo reconhecido pela comunidade parisiense, Balzac apresentava uma produtividade literária quase que desumana. Ele produzia muitas obras em um período de tempo muito curto, ao mesmo tempo que escrevia para colunas de jornais da região. Passava a maior parte do tempo enclausurado em seu pequeno quarto de hotel, escrevendo. O autor relatava que as madrugadas eram o melhor período de produtividade intelectual, onde mais tinha insights para escrita. Levando em consideração que Balzac tenha ajudado a causar uma disrupção no estilo de escrita da época, que era muito fictício e superficial, tem-se como hipótese que o mesmo havia tido uma equipex de amparo de função de escrita para desenvolver suas obras realistas que melhor representava a sociedade e seus problemas na época.
  5. Pangrafia: Considerada pelos pesquisadores da Conscienciologia como sendo uma escrita “a quatro mãos”, a Pangrafia é o registro consciencial avançado produzido pela vivência paraperceptiva multidimensional de vários fenômenos parapsíquicos simultaneamente, tais como clarividência, clariaudiência, psicometria, telepatia, precognição, retrocognição e outros. Neste caso específico, não foi a conscin Balzac que utilizou de habilidades pangráficas para escrever suas obras, mas sim o mesmo Balzac na condição de consciex em trabalho conjunto com a conscin Waldo Vieira em um empreendimento gesconográfico resultando na publicação do livro “Cristo Espera Por Ti”, obra que aborda com muita ênfase o ciclo seriexológico de um grupo de consciências da região da França. Este livro viria a preencher a lacuna da Comédia Humana de Balzac, que em momento algum mencionava o ciclo multiexistencial das consciências.

            Honoré de Balzac foi, em muitos momentos de sua trajetória como escritor, taxado como fútil pelos críticos literários, pelo fato de utilizar abordagens em que continham o tema sobre parapsiquismo em suas obras, fato que contribuiu negativamente em pressioná-lo a desistir de tais temáticas.

            Porém, sempre que havia a oportunidade, o autor trazia o leitor a questionamentos referentes a sua realidade multidimensional. Exemplo disso foi a teoria da vontade, no qual Balzac aborda aleatoriamente em algumas de suas obras, como sendo um dos maiores poderes do homem.

            No romance “O Centenário”, ele alega que o homem influi sobre o homem pelo maior ou menor vigor e potência projetiva da vontade. Segundo sua irmã Laure Surville, Balzac iniciou anotações sobre o Tratado da Vontade na época de colégio, porém os supervisores do colégio religioso da época destruíram alegando que era um tipo de heresia.

Traços da personalidade de Balzac

            Assim como toda consciência, Balzac possuía traços forças (Trafor) e traços fardo (Trafar). Mesmo tendo muitas habilidades no campo da escrita e da comunicabilidade, o autor apresentava muitas tendências egóicas, na maior parte delas, causadas pelo ímpeto de querer fazer parte dos círculos aristocráticos da época, esse glamour encantava-o e passou a ser sua ambição por muito tempo.

            Analisar uma consciência exige abordar uma pespectiva sob a ótica da Evoluciologia, considerando os aspectos positivos e negativos (trafores e trafares), podendo assim possuir uma margem de erro nas avaliações, pois a seguir serão apresentados esses aspectos em ordem alfabética segundo a visão do autor deste artigo que através de suas pesquisas chegou a tais definições e não do próprio Balzac sobre si mesmo.

