O dólar comercial exibe valorização frente ao real, em uma sessão em que alguns dados mais fortes pesaram nas negociações de câmbio, além do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) de Nova York dar declarações conservadores. Na sessão, as moedas de mercados emergentes são mais penalizadas, com exceção do peso chileno, que se beneficia da alta dos preços do cobre.
Perto das 13h15, o dólar comercial era negociado em alta de 0,27%, a R$ 5,2577, depois de ter tocado a mínima de R$ 5,2278 e encostado na máxima de R$ 5,2642. O euro comercial exibia valorização de 0,18%, a R$ 5,6060. Já o índice DXY tinha apreciação de 0,05%, aos 106,001 pontos.
A sessão começou com o dólar rondando a estabilidade, ora em leve baixa, ora em leve queda. Ao fim da manhã, a moeda americana começou a ganhar mais força aqui no Brasil e passou a acompanhar os mercados emergentes. Hoje o dólar tem alta de 0,92% frente ao peso mexicano, 0,95% contra o rand sul-africano e 1,11% contra o peso colombiano.
Pela manhã dados da economia americana mais uma vez mostraram resiliência da atividade no país. O índice de atividade industrial do Fed Filadélfia surpreendeu ao subir para 15,5 pontos em abril, enquanto a projeção que fosse para 2,5 pontos. Junto disso, o presidente do Fed de NY, John Williams, disse em evento que não vê urgência para cortar os juros nos EUA e que não descarta um novo aumento das taxas, caso os dados demonstrem ser necessário. Com a formação deste cenário, o dólar passou a ganhar força globalmente, mas em especial nos mercados emergentes.
Em relatório especial sobre o mau desempenho da moeda brasileira, o Goldman Sachs apontou que a divisa está mais sensível à alta da T-note de dez anos. Na leitura da estrategista de moedas emergentes do Goldman Sachs, Teresa Alves, três fatores explicam a penalização do real neste ano: os termos de troca marginalmente negativos (com melhora nos preços do petróleo, mas piora nos preços do minério de ferro e da soja); maior prêmio de risco, principalmente após o não pagamento dos dividendos extraordinários da Petrobras e com aumento da preocupação com o fiscal; e os rendimentos dos Treasuries em alta.
Mesmo levando em conta esses fatores, o modelo da estrategista aponta para que houvesse uma depreciação em menor intensidade da que foi observada. "Uma possível explicação para a performance pior do real é ter ocorrido uma mudança da sensibilidade da moeda ao longo do tempo", diz, em relatório enviado a clientes. Assim, Alves realizou testes com esses fatores que mais têm relevância para o desempenho do real, e chegou à leitura de que a moeda brasileira tem ficado negativamente mais sensível ao movimento das taxas de juros americanas, enquanto menos positivamente sensível ao desempenho das ações do S&P 500.