O que aconteceu a Amanda Bynes? A trágica carreira da jovem estrela da Nickelodeon – NiT

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O que aconteceu a Amanda Bynes? A trágica carreira da jovem estrela da Nickelodeon

Era um dos grandes nomes dos filmes para adolescentes de Hollywood. Há 12 anos que não trabalha e procura agora livrar-se de uma tutela judicial.

“Ser atriz não é tão divertido quanto possa parecer”, escreveu a atriz de 24 anos, em 2010. Eram quase três da madrugada quando Amanda Bynes decidiu partilhar o desabafo no Twitter. “Quando não amo alguma coisa, deixo de o fazer. Já não gosto de ser atriz, por isso vou parar. Sei que 24 é cedo para me reformar, mas ouviram a novidade aqui em primeira mão.”

A decisão bizarra mostrou-se ainda mais invulgar quando, no mês seguinte, a atriz norte-americana anunciou o fim da sua reforma antecipada. Não deu qualquer tipo de justificação. A verdade é que, ao fim de dez anos, a menina prodígio da Nickelodeon nunca mais apareceu no ecrã.

Quatro anos antes, em 2006, Bynes estava no topo do mundo. O seu maior êxito acabara de estrear e entregava-lhe não um, mas dois dos papéis de protagonista. Em “She’s the Man”, a atriz era Viola, mas também o seu gémeo rapaz, Sebastian, personagem criada para que a rapariga pudessse jogar na equipa de futebol dos rapazes — e, claro, estar mais perto do seu interesse amoroso, então interpretado por Channing Tatum.

O filme foi um sucesso de bilheteira e garantiu-lhe o convite para o elenco do musical “Hairspray”, outro sucesso. Só que havia uma barreira que Bynes não conseguia ultrapassar: era quase impossível livrar-se do rótulo de menina da Nickelodeon.

Fez a estreia na televisão com apenas sete anos, num anúncio a doces para crianças, e evoluiu para o teatro juvenil. Foi num campo de férias dedicado a jovens talentos da comédia que Bynes foi vista por um caçador de talentos da Nickelodeon. Foi recrutada e fez parte do elenco da série “All That”.

O programa de sketches cómicos foi um sucesso e Bynes conquistou um Kids’ Choice Award em 2000 e teve direito ao seu próprio programa, o “The Amanda Show”, que esteve no ar durante três anos. Ao fim de uma década, Bynes era uma das mais conhecidas estrelas de filmes para adolescentes e era também apontada como um exemplo.

“Já vi miúdos na sua posição a usarem drogas e a serem promíscuos, mas a Amanda desviou-se disso tudo”, revelou um dos seus produtores ao “The New York Times”. A profecia foi, talvez, algo precipitada.

Bynes estava cansada de ser escolhida para os mesmos papéis. “Toda a gente olhava para ela como uma menina boazinha. Ela não conseguia escapar do género”, revelou em 2012 um executivo de Hollywood. “Ela tinha uma frustração: ‘Eu podia ter conquistado este papel ou aquele papel. Mas não estou a recebê-los, não estou a ter direito aos papéis que tem a Linday Lohan.” Foi então que começaram os problemas.

A carreira de Bynes foi precocemente interrompida em 2010, apesar de ter anunciado que havia voltado atrás na decisão de se reformar antecipadamente. E ao fim de dois anos de silêncio, as manchetes começaram a revelar os pormenores mais chocantes da vida da atriz.

Em abril de 2012, Bynes foi detida por conduzir sob o efeito do álcool, isto depois de ter batido num carro patrulha que estava parado. Voltou a ter um acidente quatro dias depois e foi acusada de ter fugido antes de ser identificada.

A atriz quebrou o silêncio dois meses depois, com uma inusitada mensagem ao presidente norte-americano Barack Obama. “Hey Barack Obama, eu não bebo. Por favor despeça o polícia que me prendeu. E também não bato em carros e fujo. O fim.”

A espiral descendente tinha apenas começado. Voltou a ser acusada de bater num carro e fugir ainda nesse ano e teve que entregar a sua carta de condução. À imprensa, a atriz explicava que não havia qualquer problema. “Sinto-me incrível”, garantiu, antes de revelar os planos para criar uma marca de moda em Nova Iorque.

O caos levou a que parte da sua equipa a deixasse: o agente, o representante e o advogado. Isto porque, segundo os próprios, era impossível conseguir comunicar com a atriz, que passava meses sem dar qualquer tipo de resposta.

O comportamento tornou-se cada vez mais imprevisível

As histórias de comportamentos bizarros começaram a inundar a imprensa cor-de-rosa. Bynes fazia aulas de spinning de soutien e enquanto se maquilhava. Bynes passeava nua num solário. “Tenho 26 anos, sou multimilionária e estou reformada”, atirava enquanto ameaçava a imprensa por lançarem rumores sobre si.

O ano de 2013 não foi melhor. Além de ter exibido dois piercings nas bochechas, recorreu ao Twitter para fazer uma estranha declaração de amor ao rapper Drake: “Assassina a minha vagina.”

A guerra com a imprensa que se alimentava das suas polémicas não abrandou e a atriz avançou com um processo em tribunal por alegarem que sofria de “uma doença mental”. “Tiram-me fotografias porque ganhei peso e depois escrevem histórias falsas.”

“Não faço ideia do motivo por que dizem que estou louca”, referiu numa entrevista em 2013, onde explica que nunca poderia beber porque é “alérgica a álcool”, que não fuma marijuana e que estava focada em ficar em forma “para todas as sessões fotográficas”.

Entre cirurgias plásticas ao nariz e tatuagens faciais, a sanidade de Bynes estava claramente em causa. Relatos da revista “In Touch” falavam de festas recheadas de droga na casa da atriz, onde a própria dormia em cima de um colchão atirado para o chão e onde os vidros das janelas estavam totalmente pintados de preto. Tudo isso foi fotografado.

As drogas também estavam envolvidas na noite em que foi detida em Nova Iorque, apanhada em flagrante com marijuana pela polícia, no 36.º piso de um edifício. Com a entrada dos agentes, Bynes quis ocultar as provas e atirou um cachimbo pela janela. Foi acusada de posse de drogas e de colocar em risco terceiros ao atirar um objeto pela janela.

Apresentou-se assim em tribunal

Esse escândalo valeu-lhe um internamento num hospital psiquiátrico. Imediatamente após a sua alta, os pais apresentaram em tribunal um pedido para que lhes fosse dada a tutela judicial temporária da filha e dos seus bens, como forma de a proteger. O juiz respondeu de forma afirmativa.

Claro que Bynes acusou a polícia de mentir, que não tinha na sua posse quaisquer drogas e que não atirou nada pela janela. Acusou ainda um agente de assédio sexual.

Já profissional em tweets polémicos e posteriormente apagados, Bynes acusou a família de não protegerem os seus interesses e de “lavagem de dinheiro”. “Preferia que eles fossem sem abrigo do que viverem à custa do meu dinheiro.”

Os meses seguintes foram difíceis. A vida de Bynes ficou altamente restringida e as relações familiares nunca recuperaram. Um ano depois, em 2014, acusava o pai de “abuso emocional e sexual”. Acabaria por voltar atrás e justificar-se: “Disse isso porque foi o microchip no meu cérebro que me deu a ordem para o fazer. Mas foi ele quem mandou que me colocassem o microchip.”

Perante a situação, os pais voltaram a pedir nova tutela judicial, que foi concedida. Do lado dos médicos, era dado um diagnóstico: Amanda Bynes sofria de bipolaridade. A luta pela sobriedade tem continuado e em 2018, a atriz fez um comunicado público de arrependimento.
“Sinto-me envergonhada pelas coisas que disse. Não posso voltar atrás no tempo, mas se pudesse, era o que faria. Sinto muito por todos os que magoei e a quem menti.” Falou também sobre o seu abuso de drogas, de cocaína a MDMA, à que mais consumia, as anfetaminas.

Quase nove anos depois de uma longa tutela judicial, Bynes apresentou finalmente um pedido nos tribunais para que deixe de estar sob o controlo dos pais. “A Amanda acredita que a sua condição melhorou e que a proteção dos tribunais já não é necessária”, revelaram os seus advogados.

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