Trafores:

  1. Autodidatismo: As diversas áreas constituídas na sua compilação intitulada “Comédia Humana” exigiram do autor um vasto conhecimento e uma precocidade nos estudos e desenvolvimento da intelectualidade, evidenciados na sua capacidade de resolver os problemas e desafios da época.
    Conhecimentos que foram adquiridos por vontade e inciativa própria, sobrepondo os ensinamentos tradicionais da sua época de estudante de colegiado.
  2. Autoconfiança intelectual: Balzac tinha a certeza íntima, desde a sua infância que deveria ser um escritor, mesmo concluindo o curso de Direito, que foi uma exigência dos pais. O autor sabia que sua maior contribuição seria no campo da literatura, e essa certeza íntima foi o que ajudou a enfrentar todos os problemas na sua carreira como escritor, tais como a desvalorização e falta de apoio e reconhecimento.
  3. Parapsquismo: Segundo Junqueira, Balzac era um projetor consciente e usava tal habilidade para escrever “A Comédia Humana”, o fato de o autor ter previsto o advento da Projeciologia não resume ao todo suas capacidades parapsíquicas. Essa capacidade inata de Balzac, auxiliou-o a manter a coerência entre os registros realistas de costumes da época em paralelo com as capacidades naturais (parapsíquicas) de seus personagens. Considerados por muitos como portador de alguma deficiência neurológica, o fardo de ser um escritor parapsíquico causaram agravantes e atenuantes em sua carreira profissional e pessoal.
  4. Priorização: Apesar de desde cedo Balzac sofrer influências da família para empreender os negócios do pai, o autor sempre conseguiu com maestria sobressair desses compromissos impostos e direcionar seu tempo e energia na sua empreitada intelectual e literária, esse senso de prioridade auxiliou-o a manter o foco naquilo que segundo ele, era o mais importante a ser feito. Tal postura, mostra o senso de prioridade proexológica de Balzac atuando como bússola consciencial.

Trafares:

  1. Antissomaticidade: A sua compulsão por aumentar cada vez mais a sua produtividade intelectual, Balzac consumia alta quantidade de cafeína diariamente e quase não se exibia a luz solar. Tal postura comprometia seriamente seu corpo físico, diminuindo a carga horária de sono em poucas horas e afetando seu sistema gastrointestinal. Essa exaustão ocasionou um esgotamento geral de seu corpo, causando uma dessoma precoce.
  2. Autodesorganização financeira: A sua relação para com o dinheiro nunca foi um exemplo a ser seguido, desde os seus primeiros empreendimentos na área editorial e confecção de livros, sempre causava dividas ao invés de lucro. A sua vida financeira sempre foi uma fuga dos seus credores, recorrendo a empréstimos para pagá-los acumulando os juros. Gastava altas quantias em roupas luxuosas e objetos supérfluos para poder se encaixar nos círculos aristocráticos e parecer um burguês afortunado.
  3. Ectopia afetiva: Tivera relacionamentos afetivos com mulheres que já possuíam relações conjugais, sempre tentando demonstrar que era um conhecedor do amor, mas segundo Junqueira não conseguiu reconciliar-se com seu pai que dessomou, abandonou dois filhos de relações amorosas passageiras e criou um laço de dependência com a mãe através de traços de arrogância e autovitimização.

            Dentre os erros e acertos da consciência Balzac, é notável que o mesmo possuía muitas lacunas intraconscienciais a serem superadas, e o autor deste artigo acredita que Balzac tinha autoconsciência desses trafares, até porque em algumas situações o autor demostrava em suas obras o seu descontentamento para consigo mesmo nas dificuldades de convivência, principalmente as de seu núcleo familiar (grupocarma).

            Fazendo um balanço existencial do alvo dessa pesquisa, Honoré de Balzac, acredito que a personalidade estudada atingiu seu completismo existencial, completando as suas metas de vida. Um dos indicadores que reforçam essa opinião, é o atacadismo assistencial que Balzac atingiu na publicação de suas obras e na revolução cultural que ajudou a se estabelecer no estilo de retratação da realidade da sociedade de sua época.

            Tal empreitada tornou-se possível, na minha visão, através da manifestação maior de seus trafores em relação aos trafares, produzindo um resultado assistencial em grande escala. Levando em consideração as recomposições grupocármicas que não foram feitas em vida, pode ter havido alguma espécie de melancolia extrafísica (melex) pós-dessoma do autor, mas a respeito dessa questão não há informações sobre o caso.

