Alice no País das Maravilhas: resumo e análise do livro - Cultura Genial

Alice no País das Maravilhas: resumo e análise do livro

Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes
Tempo de leitura: 38 min.

Com o título original As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, a célebre obra escrita por Lewis Carroll, pseudônimo de Charles Lutwidge Dodgson, foi publicada em 4 de julho de 1865.

Trata-se de uma obra infantil que conquistou leitores e apaixonados de todas as idades e gerações. Em parte, porque abre várias linhas de leitura e interpretação possíveis, estando também repleta de referências e críticas sobre a cultura da época.

Capa da primeira edição do livro (1985)
Capa da primeira edição da obra, publicada em 1865.

Lewis Carroll é considerado precursor e um dos maiores impulsionadores da literatura nonsense, um gênero literário que subverte os contos de fadas tradicionais, criando narrativas que não seguem as regras da lógica.

É precisamente nesse caráter de absurdo que parece estar a singularidade da obra, que se tornou um ícone literário e cultural. Ao longo do tempo, tem sido representada e recriada na pintura, no cinema, na moda e nas mais diversas áreas.

Resumo de Alice no País das Maravilhas

O livro conta a história de Alice, uma menina curiosa que segue um Coelho Branco de colete e relógio, mergulhando sem pensar na sua toca. A protagonista é projetada para um novo mundo, repleto de animais e objetos antropomórficos, que falam e se comportam como seres humanos.

No País das Maravilhas, Alice se transforma, vive aventuras e é confrontada com o absurdo, o impossível, questionando tudo o que aprendeu até ali.

A menina acaba fazendo parte de um julgamento sem sentido e sendo condenada à morte pela Rainha de Copas, tirana que mandava cortar a cabeça de todos que a incomodavam. Quando é atacada pelos soldados da Rainha, Alice acorda, descobrindo que toda a viagem se tratou de um sonho.

Criação da obra e verdadeira Alice

A história de Alice no País das Maravilhas foi criada por Charles Lutwidge Dodgson no dia 4 de julho de 1862, durante um passeio de barco pelo rio Tâmisa. Charles inventou a narrativa para entreter as filhas do amigo Henry George Liddel, chamadas Loriny, Edith e Alice.

Retrato de Alice Liddell tirado por Dodgson em 1803.
Retrato de Alice Liddell tirado por Dodgson em 1803.

Assim, sabemos que a protagonista foi inspirada em Alice Liddel, apesar das ilustrações mostrarem uma menina loira de cabelos longos. Ao longo da narrativa, o autor refere lugares e pessoas conhecidas pelas crianças, cativando a sua atenção.

Em 26 de Novembro de 1864, Charles Lutwidge Dodgson escreve a primeira versão da obra a partir do seu improviso, Alice Debaixo da Terra, para dar de presente à verdadeira Alice.

Resolve, depois, reescrever o livro para publicação, aumentando a história e acrescentando passagens como a do Chapeleiro Louco e do Gato de Cheshire.

A primeira edição com apenas duas mil cópias, datada de 4 de Julho de 1865 foi tirada de circulação porque continha alguns erros. No ano seguinte, a segunda tiragem foi um grande sucesso, projetando o Alice e o seu País das Maravilhas para o imaginário comum. Atualmente, a obra tem mais de uma centena de edições e está traduzida para mais de cento e vinte e cinco línguas.

Personagens principais

  • Alice é uma menina inteligente e observadora que embarca em uma viagem para o País das Maravilhas, um mundo onde tudo parece ser diferente daquilo que ela conhece. A protagonista simboliza a curiosidade e a imaginação que todos temos na infância.

  • O Coelho Branco que passa pelo jardim é o elemento que desperta a atenção da menina. Vestindo um colete e usando um relógio de bolso, corre porque está atrasado. Alice decide ir atrás dele, sem pensar nas consequências. O Coelho, sempre aflito e correndo, representa a passagem inevitável do tempo.

  • A Lagarta que fuma narguilé vê a garota e resolve ajudá-la, aconselhando-a e indicando um cogumelo que pode fazê-la aumentar ou diminuir a qualquer momento. Um inseto destinado à metamorfose, simboliza a capacidade de aceitarmos nossas mudanças e transformações ao longo da vida.

  • O Gato de Cheshire, figura misteriosa que sorri o tempo todo, surge para indicar o caminho à protagonista mas acaba confundindo Alice ainda mais. O encontro marca o momento em que Alice tem que deixar para trás toda a lógica e aceitar que há uma certa dose de insanidade em todos os personagens.

  • O Chapeleiro Louco é um personagem que parece estar eternamente preso à hora do chá. Um anfitrião nada convencional, tenta impedir Alice de sentar na sua mesa e irrita a menina com enigmas e poemas sem sentido. Autointitulado de louco, representa o abandono das normas sociais e das regras de etiqueta associadas ao modo de vida britânico.

