RIO - Ele ainda não tinha se tornado o rei Eduardo VII do Reino Unido. Mas o então príncipe Bertie, aos 23 anos, resolveu encomendar um brinquedinho inusitado em sua viagem a Paris. Sua "poltrona do amor" permitia que ele pudesse "entreter" duas mulheres ao mesmo tempo.
A peça está em exibição na mostra "Splendour And Misery: Images Of Prostitution 1850-1910" (Esplendor e miséria: imagens da prostituição 1850-1910), no Musée d'Orsay, em Paris. Toda em brocado e elaborada no estilo neo-rococó, ela abriga dois lugares e dois conjuntos de estribos de bronze. Assim, Bertie podia se deleitar numa sala privada do Le Chabanais, um bordel de luxo notório.
Se a sua mente está confusa sobre o funcionamento do móvel, saiba que não é o único. O professor de História da Arte da Universidade de Edimburgo e um dos curadores da exposição, Richard Thomson, também ficou igualmente perplexo: "Só Deus sabe como ela era usada", disse.
Eduardo VII se divertiu em Paris durante a era do Can-can. Em 1860, havia 190 bordéis na cidade e uma hierarquia quando se tratava de garotas de programa. Um príncipe não teria se deleitado com as insoumises, as prostitutas ilegais que andavam pelas ruas. Mas poderia ter um interesse em uma cocote, nominalmente cantoras, dançarinas ou atrizes, mas que usavam o palco para mostrar seus encantos para clientes ricos. Se fosse particularmente bonita, inteligente e sagaz, poderia até se tornar uma amante e ter seus próprios apartamentos com servos e uma carruagem.
Quando não estava experimentando sua cadeira na Le Chabanais, Eduardo VII estava no Maison d'Or, que se gabava de ter 80 mil garrafas de vinho em suas adegas, ou no Café Anglais. Nos andares superiores, as cocotes recebiam seus convidados. O quarto escolhido pelo então príncipe era o Le Grand Seize, que tinha sofás e paredes de veludo vermelho. Foi lá que ele passou noites com Cora Pearl, uma inglesa.