            Porém, assim como todos nós, Balzac é e continua sendo uma consciência em evolução, em superação contínua dos traços intraconscienciais dispensáveis.

Relação de Balzac com a CCCI (Comunidade Conscienciológica Cosmoética Internacional)

            A ciência Conscienciologia, desde o seu advento aqui no planeta Terra, vem se desenvolvendo como uma comunidade científica sobre os estudos da consciência de maneira integral, considerando seus diversos corpos de manifestação (Holossoma) e as diversas vidas subsequentes do ciclo multiexistencial (Seriexologia) da consciência.

            Esse senso de comunidade é sustentado pelo trabalho voluntário dos diversos pesquisadores dessa ciência ao redor do globo. Sendo o Brasil, a sede e local de assunção dessa neociência, a maioria dos pesquisadores atualmente são de nacionalidade brasileira.

            Apesar de existir centros de autopesquisa espalhados em diversos locais do Brasil e do mundo, o corpo comunitário criado a partir do voluntariado grupal e de interesses afins de pesquisadores constitui o que se chama atualmente de Comunidade Conscienciológica Cosmoética Internacional (CCCI), base propulsora de disseminação e desenvolvimento dessa neociência. Iniciada, através dos trabalhos do médico e pesquisador Waldo Vieira.

            Esse corpus de conhecimento da Conscienciologia, já edificado hoje nessa dimensão intrafísica, chancela com exatidão o evento precognitivo que Balzac teve em meados do século XIX através da sua obra Louis Lambert, onde o mesmo questiona a razão do homem ainda não haver estudado cientificamente as naturezas parapsíquicas que possuía, em especial a sua capacidade de se desconectar do corpo físico e se manifestar em outras dimensões, mais conhecido como projeção da consciência.

            A relação entre a personalidade Balzac e a Comunidade Conscienciológica Cosmoética Internacional (CCCI), não se restringe apenas ao evento precognitivo do escritor sobre a ciência Projeciologia. Em 1965, um ano antes de Waldo Vieira realizar a maxidissidência do espiritismo, publica uma obra pangrafada com o título Cristo Espera Por Ti.

            Nela, Vieira apresenta o romance escrito “a quatro mãos”, comunicando aos leitores que a consciência por trás da obra seria Honoré de Balzac, várias décadas mais tarde Waldo relata no livro Zéfiro: A Paraidentidade Intermissiva de Waldo Vieira, que:

-Quando Balzac me propôs receber o romance, eu aceitei na hora, pois entendi que era oportunidade para ele ressarcir a omissão deficitária. Além do mais, não poderia deixar o amigo na mão. Na época , eu não havia lido muitas obras dele. Talvez esta tenha sido minha maior dificuldade para compor o livro. Os amparadores nos auxiliaram muito, inclusive o evoluciólogo Transmentor e o amparador Enumerador, e o romance foi transmitido na base da pangrafia. (Teles, Mabel)

            Sendo a obra Cristo Espera Por Ti, o ultimo registro de Balzac, complementando a Comédia Humana, com informações sobre o ciclo multiexistencial das consciências, comunidades extrafísicas, visitas a parapsicotecas e reflexões sobre holocarmalidade, e marcada também por ser a última obra escrita por Waldo Vieira como membro da comunidade espírita, a relação entre Balzac e CCCI vem sendo estudada por pesquisadores da Conscienciologia até os dias atuais, inclusive a obra Cristo Espera Por Ti foi republicada em 2007, contendo algumas modificações de linguagem e notas de rodapé explicativas.

Figura 1 – Reedição do livro Cristo Espera Por Ti, em 2006 – Fonte: Google images

            A publicação da obra contendo o nome de Balzac chamou muita atenção dos leitores, principalmente no meio literário, onde a maioria não eram adeptos ao espiritismo e também a nenhum tipo de grupo que estudava as relações do ser humano com outras dimensões.

