Museu de Arte: Imperatriz Dona Am�lia

Museu de Arte: Imperatriz Dona Am�lia


30/07/2012 14:00 | Emanuel von Lauenstein Massarani

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Casamento  de  Am�lia Leuchtenberg<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2012/fg116472.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Am�lia Leuchtenberg e filha <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2012/fg116473.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Am�lia Leuchtenberg <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2012/fg116474.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Cripta de Am�lia Leuchtenberg<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2012/fg116475.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Cripta de D. Pedro I <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2012/fg116476.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

H� 200 anos nascia a Imperatriz Dona Am�lia que inspirou D. Pedro I a criar a Ordem da Rosa



Exatamente h� 200 anos, no dia 31 de julho de 1812, nascia em Mil�o, Dona Am�lia Augusta Eug�nia Napoleona de Beauharnais, princesa de Leuchtenberg que a partir de 1830 tornou-se a segunda Imperatriz do Brasil ao casar com D. Pedro I, ap�s a morte de sua primeira esposa, a arquiduquesa austr�aca Maria Leopoldina, em dezembro de 1826.

Am�lia era a quarta filha do general Eug�nio de Beauharnais, e sua esposa, a princesa Augusta da Baviera. Seu pai era filho de Josefina de Beauharnais e seu primeiro marido, o visconde Alexandre de Beauharnais. Quando Josefina casou-se novamente, com Napole�o Bonaparte, Eug�nio foi adotado como filho e feito vice-rei da It�lia.

A m�e de Am�lia era filha do rei Maximiliano I Jos� da Baviera e de sua primeira consorte, a princesa Augusta Guilhermina de Hesse-Darmstadt. Entre os irm�os de Am�lia estavam Josefina de Leuchtenberg, rainha consorte de �scar I da Su�cia, e Augusto de Beauharnais, pr�ncipe consorte de D. Maria II de Portugal (enteada de Am�lia), sendo que Napole�o III era seu primo-irm�o.

Depois da queda de Napole�o em 1814, Eug�nio, tendo assumido o t�tulo de Duque de Leuchtenberg, fixou resid�ncia em Munique, mas ap�s sua morte a fam�lia ficou em situa��o incerta, sem grandes perspectivas para o futuro. Embora fossem nobres, seu parentesco com Napole�o n�o facilitava seu tr�nsito entre as cortes e o reconhecimento de sua nobreza.



O casamento com D. Pedro I



D. Pedro I incumbiu o Marqu�s de Barbacena de buscar-lhe na Europa uma segunda esposa.O surgimento da possibilidade de casar Am�lia com o imperador do Brasil pareceu � m�e, Augusta, a melhor alternativa para garantir as pretens�es da Casa de Leuchtenberg a um status r�gio.

A princesa era muito bela, alta, com um rosto delicado e cabelos alourados. Muito culta e sens�vel, era considerada uma das princesas mais bem educadas e preparadas da Alemanha.

O casamento foi rapidamente arranjado. A conven��o matrimonial foi assinada na Inglaterra em 30 de maio de 1829, ratificada em 30 de junho, em Munique, pela m�e e tutora da noiva, a Duquesa de Leuchtenberg. Em 30 de julho daquele ano, foi confirmado, no Brasil, o tratado do casamento de Sua Majestade com Am�lia de Leuchtenberg.

Ao confirmar-se o casamento, Dom Pedro rompeu definitivamente sua liga��o com a Marquesa de Santos e instituiu, como prova de boas inten��es, a Ordem da Rosa, cujo lema � "Amor e Fidelidade".



A cerim�nia do casamento, realizada por procura��o em Munique, na capela do Pal�cio de Leuchtenberg, a 2 de agosto daquele ano, foi singela, contando com poucos convidados, j� que Am�lia insistiu em doar a um orfanato de Munique a apreci�vel quantia enviada por Dom Pedro para a realiza��o de uma faustosa celebra��o. O noivo foi representado pelo Marqu�s de Barbacena. Am�lia tinha apenas dezessete anos e Pedro, trinta anos.



Chegada ao Brasil



Am�lia de Leuchtenberg chegou ao Rio de Janeiro em 15 de outubro de 1829, na fragata Imperatriz, vinda de Ostende, na B�lgica, bem antes da data prevista. Acompanhado pelo Marqu�s de Barbacena e a filha Dona Maria da Gl�ria, Dom Pedro embarcou em um rebocador para receb�-la fora da barra. Pouco depois do primeiro encontro do casal, os filhos do primeiro casamento de Dom Pedro conheceram sua madrasta ainda no navio que a trouxera, para almo�arem todos juntos.

