Buddy Guy, ícone do blues, se apresenta pela última vez no Brasil no Parque Ibirapuera neste fim de semana | Guia SP | G1

Por Guilherme Pimentel, Bom Dia SP — São Paulo


Buddy Guy — Foto: Divulgação

O bluesman Buddy Guy se apresenta neste fim de semana no festival Best of Blues and Rock, no Parque Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo.

Da "guitarra" de madeira e elásticos de borracha a apresentações na Casa Branca, Buddy Guy representa uma época, um movimento e um estilo musical que serviram de alicerce para o rock e seus derivados.

Aos 86 anos, com mais de 60 anos de carreira, Buddy Guy está se despedindo dos palcos com a turnê "Damn Right Farewell Tour", que está rodando o mundo.

Com a voz mais frágil, mas o carisma de sempre, responsável por apresentações explosivas, Buddy Guy aparenta estar conversando com um velho amigo em uma mesa de bar.

"Bem, você sabe... eu não aprendi música pelos livros. Eu vi e aprendi com os grandes caras. Muddy Waters, BB King, Guitar Slim, T-Bone Walker. Eles envelheceram e começaram a desacelerar, mas nunca quiseram parar. Eu não tenho mais a energia dos 20 e poucos anos. Ainda espero me apresentar em grandes shows, mas chega de viajar!"

O músico representa uma geração do blues, gênero musical pai do rock 'n' roll, que tinha anos de estrada quando o verdadeiro sucesso comercial estourou. Ele lembra que aprendeu a tocar sozinho e que improvisava uma guitarra de brinquedo, já que, como conta, seus pais não tinham dinheiro para comprar nem um violão, muito menos uma guitarra elétrica. "Eu esticava elásticos de borracha em pedaços de madeira, cara. Ou fios de metal. Tentava tirar som daquilo. Só fui conseguir meu primeiro instrumento na adolescência."

Nascido e criado em um período de extrema violência racista nos EUA, ele afirma com a autoridade de quem viveu uma antiga percepção de especialistas. Não fossem os roqueiros brancos britânicos, do outro lado do Atlântico, a geração de ouro do blues americano talvez nunca tivesse conseguido o reconhecimento que merece: "Você pode dar o seu melhor no estúdio, nos shows, ser o melhor do mundo. Mas se não estiver no lugar certo, na hora certa, não adianta nada. Serei claro: não fossem os guitarristas britânicos, como Eric Clapton, não sei se alguém me conheceria".

Buddy Guy se mostra chateado pelo pouco destaque do blues no mainstream, que já dura décadas, e pela pouca reciclagem de artistas. Ele é entusiasta de alguns novos nomes, como Quinn Sullivan e Kingfish, mas sabe que o peso e a relevância da obra dele e de seus pares dificilmente será igualado.

Durante a entrevista, ele demonstra não saber, mesmo certamente sabendo, que é o último grande nome do blues ainda vivo. Quando peço para definir Buddy Guy como se fosse outra pessoa, a modéstia brilha. "Buddy Guy é só um menino do campo que não aprendeu nada, não teve educação. Só foi abençoado para poder aprender a tocar guitarra e ser reconhecido por isso. Eu nunca pensei que seria um músico de sucesso, mas nunca desisti. Na minha época, não existia essa possibilidade de levar uma vida decente pela música. Eu só tocava por amor."

Os últimos shows de Buddy Guy no Brasil serão nos dias 3 e 4 de junho, no Parque Ibirapuera, em São Paulo.

Confira a programação:

Sexta, 2 de junho:

  • Abertura dos portões às 15h
  • 15h40 Nanda Moura
  • 17h10 Malvada
  • 18h40 Extreme
  • 20h30 Tom Morello

Sábado, 3 de junho

  • Abertura dos portões às 13h
  • 14h20 Dead Fish
  • 15h40 Artur Menezes
  • 17h10 The Nu Blu Band
  • 18h40 Steve Vai
  • 20h30 Buddy Guy

Domingo, 4 de junho

  • Abertura dos portões às 13h
  • 13h50 Day Limns
  • 15h20 Ira!
  • 16h50 Goo Goo Dolls
  • 18h40 Buddy Guy
  • 20h30 Tom Morello

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