            Criticado como sendo um pasticho, ou cópia barata para vender ao público alvo da época, até que em 1994 Osmar Ramos Filho, psicólogo, escritor e especialista nos textos de Balzac desenvolve pesquisa minuciosa, detalhista e exaustiva em uma obra de mais de 500 páginas intitulada “O Avesso de um Balzac Contemporâneo”, para verificar a pretendida autoria do romance Cristo Espera Por Ti a Honoré de Balzac.

            Ramos Filho indica que “apesar da reduzida extensão do livro em relação a vastíssima obra do romancista, contém ele todas as características da arte de Balzac”. Portanto, um “autêntico romance de Balzac”.

Figura 3 – Primeira edição do livro: O Avesso de um Balzac Contemporâneo. 1994 – Fonte: Google images

            A casuística desse empreendimento realizado pelas consciências, Balzac e Waldo Vieira, os registros das obras citadas nesse artigo e exposições em tertúlias conscienciológicas por pesquisadores e pelo próprio Waldo Vieira, exemplificam a qualidade do trabalho assistencial e o nível do revezamento multiexistencial entre essas duas consciências.

Contrapontos Invéxis e Balzac

            Assim como toda consciência possui traços e personalidade singular, Honoré de Balzac não é diferente, essa condição poliédrica da manifestação do ser humano quando analisada biograficamente, tem que ser considerada e apurada conforme sua complexidade assim como também o período da história em que viveu e a mesologia que envolvia os contextos da época.

            A França do século XIX com os vários movimentos políticos que preencheram esse período foi palco de inúmeras batalhas bélicas e ideológicas, de monarquia e imperialismos a um esboço de república democrática, num jogo de vai e vem entre esses três cenários.

            Balzac, no meio desse contexto, manifestou seus trafores e trafares que em alguns pontos foram potencializados pela condição da época e outros pontos representaram um grande diferencial, que comprovava a sua importância como representante de ideias a respeito da natureza humana multidimensional.

            O objetivo dessa seção é relacionar esses traços com os fundamentos da técnica da Inversão Existencial, mas não para verificar a invexibilidade de Balzac e sim para enriquecer a pesquisa com contrapontos e paralelos sobre essa personalidade.

            A inversão existencial ou invéxis é a técnica de planejamento máximo da vida humana, fundamentada na Conscienciologia, aplicada desde a juventude, objetivando o cumprimento da programação existencial, o exercício precoce da assistência e a evolução NONATO et al. (2011, p.22).

            Um dos aspectos da Invéxis que é frequentemente pesquisado e discutido é o nível de precocidade da pessoa que é candidata a aplicação da técnica da Inversão Existencial e a sua antecipação das crises evolutivas ainda na fase preparatória da programação existencial, sem ter atingido ainda a maturidade biológica, considerada a partir dos 26 anos de idade.

            A análise comparativa entre os traços conhecidos de Balzac e sua relação com os fundamentos da Invexis será avaliada nos anos que antecedem a maturidade biológica do escritor.

            A referência bibliográfica utilizada para realizar a análise, é o capítulo 626. Fundamentos Técnicos da Invéxis do livro 700 Experimentos da Conscienciologia, escrito pelo médico e pesquisador Waldo Vieira, propositor dessa neociência. Segue abaixo uma tabela que ilustra alguns traços de manifestação conhecidos de Honoré de Balzac e seu cotejo e compatibilidade com as características da Invéxis:

Características da InvéxisTraço de BalzacCompatibilidade com a Invéxis
1Idade. Dedicação consciente de tempo integral, prioritária, à execução da proéxis, desde a puberdade ou, no máximo, antes da maturidade biológica, 26 anos de idade.Desde jovem Balzac já tinha a certeza íntima de que seria  escritor e se dedicou tempo integral a isso, contra a vontade de seus pais que queriam que seguisse a carreira da escola de direito.Compatível
2Planejamento. O planejamento inversivo tem início, portanto, em plena fase preparatória da vida humana, quando a conscin ainda não se acha comprometida, em definitivo, para o resto da sua existência.Na pesquisa do autor desse artigo, não há registros de Balzac ter realizado algum esboço de planejamento com as características que a Invéxis aborda, inclusive o escritor precisou seguir obrigatoriamente o desejo dos pais para gerir os negócios da família. Incompatível
3Curso Intermissivo. O inversor tem como objetivo a materialização integral, na Terra, do curso intermissivo  pessoal da conscin (proéxis).O autor desse artigo não obtém informações de fatos e parafatos para afirmar que Balzac foi ou não um intermissivista, mas o escritor começou a escrever obras de maior maginitude social e multidimensional apenas depois dos 30 anos. Na sua juventude até os 26 anos de idade escrevia romances com temas populistas para agradar as massas.Incompatível
4Liberdade. Dedicação a proéxis pessoal, ao estudo e a uma carreira profissional, sem casamento ou excessivos comprometimentos familiares, institucionais e temporais, permanecendo livre para atuar com a multidimensionalidade sem fanatismos, com discernimento maior possível.Balzac se dedicava integralmente ao estudo das pessoas, aos costumes da época e da vida em sociedade, mas constituiu diversas interprisões afetivas, com casamentos problemáticos, traição conjugal, recomposições pendentes com a mãe e filhos.Incompatível
5Amparo. Contato assistencial mais direto, permanente, com os amparadoresBalzac teve muitos insights a respeito da multidimensionalidade, que escreveu em seus livros, assim como em sua abordagem sobre o poder da vontade na manifestação do homem. Também é considerado o precognitor da Projeciologia, quando relata sobre o advento de uma ciência que estudaria a dupla vida (homo duplex) do homem (manifestação do psicossoma), isso pode ser atribuído a uma equipex que investia no trabalho do escritor francês.Compatível
6Intelectualidade. Desenvolvimento da intelectualidade através do autodidatismo e recursos disponíveis através do mentalsoma.Balzac sempre aproveitou o máximo dos aportes oferecidos por seus pais, principalmente a disponibilidade de biblioteca pessoal extensa com diversos assuntos sobre sociedades históricas e parapsiquismo. Segundo Junqueira, em algumas cartas de Balzac, ele afirmava que aos 15 anos já sabia tudo que se poderia saber sobre a China naquela época.Compatível
7Parapsiquismo. Domínio energético através dos estudos autodidáticos, teáticos, permanentes, as verdades relativas de ponta cosmoéticas.Com base em seus livros mais emblemáticos sobre o tema de multidimensionalidade, como O Médico Rural, O Cura da Aldeia, A Pele de Onagro e Louis Lambert, comprova que Balzac tinha o conhecimento das capacidades parapsíquicas da consciência. Porém ainda se escondia atrás de seus personagens e não falava abertamente à sociedade francesa sobre essas verpons, pois tinha o receio da exclusão dentro do círculo literário.Incompatível
8Psicossoma. Domínio razoável da própria vida afetiva, desde a adolescência, fase das reações emocionais imaturas, em formação.Balzac era extremamente detalhista em suas escritas, descrevendo seus personagens e os diversos temperamentos que constituíam aquela sociedade francesa, mas segundo grandes historiadores e especialistas da obra de Balzac, ele era uma pessoa que tinha muita carência afetiva, e por conta disso tomava decisões imaturas quando se tratava de relacionamentos amorosos. Também era muito apegado aos círculos aristocráticos e pela vida luxuosa que exigia nesses locais.Incompatível

            É necessário enfatizar que a técnica da Inversão Existencial, na época em que Balzac estava ressomado (1799-1850) não havia sido proposta ainda, portanto a tabela acima do cotejo das manifestações conhecidas do escritor com as características da Invéxis é um recurso para analisarmos essa personalidade que teve um papel muito importante para o surgimento da Projeciologi.