No dia seguinte, ao meio-dia, sob uma forte chuva, Am�lia desembarcou, sendo recebida com uma solene prociss�o. Em seguida dirigiu-se, com seu esposo, � Capela Imperial para receberem as ben��os nupciais. A beleza da imperatriz deslumbrou a todos, real�ada por um longo vestido branco e um manto bordado em prata, segundo a moda francesa. Depois da cerim�nia houve uma celebra��o p�blica com fogos de artif�cio, e a corte foi servida com um grande banquete de Estado.

Em janeiro de 1830 ocorreu a apresenta��o formal da nova Imperatriz � corte, com um baile em que todas as damas se vestiram com a cor rosa, a preferida pela Imperatriz.

Ao instalar-se no pal�cio de S�o Crist�v�o, percebendo a falta de protocolo que reinava, Am�lia imp�s � corte como l�ngua oficial o franc�s e o cerimonial de uma corte europeia. Procurou atualizar a moda e a culin�ria, redecorou o pal�cio e renovou os servi�os de mesa e pratarias, tentando refinar os costumes. Em parte teve sucesso, e a eleg�ncia da imperatriz, sempre impecavelmente vestida, se tornou famosa no estrangeiro.



Excelente relacionamento familiar



Seu relacionamento com seus enteados foi, segundo relatos, muito positivo. Tendo cativado imediatamente o afeto do marido, sua bela apar�ncia, seu bom senso e sua gentileza no trato conseguiram o mesmo das crian�as. Dedicou-se a assegurar que recebessem uma boa educa��o e tivessem um bom ambiente familiar.

Os felizes resultados j� s�o aparentes, j� fez consider�veis reformas no pal�cio, e a ordem come�a a reinar; a educa��o das princesas � supervisionada e dirigida pela imperatriz pessoalmente", o mesmo cuidado recebendo o herdeiro do trono, o pequeno Pedro de Alc�ntara; prova-o o fato de que ele em breve passou a cham�-la de "mam�e".

Dona Am�lia sempre manifestou-lhe carinho, e at� sua morte manteve correspond�ncia com ele, tentando instru�-lo e apoi�-lo. Ainda existem cerca de seiscentas cartas que trocaram.

Tamb�m foi importante sua presen�a para resgatar a popularidade de seu marido e anim�-lo em um momento dif�cil do novo Imp�rio. A precariedade da situa��o econ�mica e a turbul�ncia pol�tica precipitaram uma crise incontorn�vel, e em 7 de abril de 1831 Dom Pedro abdicou, deixando o trono para seu filho Pedro de Alc�ntara.



O regresso a Portugal



Dona Am�lia que encontrava-se gr�vida de tr�s meses seguiu com Dom Pedro, agora com o t�tulo de Duques de Bragan�a, de navio para a Europa. O primeiro porto a ser alcan�ado foi do Faial, no arquip�lago dos A�ores. Ap�s se reabastecer, o navio seguiu viagem rumo a Cherburgo, na Fran�a, chegando ali em 10 de junho de 1831. Foram recebidos com honras de monarcas reinantes, com uma salva de 21 tiros de canh�o e um destacamento de cinco mil soldados da Guarda Nacional.

A Prefeitura da cidade ofereceu-lhes um pal�cio para que se acomodassem, mas em 20 de junho Dom Pedro seguiu para Londres, deixando para tr�s Dona Am�lia, � qual se reuniu Dona Maria da Gl�ria em 23 do mesmo m�s.

Em seguida, Dona Am�lia estabeleceu resid�ncia em Paris, com Dona Maria da Gl�ria e Dona Isabel Maria, a Duquesa de Goi�s, que acabou adotando por filha. No dia 30 de novembro de 1831 a imperatriz deu � luz a princesa Maria Am�lia de Bragan�a, seu �nico rebento.

Enquanto isso, Dom Pedro I empreendia uma encarni�ada luta contra o seu irm�o, Miguel I, pelo trono portugu�s, em nome de sua filha, Maria da Gl�ria. Com a not�cia da vit�ria do Duque de Bragan�a em Lisboa, Dona Am�lia partiu com sua filha e sua enteada para Portugal, al� chegando em 22 de setembro de 1833. Com Miguel derrotado e exilado de Portugal, Dom Pedro e sua fam�lia estabeleceram-se inicialmente no Pal�cio do Ramalh�o e, mais tarde, no Pal�cio Real de Queluz.

