A verdadeira história por trás da entrevista da princesa Diana à BBC
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The Crown
Foto: Keith Bernstein/Netflix

Em 1995, a princesa Diana concedeu uma entrevista bombástica para o programa “Panorama”, da BBC, e tocou em assuntos delicados, como sua batalha contra a bulimia e sua relação com Charles, o que foi crucial para o divórcio com o agora rei britânico. A conversa com o jornalista Martin Bashir é mostrada na nova temporada de “The Crown”, que estreou nesta quarta-feira (9), mas a história mostra muito mais do que é apresentado na série da Netflix. 

Menos de dois anos antes da trágica morte da princesa de Gales em um acidente de carro em Paris, Diana falou abertamente com Bashir sobre as dificuldades de sua vida dentro da família real. As revelações, incluíam detalhes sobre a crise de seu casamento com o então príncipe Charles. Diana afirmou que havia três pessoas na relação, se referir ao caso do marido com Camila Parker-Bowles, a atual rainha consorte da Inglaterra. 

Lady Di também se abriu sobre a pressão de criar os filhos, príncipes William e Harry, bem como sua luta contra a bulimia (chamada de ‘doença secreta’ pela própria), depressão pós-parto e automutilação. Na entrevista, a princesa de Gales relatou que tudo era consequência do que estava acontecendo em seu casamento. 

“Eu estava clamando por socorro, mas dando os sinais errados, e as pessoas estavam usando minha bulimia como uma muleta. Eles decidiram que era esse o problema: Diana era instável. A causa foi a situação em que meu marido e eu tivemos que manter porque não queríamos decepcionar o público, mas obviamente havia muita ansiedade dentro de nossas quatro paredes”, disse na época. 

“Eu estava clamando por socorro, mas dando os sinais errados, e as pessoas estavam usando minha bulimia como uma muleta. Eles decidiram que era esse o problema: Diana era instável”

Vazamento de informações falso

Como retratado na série, o jornalista usou métodos falsos para garantir a entrevista com Diana. No entanto, a série da Netflix não mostra como a repercussão da conversa se estendeu por décadas mesmo após a morte da princesa. Em outubro de 2020, a entrevista voltou às manchetes quando o Sunday Times afirmou que Bashir mostrou dois extratos bancários falsos ao irmão de Diana, Charles Spencer, na tentativa de convencê-lo de que um membro da equipe estava vazando informações sobre sua família. 

Por sua vez, Spencer divulgou uma carta contundente, enviada ao chefe da BBC acusando a emissora de táticas antiéticas para garantir a entrevista de Diana e pediu um novo inquérito. Spencer acusou a BBC de ‘desonestidade’ e revelou que eles não tinham pedido desculpas pela falsificação dos extratos — que sugeriam que confidentes da princesa estavam passando informações para seus inimigos. 

 
 
 
 
 
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Nova investigação

Em novembro de 2020, a BBC anunciou que contratou o ex-juiz da Suprema Corte britânica, John Dyson, para liderar uma investigação independente sobre a entrevista de 1995. A conclusão foi que Bashir encomendou os extratos bancários falsos, além de captar informações do secretário particular da princesa e de Charles para conseguir a entrevista. 

Tim Davie, diretor-geral da BBC, pediu desculpas após a conclusão da investigação e prometeu nunca mais transmitir a entrevista. “Embora a BBC de hoje tenha processos e procedimentos significativamente melhores, aqueles que existiam na época deveriam ter impedido que a entrevista fosse garantida dessa maneira”, disse. 

Após as conclusões, o príncipe William criticou a emissora e destacou que “as falhas da BBC contribuíram para o medo, paranoia e isolamento que me lembro daqueles últimos anos com ela”. Já Harry, divulgou uma declaração em resposta ao inquérito ressaltando que Diana era uma mulher incrível que dedicou sua vida a servir. “Ela era resiliente, corajosa e inquestionavelmente honesta. O efeito cascata de uma cultura de exploração e práticas antiéticas tirou sua vida”. 

Demissão e arrependimento

Antes do relatório sobre a investigação ser lançado, Bashir renunciou ao emprego na BBC em 2021 e disse ao The Sunday Times que estava “profundamente arrependido”, já que nunca quis prejudicar Diana. “Tudo o que fizemos em termos de entrevista foi como ela queria, desde quando ela queria alertar o palácio até quando foi transmitido seu conteúdo. Não consigo imaginar o que a família deles deve sentir todos os dias”.  

Embora tenha afirmado que os extratos falsos não tiveram influência em sua conversa com Diana, o jornalista afirma que mostrar os documentos foi errado e, ao ser questionado se o que fez era perdoável, disse: “Essa é uma pergunta realmente difícil porque foi um erro grave. Espero que as pessoas me permitam a oportunidade de mostrar que estou arrependido do que aconteceu”. 

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