Pavilhão 2 de Julho

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O Memorial Pavilhão 2 de Julho, também chamado Pavilhão da Lapinha, é um edifício histórico situado na Lapinha, cidade de Salvador, capital do estado brasileiro da Bahia, inaugurado em 2 de julho de 1918 por iniciativa do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), e destinado a guardar os símbolos usados nas Festas de 2 de Julho, em comemoração da Independência da Bahia.[1]

Requalificado no ano de 2023, pela Prefeitura de Salvador, em comemoração ao bicentenário da Independência do Brasil, na Bahia, que será um ponto turístico para a visitação pública.[2]


Histórico[editar | editar código-fonte]

Entrada do Exército Libertador, pintura de Prisciliano Silva, de 1930. Retrata a entrada triunfante de Labatut em Salvador, junto com o corneteiro Lopes, em frente ao Convento da Soledade, em 2 de Julho de 1823. Acervo da Câmara Municipal de Salvador.

Após mais de um ano e meio de lutas pela Independência do Brasil na então província da Bahia, a 2 de julho de 1823 o estado finalmente consolidou sua vitória sobre as tropas portuguesas; um ano após o feito histórico, segundo a narrativa de Jorge Ramos "Uma carreta que havia sido tomada dos inimigos durante a Batalha de Pirajá foi ornamentada com folhagens e nela foi colocado um velho caboclo, a representar o povo mestiço da Bahia que lutou na guerra. O desfile saiu da Lapinha em direção ao Terreiro de Jesus, recebendo em todo o trajeto muitos aplausos".[1]

Carro e alegoria do "Caboclo" em desfile (2011)

Em 1826 o artista local Manoel Ignácio da Costa esculpiu a figura do caboclo, bem como dotou a carruagem apreendida de elementos que faziam alusão às batalhas da guerra então travada; mais tarde foi acrescentada a escultura de Domingos Baião representando a "cabocla", inspirada na figura de Catarina Paraguaçu e a nova alegoria se incorporou ao desfile como representante da mulher brasileira na causa nacional; o evento permaneceu até que na década de 1860 estava em decadência quando a “Sociedade Patriótica 2 de Julho”, constituída principalmente por comerciantes da capital, adquiriu um terreno na Lapinha onde ergueu um barracão para abrigar as duas alegorias e seus carros.[1]

Em 1917 o lugar estava já bastante deteriorado quando Cosme de Farias realizou a transferência do barração ao IGHB; o instituto então criou uma comissão encarregada de cuidar do lugar, ficando sua direção a cargo do engenheiro Arnaldo Pimenta da Cunha; foi então realizada uma campanha para aquisição de recursos e erguido no lugar do antigo barracão um prédio capaz de abrigar os símbolos históricos.[1]

Inauguração[editar | editar código-fonte]

Registro da inauguração, na revista Bahia Illustrada; no alto veem-se o orador Bernardino de Souza e o engenheiro Pimenta da Cunha; abaixo, momentos da inauguração.

Sua inauguração marcou o início do desfile cívico de 2 de julho de 1918, quando para o novo Pavilhão acorreu cedo pela manhã autoridades, estudantes, bandas filarmônicas, representantes de entidades com estandartes a identificá-las, além da população em geral.[1]

Foi então realizada uma bênção, proferida pelo baiano D. Manuel da Silva Gomes, Arcebispo de Fortaleza; representando o IGHB falou o professor Bernardino de Souza que, no seu discurso em que exaltava os "antepassados", declarou: “E aqui está, meus dignos concidadãos, o Pavilhão 2 de Julho, onde para todo e sempre ficarão encerradas, para os respeitos do povo, relíquias venerandas de recordações memoráveis (...) E nosso pensamento entesourará aqui tudo o que se reporte à quadra homérica da luta de 17 meses, de 1822 a 1823 (...) Será assim um moderníssimo Museu da Independência”.

A seguir o cortejo seguiu o tradicional trajeto rumo ao Terreiro de Jesus, incorporando centenas de pessoas ao longo do percurso, resgatando assim a grandiosidade da festa.[1]

Memorial Pavilhão 2 de Julho[editar | editar código-fonte]

Em 2023 na comemoração do bicentenário da Independência do Brasil, na Bahia, a Prefeitura Municipal de Salvador, inaugurou em 17/07/2023, a requalificação do Memorial Pavilhão 2 de Julho, que permitirá a visitação pública. A edificação passou a conter três pavimentos, com ornamentação, e elementos virtuais, e com vários acervos contando a história da luta pela independência, tendo o principal acervo os carros alegóricos dos caboclos, bem como as suas imagens do século XIX, o teto do memorial, tem bandeiras douradas, inspiradas na alvorada tradicional do dia 2 de julho, representam o sentimento de esperança e renovação do povo baiano.

A requalificação foi a partir do dado arquitetônico, histórico e contemporâneo do Pavilhão. [3]


Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f Jorge Ramos (2018). «100 anos do Pavilhão 2 de Julho é tema de seminário dia 17 de julho, no IGHB». Comissão de Cultura do IGHB. Consultado em 18 de dezembro de 2020. Cópia arquivada em 18 de dezembro de 2020 
  2. «Memorial Pavilhão 2 de Julho é aberto ao público em Salvador». atarde. 18 de julho de 2023. Consultado em 19 de julho de 2023 
  3. «Memorial 2 de Julho é inaugurado em Salvador; estudantes e comunidades já podem programar visitas». G1. 17 de julho de 2023. Consultado em 19 de julho de 2023