Filipe III de Espanha e II de Portugal - Portugal, Dicion�rio Hist�rico

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O Portal da Hist�ria Dicion�rio Filipe III de Espanha e II de Portugal
Filipe II de Espanha
Filipe II

 

Filipe III de Espanha e II de Portugal.

 

n.       [ 14 de abril de ] 1578.
f.        31 de
mar�o de 1621.

 

O Pio

Nasceu em Madrid em 1578, onde tamb�m faleceu em 31 de mar�o de 1621. Era filho de Filipe II, e de sua quarta mulher, D. Ana de �ustria.

Subiu ao trono em 1598, contando vinte anos de idade. Tinha um car�cter fraco, ap�tico e irresoluto, e foi completamente dominado pelo seu ministro duque de Lerma, D. Crist�v�o de Moura, que fora elevado a marqu�s de Castelo Rodrigo, e nomeado vice-rei de Portugal, o que muito indignou os portugueses, apesar da sua administra��o ser das mais h�beis, segundo consta. O duque de Lerma procurava um pouco favorecer Portugal e cimentar a uni�o dos dois reinos da pen�nsula, adoptando medidas de grande import�ncia. Assim tratou tanto quanto poss�vel do desenvolvimento da marinha, aboliu os Portos secos, as alf�ndegas, abriu os portos de Portugal ao com�rcio ingl�s, e por algum tempo tamb�m os teve abertos ao com�rcio holand�s, mas essa ultima medida pouco tempo durou, o que prejudicou muito Portugal. Em 1609, vendo que n�o podia lutar por mais tempo com os estados da Holanda, assinou com eles uma tr�gua de doze anos, mas t�o ineptamente procedeu o marqu�s de Castelo Rodrigo que, assinando a tr�gua na Europa, deixou que continuassem as hostilidades nas col�nias, onde mais prejudiciais eram ao pa�s. Por essa mesma �poca publicou Filipe III um edito expulsando definitivamente de Espanha os descendentes dos mouros. Depois da conquista de Granada por Fernando, o Cat�lico, esses mouros tinham sido for�ados a abra�ar o Cristianismo, formavam uma massa de popula��o submissa, industriosa, cultivando admiravelmente a terra e enriquecendo o Estado, mas o fanatismo espanhol n�o lhes perdoava a sua origem. A sua expuls�o foi uma grande fatalidade para a pen�nsula, que perdeu perto de um milh�o doa seus habitantes mais industriosos, e arruinou a sua agricultura e a sua ind�stria. Desses desgra�ados, os que se recusavam a abandonar a p�tria, eram perseguidos como feras e assassinados, ficando somente as crian�as de menos de sete anos, que se venderam como escravas, depois de se baptizarem. Esta expuls�o dos mouros n�o foi movida s� pelo fanatismo, porque Filipe III tratava ao mesmo tempo com os judeus de Portugal para os proteger contra os rigores da Inquisi��o, a troco dum subs�dio importante. 

Ao marqu�s de Castelo Rodrigo sucedera no governo de Portugal o bispo de Coimbra, a este o bispo de Leiria, voltara depois ao marqu�s, novamente ao bispo de Leiria, ao arcebispo de Braga, ao arcebispo de Lisboa, e finalmente ao marqu�s de Alenquer, espanhol de origem, e que por conseguinte estava completamente fora das condi��es estipuladas pelas cortes de Tomar. O descontentamento dos portugueses era geral, e Filipe III, que n�o o ignorava, empreendeu uma viagem a Portugal, resolu��o que muito aplaudiu o novo ministro e valido, o duque de Uzeda, filho do duque de Lerma, que desca�ra do valimento real, e se havia afastado da corte. A viagem realizou-se em 1619. Dela ficou a interessant�ssima narrativa ilustrada de Jo�o Baptista Lavanha, e que, embora impressa em Madrid, o foi � custa da cidade de Lisboa. O soberano foi acolhido por toda a parte com o maior entusiasmo, as c�maras e as corpora��es portuguesas gastaram enormes somas para uma pomposa recep��o, esperando grandes proveitos desta viagem, imaginando que o soberano daria providencias contra os danos de que todos se queixavam das arbitrariedades dos governadores. Filipe III, por�m, nada fez, nem sequer soube cativar simpatias. Insinuou-se-lhe que fizesse de Lisboa a capital da vasta monarquia espanhola, e Filipe nem se dignou responder; os fidalgos e os jurisconsultos queixaram-se de que nem recebiam merc�s, nem eram empregados nos tribunais, nas embaixadas, nas universidades espanholas, e Filipe n�o fez o m�nimo caso destas reclama��es. O duque de Uzeda, muito menos h�bil que seu pai tratou com aspereza o duque de Bragan�a, que viera tamb�m prestar homenagem � majestade castelhana. Depois de estar alguns meses em Lisboa, sem fazer mais do que causar grandes despesas aos seus s�bditos portugueses, Filipe retirou-se em outubro do referido ano de 1619, deixando Portugal descontent�ssimo, agravando-se ainda mais esse descontentamento, depois da sua sa�da, com a recondu��o do marqu�s de Alenquer no cargo de vice-rei de Portugal. Na �ndia, contudo, mantinha-se o nosso dom�nio, ainda que, a muito custo; os holandeses j� tinham tentado tomar-nos as Molucas, Malaca e Mo�ambique, mas batidos por Andr� Furtado de Mendon�a e Est�v�o de Ata�de, haviam desistido dessa empresa. Na Am�rica tamb�m os holandeses ainda n�o tinham atacado as nossas col�nias. 

Filipe III casou com D. Margarida de �ustria, filha do arquiduque Carlos, no dia 18 de abril de 1599. Ao sair de Portugal Filipe adoeceu gravemente em Covarrubias, e nunca mais se restabeleceu, falecendo pouco mais dum ano depois. Diz-se que a sua morte foi devida ao rigor de etiqueta, porque sentindo-se muito incomodado com o calor dum braseiro, teve de o suportar enquanto n�o apareceu o fidalgo, que pela sua hierarquia, segundo as praxes palacianas, era encarregado de o fazer remover para outro lugar. No Panorama, vol. II da 2.� s�rie, 1843, a p�g. 218, 238 e 253, vem uma narrativa intitulada O Braseiro, em que se descreve este facto. No seu reinado publicou-se a reforma das Ordena��es do reino, que Filipe II tratou logo no come�o do seu reinado; apesar de j� estar conclu�da em 1597, s� veio a publicar-se em 1603. S�o as conhecidas ordena��es denominadas Filipinas, e que na ordem dos tempos foram precedidas pelas intituladas Afonsinas e Manuelinas.

 

 

Biografia e ficha geneal�gica de Filipe II
O Portal da Hist�ria

 

 

 

 

 

Portugal - Dicion�rio Hist�rico, Corogr�fico, Her�ldico, Biogr�fico, Bibliogr�fico, Numism�tico e Art�stico,
Volume III, p�gs.
489-491.

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