O príncipe Frederico, que em breve passará a ser o Rei da Dinamarca, chega ao trono após o renúncia ao trono da sua mãe, a Rainha Margarida. Quem é este dinamarquês de 55 anos, que no dia 14 de janeiro assumirá os comandos da Dinamarca?
Foi recentemente, no discurso de Ano Novo, que a Dinamarca foi informada pela sua rainha regente de que em breve irá ter um novo rei.
"Decidi que este é o momento certo. Dia 14 de janeiro de 2024, 52 anos depois de ter sucedido ao meu querido pai, deixarei de ser rainha da Dinamarca", afirmou.
Margarida II já tinha afirmado publicamente não ter intenções de abandonar o trono e que a condição de rainha "era um dever para toda a vida".
De forma inusitada para os costumes nórdicos, a rainha de 83 anos, que subiu ao trono em 1972, anunciou em direto na televisão que irá abdicar da sua posição. Quer na Dinamarca, quer nas outras monarquias nórdicas, não há tradição de abdicar, e o habitual é os monarcas exercerem o mandato até à morte.
No seu discurso de Ano Novo, Rainha Margarida afirmou que após uma operação bem sucedida às costas, a que foi submetida em fevereiro, “a cirurgia deu naturalmente origem a uma reflexão sobre o futuro - se tinha chegado o momento de deixar a responsabilidade à geração seguinte”.
A Rainha Margarida tornou-se a monarca mais antiga da Europa, após a morte da Rainha britânica Isabel II, em setembro de 2022. Em julho, tornou-se a monarca em funções há mais tempo na história da Dinamarca.
O primogénito, de 55 anos, assumirá o trono no mesmo dia da abdicação da mãe, depois de um Conselho de Estado.
Infância e juventude
Frederik André Henrik Christian, que no dia 14 de janeiro assumirá o novo título de Rei Frederico X (Frederik X), foi um jovem rebelde, que mais tarde se tornou num popular príncipe.
O Príncipe Frederico é o filho mais velho da Rainha Margarida e do seu falecido marido, de origem francesa, o Príncipe Henrique, que morreu em fevereiro de 2018.
Nascido numa altura em que o seu avô materno, Frederico IX (que lhe deu o nome), governava o trono dinamarquês e o seu bisavô matrilinear, Gustaf VI Adolf, ocupava o trono sueco, Frederico partilha o seu legado real com o seu irmão mais novo, o Príncipe Joaquim.
De príncipe festeiro, a académico e militar
Em 1995, o Príncipe Frederico atingiu um marco histórico ao tornar-se o primeiro membro da realeza dinamarquesa a obter um diploma de mestrado.
Frederico, que no início da década de 90 era considerado um rebelde “príncipe das festas”, que gostava de carros velozes, mudou a sua reputação quando se licenciou em Ciências Políticas na Universidade de Aarhus (Dinamarca), tendo passado um ano na Universidade de Harvard (Estados
Unidos da América).
O trabalho de fim de curso analisava a política externa dos Estados Bálticos, um assunto que explorou em primeira mão durante várias visitas à região.
O Príncipe Frederico completou extensos estudos e treinos militares nos três serviços (marinha, exército e força aérea), tendo nomeadamente completado o treino como mergulhador de combate nas forças navais de operações especiais de elite dinamarquesas Frømandskorpset.
Foi aqui que ganhou a afetuosa alcunha de "Pingo" (Pinguim), devido a um alegado incidente em que o seu fato de mergulho se encheu de água e ele foi obrigado a andar como um pinguim.
O Príncipe Herdeiro Frederico continua a desempenhar um papel ativo nas forças de defesa do seu país.
Quando o príncipe conhece a consultora…
Em 2003, a Rainha Margarida deu o seu consentimento para o casamento real do Príncipe Frederico com Mary Elizabeth Donaldson, uma consultora de marketing australiana que conheceu durante os Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000.
O casamento real teve lugar no dia 14 de maio de 2004, na Catedral de Copenhaga, marcando o início de uma família que viria a ser constituída por quatro filhos: Christian (nascido a 15 de outubro de 2005), Isabella (nascida a 21 de abril de 2007) e os gémeos Vincent e Josephine (nascidos a 8 de janeiro de 2011).
No entanto, o ano passado, surgiram rumores de um alegado affair entre Frederico e a socialite mexicana Genoveva Casanova.
Fotos dos dois a passarem uma noite juntos em Madrid alimentaram a controvérsia, levando a socialite a emitir uma declaração negando qualquer envolvimento romântico e rejeitando os rumores deste caso extraconjugal como "maliciosos".
A Casa Real absteve-se de comentar o assunto.
Frederico, “o destemido”
O Príncipe Frederico é conhecido por ter um espírito aventureiro, mencionado pela sua participação em várias expedições, incluindo uma à Mongólia em 1986 e a "Expedição Sirius 2000" na Gronelândia como fotógrafo cinematográfico.
Para além das expedições, Frederico pratica esqui de fundo e chegou mesmo a participar na Vasaloppet, a maior corrida de esqui de fundo do mundo, ao lado do príncipe herdeiro da Noruega, Haakon.
Um ávido corredor, o Príncipe Frederico completou maratonas em Copenhaga, Nova Iorque e Paris, tornando-se ainda o primeiro membro da realeza a completar um Ironman em 2013.
Foi ainda hospitalizado devido a acidentes com trenós e trotinetas.
Para celebrar o seu 50.º aniversário, a 21 de maio de 2018, lançou a "Royal Run", um evento público de corrida que abrange as cinco maiores cidades da Dinamarca.
Com mais de 70 mil participantes no seu primeiro ano, incluindo Frederico e a sua família, o evento foi um sucesso entre o público dinamarquês e é agora um evento anual.
Príncipe ambientalista
O Príncipe Frederico, tal como o Rei britânico Carlos III, é conhecido pela sua paixão pelo ambiente, tendo prometido "guiar o barco" da Dinamarca para o futuro.
A sua esposa, a Princesa Maria, nascida na Austrália, cresceu na ilha da Tasmânia e uma vez, numa entrevista, disse que não sabia que ele era o príncipe da Dinamarca quando se conheceram: “Meia hora depois, alguém veio ter comigo e perguntou: ‘Sabes quem são estas pessoas?’”, disse numa entrevista.
O casal é considerados por alguns dinamarqueses como representantes dos valores modernos, que tentaram dar uma educação ao filhos tão normal quanto possível enviando-os, por exemplo, para escolas públicas.
Coroação do Príncipe
Ao contrário da tradição real britânica, não haverá uma cerimónia formal de coroação do Príncipe Frederico. Em vez disso, a sua ascensão será anunciada no dia 14 de janeiro a partir do Palácio de Christiansborg, em Copenhaga.
Tornar-se-á Rei da Dinamarca e Chefe de Estado do país - que é uma monarquia constitucional - bem como da Gronelândia e das Ilhas Faroé.