  • A Rainha de Copas é a autoridade máxima do país, aterrorizando todos os personagens e forçando-as a obedecer todas as suas ordens e satisfazer os seus caprichos. Além de expressar a injustiça de um sistema monárquico, ilustra a tirania e o abuso de poder.

Confira também nossa explicação completa dos personagens de Alice no País das Maravilhas.

Enredo

Início

Alice está deitada na grama do jardim quando vê passar um coelho branco, usando um colete de festa e um relógio. Correndo, o animal que se comporta como um humano, afirma que está atrasado e se lança através de uma toca.

Sem hesitar, movida pela sua curiosidade, a menina pula atrás do coelho. Durante a queda, observa diversos objetos estranhos e começa a questionar a sua decisão, se reprimindo pela sua imprudência.

Quando finalmente pisa o solo, encontra uma mesa com uma chave dourada muito pequena. No fundo da sala, encontra uma portinha que guarda um belo jardim, mas não consegue passar para o outro lado por causa do seu tamanho. Olha de novo para cima da mesa e vê um vidro que continha um líquido e um rótulo que dizia "BEBA-ME".

Bebe o conteúdo do vidro e imediatamente começa a encolher, ficando com vinte e cinco centímetros de altura. Só então percebe que esqueceu a chave em cima da mesa e, agora que é pequena, não consegue mais alcançá-la. Vê então um bolo com um rótulo dizendo "COMA-ME". A menina come um pedaço e, vendo que não crescia, começa a chorar desesperadamente.

Depois de comer o resto do bolo, começa a crescer cada vez mais e a falar coisas sem sentido. Com medo de estar perdendo o juízo, seu pranto também aumenta, formando uma lagoa ao seu redor.

Desenvolvimento

Nadando em lágrimas

A cena é interrompida pela passagem do Coelho Branco, vestido de gala, que deixa cair as luvas brancas de pelica. Alice tenta chamá-lo mas ele desaparece, correndo. Segurando uma das luvas, a menina repara que começa a encolher de novo e começa a se afogar nas próprias lágrimas.

Em casa do Coelho

Surgem vários animais na água e Alice nada atrás deles até uma praia, onde decidem criar um jogo para poderem secar. De novo, vê o Coelho Branco passar e resolve segui-lo. Distraído, ele pensa que a garota é Mary Ann, a empregada, e ordena que vá até sua casa buscar um leque e um par de luvas.

Do lado desses objetos, Alice vê um novo frasco com o rótulo "BEBA-ME" e resolver bebê-lo, crescendo até ficar maior do que a casa. Fica com o corpo preso e os membros e cabeça de fora, o Coelho chama o lagarto Bill para resolver o problema. O lagarto joga pedrinhas na sua direção que se transformam em bolos, a protagonista come um e encolhe, ficando com meros centímetros.

Conselhos da Lagarta

Encontra, então, uma lagarta fumando um narguilé em cima de um cogumelo. Ela lhe pergunta quem é e Alice começa a desabafar sobre todas as transformações que sofreu durante o dia, afirmando que não sabe mais quem é. A lagarta recomenda que mantenha a calma e se afasta, dizendo que um lado do cogumelo a fará crescer o o outro lado diminuir.

Começa a comer pedaços, mudando de tamanho, até ficar com o seu pescoço preso nos ramos de uma árvore. Uma pomba que chocava os ovos no ninho começa a discutir com ela, acusando-a de ser uma serpente. Come mais um pedaço do cogumelo e volta à sua altura normal e vê uma casa nas redondezas.

Um gato e um chá

Quem abre a porta é o Mordomo-Peixe, anunciando que aquela era a casa da Duquesa. Lá dentro, a criada faz uma sopa com muita pimenta e a Duquesa nina um bebê, espirrando ocasionalmente. Na sala, está também um gato que sorri. A criança começa a espirrar e grunhir, se transformando em um porco.

A menina foge e reencontra o gato, sorrindo, na floresta. Pede indicações de um lugar para visitar, ele aponta a casa da Lebre de Março e a casa do Chapeleiro, avisando que todos ali são loucos. Se depara com as duas personagens tomando chá e se junta a elas, chocada com o modo como quebram as regras da boa educação e irritada com os seus enigmas absurdos. Foge por uma porta escondida em um tronco e vai parar em um jardim.

Rainha de Copas e jogo confuso

Lá, as rosas brancas estão sendo pintadas de vermelho por soldados que eram cartas de um baralho. Eles confessam que plantaram as rosas erradas e que a Rainha vai mandar cortar suas cabeças se descobrir. Em seguida, Alice conhece o Rei e a Rainha de Copas, que a convidam para um jogo de croquet e a forçam a comparecer.

O jogo é muito diferente daquele que a menina conhecia, usando animais como tacos e bolas e desrespeitando as regras e a ordem habituais das partidas. A Rainha, furiosa, manda cortar a cabeça de vários participantes.

Do nada, surge o Gato de Cheshire só com o seu sorriso e começa a questionar a menina sobre o jogo e a Rainha, que a escutava escondida. Sua audácia incomoda os reis, que decidem condená-lo a morte, mas primeiro mandam chamar a sua dona, a Duquesa. A Rainha muda de ideias e resolve perdoar todos. Alice conhece um Grifo que a leva até a Falsa Tartaruga, uma estranha criatura que lhe conta histórias do fundo do mar.

Conclusão

Alice é chamada para um julgamento, sem saber do que se trata. O juiz é o próprio Rei e os membros do júri parecem confusos, escrevendo o próprio nome em uma folha repetidamente. O Valete de Copas está sendo acusado de ter roubado as tortas da Rainha e as testemunhas parecem não saber nada sobre o caso, falando apenas absurdos.

Alice é chamada a depor e fica irritada, sendo depois expulsa do tribunal, quando o Rei a acusa de ter mais que três quilômetros de altura. Revoltada, acusa os soldados de serem um mero baralho de cartas e todos se lançam na sua direção. De repente, Alice acorda com a cabeça no colo de sua irmã e percebe que tudo foi apenas um sonho.

Análise da obra

Composta por 12 capítulos, a obra estimula a imaginação e questiona os princípios da lógica, se tornando uma enorme influência principalmente dentro da literatura fantástica.

Inovando na forma de contar histórias para crianças, o autor faz brincadeiras com poemas e canções famosas da época, questionando o próprio sistema de educação.

Abordando as mais diversas temáticas, o livro contem referências a literatura, pintura, psicologia, filosofia e matemática. Espelha também o modo de vida britânico: a existência de uma monarquia, o costume de tomar chá de tarde, o jogo de croquê, entre outros aspectos.

Outro elemento curioso da obra são as relações entre a protagonista e os outros personagens, refletindo a complexidade e o absurdo que existe na vida dos adultos.

Mesmo as figuras que surgem com o intuito de ajudar Alice acabam contribuindo para a sua confusão mental, já que todas as interações naquele mundo parecem escapar da sua compreensão.

Na toca do Coelho

Aquilo que permite que Alice possa viver esta aventura, o motor da narrativa, é a curiosidade. A garota é inteligente, bem educada e aprendeu todas as lições na escola mas não mede os riscos quando vê passar o Coelho Branco.

A estranha figura, que agia e se comportava como humana, veio desafiar tudo o que Alice conhecia até então, despertando a sua sede de conhecimento e novidade.

Mas quando o Coelho tirou um relógio do bolso do colete, deu uma olhada nele e acelerou o passo, Alice ergueu-se, porque lhe passou pela cabeça que nunca em sua vida tinha visto um coelho de colete e muito menos com relógio dentro do bolso. Então, ardendo de curiosidade, ela correu atrás dele campo afora, chegando justamente a tempo de vê-lo sumir numa grande toca sob a cerca.

No instante seguinte, Alice entrou na toca atrás dele, sem ao menos pensar em como é que iria sair dali depois.

Se até aquele momento a menina estava aborrecida, deitada no jardim com a sua irmã e reclamando dos livros sem diálogo que estavam lendo, a partir daí sua vida sofre uma reviravolta.

Alice troca o tédio do mundo real pelas surpresas de um País das Maravilhas que se revela um "mundo de cabeça para baixo", onde todas as coisas desafiam a sua razão.

Ilustração de John Tenniel com Alice seguindo o Coelho.
Ilustração de John Tenniel.

Quando toca no chão, a protagonista encontra o vidro com um líquido que dizia "BEBA-ME" e um bolo que dizia "COMA-ME". Tentando manter a prudência, como fora ensinada, se certifica que nenhum dos rótulos diz "veneno" e começa a comer e beber.

Seu tamanho vai se alterando de forma drástica, o que provoca o desespero e faz com que se censure e dê lições de moral a si mesma, procurando não esquecê-las. Embora esteja em um lugar onde todas as coisas são diferentes, a menina continua tentando ser igual e se comportar devidamente.

Quando chora tanto que cria uma lagoa e depois encolhe, começando a se afogar, pensa que está sendo castigada pelo seu mau comportamento:

“Seria melhor não ter chorado tanto!” lamentou-se Alice enquanto nadava, tentando sair dali. “Parece que serei punida agora por isso, afogando-me em minhas próprias lágrimas!”

Assim, na obra parece existir uma crítica, ou pelo menos um questionamento, do sistema de educação e da forma como o pensamento das crianças é condicionado.

Embora sejam curiosas por natureza, aprendem lições que devem decorar e cumprir à regra, sem nunca haver espaço para o pensamento crítico ou sequer para a imaginação.

