Benvinda, Aquilina e Eugénia: três mulheres, muita leitura e um só Dia Mundial do Livro - TATOLI Agência Noticiosa de Timor-Leste
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Benvinda, Aquilina e Eugénia: três mulheres, muita leitura e um só Dia Mundial do Livro

Benvinda, Aquilina e Eugénia: três mulheres, muita leitura e um só Dia Mundial do Livro

Docente do Departamento de Português da Faculdade de Educação, Artes e Humanidades da UNTL, Benvinda Oliveira.

DÍLI, 23 de abril de 2024 (TATOLI) – Capa, índice, página e livro são palavras familiares a Benvinda, Aquilina e Eugénia. Benvinda Oliveira, de 66 anos, é docente no Departamento de Português da Faculdade de Educação, Artes e Humanidades da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL). Vive em Vila Verde, Díli.

Aquilina Moniz, de 32 anos, licenciou-se em Ensino de Língua Portuguesa na UNTL. Vive na aldeia Formosa, em Díli. É revisora no Consultório da Língua para Jornalistas.

Eugénia Cruz, de 10 anos, é aluna do 5.º ano da Escola Básica Central n.º 1 do Farol. Vive na aldeia Boa Morena, em Motael, Díli.

O que mais têm em comum estas duas mulheres e esta menina? Gostam de ler. Lêem e procuram livros para ler mais. E mais não era preciso para serem invocadas pela Tatoli na celebração do Dia Mundial do Livro.

Benvinda Oliveira: mãe, professora e o “medo de ler romances”

“Comecei aos 13 anos a ler livros de crianças. Lembro-me de um dos primeiros. Era Os seis e o Mistério do Parque. Com a idade, adaptei-me a outros tipos de livros e, até agora, ainda mantenho hábitos de leitura, que o meu pai classificava como «doença»”. “Atualmente, leio mais livros científicos”, especifica.

Para Benvinda Oliveira, a leitura já é um “vício”, porque, além de ser uma inerência do seu trabalho, contribui para a melhoria do mesmo. A seu ver, os livros são instrumentos fundamentais para o desenvolvimento intelectual e espiritual do ser humano.

A professora recordou que, enquanto criança, não havia internet, nem telemóveis, nem televisão. Então, o livro era “um bálsamo” para as longas horas e férias que duravam três meses e que “pareciam três séculos”.

A docente dispõe de uma minibiblioteca em casa, com alguma variedade, incluindo romances comprados em diversas feiras de livros, mas ainda não ousou sequer folheá-los. Porquê? Porque quando jovem, preferia ler romances, mas agora tem medo de pegar num, porque “quando começo, tenho de terminar, mesmo tendo 500 ou 600 páginas”.

Aquilina Moniz: jovem, revisora e a “leitura para a escrita”

Revisora do Consultório da Língua para Jornalistas, Aquilina Moniz.

Aquilina Moniz é um exemplo de jovem apaixonada pela leitura. No seu entendimento a leitura é fundamental para ajudar a manter o contacto com a língua que está a aprender, neste caso, o português. “Comecei a ganhar o gosto pela leitura há cerca de 4 anos e, desde essa altura, entendo que a leitura é fundamental não só para adquirir conhecimentos, mas também para o desenvolvimento pessoal. A leitura ajuda-me muito na escrita, porque sem leitura não conseguimos escrever bem. Só melhorei a escrita depois de ganhar o hábito de ler”.

A jovem revisora aponta as origens da paixão: “Em 2020 li 12 livros, mas durante o período da covid-19, em 2021, consegui ler 20. Gosto de ler todos os tipos de livros, mas prefiro os romances e crónicas”.

Para a jovem, alguns livros foram comprados em feiras do livro, mas a maioria foi obtida por empréstimo da Biblioteca do Centro Cultural Português e do Consultório da Língua para Jornalistas, onde a leitura é componente essencial para a aprendizagem da escrita.

Eugénia Cruz: menina, aluna com poucas revistas, mas muitos sonhos

Para Eugénia Cruz, é muito importante ler diariamente para “saber mais”. “Sou uma aluna e, por isso, tenho o dever de estudar e de ler. Gosto de ler todos os tipos de livros, mas prefiro a revista Lafaek, porque está escrita em tétum e é fácil de compreender”.

Velma Cruz, é aluna do 5.º ano da Escola Básica Central n.º 1 do Farol. Foto da Tatoli

A menina aproveita a distribuição gratuita daquela revista à escola onde estuda, ainda que em número insuficiente para todas as crianças. Então, pedi-la emprestado a colegas é uma inevitabilidade. Para mais leitura, os obstáculos são grandes: ela preocupa-se por a escola não ter uma biblioteca onde possa ler e estudar. Sonhar, todavia, não lhe é barreira e sonha alto: “Sonho que um dia vou ser médica”. E para cumprir esse sonho, Eugénia sabe que vai precisar de ler livros, muitos livros.

O Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor assinala-se, anualmente, a 23 de abril. Este dia foi proclamado na 28.ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, em 1995. ​O propósito deste dia é encorajar a leitura, promover a proteção dos direitos de autor e destacar a importância dos livros enquanto elementos basilares da educação e do progresso de uma sociedade.

O que mais têm em comum Benvinda, Aquilina e Eugénia? Elas gostavam que todos os dias fossem Dias Mundiais do Livro. É um sentimento do qual não se conseguem livrar…

Jornalista: Isaura Lemos de Deus

Editor: Rafael Belo

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