A vida agitada de Dom Pedro havia minado sua sa�de, e ele veio a contrair tuberculose, falecendo em 24 de setembro de 1834. Dona Am�lia respeitou as disposi��es testament�rias do finado, que desejava ter sua filha com a Marquesa de Santos, Maria Isabel, bem educada na Europa, como estava sendo sua outra filha, a Duquesa de Goi�s.

Dom Pedro tamb�m estipulou dotes para outros de seus filhos adulterinos, que foram concedidos �s expensas da heran�a de Dona Am�lia e de sua pr�pria filha, expressando seu respeito pelo amor que Dom Pedro dedicara a toda a sua prole, leg�tima ou n�o.

Dona Am�lia n�o voltou a se casar; mudou-se para o Pal�cio das Janelas Verdes e dedicou-se a obras de caridade e � educa��o da filha. Com a maioridade de Dom Pedro II, que mantinha boas rela��es com elas, em 5 de julho de 1841, m�e e filha foram reconhecidas como membros da Casa Imperial Brasileira.



A morte da filha Maria Am�lia



Por infelicidade, logo ap�s noivar com o arquiduque Maximiliano da �ustria no in�cio de 1852, a princesa Maria Am�lia passou a mostrar os sintomas da tuberculose. A doen�a fez com que ela e sua m�e mudassem para o Funchal, na Ilha da Madeira, em busca de ares mais salubres, l� chegando em 31 de agosto. Todavia, a princesa n�o resistiu e faleceu, aos vinte e dois anos de idade, em 4 de fevereiro de 1853.

Sua morte repercutiu profundamente sobre a m�e, que visitou o t�mulo da filha todos os anos no dia 4 de fevereiro at� ela mesma falecer, financiou a constru��o de um hospital no Funchal chamado "Princesa Dona Maria Am�lia", ainda existente, e legou suas propriedades na Baviera ao arquiduque Maximiliano, "a quem [ela] ficaria feliz em ter como genro, se Deus tivesse conservado sua amada filha Maria Am�lia".

Ap�s a morte da filha, Dona Am�lia voltou a residir em Lisboa, onde morreu, aos sessenta e tr�s anos de idade em 1876. De acordo com o estabelecido em seu testamento, sua irm�, a Rainha da Su�cia, foi sua principal herdeira, mas legou para o Brasil muitos documentos pertencentes a Dom Pedro, hoje preservados no Arquivo Hist�rico do Museu Imperial de Petr�polis.

D. Am�lia cumpriu fielmente as �ltimas vontades de D. Pedro. O funeral foi realizado como o de um simples general; o corpo foi levado ao cemit�rio da igreja de S�o Vicente de Paula. Mais tarde o cora��o seria transportado para a cidade do Porto, onde D. Pedro viveu um dos momentos culminantes da sua exist�ncia. Tamb�m cuidou D. Am�lia de realizar o casamento de seu irm�o, o Pr�ncipe Augusto de Leuchtenberg, Duque de Santa Cruz, com D. Maria II. Fora desejo de D. Pedro unir mais estreitamente ainda as duas fam�lias.



Vi�va aos 22 anos, D. Am�lia sobreviveu aos entes mais queridos, cultuando suas mem�rias. A perda mais dolorosa foi, sem d�vida, a da filha vitimada pela mesma doen�a do pai, a tuberculose. D. Maria Am�lia faleceu aos 22 anos em Funchal, na Ilha da Madeira, onde tivera esperan�as de sarar. A jovem princesa, t�o bela e meiga quanto a m�e, era como ela, dotada de intelig�ncia e sensibilidade singulares. Deixou nos cora��es dos madeirenses a lembran�a de um ser angelical. Para perpetuar sua mem�ria, D. Am�ilia criou em Funchal, uma hospital para tuberculosos.



Ap�s a morte da filha, a Duquesa de Bragan�a retirou-se ao Pal�cio das Janelas Verdes, em Lisboa, onde viveu astera e solitariamente, consagrando-se aos pobres e doentes. Fiel `a lembran�a de um grande amor, a 2� Imperatriz do Brasil faleceu na madrugada de 26 de janeiro de 1873.





Seu ultimo repouso no Ipiranga



Tendo manifestado a sua irm� o desejo de ser enterrada "aos p�s de D. Pedro, seu Augusto Senhor, no Brasil", seus restos mortais foram transferidos em 1982, do Pante�o dos Bragan�as, no Santu�rio de S�o Vicente de Fora, em Lisboa para a Cripta do Monumento � Independ�ncia do Brasil, em S�o Paulo. A traslada��o foi realizada por iniciativa do Deputado Antonio Henrique da Cunha Bueno, ent�o Secret�rio de Estado da Cultura e coordenada pelo subscrito tanto em Portugal quanto no Brasil.

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