Beatriz Milhazes

Beatriz Milhazes, é uma importante artista plástica brasileira e a mais valorizada na atualidade. Seu repertório estrutural inclui a abstração geométrica, o carnaval e o modernismo.

Beatriz Ferreira Milhazes nasceu no dia 18 de março de 1960 na cidade do Rio de Janeiro. Iniciou sua carreira no início da década de 1980, ano em que ingressou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro. Nesse período, a artista fez parte das exposições que caracterizavam a Geração 80, com pesquisa de novas técnicas e materiais, ela fez parte de um grupo de artistas que buscavam retomar a pintura em contraposição à vertente conceitual dos anos 70. Só a partir de 1990 que Beatriz passa a destacar-se em mostras internacionais nos Estados Unidos e Europa e integra acervos de museus como o MoMa, Guggenheim e Metropolitan em Nova York.

Trajetória e obra

Beatriz Milhazes cresceu sob a antiga ditadura militar no Brasil, não tinha acesso ao mundo da arte dominante. Embora seu país tenha tido um cenário artístico de vanguarda desde os anos 1930, as oportunidades para jovens artistas, eram limitadas no início dos anos 80, quando ela embarcou em sua carreira. Naquela época, os colecionadores latino-americanos geralmente se concentravam no trabalho de eras passadas. “Não tínhamos voz”, disse Milhazes sobre seus colegas daquela época.

Para uma jovem pintora que desejava ver o trabalho de mestres do século 20, como Piet Mondrian e Henri Matisse, a situação era especialmente árida. Ela começa pintando com acrílico em folhas de plástico, trabalhando motivo por motivo, criando cada imagem ao contrário, como se estivesse fazendo uma impressão.  Quando ela desenvolveu esse método no final dos anos 80, declarou: “isso abriu uma porta enorme para mim”.

A porta abriu ainda em 1992, quando o curador e crítico brasileiro Paulo Herkenhoff levou três americanos ao estúdio de Milhazes: Richard Armstrong, então curador do Carnegie Museum em Pittsburgh e agora diretor da Fundação Solomon R. Guggenheim em Nova Iorque; Madeleine Grynsztejn, então curadora do Instituto de Arte de Chicago e atual diretora do Museu de Arte Contemporânea de Chicago; e Fred Henry, presidente da Fundação Bohen, um grupo sem fins lucrativos que encomenda novas obras de arte.

Fred Henry logo se tornou um colecionador dedicado, e Armstrong acabou convidando Milhazes a participar da Carnegie International de 1995. “Essa foi a abertura”, disse ela. Através do Carnegie, ela conheceu um comerciante de Nova York, Edward Thorp, que começou a mostrar seu trabalho no SoHo no ano seguinte. Sua carreira rapidamente se tornou internacional.

Os elementos principais nas obras de Beatriz Milhazes, são a diversidade de cores e as formas geométricas em diferentes variações, sejam essas em colagens, pinturas e sobreposições.
Beatriz tem fila de espera por uma de suas obras, mas ela não muda sua maneira de criar e continua a produzir no máximo sete telas por ano, sendo tudo muito bem planejado. Segundo ela: “Sem a cor a imagem não acontece. Quando a sinfonia das cores não funciona, a sedução acaba.”

A partir de 2.002, a artista acrescenta linhas retas em sua obra e explica: “Eu me considero uma artista geométrica. Sempre quis fazer um tipo de tour com o olho, uma coisa de intensidade e movimento que não tivesse um centro ou um ponto de parada. E o círculo surgiu daí. Ele tem a coisa do infinito, de nunca ter um fim. Só que, como você pode fazer parar um círculo, você pode fazer andar uma linha reta. A partir desse raciocínio, introduzi, em 2002, a listra no meu trabalho. É a forma que encontrei com o maior potencial para continuar esse “movimento circular”. Agora, estou começando a fazer os quadrados e as listras dialogarem com os círculos.” 

