Ciência
06/05/2019 às 02:30•4 min de leitura
Talvez você já tenha ouvido falar a respeito do curioso personagem chamado Rasputin, um místico meio maluco que ganhou fama de ser quase imortal no início do século 20. Pois esse homem se tornou uma figura bastante influente na corte russa ao final do período czarista, e foi o poder conquistado junto aos monarcas — e o ciúme que a sua posição inspirava — que indiretamente provocaram a sua trágica morte no inverno de 1916.
Filho de camponeses, Grigoriy Yefimovich Rasputin nasceu em Pokrovskoye, na Sibéria, em 1869. Ainda pequeno começou a chamar a atenção dos moradores do vilarejo em que vivia, onde alguns acreditavam que o menino era meio esquisito, enquanto tantos outros diziam que ele tinha poderes sobrenaturais.
Na adolescência, Rasputin foi para o mosteiro de Verkhoture, nos Montes Urais, com o objetivo de se tornar um monge. No entanto, ele nunca completou os estudos, se casando aos 19 anos com Praskovia Fyodorovna, com quem teve três filhos. Em 1906, Rasputin se mudou para São Petersburgo e apenas dois anos depois ele foi apresentado ao Czar Nicolau II e sua esposa, Alexandra Feodorovna. Foi aí que Rasputin começou a ganhar sua fama.
O monge foi procurado pelos czares, que estavam desesperados para encontrar uma cura para o filho Alexei, herdeiro do trono. O menino sofria de hemofilia — uma condição hereditária que afeta a coagulação do sangue —, e Rasputin se tornou a única pessoa capaz de parar os sangramentos do príncipe cada vez que ele se machucava.
Hoje se especula que o poder de “cura” do monge estaria em sua habilidade em acalmar o príncipe, baixando sua pressão sanguínea e, consequentemente, os sangramentos do menino. Uma das possibilidades é que Rasputin fizesse uso da hipnose para isso, mas não faltam rumores de que o místico maluco empregava a magia negra para tratar Alexei.
Além das acusações do emprego de poderes sinistros, outro aspecto controverso sobre Rasputin era o fato de ele dizer ser capaz de livrar as mulheres de seus pecados “dormindo” com elas para ajudá-las a encontrar a graça divina. E ao longo de sua vida não faltaram seguidoras, assim como muitas acusações e desavenças por conta de seu comportamento devasso.
Ainda assim, após a primeira “cura”, Rasputin ganhou a confiança da czarina e, durante os 5 anos seguintes, passou a exercer grande influência sobre o tratamento de Alexei. O problema é que, apesar do comportamento indecente e incontrolável, o monge assumiu o papel de conselheiro pessoal da czarina, e a pobre mulher defendia sua presença na corte na crença de que Rasputin era a única pessoa capaz de salvar a vida de seu filho.
E, como você pode imaginar, não demorou muito até que a sua presença no palácio, assim como o tempo que ele passava com Alexandra, acabassem por gerar duras críticas — e infames rumores — contra a família real.
Segundo os críticos, a influência de Rasputin teria provocado o distanciamento dos monarcas de seu povo. Além disso, circulavam rumores de que o monge organizava orgias e de que ele teria mantido relacionamentos com diversas mulheres casadas com aristocratas. Um dos boatos inclusive sugeria que Rasputin tinha um caso com a própria czarina e, portanto, era uma desgraça para a corte.
Tudo isso ocorreu em um período que antecedeu a Revolução Russa, e a tensão — que já era grande — aumentou depois de o monge lançar a previsão de que a Rússia cairia em desgraça durante a Primeira Guerra Mundial, levando o Czar a partir para a batalha e deixar Alexandra encarregada dos assuntos domésticos. Os críticos acusavam Rasputin de usar seus poderes para envenenar a mente da czarina, embora ele tivesse pouca influência sobre assuntos políticos.
Foi então que as tentativas de assassinato começaram. A primeira delas ocorreu em 1914, pelas mãos de uma prostituta que esfaqueou Rasputin — dizem que suas entranhas caíram no chão enquanto a moça gritava que havia matado o anticristo —, mas o monge milagrosamente sobreviveu. Depois, em 1916, um grupo de nobres elaborou um plano mais bem organizado que, eventualmente, acabou funcionando.
Os nobres convidaram Rasputin para uma visita à residência de um deles, e lá ele teria ingerido alimentos e vinho contendo cianeto em uma quantidade suficiente para matar cinco homens. Contudo, como o monge não mostrava qualquer sinal de envenenamento, os conspiradores se desesperaram e lhe deram um tiro. No entanto...
Segundo os relatos, Rasputin estava caído no chão e sem pulso quando, de repente, abriu os olhos e saltou violentamente contra um de seus agressores, tentando estrangulá-lo. Então os demais nobres também disparam vários tiros contra o monge e, para garantir que desta vez ele não voltaria do mundo dos mortos, o espancaram brutalmente.
Dizem ainda que os agressores cortaram o pênis de Rasputin antes de enrolar o homem em um tapete e jogá-lo no rio Neva, que estava parcialmente congelado. O cadáver foi recuperado três dias depois, e o relatório da necropsia apontou que Rasputin surpreendentemente ainda parecia estar vivo quando seus assassinos se livraram dele, e que ele provavelmente morreu afogado ou devido à hipotermia.
Contudo, curiosamente, um pouco antes do atentado, Rasputin teria dito ao czar que, se ele morresse pelas mãos de desconhecidos, tanto o monarca como seus filhos continuariam governando a Rússia durante os próximos séculos. Por outro lado, caso ele fosse morto pelas mãos de conspiradores, o czar e sua família seriam mortos pelo povo russo. Independente de que ele tenha adivinhado isso ou não, menos de 2 anos depois a família real foi assassinada.
Segundo a lenda, depois que os agressores de Rasputin cortaram seu pênis, uma criada encontrou o membro decepado e o guardou. Nos anos 20, o pênis teria ido parar nas mãos de um grupo de mulheres russas que viviam em Paris e que o consideravam uma espécie de amuleto da fertilidade. Após descobrir o paradeiro do membro perdido, uma das filhas de Rasputin exigiu que ele fosse imediatamente devolvido.
Após a morte da filha na década de 70, o pênis trocou de mãos novamente, e o novo dono, depois de tentar leiloá-lo, descobriu que, na verdade, o membro era um pepino-do-mar. Ninguém sabe ao certo o que aconteceu nem como a troca — do falo por uma criatura marinha — aconteceu, mas, em 2004, o pênis verdadeiro de Rasputin supostamente apareceu.
Um pesquisador da Academia Russa de Ciências Naturais decidiu abrir um museu dedicado ao erotismo em São Petersburgo, na Rússia, e, além de vários pertences de Rasputin, um dos itens em exposição seria o famoso membro. O tal pesquisador garante que o falo — com 30 centímetros de comprimento! — foi adquirido de um colecionador francês não identificado e que o item é autêntico. Vai saber...
*Publicado em 06/11/2016