Cultura
O que é verdade e o que é ficção sobre o príncipe Philip em 'The Crown'
Casado com a Rainha Elizabeth II há 74 anos, o duque de Edimburgo faleceu na manhã desta sexta (9)
4 min de leituraO príncipe Philip, Duque de Edimburgo, faleceu na manhã da última sexta-feira (9), aos 99 anos. A informação foi confirmada pela família real no Twitter, mas a causa da morte ainda não foi revelada. Philip foi casado com a Rainha Elizabeth II por 74 anos e, dessa forma, foi centro de várias polêmicas da família real britânica. Não é novidade para ninguém que a vida dos monarcas provoca curiosidade e rendeu um bom quinhão de filmes, séries e documentários que se dedicam a compreender o que acontece dentro dos castelos. Talvez a mais bem-sucedida seja The Crown, da Netflix, que caminha para a 5ª temporada com uma boa coleção de prêmios.
Interpretado por Matt Smith nas duas primeiras temporadas e por Tobias Menzies nos anos 3 e 4, Philip é um dos principais responsáveis por movimentar o mundo de Elizabeth na série, protagonizando polêmicas e até algumas brigas com a monarca. Mas quanto do príncipe Philip de The Crown é verdade e quanto é ficção? Veja abaixo:
Ele teve uma infância difícil
Verdade. Ainda durante a infância, a família do Duque foi expulsa da Grécia durante uma crise política e, após o exílio, sua mãe teve um colapso nervoso e o pai se mudou para a França, deixando Philip na Grã-Bretanha para crescer em vários internatos pela Europa. Ele era herdeiro da coroa da Grécia e descendente da Rainha Vitória (sim, ele e Elizabeth são primos em terceiro grau). Algum tempo depois sua mãe, a princesa Alice de Battenberg, foi diagnosticada com esquizofrenia e passou a vida internada em uma instituição psiquiátrica.
Philip queria que os filhos tivessem seu sobrenome, Mountbatten?
Verdade. Não há nenhum documento histórico que comprove que foi Philip quem pressionou a coroa pela alteração do protocolo, mas de acordo com o biógrafo Gyles Brandreth no livro Philip and Elizabeth: Portrait of a Royal Marriage (Philip e Elizabeth: Retrato de um Casamento Real, em tradução livre), ele ficou um pouco chateado. “Eu não sou nada além de uma ameba sangrenta. Sou o único homem no país que não tem permissão para dar seu nome para seus próprios filhos”, teria dito o Duque.
Não teve jeito: Elizabeth era a herdeira da casa de Windsor e, ao assumir a coroa, precisava passar o nome da família aos descendentes. Philip perdeu a briga, mas em 1960 ela decidiu que os herdeiros sem título real usariam o nome Mountbatten-Windsor, uma composição dos sobrenomes de ambos.
Ligação com o partido nazista
Verdade. Em uma das cenas de The Crown, o primeiro-ministro Winston Churchill (John Lithgow) alfineta Philip, afirmando que suas irmãs não poderiam comparecer ao seu casamento com Elizabeth porque eram casadas com nazistas. Talvez a cutucada do político não tenha existido, mas três das quatro irmãs do príncipe Philip tiveram associação com o partido nazista. Nenhuma delas pôde comparecer ao casamento real e apenas a mãe do noivo marcou presença.
Infidelidade de Philip
Não se sabe. A suposta infidelidade do príncipe é responsável por um dos maiores arcos ao longo das duas primeiras temporadas de The Crown, mas nunca houve a comprovação de uma traição por parte dele. Contudo, é verdade que ele era conhecido por seu charme e, ao longo dos anos, vários tabloides britânicos publicaram histórias sobre supostas traições, que precisaram ser desmentidas à exaustão pela família real.
Robert Lacey, consultor histórico da série, explicou em entrevista à revista People que a intenção era justamente ilustrar as especulações do público. "As pessoas frequentemente comentavam: 'ele deve ter sido infiel'. Mas não há provas sólidas disso", disse ele. Durante uma entrevista em 1992, o próprio Philip falou sobre o assunto: "Meu Deus, por acaso você já parou para pensar que, por anos, eu nunca saí sem um policial me acompanhando? Como eu conseguiria me safar de uma coisa dessas?".
Não queria se ajoelhar durante a coroação da Rainha
Provável ficção. É muito improvável que Philip realmente tenha tido problemas em se ajoelhar diante de Elizabeth durante a coração, já que ele vinha de uma família que fazia parte da monarquia e conhecia bem o protocolo cerimonial.
“Duvido que o Príncipe Phillip alguma vez tenha falado essas palavras com sua esposa porque ele veio de uma casa real que havia tomado emprestado muito de seu ritual e protocolo da família real britânica. Ele sabia muito bem o que se esperava dele em público, e estava preparado para concordar com isso”, disse Christopher Wilson, especialista na família real, em entrevista à Marie Claire internacional.
Mandou o príncipe Charles para um colégio interno
Verdade. O príncipe Philip realmente foi aluno do internato Gordonstoun, na Escócia, e considerava a experiência essencial para a formação de seu caráter. Por isso, era claro seu entusiasmo para que o filho tivesse a mesma educação. O príncipe Charles, por outro lado, chegou a afirmar publicamente que a escola era "o inferno na Terra".
A relação próxima com a princesa Diana
Verdade. A amizade entre os dois é longamente documentada. De acordo com a biografia Prince Philip Revealed (Príncipe Philip Revelado), de Ingrid Seward, "quando Diana se juntou à família real, foi Philip que veio ajudá-la, sentando ao lado dela em jantares formais e conversando com ela enquanto ela aprendia a arte da conversa fiada". Após o divórcio de Diana e Charles, o Duque de Edimburgo continuou a trocar cartas com a moça e deixou claro seu apoio. "Eu não consigo imaginar ninguém, em sã consciência, deixando você pela Camilla", escreveu ele em um dos textos.