Perante todas as coisas fantásticas que vai descobrindo, começa a deixar de lado os ensinamentos antigos, procurando conhecer esse novo mundo. Na verdade, quando começa a comer o bolo e não vê mudanças no seu tamanho, Alice fica triste e frustrada por não acontecer nada de mágico.

Alice estava tão acostumada a só esperar por coisas extraordinárias, que então lhe parecia muito tolo e tedioso que a vida continuasse de modo comum.

Por outro lado, a figura do Coelho Branco parece ser uma referência à Revolução Industrial que trouxe um aumento de fábricas de relógios de bolso à Inglaterra. Sempre sério, nervoso e muito atrasado, simboliza a obsessão com a passagem do tempo e a rotina corrida de muitas pessoas.

A lagarta e o cogumelo

Confrontada com um mundo absurdo, Alice começa a sofrer transformações, não só na sua altura mas também na sua forma de encarar a realidade. Dividida entre a menina perspicaz que era e aquela que está sendo agora, começa a questionar a sua identidade.

Chega a duvidar de si, pensando que não é mais a mesma pessoa, já que mudou tão depressa. Considera até a possibilidade de ter se transformado em uma das colegas de escola, por não reconhecer mais seu comportamento.

Será que eu mudei durante a noite? Vamos ver: eu era a mesma quando me levantei esta manhã? Estou quase me recordando que me sentia um pouquinho diferente. Mas, se eu não sou mais a mesma, a pergunta é: "Quem afinal eu sou"? Ah, aí é que está o problema!

Alice e a Lagarta, ilustração de John Tenniel.
Ilustração de John Tenniel.

Perante todas as suas dúvidas e reflexões, apavorada por estar apenas com sete centímetros de altura, Alice encontra a Lagarta. Trata-se de uma figura curiosa e enigmática que fuma narguilé em cima de um cogumelo.

Assim que vê a menina, a criatura lhe pergunta quem é, escutando o desabafo sobre a sua confusão atual.

Por fim, a Lagarta tirou o cachimbo da boca e dirigiu-se a Alice com voz lânguida e sonolenta: “Quem é você?” Não era um começo de conversa encorajador.

Alice respondeu muito tímida: “Eu... já nem sei, minha senhora, nesse momento... Bem, eu sei quem eu era quando acordei esta manhã, mas acho que mudei tantas vezes desde então...”

A lagarta escuta e aconselha a menina, questionando as suas afirmações. Quando Alice lhe pergunta se não vai se sentir estranha quando virar borboleta, responde simplesmente "Não, nem um pouco".

Assim, enquanto inseto destinado à metamorfose, encara as mudanças e transformações como algo natural, que faz parte do percurso da nossa vida. Declara, depois, ter "algo importante a dizer", recomendando apenas que "Mantenha a calma”.

A personagem pretende transmitir tranquilidade à menina, aceitação de todas as fases da vida e das alterações que elas trazem: “Com o tempo você vai se acostumar”. Antes de partir, revela ainda que o cogumelo onde estava sentada tem poderes mágicos: "um lado fará você crescer e o outro diminuir". Mesmo com medo, Alice tem que arriscar, vai experimentando os dois lados e mudando de tamanho.

A sua identidade vai sendo questionada pelos outros personagens constantemente. O Coelho Branco pensa que ela é Mary Ann, sua empregada e pede que vá a sua casa buscar as luvas e o leque, ordem que ela cumpre sem questionar. Quando fica presa na casa, com os membros e a cabeça de fora, a multidão pensa que se trata de um monstro.

Mais tarde, quando come um pedaço de cogumelo, cresce demais e fica presa nos ramos de uma árvore, sendo confundida por uma pomba com uma serpente que vinha roubar os seus ovos. Com tudo isso, a menina é forçada a se lembrar de quem é, a afirmar a sua identidade repetidamente, mesmo estando confusa acerca dela.

O sorriso do Gato de Cheshire

Quando encontra a casa da Duquesa continua conhecendo criaturas muito esquisitas, como o Mordomo-Peixe e o bebê que se transforma em um porco de tanto espirrar por causa da pimenta da sopa. Entre todas, a que chama mais atenção da protagonista é um gato que está sorrindo. Descobre, segundo a explicação da Duquesa que aquele é um gato de Cheshire e que é normal sorrirem.

Depois da metamorfose do bebê, Alice foge do lugar correndo e acaba na floresta, sem saber que rumo tomar. De novo, vê um sorriso entre as árvores e surge o gato de Cheshire, a quem pede indicações.

“Você poderia me dizer, por favor, qual o caminho para sair daqui?” “Depende muito de onde você quer chegar”, disse o Gato. “Não me importa muito onde...” foi dizendo Alice. “Nesse caso não faz diferença por qual caminho você vá”, disse o Gato. “...desde que eu chegue a algum lugar”, acrescentou Alice, explicando. “Oh, esteja certa de que isso ocorrerá”

A criatura parece ser ameaçadora mas também sábia, mostrando a Alice uma perspectiva sobre a vida que desafia tudo o que ela aprendeu até aquele momento. Ao contrário de uma educação que nos incentiva a seguir ordens e direções, traçar rumos e trajetórias cuidadosamente, o Gato encoraja a liberdade e a aventura.

