Artista luso-angolano participa em festival de escultura em Londres – WI AO
Cultura

Artista luso-angolano participa em festival de escultura em Londres

manuelsumbo
Jun 27, 2022

A relação entre o homem e a natureza inspirou a peça que o artista luso-angolano Pedro Pires apresenta na 11.ª edição do festival “Sculpture in the City” nas ruas do centro financeiro de Londres.

A escultura “Habitat” faz parte de um conjunto de 11 obras de artistas contemporâneos de várias nacionalidades expostas ao ar livre em locais desde passeios, jardins, a átrios de igreja, bancos de jardim ou até em cima de árvores.

Feita de metal, foi desenhada para proporcionar um jogo de perspetivas, em que de um lado é possível ver a silhueta de uma árvore e de outro a de uma pessoa, convidando os visitantes a aproximar-se e circular em redor.

“Uma das minhas preocupações com este projecto foi criar uma escultura simples e interactiva para falar do equilíbrio ou falta deste, entre o ser humano e a natureza”, explicou Pires à Agência Lusa.

A obra vai ganhar uma nova dimensão a 23 de julho durante o evento noturno “Nocturnal Creatures” com uma instalação sonora destinada a gerar uma experiência sensorial adicional aos visitantes.

“O público poderá ser confrontado com o som do mar ou vento e logo de seguida ou mesmo ao mesmo tempo, com o som de uma fábrica ou da respiração de uma pessoa”, revelou.

Para o artista, a participação nesta iniciativa em Londres vai dar ao seu trabalho uma “visibilidade que é única”.

“Gosto especialmente de trabalhar em esculturas públicas por isso espero que está presença tenha consequências positivas para futuros projectos”, afirmou à Lusa.

No festival destacam-se esculturas como uma enorme “torrada” em cimento, da autoria de Sarah Lucas, onde muitas pessoas se sentam para comer o almoço, um tronco de oliveira coberto com tinta de alumínio, de Ugo Rondinone, e ninhos de enamel impressos que Victor Seaward idealizou para poderem receber pássaros.

Além das 11 obras encomendadas para esta edição do festival, mais seis esculturas permanecem desde a edição do ano passado e duas foram tornadas permanentes após serem adquiridas por empresas locais.

A directora artística, Stella Ioannou, salientou que, no rescaldo da pandemia, queria que as peças expressassem “optimismo” e entrassem em diálogo com a arquitectura variada do bairro, que combina arranha-céus envidraçados de bancos e companhias de seguros com igrejas e edifícios antigos.

“É um projecto de arte alegre e divertido, um parque de esculturas em constante evolução e mudança numa parte única de Londres. Somos privilegiados por trabalhar numa área com uma identidade tão forte”, disse, descrevendo a iniciativa como uma “galeria de arte urbana”.

A iniciativa é uma forma de animar as ruas e também de atrair pessoas para a ‘city’, um bairro dominado por escritórios onde só 65% dos trabalhadores voltaram, por vezes apenas alguns dias por semana, mostrando que muitos continuam em teletrabalho.

“Antes da pandemia tivemos mais de 230.000 visitantes apenas para ver este projecto. Sabemos que estamos a competir bem com os grandes museus, mas estamos a fazê-lo de uma forma que é mais democrática, porque dá às pessoas experiências quotidianas de arte pública”, afirmou à Agência Lusa Simon Glynn, chefe do planeamento urbano da City of London Corporation, a autoridade local.

Nascido em 1978 em Luanda, Pedro Pires estudou na  Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e completou um mestrado em Artes Visuais na Central Saint Martins School of Art em Londres.

Já expôs em países como Sérvia, Canadá, Nigéria, África do Sul, França, Austrália e EUA e a obra está representada em coleções particulares e públicas, nomeadamente no Museu de Belas Artes de Montreal (Canadá), Fundação PLMJ (Portugal), na Mishcon de Reya Collection (Reino Unido), Coca Cola Collection (África do Sul) e no Banco Económico (Angola).