Biografia de Benjamin Disraeli

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Benjamin Disraeli

(Primeiro ministro brit�nico)
1804-1881


Primeiro ministro brit�nico, em 1868 e de 1874 a 1880, foi o principal respons�vel pela pol�tica de defesa das classes trabalhadoras realizada pelo Partido Conservador brit�nico e pelo desenvolvimento da democracia na Gr�-Bretanha.

Nasceu em Londres, em 21 de Dezembro de 1804;
morreu na mesma cidade em 19 de Abril de 1881.



Filho mais velho de Isaac D'Israeli e Maria Basevi, o acontecimento mais importante da sua inf�ncia deveu-se � disputa do Pai com a sinagoga londrina de Bevis Market. A disputa fez com que o Pai rompesse com o Juda�smo e baptizasse, em 31 de Julho de 1817, os filhos, tornando-os membros da igreja anglicana, no pr�prio ano em que Disraeli poderia ter realizado o seu Bar Mitzah. Sem esta mudan�a de religi�o, a carreira pol�tica de Disraeli nunca teria tido o desenvolvimento que teve, j� que os membros da religi�o judaica s� puderam ser eleitos para o Parlamento brit�nico a partir de 1858.

Disraeli, educado em pequenas escolas privadas, come�ou a trabalhar numa firma de advogados aos 17 anos. Em 1824 decidiu especular em ac��es de minas na Am�rica do Sul, tendo perdido, no ano seguinte, todo o dinheiro investido. As d�vidas contra�das tinham sido t�o grandes que a sua vida financeira s� se regularizou muito mais tarde. Tendo lan�ado anteriormente o jornal di�rio Representative, que foi um completo fracasso, e n�o tendo podido cumprir com a parte do capital a que se tinha comprometido, entrou em disputa com os seus s�cios, que gozou no seu primeiro romance Vivian Grey, que tinha publicado anonimamente. Descoberta a autoria do livro, Disraeli foi severamente criticado, tendo sofrido aquilo a que hoje se chamaria um esgotamento nervoso.

Escreveu um novo livro, The Young Duke, publicado em 1831, e foi de viagem para o Mediterr�neo e M�dio Oriente. As viagens foram importantes para as descri��es orientais inclu�das nos seus futuros romances, mas tamb�m lhe permitiram ter um conhecimento em primeira m�o do Oriente quando, como pol�tico, foi confrontado nos anos 70 com o Problema Oriental. Regressado a Inglaterra, come�ou a frequentar a vida social e liter�ria londrina tendo-se tornado uma personagem muito conhecida, devido � sua figura de dandy, maneiras afectadas e extraordin�ria auto-estima, mesmo que nem sempre fosse verdadeiramente popular. Tendo entrado no c�rculo de festas londrino conheceu as celebridades do tempo. Nessa �poca escreveu Contarini Fleming, publicado em 1832, um dos seus livros mais autobiogr�ficos.

Foi ap�s a viagem ao Oriente que decidiu entrar na pol�tica. Tentou ser eleito deputado pelo condado de Buckingham, perto da localidade onde a sua fam�lia vivia, tendo-se apresentado tr�s vezes �s elei��es como radical independente. Perdeu-as todas. Decidiu-se, por isso, a integrar um dos dois partidos existentes naquele tempo. Tendo uma interpreta��o muito pr�pria das posi��es do partido Tory, achou que as suas posi��es radicais se integravam melhor no futuro partido conservador, do que com os liberais do partido Whig. A decis�o foi acertada, e em 1835 foi escolhido como candidato oficial pela associa��o conservadora de Tauton. Perdeu as elei��es, de novo. Mas a verdade � que a sua vida privada n�o o ajudava muito, mantendo uma liga��o p�blica com uma mulher casada, tendo enormes d�vidas e um comportamento pessoal bastante extravagante. Mas o Partido Conservador n�o perdeu a confian�a nele, e em 1837 foi eleito, finalmente, deputado por Maidstone, no Kent. O seu primeiro discurso na C�mara dos Comuns, sobre as elei��es na Irlanda, foi um desastre. As suas elaboradas met�foras, os seus maneirismos afectados e a sua extravagante maneira de vestir levaram a que fosse impedido de continuar o discurso. Acabou-o afirmando profeticamente: �Sento-me, mas o tempo vir� em que me ouvir�o�.