Vem ensinar Alice que existem múltiplos caminhos possíveis e que ela deve estar aberta à possibilidade de explorar, de conhecer coisas novas, mesmo sem saber qual é o seu destino.

Incentiva a protagonista à deambulação, mostrando-lhe o encanto da viagem sem planos nem mapas. Em seguida, sugere que visite o Chapeleiro ou a Lebre de Março que moram ali perto.

"Visite ou um ou outro: ambos são loucos.” “Mas eu não quero me encontrar com gente louca”, observou Alice. “Oh, não se pode evitar”, disse o Gato, “todos são loucos por aqui. Eu sou louco. Você é louca.” “Como sabe que eu sou louca?” indagou Alice. “Você deve ser”, respondeu o Gato, “ou então não teria vindo aqui.”

Assim, o personagem confirma aquilo que a menina desconfiava desde o início: que ali todos agiam como se tivessem enlouquecido.

O País das Maravilhas se configura, então, como um espaço de liberdade para a protagonista. Lá, ela é convidada a abandonar as regras da lógica e experimentar coisas que nunca imaginou serem possíveis.

Um chá muito louco

Quando Alice encontra o Chapeleiro e a Lebre de Março tomando chá durante a tarde, costume tipicamente inglês, sente por uma sensação de familiaridade. A atitude dos personagens, contudo, é totalmente oposta à de um bom anfitrião.

Vendo que a menina estava querendo ser convidada para lanchar, trocam de cadeiras e de chávenas várias vezes enquanto repetem “Não tem lugar! Não tem lugar!”. Mesmo quando a menina consegue sentar na mesa, não chega a beber nada, por causa das diversas mudanças de cadeiras, charadas, poemas e outros absurdos ditos pelos dois amigos loucos.

Alice tomando cha com Chapeleiro e Lebre, ilustração de John Tenniel.
Ilustração de John Tenniel.

O encontro brinca com convenções e eventos sociais, regras de conduta e etiqueta. Outro aspecto interessante é a relação conturbada do Chapeleiro Louco com o tempo. Segundo ele, o Tempo é uma pessoa que conhece e com quem está brigado. Declara também que o modo como tratamos o tempo determina o jeito como avançamos na vida ou, pelo contrário, ficamos estagnados.

Agora, se você mantivesse com ele boas relações, ele faria qualquer coisa que você quisesse com o relógio. Por exemplo, suponha que fossem nove horas da manhã, justamente a hora de começarem as lições: você teria apenas de sussurrar uma dica ao Tempo, e o ponteiro giraria num piscar de olhos: uma e meia, hora do almoço!

Estar de mal com a passagem dos ponteiros parece ter um efeito nocivo para estas personagens, que agem de forma ainda mais alucinada que aquelas que surgiram antes. Confessam estar sempre presas nas seis horas da tarde e, por isso, não podem parar de tomar chá nem têm tempo para lavar a louça.

Alice promete a si mesma não voltar ali e quando vê uma porta entre os ramos de uma árvore, resolve fugir sem olhar para trás. Mostrando que embora esteja em um mundo de ponta cabeça continua aprendendo e evoluindo, a menina dá os passos corretos para abrir a porta e passar para o jardim.

“Desta vez, farei tudo certo”, disse consigo. E começou pegando a chavezinha dourada e destrancando a porta que conduzia ao jardim. Depois, foi mordiscando o cogumelo (ela guardara um pedaço no bolso) até ficar com trinta centímetros de altura. Daí atravessou a pequena passagem: então... achou-se finalmente no lindo jardim, entre canteiros resplandecentes e fontes fresquinhas.

Pintar as rosas de vermelho

Na entrada do jardim está um grupo de soldados, que juntos formam um baralho de cartas e se referem uns aos outros como números. Estão brigando enquanto tentam pintar as rosas brancas com tinta vermelha. Alice questiona os soldados, procurando saber por quê estão pintando as coisas.

Veja bem, senhorita, o fato é que, neste lugar, deveria haver uma roseira vermelha, mas por engano nós pusemos uma branca; e se a Rainha a descobrir, todos teremos nossas cabeças cortadas, compreende?

Através dessa metáfora, a menina fica sabendo que a Rainha é intolerante e injusta, provocando o medo de todos que vivem no seu reino. Logo depois, o baralho se joga no chão quando vê que o casal real está chegando com a sua comitiva e Alice permanece de pé.

A Rainha manda cortarem a sua cabeça mas logo depois se distrai quando repara que as rosas foram pintadas, ordenando que matem aqueles soldados. A menina evita o crime, ajudando as cartas a escapar. A Rainha, que não repara, resolve convidá-la para o seu jogo de croquet que está prestes a começar.