            Também vale ressaltar os méritos que tornaram Balzac uma figura muito importante e pertencente ao grupo da Comunidade Conscienciológica Cosmoética Internacional (CCI), tais méritos foram comprovados a posteriori quando Balzac na condição de consciex teve a oportunidade de materializar uma gescon em conjunto com Waldo Vieira através do fenômeno da pangrafia.

            Aos praticantes e candidatos da técnica da invexis, vale a pena o investimento de tempo no estudo da biografia dessa personalidade chamada Honoré de Balzac, seus feitos e representatividade reverberam até os dias atuais, desde as reformas no estilo literário realista até aos estudos da projetabilidade.

            Com discernimento na leitura, o inversor pode avaliar os erros cometidos pelo escritor para utilizar como profilaxia dos desvios proexológicos e também usar como exemplo as realizações de Balzac, que em holopensene muito mais hostil conseguiu ser completista dentro das suas possibilidades.

A importância do estudo da biografia de Balzac

            Toda obra biográfica, tem o objetivo de relatar a vida de uma pessoa através das ações e experiências do biografado, assim como a importância e representatividade que ele(a) sucedeu em vida.

            Porém, toda biografia estará restringida pela visão do autor que a escreve, mesmo que esse autor seja um especialista ou erudito no assunto, no caso desse artigo não é diferente, ainda mais quando a abordagem do artigo seja conscienciológica.

            Portanto a complexidade de relatar a vida de uma consciência, levando em consideração não só as ações em vida mas como também a holobiografia do alvo em questão, exige do leitor aplicar o princípio da descrença e não acreditar nas informações contidas neste artigo, e sim, buscar por sua própria vontade os diversos registros e recortes que existem atualmente sobre Honoré de Balzac.

            Dito isso, é importante ressaltar que o objetivo deste artigo não foi apresentar um balanço existencial do biografado, e sim fazer um apanhado resumido da vida do escritor e suas contribuições para a sociedade e expor as relações dele com a Comunidade Cosncienciológica Cosmoética Internacional (CCCI).

            Depois das ressalvas acima, é peremptório afirmar com base nas autoexperiências do autor deste artigo, que, estudar a biografia de uma consciência utilizando a abordagem conscienciológica, faz o autopesquisador olhar não somente para os erros e acertos do biografado, mas também para os seus próprios. Sendo assim, um exercício de auto e heterocrítica que traz muitos benefícios evolutivos ao pesquisador.

            Contudo, a experiência de estudar a vasta enciclopédia de Balzac em sua “Comédia Humana” é ter a oportunidade de esmiuçar os costumes e hábitos do ser humano que além de representar a cultura de seu tempo, ainda nos serve de exemplo para muitos comportamentos atuais.

            Seu detalhismo afinado no uso das palavras, mostra a delicadeza de suas percepções da realidade, e um microuniverso encantado com a vida em sociedade.

            E para finalizar, é coerente afirmar com base nas minhas pesquisas, que, o maior exemplo que se pode tirar da casuística de Honoré de Balzac é a prioridade e constância nos empreendimentos evolutivos que a vida, ou melhor dizendo, a programação existencial nos oferece, pois tal postura possibilitou a Balzac continuar seus empreendimentos na condição de consciex, e aumentar o seu nível de esclarecimento e assistencialidade em suas obras.

            Exemplo disso, sua obra póstuma Cristo Espera Por Ti.

            Você leitor ou leitora, qual proveito tira no estudo da vida e obra de Honoré de Balzac? Existe algum fato ou parafato que sirva de rapport com o escritor? Já pensou em se aprofundar nos estudos da seriexologia para ter melhores conclusões?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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