Carlos III concede ao irmão Eduardo o título de duque de Edimburgo, que pertenceu ao pai de ambos - Expresso

Internacional

Carlos III concede ao irmão Eduardo o título de duque de Edimburgo, que pertenceu ao pai de ambos

Eduardo e Sofia passam de condes de Wessex a duques de Edimburgo, por decisão de Carlos III
Eduardo e Sofia passam de condes de Wessex a duques de Edimburgo, por decisão de Carlos III
David Parry/WPA/Getty Images

Monarca britânico assinala o 59º aniversário do irmão mais novo, agradecendo décadas de serviço à coroa. É a quarta vez que o título é atribuído, e desta vez não será hereditário

Carlos III concede ao irmão Eduardo o título de duque de Edimburgo, que pertenceu ao pai de ambos

Pedro Cordeiro

Editor da Secção Internacional

Seis meses e dois dias depois, volta a haver duque de Edimburgo no Reino Unido. O rei Carlos III atribuiu esse título ao seu irmão mais novo ­— Eduardo, conde de Wessex — esta sexta-feira, dia em que o visado faz 59 anos. O anterior titular foi o pai de ambos, o príncipe Filipe (marido de Isabel II), que morreu em abril de 2021.

“Sua Majestade, o rei, teve o prazer de conferir o ducado de Edimburgo ao príncipe Eduardo, conde de Wessex e Forfar, por ocasião do 59.º aniversário de Sua Alteza Real”, lê-se num comunicado do palácio de Buckingham, que adianta que o título será detido pelo príncipe Eduardo durante a sua vida, isto é, não será hereditário.

Eduardo não passará o ducado à prole, portanto, e tampouco o herda do pai. Com o desaparecimento de Filipe, o duque de Edimburgo passou a ser automaticamente Carlos, seu filho mais velho. Este não usava regularmente esse designação (nem, de resto, vários outros títulos de que dispunha), sendo conhecido como príncipe de Gales, tradicional designação do herdeiro da coroa.

Nesta imagem de 2006, Carlos (então príncipe de Gales, à esquerda na foto) caminha para a igreja de Sandringham com o irmão Eduardo (ao centro) e o pai de ambos, Filipe, então duque de Edimburgo. Reconhecem-se ainda o príncipe Guilherme, filho do atual rei, e a hoje rainha consorte Camila
Mark Cuthbert/Getty Images

Com a morte da rainha e a subida de Carlos ao trono, os títulos que herdou de Filipe — duque de Edimburgo, conde de Merioneth e barão de Greenwich —fundiram-se com a coroa. Os que tinha por ser primeiro na linha sucessória — príncipe de Gales, duque da Cornualha, duque de Rothesay, conde de Carrick, barão de Renfrew, lorde das Ilhas, príncipe e grande regente da Escócia — pertencem hoje ao seu filho primogénito e herdeiro aparente, Guilherme.

Décadas de serviço

O príncipe Eduardo torna-se duque de Edimburgo, pois, numa nova criação do título. Carlos cumpre assim um desejo do pai e do próprio irmão agraciado. Após a morte do recém-titular, o ducado reverterá para a coroa e não para os descendentes de Eduardo. O seu filho James, de 15 anos, passa a ser conde de Wessex; a filha, de 19, mantém-se Lady Louise Windsor.

O jornal londrino “The Telegraph”, muito próximo do palácio, explica que a distinção se deve às as décadas de serviço à coroa” dos novos duques de Edimburgo, Eduardo e Sofia. Já em 1999, quando se casaram e a rainha os tornou condes, Filipe perguntou a Eduardo se gostaria de ser o futuro duque de Edimburgo. “Ficámos ali espantados”, recordou Sofia numa entrevista à revista “Hello”, em 2021.

O primeiro duque de Edimburgo foi, em 1726, o príncipe Frederico, neto do rei Jorge I (ao centro neste quadro de Philippe Mercier)
National Portrait Gallery

“É um papel agridoce, porque a única forma de o título me chegar é após a morte de ambos meus pais”, ressalvou então o príncipe. Em teoria o seu irmão André — segundo filho de Isabel II e duque de Iorque — poderia ter sido escolhido, mas por algum motivo Filipe não viu as coisas assim. Hoje, com André afastado de funções oficiais após envolvimento num escândalo sexual, seria impensável.

“Os novos duque e duquesa de Edimburgo têm orgulho em dar continuidade ao legado do príncipe Filipe de promover oportunidades para os mais novos de todas as proveniências alcançarem o seu pleno potencial”, escreve o palácio. O pai de Carlos e Eduardo promoveu um esquema de galardões para jovens.

A decisão de Carlos — que tinha discrição para atribuir o ducado a quem quisesse, ou a ninguém — põe fim a rumores de que teria relutância em agraciar Eduardo. Este torna-se duque da capital da Escócia, onde se desloca com Sofia esta sexta-feira, para assinalar o primeiro aniversário da guerra na Ucrânia, que se completou no passado dia 24 de fevereiro.

Título criado pela quarta vez

O título de duque de Edimburgo foi criado três vezes antes da presente, sempre para membros da família real: a primeira em 1726, para o príncipe Frederico, neto mais velho do rei Jorge I. Este morreu antes do pai e passou-o ao filho, o futuro Jorge III. Com a coroação deste, em 1760, o título desapareceu.

A rainha Vitória ressuscitou o ducado de Edimburgo em 1866, para o seu segundo filho, o príncipe Alfredo (em vez do mais tradicional título de duque de Iorque). A morte deste sem filhos vivos voltou a pôr fim ao ducado.

A terceira vez que houve duque de Edimburgo foi quando Isabel II (então princesa) e Filipe se casaram, em 1947. Concedeu-lho o rei Jorge VI, pai de Isabel, em linha com a tradição de os monarcas atribuírem títulos a membros da família real por casamento. A mãe de Carlos foi duquesa de Edimburgo cinco anos, até ser rainha. Nunca foi princesa de Gales, pois essa designação só costuma ser dada ao herdeiro da coroa quando é um homem.

O título de duque de Edimburgo não significa, para Eduardo, qualquer território ou fonte de receitas (ao contrário do que sucede, por exemplo, com o de príncipe de Gales, hoje nas mãos de Guilherme, o filho mais velho do rei).

A notícia surge dias depois de o filho mais novo de Carlos, Harry — que vive nos Estados Unidos e abandonou a vida na família real — anunciar que os seus filhos Archie e Lilibet usarão o título de príncipes, a que passaram a ter direito por serem netos do rei. Quando nasceram não era assim, pois reinava a bisavó.

Com a coroação do novo rei marcada para o próximo dia 6 de maio, reina a dúvida sobre se Harry, a mulher, Meghan, e os filhos estarão presentes. Foram convidados, mas nos últimos tempos o filho do monarca tem multiplicado críticas ao pai, ao irmão e à monarquia, quer num livro quer numa série de TV.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: pcordeiro@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas