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D. Afonso V
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Monarca português, filho de D. Duarte e de D. Leonor de Aragão, nasceu em 1432 em Sintra, onde também faleceu em 1481. Décimo segundo rei de Portugal (1438-1481), é conhecido pelo cognome de "o Africano".

No reinado de D. Afonso V podemos demarcar bem três períodos. O primeiro vai desde a morte de seu pai (1438), D. Duarte, até à Batalha de Alfarrobeira (1449). Quando seu pai morreu, D. Afonso V tinha apenas 6 anos. Por testamento, ficou na regência a rainha D. Leonor, sua mãe, mas, como era estrangeira, tal facto não foi bem aceite pela burguesia e pelo povo, que preferia como regente o Infante D. Pedro, irmão de D. Duarte. A oposição entre as duas partes gera um período conturbado. D. Leonor é regente até às Cortes de 1439, em que o infante D. Pedro é eleito regente e D. Leonor é obrigada a exilar-se para Castela. Ao mesmo tempo, a educação de D. Afonso fica a cargo de seu tio, que era homem de grande cultura, conhecido como o "Infante das Sete Partidas" pelas inúmeras viagens que fez. D. Afonso terá assim uma esmerada educação humanística.

Retrato de D. Afonso V (O Africano)
Quando, em 1446, atinge a maioridade, realizam-se as Cortes de Lisboa e D. Afonso assume o governo do Reino, ainda que auxiliado pelo tio. Mas as intrigas de alguns nobres e elementos do clero vão turvar as relações entre D. Afonso e o tio, pelo que o rei dispensa os serviços deste em 1448. Mais tarde, em 1449, marcha contra o tio, enfrentando-o na Batalha de Alfarrobeira, que o Infante D. Henrique tentou evitar e onde D. Pedro é morto.

Entretanto, em 1447, D. Afonso V casara com sua prima D. Isabel, filha do Infante D. Pedro, de quem tem três filhos, entre eles a Infanta D. Joana e o futuro rei D. João III. A rainha vem a morrer em 1455. Após a morte do infante D. Pedro, a alta nobreza e o alto clero fazem sentir cada vez mais a sua influência, havendo um recuo na ação centralizadora.

O segundo período do reinado caracteriza-se pelas campanhas no Norte de África, das quais advirá o cognome do monarca.
Em 1453 dá-se a queda de Constantinopla e o papa Calisto III, em 1456, apela a uma cruzada, a que D. Afonso V responde preparando um grande exército. Frustrada esta missão, D. Afonso retoma a campanha de África, parada desde a tragédia de Tânger, e, em 1458, toma Alcácer Ceguer, acabando finalmente por conquistar Tânger e Arzila, após vários fracassos, em 1471, e Larache. O seu título passa a ser "rei de Portugal e dos Algarves, de aquém e de além-mar em África".

A ação vitoriosa em África sofre então uma interrupção, pois D. Afonso V dá um outro rumo à sua ação política. Entramos assim no último período, que é orientado para a política peninsular. D. Afonso entra na luta pelo trono de Castela, vago pela morte de Henrique IV, que estava casado com D. Joana de Portugal, sua irmã, e que vai redundar num grande fracasso. Estava em causa o direito à sucessão de sua sobrinha D. Joana, a Beltraneja, contra a reivindicação dos futuros Reis Católicos, Fernando e Isabel. Como D. Afonso V era viúvo, planeava casar com a sobrinha e assim unir os reinos de Portugal e Castela. Entre várias escaramuças dá-se a Batalha de Toro, em 1476, que lhe é desfavorável. Não podendo impor-se pelas armas, D. Afonso V desiste e, em 1479, celebra o Tratado de Alcáçovas, em que renuncia a quaisquer direitos à coroa de Castela e reconhece como reis de Castela os seus adversários.

Outros factos importantes aconteceram durante o seu reinado. Assim, em 1446 são publicadas as Ordenações Afonsinas, que são a primeira compilação das leis do Reino e cujo trabalho começara já no reinado de D. Duarte.

A ação dos Descobrimentos continuou igualmente no reinado de D. Afonso V, primeiro ainda sob a ação do infante D. Henrique, até 1460, ano da sua morte. Logo em 1439, o infante D. Henrique mandou povoar as ilhas dos Açores. Assim, Nuno Tristão atinge, em 1441, o Cabo Branco, em 1443, a baía de Arguim e, em 1444, a foz do Rio Senegal. Em 1456, são descobertas as ilhas do arquipélago de Cabo Verde e, em 1460, ano da morte do infante D. Henrique, atinge-se a Serra Leoa e as terras da Guiné.
Em 1469, D. Afonso V concede o comércio da Guiné a Fernão Gomes, com a condição de descobrir todos os anos 100 léguas de costa, o que o levaria até à costa da Mina. Em 1471, descobre-se S. Tomé, Príncipe, Ano Bom. Em 1472, Álvaro Esteves passa o equador. Em 1474, João Vaz Corte Real chega à Terra Nova.
Em 1476, ainda no período das lutas pela coroa de Castela, o soberano entregou o governo do reino ao príncipe D. João e futuro rei, que assim conseguiu pôr cobro à liberalidade de D. Afonso V.

D. Afonso V morreu em 1481 e jaz no Mosteiro da Batalha.

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Porto Editora – D. Afonso V na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-03-06 20:13:42]. Disponível em
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