Em 2003, Beatriz Milhazes teve sua participação na Bienal de Veneza e seu ingresso internacional, apresentando o seu colorido em uma das mais importantes mostras internacionais

Bienal de Veneza em 2003 – Beatriz Milhazes no Pavilhão brasileiro

Além das Bienais de Veneza acima citada, participou também a Bienal de São Paulo em 2004, da Bienal de Xangai em 2006. Tem ainda algumas de suas obras que integram importantes museus da Europa e Estados Unidos. Já realizou exposições no Museu Reina Sofia, em Madri e o Metropolitan Museum of Art (MOMA), em Nova Iorque.

 

Influências

A obra de Beatriz Milhazes está fundamentada na linguagem internacional do modernismo, e também firmemente enraizada em seu próprio lugar e tempo. Ela define o seu estilo como “Geométrico Abstrato”. A artista vê sua obra relacionada à Antropofagia, um movimento que faz parte do modernismo brasileiro que surgiu com a famosa obra da Tarsila, em 1928, cujo significado está ligado ao canibalismo, ao conceito de que o artista brasileiro se apropria de elementos estrangeiros e os digere para produzir algo pessoal.

Além da pintora modernista Tarsila do Amaral, ela também recebeu influências de Piet Mondrian, Henri Matisse, da Arte Barroca e do Art Nouveau e do Art deco. Seu desejo era incorporar tudo isso em sua obra, mas com base em uma composição. Porém fica evidente que nunca existiu nada semelhante comparado à sua obra na arte brasileira, passado ou presente. Beatriz Milhazes é única.

“A pintura também tem um passado enorme. Toda a história da arte é praticamente construída em cima da pintura. Então, inovar é mais desafiante hoje em dia. É exatamente isso que me interessa.”  Beatriz Milhazes.

 

GALERIA

Te Quiero. Beatriz Milhazes. 1992

 

Cabeça de Mulher. 1996

 

As Quatro Estações. 1997

 

O Prêmio. Beatriz Milhazes. 2000

 

O Mágico. 2001

Temos em “O Mágico”,  uma obra que foi vendida por mais de um milhão de dólares, equiparando-se a célebre Tarsila do Amaral com sua obra Abaporu. Importante considerar que esse valor nunca foi alcançado por nenhum outro artista brasileiro vivo.

 

Mares do Sul – 2.001

 

Nazaré das Farinhas. Beatriz Milhazes. 2002

 

Serpentina. 2003

 

Cenografia do espetáculo Tempo de Verão. Beatriz Milhazes 2004

 

Dancing. 2007

 

Decoração dos painéis na Estação do Metrô em Londres realizado em 2.008

 

Avenida Brasil. Beatriz Milhazes

 

Meu Limão. 2010

 

Marilola. 2017

Marilola, feita com alumínio, bronze, cobre, esmalte, flores de poliéster e madeira, é parte integrante das três esculturas que foram criadas ao longo de cinco anos de pesquisa e apresentam sintonia com as obras que a artista vem criando ao longo de sua carreira , mas são tridimensionais, uma novidade: “Sou uma pessoa do bidimensional. Minhas idéias, conceitos estão totalmente ligados ao plano. A maior dificuldade foi começar a raciocinar em três dimensões”, explica a artista.

 

Giro Horizontal. Beatriz Milhazes. 2019 – Composição criada à partir de materiais recicláveis como embalagens de chocolates

 

Avenida Paulista – Em comemoração aos 129 anos da Paulista, duas instituições localizadas, coorganizaram um projeto grandioso de Beatriz Milhazes, para homenagearem a importante avenida que é símbolo da cidade de São Paulo: o Instituto Cultural Itaú (Itaú Cultural) e o Museu de Arte de São Paulo (Masp), com colagens, gravuras, pinturas, esculturas, desenhos, uma tapeçaria, além de livros e documentos.

 

Beatriz Milhazes e sua obra Avenida Paulista que a artista doou para o MASP

 

 

“Sou movida pelo prazer. E acho que isso fica visível no meu trabalho, que tem uma alma brasileira.”

– Beatriz Milhazes

 

 

por Roseli Paulino – @arteeartistas

atualizado em 22/12/2020

 

 

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