Em 1839 casou-se com a Sra. Wyndham Lewis, uma vi�va rica doze anos mais velha do que ele, o que fez com que conseguisse resolver os seus mais prementes problemas financeiros. Segundo a pr�pria afirmava, com o acordo do marido: �Dizzy casou comigo por dinheiro, mas se voltasse atr�s casava comigo por amor.� O casamento n�o s� melhorou o estatuto social de Disraeli, como lhe moderou os �mpetos extravagantes. N�o demorou a que o Parlamento come�asse a ouvi-lo com aten��o.

Em 1841 os Conservadores ganharam as elei��es, mas Disraeli n�o foi convidado para o Gabinete, possivelmente por ter sido acusado de suborno de eleitores, o que provocou a sua separa��o do grupo de sir Robert Peel, o novo primeiro-ministro. Ligou-se ao grupo parlamentar Jovem Inglaterra, criado pelo futuro lorde Stangford, que defendia uma vis�o rom�ntica, aristocr�tica e nost�lgica para a Inglaterra em fase de r�pida industrializa��o, e que foi descrita na sua obra Coningsby or The New Generation (de 1844). Em 1845, devido � Fome na Irlanda e � defesa do livre-cambismo, o governo conservador revogou as altas taxas alfandeg�rias impostas aos cereais importados, conhecidas pelas Corn Laws. A Jovem Inglaterra lutou afincadamente contra essa medida, tendo obtido o apoio, n�o s� dos aristocratas propriet�rios de terras, como tamb�m dos pequenos e m�dios propriet�rios em geral, que eram o esteio do partido conservador. Disraeli tinha encontrado o seu ponto de ruptura com Peel.

Os discursos de Disraeli na c�mara, sobretudo o de Fevereiro de 1845 em que atacou Peel por ignorar a vontade do Partido Conservador, e os de Maio de 1846 que foram bastante violentos, azedaram bastante a discuss�o sobre a revoga��o das Leis, o que levou a um corte profundo com o grupo de Peel. Disraeli n�o conseguiu o restabelecimento das pautas proteccionistas, mas conseguiu que o governo de Peel perde-se vota��es cruciais, que o obrigaram � demiss�o em 1846. Devido � morte de Lorde Bentinck, chefe dos conservadores proteccionistas e ao afastamento dos antigos ministros de Peel, Disraeli tornou-se de facto o l�der da oposi��o ao novo governo do Partido Liberal (Whig).

A sua direc��o do partido foi muito controversa, devido a ter modificado a sua posi��o em rela��o ao proteccionismo, tornando-se um defensor do livre-cambismo, e � permanente afirma��o da sua ascend�ncia judaica, de que se orgulhava publicamente. Mas os seus talentos n�o podiam ser ignorados pelo partido.

Em 1847 foi, finalmente, eleito deputado pelo condado de Buckingham, e no ano seguinte comprou Hughenden Manor, o que fortificou a sua posi��o social e pol�tica. Em Dezembro desse ano apoiou a proposta para acabar com as restri��es eleitorais dos judeus. Quando o governo Whig caiu, em 1852, Disraeli foi nomeado Chanceler do Tesouro (ministro das finan�as) no governo conservador de Lorde Derby, conhecido pelo nome de �Who? Who?� (Quem? Quem?). O or�amento apresentado na c�mara dos comuns, com um discurso de durou cinco horas, e que propunha algumas medidas proteccionistas, foi derrotado levando � queda do governo. Disraeli fundou ent�o o seu jornal semanal The Press, que durou at� 1858. Na oposi��o de novo, o partido conservador voltou ao poder, dirigido novamente por Lorde Derby, em 1858, mas novamente por pouco tempo. Disraeli apresentou uma lei de reforma parlamentar que, tendo sido derrotada, levou o governo a pedir a demiss�o. Derby e Disraeli formaram novamente governo (o terceiro) em 1865, devido � revolta do partido liberal contra a proposta de reforma eleitoral do primeiro ministro Lorde Russell.

O governo conservador apresentou, no ano seguinte, por iniciativa da rainha Vit�ria e de Lorde Derby, uma proposta de reforma eleitoral que foi defendida por Disraeli na C�mara dos Comuns. O resultado foi a duplica��o do n�mero de eleitores na Gr�-Bretanha. Derby considerava-a um �salto no escuro�, mas Disraeli considerou-a a �realiza��o do sonho da minha vida e o restabelecimento do partido Tory como um institui��o nacional.�

Em 1868 Derby retirou-se da vida pol�tica e Disraeli tomou o seu lugar na direc��o do governo. Tinha finalmente chegado ao topo, mas era o �topo de um poste ceboso�, j� que o governo que dirigia s� se mantinha em fun��es at� � realiza��o do novo recenseamento eleitoral. As elei��es de finais de 1868 deram a vit�ria aos liberais.