“Aos seus lugares!” trovejou a Rainha. E todo mundo começou a correr em todas as direções, tropeçando uns nos outros. Em poucos minutos, porém, estavam todos acomodados, e o jogo começou.

O episódio parece fazer referência à Guerra das Rosas, um conjunto de lutas dinásticas pelo trono de Inglaterra que se prolongaram, de forma intermitente, por três décadas.

Entre 1455 e 1485, as casas de York e de Lancaster, simbolizadas por uma rosa branca e uma rosa vermelha, batalharam entre si para chegar ao poder. O conflito terminou quando Henrique Tudor, de Lancaster, derrotou Ricardo III, rei de York, e casou com a sua sobrinha Isabel, unindo as duas casas.

A partida de croquet

O clima de tensão é notório em todos os presentes, que temem a Rainha autoritária e tirana. O jogo manifesta a sua crueldade e o seu egoismo, encarando os súditos como brinquedos que servem para diverti-la. Em um mundo onde animais, flores e outras criaturas se comportam como humanos, esta cena trás a desumanização de todos, vistos como meros instrumentos para servir a família real.

Alice pensou que nunca vira um campo de croquet tão curioso em toda a sua vida: era cheio de saliências e sulcos, as bolas eram ouriços vivos, os tacos eram flamingos, e os soldados tinham que se dobrar e apoiar os pés e as mãos no chão para formar os arcos.

Tudo isto tornava a partida de croquet praticamente impossível de jogar e ia confundindo e irritando os participantes, que "jogavam ao mesmo tempo, sem esperar a própria vez, discutindo sem parar".

A Rainha, cada vez mais furiosa, começa a mandar cortar a cabeça dos jogadores, o que vai deixando Alice desesperada.

É então que surge o Gato de Cheshire e a garota aproveita para desabafar com ele sobre a desordem, falta de comunicação e ausência de regras do jogo e de todo o País das Maravilhas.

“Acho que eles não jogam de maneira correta”, começou Alice em tom de queixa, “além disso brigam tanto que é impossível ouvir o que alguém fala... e acho que não têm regras muito definidas... ou, então, ninguém obedece a elas..."

O Rei estende sua mão para o felino beijar mas ele se recusa, o que resulta em mais um ataque de fúria da Rainha que "só conhecia um jeito de solucionar todas as dificuldades": a violência. Para impedir a sua morte, a protagonista sugere que chamem a Duquesa, dona do gato.

Frustrada, a Rainha acaba desistindo do jogo e se oferece para levar a menina para conhecer a Falsa Tartaruga. Antes de partir, a menina escuta o Rei perdoando todos que tinham sido condenados à morte.

O julgamento

Conversando com a Falsa Tartaruga e o Grifo, a menina aprende várias histórias do fundo do mar, juntamente com canções, rimas e adivinhas. Quando lhe pedem para recitar o "Preguiçoso", poema moralizante de Isaac Watts ensinado na escola, erra todos os versos, confusa com tudo o que acabou de escutar.

Alice não disse nada: sentou-se com a cabeça entre as mãos, indagando a si mesma se alguma vez as coisas voltariam a ser como antes.

De repente, escutam um grito que anuncia o início do julgamento e são forçados a sair correndo, sem saber ao menos do que se trata. Encontram o Rei e a Rainha sentados nos tronos e rodeados por uma multidão, preparados para o julgamento. O Rei, com uma peruca branca será o juiz e, na banca do júri, várias criaturas escrevem o próprio nome repetidamente em uma folha de papel, "por medo de esquecê-los".

O Coelho Branco lê a acusação: o Valete de Copas está sendo acusado de roubar as tortas da Rainha. Mandam chamar as testemunhas, que parecem ter sido escolhidas ao acaso porque não sabem nada sobre a situação. Alice, que no começo estava entusiasmada por assistir a um julgamento, começa a ficar cada vez mais irritada com todos os absurdos que vê.

Neste exato momento, Alice teve uma sensação muito estranha, que a deixou muito embaraçada até que descobrisse do que se tratava: estava começando a crescer outra vez.

O episódio é uma sátira ao sistema judicial, mostrando que a injustiça, a tirania e o absurdo estão presentes até na lei. Crescendo cada vez mais, a menina é chamada para depor e derruba a banca do júri assim que se levanta. Alice declara que não sabe nada e corrige o Rei quando ele responde que isso é "muito importante".

Então, o Rei cita o "Artigo Quarenta e Dois: Todas as pessoas com mais de um quilômetro e meio de altura devem deixar o tribunal", alegando que Alice tem que abandonar o local.

A garota fica ainda mais revoltada quando descobre que a prova que existe contra o Valete é um bilhete sem a sua caligrafia nem assinatura e interrompe.

Pois eu acho que não tem um pingo de sentido em tudo isso.

Logo em seguida, quando é ordenado que decretem a sentença antes do veredito dos jurados, Alice começa a discutir com a Rainha, mostrando que perdeu o medo dela. Vai mais longe, expondo o absurdo e a loucura de toda a situação: "Vocês não passam de um maço de cartas!”.

Quando finalmente tem coragem de confrontar aqueles que a atacavam, afirmando a sua força e determinação, Alice acorda e percebe que tudo foi um sonho.

Alice de volta ao jardim

Naquele momento, todo o baralho voou pelos ares e começou a cair em sua direção: Alice deu um gritinho, meio de susto, meio de raiva, e tentou abatê-los, mas... quando deu por si, estava deitada no barranco com a cabeça no colo de sua irmã.

A menina, que tantas vezes se desesperou no País das Maravilhas, contou todas as aventuras à sua irmã, revelando que foi "um sonho maravilhoso".

Quando Alice se levantou para tomar o chá, sua irmã caiu no sono e começou a imaginar as personagens que a garota descreveu. Assim, o barulho das chávenas de chá era, na verdade, o som dos chocalhos das ovelhas e os gritos da Rainha eram os barulhos da fazenda.

Significado da obra

Por fim, ela imaginou como seria sua irmãzinha quando, no futuro, se transformasse em uma mulher adulta; e como conservaria, com o avançar dos anos, o coração simples e afetuoso da infância; e como reuniria em torno de si outras crianças e deixaria os olhos delas brilhantes e atentos a muitas histórias estranhas, talvez mesmo com o sonho do País das Maravilhas de tantos anos atrás; e como compartilharia as suas pequenas tristezas e as suas simples alegrias, recordando-se de sua própria infância e de seus felizes dias de verão.

O último parágrafo da história parece refletir sobre uma das principais questões da obra: a magia da infância, um tempo de imaginação e liberdade.

O País das Maravilhas surge, então, como uma metáfora para o modo inocente como as crianças vivem e interagem com o mundo e as suas regras arbitrárias, muitas vezes cruéis e injustas.

O desafio de Alice é crescer, embarcar na aventura da sua própria vida. O seu amadurecimento é representado como uma passagem súbita para um mundo estranho e potencialmente perigoso, a realidade dos adultos.

A irmã da menina acredita que ela conservará a magia da infância em seu coração ao longo de toda a vida e poderá narrar suas histórias a crianças curiosas como ela foi no passado.

Podemos imaginar que o autor estaria fazendo uma referência a si mesmo nessa passagem, já que improvisou a primeira versão da história para entreter as meninas Liddell durante a viagem.

Lewis Carroll, no entanto, deixa claro que a obra não pretende ter sentido algum:

Temo dizer que não é nada além de bobagens. Ainda assim, as palavras significam mais do que pretendemos expressar quando as usamos. Assim, um livro deve significar muito mais do que o escritor quer dizer. Então, quaisquer bons significados que estejam no livro, fico feliz em aceitar como o significado da obra.

Aquilo que destacou Alice no País das Maravilhas de outras histórias infantis foi precisamente o fato de a obra não ter uma moralidade, não transmitir uma determinada lição à sua audiência. A narrativa funcionou como um ponto de viragem para a literatura infantil que geralmente se preocupava em educar os seus leitores.

Aquilo que a obra traz de inovador ao panorama literário é a sua preocupação em divertir as crianças e incentivar a imaginação e a criatividade. Encantando crianças e adultos, vem lembrar que todos nós podemos conservar a curiosidade e o espírito de aventura que tínhamos quando éramos crianças.

Outras interpretações e teorias

Sem uma lição ou moralidade definida, Alice no País das Maravilhas é uma obra aberta a inúmeras interpretações e teorias. Uma das mais populares é aquela que associa as aventuras da protagonista com os efeitos de substâncias psicoativas que provocavam alucinações.

Essa linha de leitura relaciona o narguilé, o cogumelo, o chá e vários produtos que a menina consumiu com drogas que mudariam a sua percepção do mundo, transformando momentaneamente a sua realidade.

Outra teoria fala sobre a narrativa enquanto viagem ao subconsciente que ajuda a menina a processar e a compreender o mundo dos adultos, tantas vezes confuso e cheio de ameaças.

Uma terceira, mais sombria, defende que Alice é paciente em um hospital psiquiátrico. A sua viagem ao País das Maravilhas são apenas construções na sua mente para ajudá-la a passar o tempo.

Alice na cultura popular

Um ícone na literatura e na cultura ocidentais, a obra de Lewis Carroll serviu de referência para inúmeras criações, nos mais variados campos artísticos. A adaptação para o cinema de animação feita por Walt Disney, em 1951, ajudou a popularizar a história, se tornando um clássico.