Nos doze anos seguintes, a vida pol�tica brit�nica polarizou-se em torno dos dois partidos tradicionais, mas que se passaram a definir mais em torno de programas pol�ticos coerentes do que de personalidades. Disraeli criou o �Central Office� em 1870, uma organiza��o profissional, que juntamente com a �National Union� que unificou as associa��es pol�ticas locais, deu uma nova coer�ncia ao partido, tornando-o de facto o Partido Conservador. Definiu o ideario conservador muito claramente, diferenciando-o do Partido Liberal. Defendeu a Monarquia, a C�mara dos Lordes, e a Igreja Anglicana; definiu pol�ticas de consolida��o do imp�rio brit�nico, e de reforma social, e enunciou uma pol�tica externa forte, especialmente no que se referia � expans�o do imp�rio russo.

Em 1872 a mulher de Disraeli morreu de cancro, tendo provocado problemas financeiros ao marido, j� que a casa e a fortuna passaram para alguns primos.

Em 1873, o primeiro ministro liberal, Gladstone, o grande rival pol�tico de Disraeli, demitiu-se, mas foi obrigado a manter-se em fun��es at� �s elei��es devido � recusa do dirigente conservador assumir o poder. A estrat�gia surtiu efeito e o Partido Conservador ganhou as elei��es em 1874.

O segundo governo de Disraeli era forte internamente, e tinha o apoio da rainha Vit�ria. Por isso mesmo, a legisla��o social do governo, muito controversa, foi quase toda aprovada, tornando o governo conhecido como o �Minist�rio dos Esgotos�. Disraeli apresentou leis sobre sa�de publica e habita��o social, assim como o trabalho fabril e a organiza��o sindical.

Mas foram as suas ac��es na pol�tica imperial e externa que o tornaram mais popular. Primeiro com a compra a Ismail Pasha, khedive do Egipto, das ac��es deste da Companhia do Canal do Suez, o que deu o controlo do Canal do Suez � Gr�-Bretanha. Depois, em 1877, a outorga do t�tulo de Imperatriz da �ndia � rainha Vit�ria, lutando contra uma oposi��o muito generalizada em todos os sectores da vida brit�nica, raz�o pela qual foi feito conde de Beaconsfield, o que o fez passar de l�der da C�mara dos Comuns para o da C�mara dos Lordes, um cargo muito menos exigente do ponto de vista f�sico, e que foi uma das principais raz�es da sua aceita��o do t�tulo aos 72 anos de idade.

O conflito entre a R�ssia e a Turquia, que a Guerra da Crimeia n�o tinha resolvido definitivamente, ocupou-o at� 1878. A R�ssia tinha declarado guerra ao Imp�rio Otomano em 1877 e os seus ex�rcitos tinham quase chegado a Constantinopla. A Gr�-Bretanha receou pelas comunica��es com a �ndia, mas Disraeli percebeu que uma mera prova de for�a seria suficiente para fazer parar as for�as russas. O tratado de paz de San Stefano, imposto pela R�ssia � Turquia, e que criou a Bulg�ria independente, foi submetido a um Congresso Europeu, que se reuniu em Berlim em 1878, onde Disraeli conseguiu da R�ssia as concess�es que desejava, regressando a Londres em triunfo, afirmando que tinha trazido uma �paz com honra�.

A rainha ofereceu-lhe um t�tulo de duque, que Disraeli recusou, e a Ordem da Jarreteira, que aceitou. A partir dessa �poca a sua popularidade come�ou a decair, devido ao desastre sofrido no Afeganist�o, ao massacre de um regimento brit�nico na �frica do Sul, no come�o das guerras com as tribos Zulus, � crise agr�cola e � diminui��o da produ��o industrial. Em 1880 o Partido Conservador perdeu as elei��es, mas Disraeli manteve a lideran�a do Partido, tendo acabado o seu romance pol�tico Endymion.

Disraeli envelheceu muito no decorrer do seu governo, e tendo adoecido morreu em Abril de 1881. A rainha Vit�ria, impedida pelo protocolo de participar no funeral, foi visitar o jazigo da fam�lia de Disraeli em Hughenden, pouco tempo depois, para homenagear o seu primeiro ministro favorito.



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