Contudo, as adaptações para o cinema são muitas e começaram antes, em 1903, com um filme mudo de 12 minutos, dirigido por Cecil Hepworth e Percy Stow. Em 2010, Tim Burton dirigiu uma nova versão da história, com distribuição do Walt Disney Studio e participação de Mia Wasikowska, Johnny Depp, Helena Bonham Carter e Anne Hathaway.

Além das ilustrações originais de John Tenniel, as personagens da obra foram desenhadas por diversos artistas internacionais, entre os quais se destaca Salvador Dalí, pintor catação e nome maior do Surrealismo. Em 1969, Dalí produziu 12 ilustrações para uma edição especial da obra, uma para cada capítulo do livro.

Na música, a obra também é mencionada em diversos contextos. Entre eles se destacam o disco de Gal Costa "O Sorriso do Gato de Alice" (1993) e o hino da contracultura "White Rabbit" de Jefferson Airplane (1967).

Os habitantes do País das Maravilhas aparecem também em várias séries televisivas, livros de quadrinhos, jogos de computador, editoriais de moda, videoclipes de música, entre outros.

Outras informações e curiosidades

  • Esta história tem um lado sombrio: várias fontes apontam o estranho interesse do autor por crianças. Segundo consta, ele tinha o hábito de desenhar e fotografar meninas, muitas vezes seminuas. A sua coleção levantou suspeitas de pedofilia, sendo cogitado que o livro fosse uma tentativa de se aproximar de Alice Liddell.
  • Em 1871, Carroll publicou Alice Através do Espelho, a continuação do primeiro livro, onde a menina enfrenta vários desafios, em forma de um enorme jogo de xadrez, para se tornar rainha.
  • Alguns elementos que surgem na obra estão relacionados com coisas que as meninas Liddell conheciam, como as escadas da Christ Church que pareciam uma toca e as estátuas de um coelho e um grifo que estavam na catedral.
  • No livro, Carroll faz paródias de poemas e canções famosas na época, de autores célebres como Isaac Watts, Robert Southey e David Bates.

Sobre Lewis Carroll

Autoretrato de Lewis Carroll, junho de 1857.
Autorretrato de Lewis Carroll (1857).

Lewis Carroll é o pseudônimo literário de Charles Lutwidge Dodgson (27 de janeiro de 1832 - 14 de janeiro de 1898). Dodgson foi um escritor, fotógrafo, matemático, reverendo anglicano e professor universitário inglês.

Criador de Alice no País das Maravilhas, foi um homem de interesses variados, como as artes, a literatura, a filosofia e as ciências. Para criar os estranhos habitantes daquele novo mundo, o autor pesquisou história natural. Antes de publicar a obra, leu a aventura para várias crianças, procurando a sua aprovação.

Os enigmas de Lewis Carroll

Embora seu objetivo fosse distrair e despertar a imaginação de seus ouvintes, Carroll era um pedagogo e usou as suas narrativas para aguçar os intelectos também. Na sua obra mais famosa, podemos encontrar enigmas e equações matemáticas escondidas, sobretudo em exercícios de lógica.

Um exemplo conhecido é o episódio em que Alice é confundida com uma serpente. A pomba, que guardava seu ninho, se assusta quando Alice come um pedaço de cogumelo e o seu pescoço cresce demais, ficando da altura da árvore.

O pássaro afirma que as serpentes comem ovos (premissa 1) e Alice também come ovos (premissa 2), logo Alice é uma serpente (conclusão). Estamos perante um falso silogismo, raciocínio de dedução usado por Aristóteles, onde três proposições surgem interligadas.

Neste caso, as duas premissas não geram uma conclusão verdadeira, porque vários animais comem ovos, incluindo os seres humanos. A menina revela sua esperteza e rapidez de pensamento quando rebate a argumentação da pomba.

Outra passagem que ficou gravada na memória dos leitores é a adivinha que o Chapeleiro Louco faz a Alice:

Em que se parece um corvo com uma escrivaninha?

A resposta óbvia é que não existe resposta, trata-se de uma questão absurda feita por um homem louco.

No entanto, algumas teorias foram surgindo, como aquela que apontava Edgar Allan Poe como a solução do enigma, pois o autor escreveu O Corvo e também escreveu usando uma escrivaninha. Outra interpretação possível é que a resposta sejam as penas, que fazem parte do animal e eram usadas para a escrita, em cima do móvel.

Anos depois da publicação, Carroll escreveu um texto onde tentou responder ao próprio dilema, com o humor e os jogos de palavras que eram característicos do autor.

Ambos podem produzir algumas notas. Numa secretária podemos produzir algumas notas (escrever). O corvo, enquanto ave, também pode produzir algumas notas (grasnar). Na secretária nunca se escreve de trás para a frente e no corvo "nunca" (grafado como "nevar") também se escreve de trás para a frente ("raven").

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Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes e licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Apaixonada por leitura e escrita, produz conteúdos on-line desde 2017, sobre literatura, cultura e outros campos do saber.